Família rural investe na produção de morango
Essa é a felicidade de quem pega a estrada e encontra a Tenda Colonial Santa Teresinha, localizada na rodovia estadual RS-324 em Nonoai, próximo ao município de Trindade do Sul, no noroeste do Rio Grande do Sul. A família Gallo administra o negócio há dois anos e obteve sucesso principalmente pelo sabor adocicado dos morangos frescos produzidos na propriedade do produtor rural Norval José Gallo (67 anos), que herdou as terras de seus pais Nabuco e Josefa Gallo (in memorian).
É ele, com sua personalidade carismática e alma receptiva, que inspira seus filhos a seguir seu legado e empreender.
“Desde que comecei a trabalhar no campo, tenho cultivado milho, soja, feijão e arroz. Então investi na pecuária leiteira, mas devido à atividade exigir muita mão de obra e gerar baixa rentabilidade, principalmente porque não tínhamos o suporte de tecnologias que facilitassem a prática e contribuíssem para o desenvolvimento da propriedade na época, a ideia de produzir morangos”, conta Seu Norval, que atua na atividade rural há mais de 50 anos.
Ele também antecipa sua alegria ao ver seus filhos tomarem conta do negócio. “A propriedade tem um valor afetivo para mim. Primeiro, por ajudar meus pais a enfrentar os desafios do setor. Depois, pelo meu esforço em manter as atividades. Agora a dedicação dos meus filhos para seguir esse legado”, completa.
A Tenda Colonial Santa Teresinha é um sonho realizado desde dezembro de 2020 e carrega em seu nome todo o carinho compartilhado há 71 anos pela produtora rural Teresinha Aurora Gallo, falecida em setembro do mesmo ano. “É assim que honramos nossa mãe. Ela continua sendo um exemplo de força, coragem e humildade para nossa família, pois nos ensinou a enfrentar nossos desafios e valores compartilhados que seguiremos a cada passo de nossa trajetória.
Ter o nome e a experiência charmosa de Teresinha como identidade da empresa é uma forma de mantê-la sempre presente”, destaca o empresário e produtor rural Juciano Diego Gallo.
O jovem Juciano (32 anos) é dono da barraca e dirige a empresa ao lado do irmão, Jucie Adilio Gallo (36 anos). Juciano reforça que a família trabalhava com gado leiteiro e recentemente optou por outra atividade. “A capacidade de lidar com a ordenha sempre foi uma virtude do meu pai.
Aprendemos muito com ele. Porém, quando começamos a plantar morangos, já havíamos traçado um novo propósito: ter um negócio próprio para inovar, mudar alguns hábitos e aumentar nossa qualidade de vida”.
Para realizar o sonho de ser empresário, Juciano contou com o apoio da Credioeste. Por meio do programa de Microcrédito, o produtor rural construiu a barraca, garantiu os demais itens oferecidos no estabelecimento e aumentou o estoque. “Com esta parceria, não tivemos dificuldades financeiras nem obstáculos para levantar a obra e inaugurar o espaço.
No entanto, nosso maior medo não era conquistar clientes, mas nos surpreendemos com o feedback e os resultados”.
A Tenda Colonial Santa Teresinha recebe em média 50 pessoas por dia. Para atender os clientes que visitam o estabelecimento apenas em busca de morangos, Juciano colhe cerca de 70 quilos da fruta todas as manhãs. Além do fluxo diário de consumidores, a família Gallo também conta com uma clientela fiel, que corresponde a uma média de 100 pessoas por mês que visitam a propriedade apenas para comprar morangos, e outras que buscam outras frutas cultivadas pelos produtores.
“Um momento muito especial foi quando recebemos 70 caminhantes. Eles vieram de Treze Tílias e aproveitaram todos os itens que oferecemos. Não sabíamos a quem atender primeiro, foi uma experiência emocionante, principalmente quando lembramos do medo que tínhamos de não conquistar nossa clientela.
Conquistamos a profissão e superamos uma de nossas principais dificuldades, que era ir às cidades vizinhas oferecer nossa alimentação. Agora recebemos nossos clientes na barraca com muito orgulho”, enfatiza Juciano.
Para alcançar esse sucesso, garantir a qualidade da fruta e a aprovação dos clientes, a família Gallo acumula sete anos de experiência e supera desafios que exigem domínio técnico no campo. “Participamos de palestras e treinamentos com frequência. Adotamos novas estratégias em curtos intervalos de tempo.
As variedades e características das mudas, as mudanças do solo, as mudanças climáticas e a mudança das estações, por exemplo, são fatores que influenciam na colheita e, principalmente, no aroma, sabor e até no tamanho do fruto”, destaca Juciano.
O morango é atualmente o carro-chefe do negócio, mas não é a única renda da família. Melancia e melão também são produzidos na propriedade rural e são populares entre os clientes da barraca. No estabelecimento, os consumidores também encontram diversos tipos de cachaça, queijos, salames, biscoitos, geleias, vinhos, doces, pães e diversos produtos.
“Nosso foco, a princípio, é fruta. No entanto, todos os itens que oferecemos são feitos à mão e de outros produtores da região. É também uma forma de apoiarmos outras famílias rurais, fortalecer nosso trabalho e contribuir com a economia local”.
Apesar de satisfeita com o negócio, a família Gallo sonha mais alto. O próximo desafio é expandir a produção. “Estamos pensando não só em aumentar as lavouras que já temos, mas também em investir no cultivo de outros alimentos, como abóbora, tempero verde, caldo de cana e alface.
Perceber que tudo o que planejamos atualmente se concretizará em breve, traz uma sensação boa, principalmente quando analisamos que nem todas as famílias conseguem permanecer no campo e ter qualidade de vida. Muitos precisam trabalhar na cidade. Trabalhei como vendedor em áreas urbanas. Por isso é tão gratificante voltar às minhas raízes”, diz Juciano.
O empresário acredita que o sucesso que tem nos negócios se deve ao pai. “A vida no campo era mais dolorosa antigamente, mas ele se manteve firme e nos ensinou praticamente tudo o que sabemos. Tenho orgulho da trajetória dos meus pais e agradeço por terem a paciência de nos ensinar desde cedo. Seu Norval é também um exemplo de honestidade e carisma.
Ele sempre nos orientou a acolher as pessoas. Ele nos educou a respeitar e priorizar os valores humanos, além de admirar e também aprender com a história de cada um. É esse conjunto de boas intenções que nos inspira a sonhar cada vez mais”, declara Juciano.
