Após as notícias animadoras de um aumento nas vendas de tratores na Irlanda no mês passado, a história do outro lado do oceano não é tão animadora.
De acordo com os últimos números divulgados pela Association of Equipment Manufactures (AEM), entidade comercial dos Estados Unidos, que abrange tanto a indústria agrícola quanto a construção civil, as vendas de tratores agrícolas caíram 12,8% em relação ao mês de setembro anterior.
Os tratores pequenos sofrem mais
O declínio foi mais acentuado na categoria de menor potência (cv) de menos de 40 cv, que registrou uma queda de 16,3%, enquanto a faixa de 41 a 100 cv se saiu um pouco melhor, com queda de 10,2%. Tratores de menos de 40cv representam 62% do mercado dos EUA, de acordo com a AEM
Tratores maiores com mais de 100 cv, no entanto, tiveram um aumento muito satisfatório de 9,6%, o que pode significar que fazendas maiores investem os retornos dos preços mais altos das commodities deste ano de volta em máquinas, enquanto os agricultores menores o mantêm no banco ou o gastam em outro lugar.
No entanto, não devemos ficar muito animados com esse número, porque os tratores de 100 cv + representaram apenas 9% das vendas totais em um terreno que consideramos o lar de máquinas enormes. Para efeito de comparação, 85% dos tratores vendidos na Irlanda em setembro estavam acima de 100cv.
Vendas europeias em queda
Olhando para a Europa como um todo, as vendas de tratores nos primeiros seis meses de 2022 caíram 8% em relação ao ano passado, e mais uma vez foram os tratores maiores que se saíram menos mal, os de 130 cv ou mais, caindo apenas 2%.
Esse declínio geral nas vendas de tratores em 2022 é mais frequentemente atribuído a gargalos na cadeia de suprimentos, particularmente microchips que restringem o fornecimento, mas isso resiste ao escrutínio?
É geralmente aceito que a escassez de chips está diminuindo e as previsões de crescimento estão sendo revisadas para baixo na indústria. A Intel, por exemplo, congelou as contratações enquanto os investimentos estão sendo drasticamente cortados por alguns fabricantes asiáticos.
Infelizmente, a recuperação da oferta não é universal e são os itens usados nas indústrias automotiva e afins que permanecem os mais restritos.
Isso obviamente afeta os fabricantes de tratores que estão em concorrência direta com os fabricantes de automóveis por chips de gerenciamento de motores, bem como aqueles usados para operar os sistemas internos de um veículo.
Eletrônicos aumentam os lucros
Não se engane, os chips são uma parte significativa dos custos de fabricação de um veículo. Estima-se que a eletrônica pode representar até 40% do valor de um carro à medida que sai da linha de produção e pode haver 1.400 processadores separados envolvidos.
O número para tratores não está disponível imediatamente, então podemos apenas supor que a maioria dos modelos convencionais está no mesmo nível de carros e caminhões, especialmente se eles tiverem transmissões sofisticadas, GPS, suspensão ativa, ISOBUS etc.
Acrescente-se a isso o entusiasmo com que os fabricantes informam seus acionistas sobre a lucratividade da tecnologia digital quando instalada em tratores, incluindo suas previsões otimistas de seu valor crescente nos próximos anos, e a razão pela qual os tratores de médio porte geralmente custam mais de € 100.000 torna-se Claro .
A falta de chips não é a culpada
Culpar a escassez de microchips pelo declínio nas vendas de tratores é certamente conveniente, mas não leva em consideração o declínio nas vendas de tratores menores, que são menos propensos a usá-los em qualquer quantidade.
Não há muitos tratores abaixo de 40cv equipados com ISOBUS e GPS, mas é esse setor que sofreu o maior impacto nos EUA em setembro, tornando improvável que tenha sido a falta de chips que reduziu a disponibilidade e levou à queda nas vendas.
A teoria econômica clássica ainda sugere que é o preço que impulsiona a demanda por bens e é improvável que essa lei básica dos mercados abertos tenha sido eliminada.
Vimos grandes aumentos nos preços de máquinas no ano passado, com 20% sendo apontados como um valor médio para tratores, mas nunca vemos esse fator sendo responsabilizado pela crescente relutância em comprar novos, especialmente nos setores de baixa potência.
Isso não deve surpreender, pois equivale a admitir que os produtos estão superfaturados, e nenhum fornecedor fará isso.
Os agricultores ainda querem comprar novos tratores, mas isso não significa automaticamente que estejam dispostos a pagar quantias injustificáveis para fazê-lo.
tratores mais baratos
Os fabricantes agora se encontram em uma espécie de aperto. Eles aumentaram com sucesso os preços dos tratores e aumentaram seus lucros ao fazê-lo, mas atualmente estão experimentando um declínio nas vendas, especialmente nos segmentos de menor potência. Qualquer que seja a magia que eles usaram, agora está acabando.
No entanto, eles aprenderam a sobreviver e estarão procurando maneiras de melhorar sua situação e a solução óbvia é reduzir o preço das novas máquinas.
Existem muitas alternativas para as principais marcas que oferecem tratores a preços mais atraentes, embora seja de utilidade muito reduzida que a especificação seja muito o que reduz sua conveniência e valor de venda usado.
Pode ser que sim, mas com um diferencial de 50% ou mais entre as marcas turcas ou indianas, e os grandes nomes, sempre haverá alguns produtores dispostos a sacrificar um pouco de conforto e eficiência por tal economia.
CNH vê a luz
Parte do motivo pelo qual esses tratores são mais baratos é a falta de sofisticação eletrônica e a necessidade de microchips em toda a sua estrutura.
Os sistemas de gerenciamento do motor e o rádio exigirão chips, mas não muito mais, o que tem o benefício adicional de aumentar a disponibilidade, pois a produção não é interrompida enquanto o departamento de compras busca componentes específicos de todo o mundo.
O recente lançamento pela CNH de dois modelos básicos de 90cv e 100cv respectivamente, preço ainda não confirmado, pode ser um prenúncio de uma mudança de ênfase dos principais players.
A eficácia pode ser cara
Na última década, pelo menos, houve um tremendo impulso para auxílios de operadores e automação na crença anunciada de que eles promovem a eficiência, um argumento que ressoará com muitos, mas não todos os clientes.
Quando confrontado com uma cotação de seis dígitos para um trator comum, embora bem equipado, essa crença começará a ser questionada e as decisões de compra serão adiadas, que é o ponto em que estamos agora de acordo com aqueles com tratores mais baratos para vender.
A remoção da eletrônica reduzirá muito o custo de um novo trator e simplificará a produção, facilitando os prazos de entrega.
Os fabricantes estarão cientes da recepção do mercado para eletrônicos, pois a maioria oferece máquinas de especificações variadas, o que dará algumas dicas sobre a popularidade e a demanda por sistemas específicos.
Projetos de chip mais antigos para tratores
A recuperação na oferta de chips também pode acelerar com a queda dos preços. Ainda não ficou claro como essa situação será influenciada pela última guerra do silício entre os EUA e a China.
Atualmente, está afetando apenas os itens mais avançados e pode ser do interesse da China tentar inundar o mercado com designs mais antigos e baratos que ainda são perfeitamente adequados para muito do que é necessário.
O aparente paradoxo de tratores maiores e bem especificados vendendo relativamente bem, enquanto unidades menores e mais baratas não, sugere que são as empresas que são mais capazes de gerenciar máquinas de financiamento que influenciam o mercado tanto quanto o preço sozinho.
Os tratores que podem conviver com menos eletrônicos têm despertado muito interesse ultimamente, isso não passou despercebido e, em uma tentativa de preservar a participação de mercado, ainda podemos ver a AGCO e a John Deere seguirem a liderança da CNH em oferecer tratores mais básicos, certamente nos níveis de potência associados ao uso menos intensivo.
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