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Composição mineral da silagem de milho: avaliar é importante!

Vamos falar sobre nutrição mineral para ruminantes, destacando alguns aspectos relacionados a países com clima tropical e subtropical

Trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa em Forrageiras (CPFOR), coordenado pelo Prof. Dr. Patrick Schmidt da Universidade Federal do Paraná (UFPR), buscou avaliar e trazer resultados quanto composição mineral de silagens de milho produzidos em quatro estados do Brasil: Goiás, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo fazer algumas reflexões sobre a nutrição ideal – ou nutrição de alta precisão – na fazenda e atender as demandas futuras de produção de leite.

silagem de milho

Os pesquisadores analisaram 31 elementos minerais diferentes, incluindo os mais importantes na dieta de ruminantes. Nenhum elemento atingiu a concentração máxima tolerável, mas as concentrações de Ca (0,14-0,15%), Cu (3,4-5,6 mg/kg), P (0,13-0,16%), S (0,06-0,08%) e Zn (13- 19 mg/kg) estavam abaixo da concentração adequada para um bom equilíbrio nutricional. Assim, os minerais da silagem de milho devem ser considerados na formulação de dietas balanceadas para bovinos, além de garantir – como técnicos e produtores – a qualidade da silagem.


Os elementos minerais identificados nas silagens

Técnicas de conservação de forragem são essenciais para aumentar a lotação e o desempenho animal, principalmente durante a estação seca e fria. A silagem de milho tem sido – de longe – a principal forragem conservada para o gado leiteiro no Brasil, devido ao seu alto rendimento, qualidade e aceitabilidade. O Brasil cultiva anualmente cerca de 4 milhões de hectares de milho para produção de silagem, sendo produzido em todas as regiões do país. A produção de silagens bem conservadas e de alta qualidade depende principalmente da composição da forragem, do momento da silagem e da aplicação de práticas de produção de silagem adequadas.

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Os parâmetros de qualidade da silagem podem mostrar qual nutriente precisa ser melhorado, além de permitir que nutricionistas e pecuaristas equilibrem adequadamente as dietas. Torna-se ainda mais importante à medida que a forragem representa mais da metade da ingestão diária de matéria seca (MS) das vacas. Apesar de sua importância, faltam informações sobre o composição mineral da silagem de milho produzidos no Brasil, com a maioria dos estudos enfocando aspectos bioquímicos, produção de matéria seca e presença de micotoxinas.

Além disso, as concentrações de nutrientes das plantas de milho resultam do nível tecnológico aplicado pelo produtor e da evolução do desenvolvimento da planta. Como a silagem é a principal fonte de energia e fibra para bovinos leiteiros no Brasil, avaliar a composição mineral é importante para o entendimento e contribuições desta forrageira para o balanço mineral em dietas para bovinos leiteiros.

Dos 31 elementos analisados, 21 foram efetivamente detectados e quantificados (Figura 1, Tabelas 1-5). Deste conjunto, 11 nutrientes foram determinados neste estudo. Não foi possível analisar para Cl; e as concentrações de Na estavam abaixo dos limites de detecção; concentrações de outros macronutrientes (Ca, Mg, P, K e S) podem ser vistas na Figura 1.

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Figura 1 – Concentrações de 21 elementos em silagem de milho de quatro estados brasileiros: Goiás (GO; n = 14), Minas Gerais (MG; n = 20), Paraná (PR; n = 19) e Santa Catarina (SC; n = 20)

Figura 1 - Concentrações de 21 elementos em silagem de milho de quatro estados brasileiros: Goiás (GO; n = 14), Minas Gerais (MG; n = 20), Paraná (PR; n = 19) e Santa Catarina (SC; n = 20)

Tabela 1 – Concentração mineral média das silagens brasileiras de milho – resumo das exigências nutricionais para vacas em transição e lactação e composição mineral da silagem de milho em uma base de matéria seca (MS), de acordo com o NRC (2001)

Tabela 1 - Concentração mineral média das silagens de milho brasileiras - resumo das exigências nutricionais para vacas em transição e lactação e composição mineral da silagem de milho com base na matéria seca (MS), segundo o NRC (2001)
Fonte: Adaptado de Motta et al., 2020.

As concentrações dos elementos (Cd, Cs, Cu, Mn, Mo, P, S, Sr, Ti, V e Zn) variaram em aproximadamente 50%, de acordo com o Estado de origem, e as maiores concentrações foram observadas nos Estados de PR e SC.

Um olhar clínico sobre silagens

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Pelo menos 17 minerais são necessários para o gado leiteiro na Conselho Nacional de Pesquisa (NRC, 2001). Os micronutrientes necessários são: Cr, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Se e Zn. Todos esses elementos apresentaram concentrações médias abaixo dos valores exigidos, listados pelo NRC (2001). As concentrações medidas de Ca, K, Mg, P e S foram: 54, 78, 82, 58 e 50% dos valores de referência, respectivamente.

TABELA 2. Análise descritiva de composição mineral da silagem de milho amostrado em Minas Gerais, Brasil

TABELA 2. Análise descritiva da composição mineral da silagem de milho amostrada em Minas Gerais, Brasil
Fonte: Adaptado de Motta et al., 2020.

TABELA 3. Análise descritiva de composição mineral da silagem de milho amostrado em Goiás, Brasil

TABELA 3. Análise descritiva da composição mineral da silagem de milho amostrada em Goiás, Brasil
Fonte: Adaptado de Motta et al., 2020.

TABELA 4. Análise descritiva de composição mineral da silagem de milho amostrado no Paraná, Brasil.

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TABELA 4. Análise descritiva da composição mineral da silagem de milho amostrada no Paraná, Brasil.
Fonte: Adaptado de Motta et al., 2020.

TABELA 5. Análise descritiva de composição mineral da silagem de milho amostrado em Santa Catarina, Brasil.

TABELA 5. Análise descritiva da composição mineral da silagem de milho amostrada em Santa Catarina, Brasil.
Fonte: Adaptado de Motta et al., 2020.

As concentrações de Cu, Mn e Zn foram: 67, 94 e 67% dos valores de referência, respectivamente. No entanto, a concentração de Fe foi mais de três vezes a referência (346%). Comparando com os bancos de dados de nutrientes do Laboratório de Forragem Dairy One (Ithaca, NY) para silagem de milho, a concentração de Mo encontrada na silagem brasileira é cerca de três vezes menor que o valor médio das amostras dos Estados Unidos (Laticínios Um, 2020). Entre os elementos potencialmente tóxicos e traços – incluindo Ag, Al, As, Cd, Cs, Pb etc. -, não foram detectadas concentrações acima da toxicidade (NRC, 2001), o que é um aspecto bastante positivo.

A silagem pode fornecer até 9, 34, 23, 12 e 15% das respectivas necessidades diárias de Ca, K, Mg, P e S para uma vaca leiteira hipotética consumindo 26 kg MS por dia, composta por 40% de silagem de milho (10,4 kg MS). Para microminerais, a média das silagens de milho pode fornecer até 13, 847, 80 e 11% das respectivas exigências de Cu, Fe, Mn e Zn.

Em geral, raramente se dá a devida importância à análise mineral de forragens, da mesma forma que se recomenda a análise de compostos orgânicos. Como as análises minerais da forragem geralmente não são realizadas, em muitos casos, os teores podem ser superestimados, ao se formular as rações utilizando valores de NRC. Por outro lado, as contribuições minerais da silagem muitas vezes não são consideradas, ou apenas os macrominerais são considerados. De fato, não é incomum as dietas serem suplementadas com traços de alguns elementos e negligenciar a concentração já presente na dieta basal. Um desequilíbrio mineral pode levar a aumentos de custos e poluição ambiental.

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O milho parece ser capaz de absorver e acumular nutrientes, independentemente das condições externas, como tipo de solo e condições climáticas. As concentrações de Cs, Cu, Mn, Mo, P, S, Sr, Ti, V e Zn variaram de acordo com o Estado de origem. Os estados do Paraná e Santa Catarina apresentaram as maiores concentrações da maioria dos elementos. Nesses Estados, a produção de laticínios e leite está localizada em regiões com solos predominantemente basálticos, o que pode explicar a maior biodisponibilidade de elementos para absorção pelas plantas.

Alguns elementos não são necessários e podem causar toxicidade em bovinos. Embora não haja concentração mínima para esses elementos, existem concentrações máximas toleráveis ​​que representam limites acima dos quais podem ser encontrados resíduos inseguros em alimentos para humanos, derivados de animais. As concentrações médias de Al, B, Ba, Cd, Pb, Sr e V encontradas nestas amostras de silagem podem ser consideradas seguras para os animais.

Embora a concentração de Fe nas silagens tenha sido alta, a média ficou abaixo do valor de concentração máxima tolerável. O ferro é freqüentemente encontrado em dietas de ruminantes e os animais apresentam considerável tolerância ao ferro, suportando a ingestão de 1000 mg Fe/kg MS (NRC, 2001). No entanto, alto Fe na silagem induz deficiência de Cu em vacas em lactação, o que pode ser exacerbado pelas baixas concentrações de Cu que foram observadas nas análises.

De acordo com as exigências nutricionais dos bovinos de corte (NRC, 2000), a maioria das forragens contém 70 a 500 mg/kg de Fe. A contaminação do solo por silagem é a explicação mais provável para as altas concentrações de Fe. Investigações futuras devem considerar que o tecido intestinal pode tolerar longos períodos de sobrecarga de ferro ferroso e; se a atividade de microrganismos patogênicos muda sob essas condições.

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À luz das considerações acima, a silagem pode ser uma fonte de muitos nutrientes minerais. Essas informações podem ser críticas para otimizar o balanceamento de alimentação de alta precisão na fazenda e atender às demandas futuras de produção de leite.

Para evitar danos à silagem e reduzir as perdas de MS, a aplicação de solo sobre a lona plástica após o fechamento do silo é uma prática bastante difundida nas fazendas leiteiras brasileiras. No entanto, a prática pode aumentar o risco de contaminação do solo da silagem. Essa contaminação na silagem já é bem conhecida, sendo causada por três causas principais:

– Solo do campo em material vegetal colhido;
– Pneus de tratores e veículos carregando solo durante o processo de silagem;
– Contaminação durante a alimentação.

Em geral, o Fe presente nos solos apresenta-se em formas insolúveis, com baixa capacidade de absorção. No entanto, os ácidos produzidos pelos microrganismos durante a fermentação da silagem alteram significativamente a dinâmica química do Fe na mistura solo-silagem. Sob tais circunstâncias, o Fe ligado ao solo é reduzido (da forma férrica para ferrosa), o que aumenta a biodisponibilidade.

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Considerações finais

  • Embora a silagem de milho seja uma importante fonte mineral, a composição mineral foi bastante variável, pois há grande variação entre solos e condições climáticas;
  • As altas concentrações de Fe detectadas sugerem a ocorrência de contaminação do solo nas silagens de milho nessas regiões leiteiras;
  • As regiões amostradas estão entre as mais produtivas de leite no Brasil; entretanto, reconhecemos que nosso conjunto amostral (n = 73) não é suficiente para cobrir toda a variabilidade esperada para a condição brasileira. No entanto, as análises minerais de forrageiras no Brasil são escassas, e o manuscrito inova ao abordar esse problema

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Título: Composição mineral da silagem de milho: saiba sua importância!
Descrição: Descubra a importância de avaliar a composição mineral da silagem de milho. Trabalho desenvolvido pelo CPFOR da UFPR.

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