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Em Pernambuco, o massacre dos estábulos tem outra origem; assista ao vídeo

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Se em São Paulo, a vinhaça e a torta de filtro, subprodutos das usinas de álcool, são os principais vilões nas infestações de moscas do estábulo, em Pernambuco é a cama de frango.

E não é hoje. Há 17 anos, fazendeiros da Barra do Guariba e municípios vizinhos (transição da Mata para o Agreste) combatem o inseto. Muitos desistiram e arrendaram suas terras.

É o caso de Erwin Oliveira, que abandonou a atividade em 2015 e há dois anos que tenta retomar a sua atividade, ainda com muita dificuldade. “Os bezerros não podem mamar, as mães furiosas não podem recebê-los, e eles morrem de fome. Os animais não se desenvolvem, muito menos ganham peso no tempo esperado, mesmo com uma boa alimentação”explica.

Depois de cinco anos longe da criação, Oliveira já deixou o bezerro de lado. No momento ele tem 54 cernelha em reprodução e engorda. Acontece que seu planejamento inicial era pegar esses animais com 10 arrobas e terminá-los em um ano, com 20 arrobas ou mais, em regime de pastagem com suplementação. “Mas as moscas não vão deixar você”reforça.

Foto: arquivo pessoal

OUÇA 🎧 o depoimento do pecuarista Erwin Oliveira

Oliveira conta que a maioria das propriedades da região são agrícolas, cultivando inhame, inhame, banana e maracujá. Estas culturas requerem bons investimentos no tratamento do solo. Como há muita cama de frango, este é o fertilizante mais utilizado pelos produtores. “É muito barato e proporciona excelente produtividade”, explica o pecuarista.

Um problema recorrente e ilegalidade – João Tavares da Silva, engenheiro civil e pecuarista, diretor ambiental da União dos Agropecuaristas do Nordeste (UNA), diz que o problema é grave em todos os aspectos desde 2005.

Ele conta que a região envolve nove municípios, conhecidos como “brejo pernambucano”, e é muito diferente da maior parte do estado, com clima muito ameno e precipitação anual em torno de 1.600 mm. No inverno, as temperaturas caem para 15 graus e a topografia é acidentada, com altitude média de 600m acima do nível do mar.

A água emerge do lençol freático, tanto que há muita agricultura com irrigação e várias engarrafadoras de água mineral. Essa abundância favorece a riqueza natural da região. A maioria das propriedades rurais são pequenas e o gado anda em paralelo.

A cama de frango utilizada como adubo orgânico é misturada com palha de arroz, bagaço de cana e outros resíduos.

Acontece que os aviários o vendem sem nenhum tratamento. Pior ainda, contra a Instrução Normativa nº 8 do MAPA, de 25/03/2004, “vendem até para o gado do sertão comer”, caracterizando alto risco para a incidência da “doença da vaca louca” (BSE).

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Foto: arquivo pessoal

OUÇA 🎧 o testemunho do pecuarista João Tavares da Silva

Silva desenha tudo isso como a “tempestade perfeita” para a proliferação da mosca do estábulo. Assim, há anos, por meio do diálogo, os pecuaristas da região vêm buscando soluções, considerando também as limitações que envolvem os agricultores. Há políticos que trabalham em sintonia com as demandas e levam a discussão para o legislativo.

Em 13 de julho daquele ano, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco entrou em vigor a Lei nº 17.890, que proíbe o uso de “cama de galinha” como adubo orgânico nos municípios de Amaraji, Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Félix , Chã Grande, Cortês, Gravatá e Sairé durante os meses de julho, agosto, setembro e outubro.

Leis e aplicação ineficazes – A fiscalização é realizada pela Agência Estadual de Defesa e Fiscalização Agropecuária, que orienta e cobra. As multas variam de R$ 1.000 a R$ 50.000. No entanto, a extensionista do Instituto de Pesquisa Agropecuária de Pernambuco (IPA), Joana D’Arc Alexsandra dos Santos, acredita que a lei é recente e que, por parte dos aviários, “existem muitas pequenas fazendas clandestinas, quase inacessíveis ”.

A própria Instrução Normativa 56/2007 favorece a obscuridade. A Lei diz: Parágrafo único. Ficam excluídos da obrigatoriedade de registro os estabelecimentos avícolas que possuam até 1.000 (mil) aves, desde que as aves, seus produtos e subprodutos sejam destinados às empresas intramunicipais locais e municípios adjacentes (adicionado pela Instrução Normativa 36/2012/ MAPA).

Para a técnica, a cama de frango só deve ser utilizada após a compostagem, processo de reciclagem de resíduos orgânicos que transforma matéria orgânica em adubo natural, que pode ser utilizado na agricultura, jardins e plantas, substituindo o uso de produtos químicos. Segundo Santos, “a compostagem é a única forma de resolver o problema”.

OUÇA 🎧 o depoimento da extensionista Joana D’Arc Alexsandra dos Santos

No entanto, a técnica da IPA entende que pode haver redução da infestação se o produto contiver fungicidas e inseticidas, que ainda estão sendo manuseados dentro dos aviários, e são vendidos em sacos plásticos. Além disso, é necessário chegar às propriedades e ser coberto com lona plástica. Armazená-los em valas ou poços é ainda mais seguro.

A falta de vontade – João Silva diz que na mesa de discussões estão agricultores, pecuaristas e avicultores. Mas estes últimos são inflexíveis quanto à adoção de seu processamento de subprodutos. “Eles nem precisam, porque há demanda pela forma como lidam e vendem tudo. Alguns, no entanto, estão tomando as medidas necessárias para implementar boas práticas.”.

Os principais produtores, seja de frutas ou gado, demonstram consciência e combatem a mosca até por mais sustentabilidade na região, pois sabem que é preciso proteger a agricultura, pecuária, fauna, incluindo animais silvestres, flora e ecossistemas.

SAIBA MAIS | O massacre dos estábulos no interior de São Paulo; Ver vídeos

O Portal DBO acompanha a evolução e responde via Whatsapp (11) 96793.5819 para reclamações, denúncias e envio de fotos e vídeos.

A mosca estável

A Stomoxys calcitrans é hematófago ataca tudo que tem sangue. Seus hospedeiros são a maioria dos animais e o próprio homem, desenvolvendo-se em matéria orgânica em decomposição, como fezes de animais mal manejadas, alimentos e restos vegetais, mesmo na superfície do solo.

Quando esses materiais começam a fermentar, formam um substrato favorável para a postura de ovos e a proliferação dessa mosca. Um fator predominante para o aparecimento desse parasita é a proximidade de culturas que utilizam esses materiais sem o manejo correto. Estudos mostram que chuvas e altas temperaturas favorecem o ciclo evolutivo desse inseto.

A mosca do estábulo é facilmente confundida com a mosca doméstica. Distingue-se pelo seu dispositivo de sucção, que se projeta para a frente. Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de sangue uma ou duas vezes por dia. As fêmeas podem colocar 25 a 50 ovos em matéria orgânica em decomposição.

Surtos desta mosca, de pequena extensão e duração, são relatados há alguns anos, ocorrendo próximo a áreas de confinamento de cana-de-açúcar e/ou bovinos, associados ou não a usinas de álcool ou cana-de-açúcar. O inseto já está presente em comunidades e instalações rurais próximas ao homem e aos animais.

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