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Quantas vacas brasileiras são cobertas por “boi de boiada” de acordo com a CompreRural?

Metade das vacas brasileiras são cobertas por “boi de boiada” — CompreRural

Noticias do Jornal do campo

Boa leitura!

A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), divulgou recentemente o Asbia Index 2022. Esse documento apresenta um panorama detalhado do mercado de genética bovina no Brasil, abrangendo diversos aspectos, como comercialização, importação, exportação, prestação de serviços, produção de carne bovina e aptidão leiteira.

De acordo com os dados apresentados, houve uma leve queda de 9% no mercado de genética bovina em 2022. O número total de doses de sêmen distribuídas ao cliente final foi de 18.036.210, em comparação com as 19.891.859 doses de 2021, representando uma redução de aproximadamente 9,3%. É importante ressaltar que, nos últimos três anos, o mercado de genética bovina teve um crescimento significativo.

No entanto, é interessante observar que a venda de sêmen de bovinos de corte de raças zebuínas aumentou 2% em 2022 em relação ao ano anterior. Entre as raças de corte que mais venderam doses está o Nelore, com destaque para a modalidade Nelore PO (Puro de Origem), que teve um crescimento de 3%.

Em relação ao rebanho brasileiro, estima-se que o país tenha cerca de 223,7 milhões de cabeças de gado, sendo aproximadamente 63,9 milhões de fêmeas em idade reprodutiva. Deste total, 15 milhões de fêmeas (23%) foram submetidas à inseminação artificial, enquanto as outras 48,8 milhões foram cobertas por touros via monta natural.

Para atender a demanda por monta natural, o Brasil precisaria de 1,6 milhão de touros registrados, levando em consideração a proporção de 1/30 vacas por touro. Além disso, seria necessário repor cerca de 260 mil touros anualmente, considerando o tempo médio de vida de um touro, que é de aproximadamente 6 anos. No entanto, os números mostram que os produtores de touros vendem cerca de 98 mil animais por ano.

Somando as fêmeas inseminadas e enxertadas com touros de origem registrados, que são vendidos em leilões, fazendas e feiras promovidas pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), chegamos a impressionante marca de 31,2 milhões de fêmeas cobertas por touros de origem registrada. Isso representa 48,9% do rebanho de corte brasileiro.

Conversamos com o gerente de Programas de Fomento ao Melhoramento Genético da ABCZ, Ricardo Abreu, para entender melhor o impacto desses números e como isso afeta a produtividade da pecuária brasileira. Ricardo ressaltou que, apesar da queda nas vendas de sêmen em 2022, o uso da inseminação artificial em larga escala em rebanhos bovinos de corte tem sido impulsionado pela tecnologia de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Os pecuaristas brasileiros têm aderido a essa tecnologia devido ao seu alto crescimento nos últimos 20 anos.

O Brasil se destaca internacionalmente por inseminar mais fêmeas de raças de corte do que raças leiteiras. O país tem como base a raça zebuína, sendo que a combinação entre as raças zebuínas e a gramínea braquiária tem sido responsável pelo sucesso da pecuária nas regiões central e norte do país, onde 80% do rebanho é “zebuado”. Portanto, é crucial para os criadores aprimorarem o manejo de seus rebanhos, focando nas fêmeas e na utilização de touros das raças zebuínas registradas e geneticamente bem avaliadas.

Apesar dos avanços, ainda existem gargalos a serem superados para aumentar o uso da inseminação artificial. É necessário aprimorar a assistência técnica e o acompanhamento dos processos de IATF, principalmente para os criadores iniciantes nessa tecnologia. Além disso, a capacitação contínua da mão de obra da fazenda, tanto nos aspectos reprodutivos quanto nutricionais, sanitários e de bem-estar animal, é essencial para obter resultados melhores.

Quanto à falta de touros registrados, Ricardo mencionou que cerca de 48,9% das fêmeas de corte no Brasil são cobertas por touros sem lastro genético e informações confiáveis, conhecidos como “boi de boiada. Esse problema está relacionado à falta de informação e conhecimento sobre as fêmeas por parte dos criadores. A ABCZ tem desenvolvido ações para aumentar a disponibilidade de touros no mercado, como o aumento da adesão de criadores à entidade, a realização de feiras do programa Pró-Genética em diferentes regiões e a ampliação do número de criadores participantes dos programas de melhoramento genético.

Finalmente, Ricardo destacou que o trabalho da ABCZ ao longo dos anos tem contribuído para a consolidação do touro zebuíno registrado PO no mercado, por meio da coleta de informações e da formação de um banco de dados robusto. Ele acredita que o acesso aos touros zebuínos PO é democrático no Brasil, seja por meio das doses de sêmen disponíveis nos centros de genética ou pela aquisição de touros em eventos e leilões. A conscientização e o conhecimento do criador sobre suas fêmeas, aliados a um planejamento produtivo e reprodutivo adequados, são fundamentais para melhorar os índices produtivos e reduzir a dependência dos “bois de boiada”.

Em resumo, o crescimento da inseminação artificial no Brasil é evidente, porém ainda há desafios a serem superados. É necessário investir em capacitação e assistência técnica, além de incentivar o uso de touros registrados e geneticamente avaliados, visando melhorias nas características econômicas da atividade de cria, recria, engorda e reprodução. A ABCZ desempenha um papel fundamental na promoção dessas práticas e busca aumentar a disponibilidade de touros de qualidade no mercado nacional.
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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O crescimento da inseminação artificial não resolve o problema do “boi boi”; Temos muito a melhorar nas características econômicas da atividade de cria, recria, engorda

A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), em parceria com o cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USPdivulgou nesta semana o Asbia Index 2022, documento que apresentou um panorama com dados estatísticos sobre o mercado de genética bovina no Brasil, incluindo comercialização, importação, exportação, prestação de serviços e produção de carne bovina e aptidão leiteira.

Constatou uma leve queda no mercado de genética bovina em 2022 de 9%. O número total de sêmen, aptidão para corte, distribuído ao cliente final foi de 18.036.210 doses em 2022, ante 19.891.859 em 2021, um permanece de aproximadamente 9,3%.

Vale ressaltar que o mercado de genética bovina cresceu significativamente nos últimos três anos. Ao contrário do geral Venda de sêmen de bovinos de corte de raças zebuínas aumentou 2% em 2022, em relação ao ano anterior. No ranking das raças de corte que mais venderam doses em 2022, o destaque absoluto para a raça Nelore com 10.579.950 onde o Nelore PO (Puro de Origem) cresceu 3%.

Foto: Divulgação

rebanho brasileiro em números

O Brasil possui cerca de 223,7 milhões de cabeças de gado, das quais cerca de 63,9 são reprodutores aptos a se reproduzir. Deste total, 15 milhões de porcas (23%) foram expostas à inseminação artificial, seja por tempo fixo ou observação do cio, as outras 48,8 milhões foram expostas a touros via monta natural.

números-de-rebanho-de-touros-brasileiros-comercializados
Fonte: Ricardo Abreu

Monta natural – Com esse total de porcas expostas à monta natural, o país precisaria de 1,6 milhão de touros registrados (1/30 vacas) e da reposição de 260 mil touros anualmente, já que a vida útil de um touro é em média de 6 anos. Os dados coletados – via ABCZ e Anuário DBO – mostram que os produtores de touros vendem cerca de 98 mil touros por ano.

touro nelore boi de boiada
Foto: Divulgação

Se somarmos as fêmeas que são inseminadas e enxertadas com touros de origem registrados – vendidos em leilões, na fazenda e em feiras promovidas pela ABCZ – atingimos a incrível marca de 31,2 milhões de fêmeas que são cobertas por “boi cabeça”, 48,9% do rebanho de corte brasileiro. Para entender o impacto desses números e, principalmente, como isso afeta a produtividade da pecuária brasileira, conversamos com o gerente de Programas de Fomento ao Melhoramento Genético da ABCZ, Ricardo Abreu.

Gerente de Programas de Melhoramento Genético da ABCZ RICARDO ABREU - Foto Cristiano Bizzinotto
Ricardo Abreu / Foto: Cristiano Bizzinotto

Ricardo é formado em Zootecnia pela FZEA/USP em Pirassununga – São Paulo em 1998, destacando-se também por sua passagem pelo Centro Genético CRV Lagoa, onde permaneceu por 21 anos como Gerente de Contas Corte, o que lhe confere um relacionamento consolidado neste mercado.

Entrevista exclusiva

CompreRural: Conforme informado acima, a ASBIA registrou uma leve queda nas vendas de sêmen em 2022, porém se olharmos apenas para a ZEBU houve um aumento. O que esses números lêem?

Ricardo – A tecnologia IATF verticalmente possibilitou o uso da inseminação artificial em larga escala em rebanhos bovinos de corte. E os pecuaristas brasileiros “abraçaram” a tecnologia devido ao alto crescimento nos últimos 20 anos. O Brasil é um dos poucos países que inseminam mais fêmeas de raças de corte do que leiteiras.

A base de referência em bovinos de corte no Brasil é o zebu e, o casamento perfeito entre as raças zebuína e as gramíneas do tipo braquiária foram responsáveis ​​pelo pioneirismo no centro e norte do país onde 80% de todo o rebanho é “zebuado”. Assim, a base da vaca é a zebuada e a consciência dos criadores em melhorar o manejo de seu rebanho com foco nas fêmeas e o foco em sua substituição por touros das raças zebuínas registradas e geneticamente bem avaliadas é um dos fatores de o crescimento do número de doses de sêmen de corte zebuíno.

Rebanho ACN - Vaca Nelore com bezerros no pasto verde - fotao
Foto: Nelore ACN

CompreRural: Em um rebanho de 63,9 milhões de fêmeas, quase 25% são inseminadas artificialmente. Na sua opinião, quais são os gargalos para aumentar ainda mais o uso da tecnologia?

Ricardo – O Brasil é referência no uso dessa tecnologia para todo o mundo, mas ainda temos espaço para crescer se aprimorarmos a assistência técnica e o acompanhamento próximo dos processos da IATF, principalmente para os criadores que estão iniciando na tecnologia.

Capacitação contínua da mão de obra da fazenda, não só nos protocolos reprodutivos, mas também na questão nutricional, sanitária, bem-estar animal e na questão cultural do pecuarista no foco do manejo de seu rebanho.

touro nelore mocho no meio da vaca reprodutora com bezerros ao pé
Foto: CV Nelore Mocho

CompreRural: Hoje o Brasil tem quase 50 milhões de fêmeas em regime de monta natural, matrizes expostas a touros, podemos dizer que estão bem servidas de touros?

Ricardo – Se Se considerarmos os resultados zootécnicos do rebanho de corte no Brasil, a resposta é não.. Temos muito a melhorar nas características econômicas de cria, recria, engorda e reprodução, como peso médio ao desmame, idade ao primeiro parto, intervalo entre partos, taxas de prenhez e desmame, etc. Evoluímos bem em alguns aspectos tais como o menor idade no abate dos machos atingindo menos de 30 meses de idade o comercialmente chamado de “boi chinês”. Temos um oceano azul para trabalhar e melhorar, principalmente no feminino.

CompreRural: Os números mostram que quase 50% dessas fêmeas estão expostas ao “boi de cabeça”. Quanto disso é resultado do déficit de produção de touros registrados, dá para medir? O que a ABCZ tem feito para aumentar a disponibilidade de touros no mercado?

Ricardo – Este é um dos “oceanos azuis” que temos que navegar, levando o melhoramento genético sem fronteiras. Cerca de 48,9% das fêmeas de corte no Brasil são enxertadas com um macho sem lastro, sem informação, sem confiança, o chamado “boi de boiada” Acredito que isso ocorra por uma questão cultural, ou seja, o criador compra um gado para cobrir suas fêmeas porque ele, o criador, não as conhece, não tem um planejamento produtivo e reprodutivo para o manejo de suas matrizes.

Quando o criador não conhece suas categorias de fêmeas, qualquer macho pode acasalar e conseqüentemente isso reflete nos resultados medíocres que observamos nos índices produtivos. O déficit de touros zebu PO registrados para engravidar esse alto volume de fêmeas existe, mas não é o ponto crucial, a falta de informação e conhecimento de suas fêmeas e acesso a touros reprodutores é.

Há uma série de fatores importantes para a ABCZ aumentar o volume de touros zebu PO para o mercado: aumento significativo da adesão de criadores à entidade, aumento das feiras do programa Pró-Genética em todas as regiões, aumento do número de criadores participantes do Programa de Melhoramento Genético PMGZ Corte – Zebu e PMGZ Comercial, voltado para rebanhos de cara limpa com foco em fêmeas, entre outras ações.

Vaca nelore saindo do curral com a poeira subindo
Foto: Pecuária MS Agropecuária

CompreRural – Na sua opinião, quais são os fatores determinantes para a falta de touros registrados no Brasil?

Ricardo: O touro zebu registrado PO reflete o trabalho de 104 anos da ABCZ que, em suma, trata-se de coleta de informações e que tem lastro, com confiabilidade na formação de um banco de dados robusto. Tem consistência advinda do trabalho diário dos criadores na correta seleção de seus rebanhos e seguindo os procedimentos estabelecidos.

Acredito que o acesso aos touros zebu PO seja muito democrático, seja pelas doses de sêmen disponibilizadas nos diversos Centros de Genética que temos em funcionamento no Brasil, e/ou pela monta natural via aquisição de touros zebu PO em fazendas, em leilões, exposições, feiras de pró-genética, etc.

Da consciência de criadores que possuem 48,9% das fêmeas abrangidas pelo boi de boiada então temos que estar preparados para atender essa demanda. O aumento de criadores se associando à ABCZ e iniciando seus criadores com a consciência de atender este mercado compensará este déficit.

CompreRural: O que a ABCZ tem feito para melhorar a confiança dos pecuaristas no sentido de deixar de usar o boi de boiada?

Ricardo – O mercado é soberano e já sinaliza há vários anos que acredita e utiliza o touro zebu PO via inseminação artificial e/ou monta natural constantemente, dada a demanda crescente, por exemplo no número de doses de zebu em corte comercializado. Mas temos muito a conquistar e um dos bons desafios é o criador conhecer e presenciar o uso do animal zebu PO em seu rebanho e mensurar os resultados. Bem, usar e medir aumentará a lucratividade de sua atividade de criação.

Acredito que as diversas ações que a ABCZ vem realizando continuamente para trazer informações de qualidade e confiabilidade para que o pecuarista conheça seu rebanho e utilize a genética ideal para seu sistema de produção é um dos passos importantes. O melhoramento genético não pode ser feito à distância e por isso a ABCZ tem seus escritórios técnicos regionais e 105 técnicos de campo presentes em todas as regiões do Brasil.

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