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Tecnologia de produção de feijão carioca para alta produtividade

Melhoramento genético do feijão

Dentre os fatores que podem contribuir para o aumento da produtividade do feijoeiro, destaca-se o melhoramento genético como principal meio de obtenção de genótipos superiores.

Estima-se que aproximadamente 50% do aumento do potencial produtivo das principais espécies cultivadas se deva ao melhoramento genético

Para o feijão carioca, no entanto, a produtividade não é o único fator importante nos programas de melhoramento genético.

Visto que, além da alta produtividade, também se busca resistência a doenças e grãos com características aceitáveis ​​pelo mercado consumidor, como tamanho, cor e brilho.

Além disso, o feijão carioca deve apresentar características culinárias e nutricionais desejáveis:

  • Facilidade de cozinhar.
  • Maior palatabilidade.
  • Tegumento de grãos com textura macia.
  • Potencial para produzir caldo claro e denso após o cozimento.
  • Alto teor de proteínas e minerais.

Nos últimos anos, importantes avanços foram feitos pelas instituições de melhoramento genético do feijão carioca. Com destaque para a aprovação da primeira cultivar de feijão transgênico, aprovada pelo CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em 2011.

História do feijão carioca transgênico

Um dos motivos da estagnação da produtividade nacional do feijão carioca se deve aos diversos problemas fitossanitários da cultura.

No Brasil, estima-se que existam cerca de 200.000 ha inviáveis ​​para o cultivo do feijão carioca na estação seca ou segunda safra. Isso se deve à alta ocorrência da mosca-branca (Bemisia tabaci).

Com isso, há uma perda de quase 300 mil toneladas de feijão por safra.

Em termos técnicos, isso representa o suficiente para o consumo de 6 a 15 milhões de pessoas.

No feijão carioca, o principal dano causado pela mosca-branca refere-se ao seu papel como vetor da doença, conhecida popularmente como vírus do mosaico dourado.

Esta doença recebe esta designação porque provoca um sintoma amarelado nas folhas. Que é delimitado por uma cor verde, e resulta em um mosaico verde-amarelo.

A transmissão do vírus do mosaico dourado no feijoeiro ocorre quando as ninfas da mosca-branca se alimentam da seiva da planta.

No feijão carioca, o vírus do mosaico causa enrugamento e enrugamento foliar, nanismo e superbrotação, além de outras características que afetam a saúde do grão.

Esses sintomas reduzem seu valor de mercado e causam prejuízos que podem variar de 40 a 100% da produção.

Devido aos danos causados ​​pela mosca-branca e pelo vírus do mosaico dourado, pesquisadores da Embrapa desenvolveram um genótipo transgênico com resistência a essa doença.

O primeiro feijão carioca transgênico foi denominado Feijão Resistente ao Vírus do Mosaico Dourado (RMD), que foi aprovado para comercialização em 2011, porém, só chegou ao mercado brasileiro em 2016.

Esse genótipo transgênico foi desenvolvido utilizando tecnologia de interferência de RNA, utilizando a planta como organismo doador do material genético. Arabidopsis thaliana.

Cultivar transgênicos disponíveis no mercado

A cultivar BRS FC401 RMD foi a primeira cultivar geneticamente modificada de feijão carioca desenvolvida no mundo. Além disso, é o único já registrado e protegido no Brasil como efetivamente resistente (imune) ao vírus do mosaico dourado.

Essa cultivar também é um marco para a pesquisa científica no Brasil, pois é a primeira cultivar geneticamente modificada inteiramente desenvolvida por uma instituição pública.

Por esses e outros aspectos, o BRS FC401 RMD caracteriza-se como uma inovação tecnológica de alto impacto para os produtores de feijão carioca no país. Desde então, torna-se um forte aliado para o gerenciamento integrado dos vírus transmitidos pela mosca-branca.

O transgene responsável pela resistência do feijão carioca ao mosaico dourado está presente no evento Embrapa 5.1, originário da planta modelo Arabidopsis.

Para validar a eficácia desta nova cultivar de feijão, foram realizados 31 testes VCU (Cultivo e Valor de Uso) durante os anos de 2012 a 2014 nas seguintes culturas:

  • Das águas: Goiás, Distrito Federal e Paraná.
  • Seca: Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
  • Inverno: Goiás e Distrito Federal.

Nesses ensaios, o feijão carioca transgênico apresentou quase 15% de superioridade na produtividade de grãos, quando comparado às cultivares controle Pérola, BRS Pontal e IPR Eldorado.

Isso significa que a produtividade média da cv. BRS FC401 RMD foi de 2,15 t ha-1enquanto as testemunhas apresentaram 1,87 t ha-1.

Para medir o potencial produtivo desse feijão carioca, os pesquisadores consideraram as 5 maiores médias.

Assim, foi estabelecido que o potencial produtivo desta cultivar é em torno de 3,57 t ha-1.

Além disso, pesquisas indicam que a presença do gene transgênico não causou penalidades na produção. Ao contrário, proporcionou maior estabilidade produtiva, devido à resistência ao mosaico dourado.

Herbicidas para a antecipação da colheita do feijão carioca

Para o feijão carioca, a época ideal de colheita para consumo é após a maturação fisiológica, quando o vigor, a germinação e o peso da matéria seca são elevados.

Uma das alternativas para melhorar o desempenho da colheita mecanizada do feijão carioca é o uso de herbicidas dessecantes na pré-colheita. No entanto, Vários estudos comprovam que esta prática altera a qualidade das sementes (germinação e vigor).

A dessecação visa obter uma secagem rápida e uniforme de todas as partes da planta, o que facilita o processo de colheita mecanizada.

Estudos realizados pela Universidade Estadual de Goiás utilizando Ethephon como herbicida na dose de 600 g ha-1 salientar que o produto:

  • Foi eficiente na desfolha das plantas, independente da época de aplicação.
  • A aplicação no estádio R9 promoveu a antecipação da colheita do feijão em aproximadamente uma semana.
  • Nessas condições, não houve prejuízo na produtividade do feijoeiro.

No entanto, alguns princípios ativos causam características deletérias aos grãos de feijão carioca, como:

  • Glifosato: altera negativamente o vigor das sementes.
  • Paraquat: impactos ao reduzir a germinação.
  • glufosinato de amônio: afeta negativamente a qualidade das sementes.

Dessa forma, antes de iniciar uma dessecação para antecipar a colheita, é ideal que os agricultores e/ou profissionais estejam atentos às restrições de uso de cada produto, bem como as dosagens recomendadas e o momento ideal para seu uso.



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