Cinco razões para repensar o consumo de salmão

Salmão, cinco razões para você repensar o consumo

Salmão, cinco razões para você repensar o consumotar dos peixes?
Salmão, cinco razões para você repensar o consumo

Esse sistema é realizado diretamente no oceano, o que causa sérios impactos negativos, tanto para o bem-estar dos salmão quanto para o meio ambiente.

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Além disso, esses peixes têm problemas de saúde, recebem grandes quantidades de substâncias artificiais ou tóxicas e são alimentados com restos de comida de outros peixes, ou seja, nada sustentável.

A Alianima, organização que trabalha na agenda de proteção animal e ambiental no Brasil desde 2019, destaca cinco razões pelas quais devemos pensar antes de consumir salmão.

A ideia é chamar a atenção para os impactos ambientais e engajar os consumidores no bem-estar do pescado, uma agenda que começa a dar seus primeiros passos no Brasil.

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A maior parte do salmão que é consumido aqui é importado do Chile, proveniente de fazendas de produção que se desenvolveram a partir da introdução deste peixe no país.

Para o salmão do Atlântico criado no Chile chegar ao Brasil, ele acaba sendo transportado em caminhões refrigerados por milhares de quilômetros, o que pode levar dias e dias para chegar aqui, dependendo da região.

A cor avermelhada, característica do salmão, vem da alimentação de crustáceos, incluindo camarões. Esses crustáceos são animais que se alimentam de algas ricas em astaxantina – um carotenóide rosa-avermelhado.

É este carotenóide nas algas, presente nos crustáceos dos quais o salmão se alimenta, que é responsável pela cor avermelhada.

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Mas quando os salmões são criados em cativeiro, eles comem comida seca.

Assim, para fins estéticos que agradam ao consumidor, os produtores adicionam um corante artificial, ou seja, uma astaxantina sintética, à ração oferecida aos peixes em sistemas de produção.

Sem isso, a carne do salmão de viveiro seria branca, como é o caso de outros peixes.

O salmão chileno é criado em sistemas de cultivo intensivo, mais especificamente em tanques-rede que se assemelham a ‘gaiolas’ flutuando no mar.

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Nesses sistemas, onde os peixes são mantidos em altas densidades, não é difícil imaginar que o surgimento e disseminação de doenças possam ocorrer facilmente.

Para evitar esse problema, os produtores acabam usando uma quantidade muito alta de antibióticos na ração que oferecem ao salmão.

Isso é prejudicial à saúde dos peixes, à saúde das pessoas que se alimentam desses salmões e também ao meio marinho – uma vez que grande quantidade de resíduos e substâncias potencialmente nocivas da ração é despejada diretamente no meio ambiente, causando danos ao ecossistema marinho.

O piolho do mar é o nome popular para um pequeno crustáceo parasita que pode se alojar externamente na pele dos peixes.

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Esses ‘piolhos’ podem parasitar o salmão e é claro que quando esses peixes ocorrem em altas densidades – como no caso dos sistemas de produção intensivos no Chile – o problema da infestação pode ser muito pior.

Embora no Brasil não seja possível pescar ou produzir salmão, é possível criar trutas, que são peixes da mesma família do salmão, os salmonídeos.

E há espécies de trutas muito parecidas com o salmão, como a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). Aqui no nosso país é possível encontrar ‘trutas salmão’, que nada mais são do que trutas arco-íris criadas em sistemas de produção que passaram pelo processo de ‘salmonização’.

Esse processo refere-se basicamente à ingestão de ração que contém o corante artificial astaxantina.

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Tal como no caso do salmão de viveiro, quando a truta se alimenta desta ração com coloração em cativeiro, desenvolve artificialmente a cor laranja típica do salmão.

Como o preço de mercado do salmão é superior ao da truta, alguns comerciantes vendem a truta salmão como salmão, o que constitui uma fraude.

De acordo com Fishcount 2019, cerca de 1,5 trilhão de peixes são capturados na natureza e até 167 bilhões são criados para consumo humano a cada ano em todo o mundo.

Esse número é cerca de 25 vezes maior do que todos os animais terrestres abatidos juntos, o que corresponde a aproximadamente 73 bilhões.

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No Brasil, a Associação Brasileira de Piscicultura estima que, em 2021, a cadeia produtiva do pescado no Brasil atingiu 841.005 toneladas, com receita em torno de R$ 8 bilhões.

Existe atualmente um grande corpo de evidências anatômicas, fisiológicas, comportamentais, evolutivas e farmacológicas que indicam que os peixes são capazes de sentir emoções de forma semelhante a outros vertebrados, e que suas percepções e habilidades cognitivas muitas vezes coincidem, ou até excedem, a desses vertebrados. animais.

Por isso, a Alianima, por meio da cartilha ‘Por que e como melhorar o bem-estar dos peixes’ orienta a cadeia produtiva para o bem-estar dos peixes, a partir de aspectos da qualidade da água; alimentação adequada; espaço e densidade; enriquecimento ambiental; atordoamento e abate; e transporte e manuseio.

A publicação também traz recomendações adicionais sobre questões relacionadas à saúde dos peixes, indicadores de bem-estar desses animais e controle de predadores em sistemas de produção, destacando a importância do treinamento adequado para quem trabalha diretamente com peixes.

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Caroline Marques Maia é Bióloga (Unesp – Botucatu/São Paulo), mestre e doutora em Zoologia na área de comportamento e bem-estar animal (Unesp – Botucatu/São Paulo), tendo desenvolvido parte de seu projeto de doutorado na Pennsylvania State University (EUA ).

É especialista em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo Científico da Unicamp (São Paulo).

Atualmente, ela faz parte da equipe Alianima como especialista em peixes e também é membro do FishEthoGroup (FEG), um grupo de cientistas internacionais, desenvolvendo perfis de comportamento e bem-estar de espécies de peixes criados em cativeiro a partir da literatura internacional da área.

 


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