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Vacas que pastam à sombra produzem 22% mais leite, diz Embrapa

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Vacas que pastam à sombra produzem 22% mais leite, diz Embrapa 2

Segundo os pesquisadores, o sistema também melhora a qualidade do produto e do pasto, o valor nutricional da forragem e os parâmetros fisiológicos e comportamentais dos animais.

pesquisadores de Embrapa Cerrados verificaram que vacas do gir leiteiro que tiveram acesso a áreas com sombra de eucalipto produziram quatro vezes mais embriões durante o período mais quente do ano e, no período de estudo (33 meses), 22% mais leite.

Segundo a entidade, as evidências reforçam a importância de oferecer aos animais condições confortáveis ​​para um bom desempenho reprodutivo. “Os resultados também incentivam o uso de sistemas integrados à floresta, pois mantêm as árvores nas pastagens”, diz.

De janeiro de 2017 a setembro de 2019, especialistas de diversas áreas da Embrapa e da Universidade de Brasília (UnB) se dedicaram ao projeto Conforto térmico, produção de leite e desempenho reprodutivo de vacas zebuínas em sistema Integrado Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Cerrado.

“Identificamos que o uso de ILPF com vacas zebuínas leiteiras pode ser recomendado, pois além de aumentar a produtividade de leite e a quantidade de embriões produzidos, também melhora a qualidade do produto e do pasto, o valor nutricional da forragem e o comportamento fisiológico e vacas”, diz a pesquisadora Isabel Ferreira, líder do projeto.

Mais leite de melhor qualidade

Os estudos foram realizados no Centro de Tecnologia para Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL), localizado na região administrativa do Recanto das Emas (DF) e vinculado à Embrapa Cerrados. Durante os 33 meses do experimento, os especialistas mediram o desempenho produtivo e reprodutivo de vacas gir leiteiras a pasto com presença e ausência de sombra.

Observaram que em dias quentes os animais apresentam estresse térmico, o que compromete a produção e composição do leite, reprodução, temperatura superficial e comportamento ingestivo (ingestão, ruminação e repouso). A pesquisa identificou que o ambiente sombreado reduziu em até 3% a temperatura da superfície corporal das vacas em diferentes pontos.

Além de aumentar a produção de leite, as vacas do gir leiteiro que tiveram acesso a áreas sombreadas por eucalipto fornecidas pelo sistema de integração lavoura-pecuária-floresta também melhoraram a qualidade do produto, com 6% a mais de extrato seco desengordurado (extrato seco total, menos o teor de gordura ), quando comparado ao que foi produzido por animais submetidos a pleno sol.

“A presença de árvores melhora a lucratividade do produtor de leite, tanto pelo aumento da quantidade do produto, quanto pela possibilidade de melhor remuneração dos sólidos totais dos laticínios e da venda de madeira para diversos usos”, enfatiza o especialista.

O mal que o calor excessivo causa aos animais

O estresse térmico ocorre quando o calor produzido pela vaca e aquele absorvido do ambiente é maior do que a capacidade do animal de perder calor. O bovino perde calor pela superfície da pele e pelo trato respiratório. Quando estressado por causa disso, o animal sofre alterações fisiológicas para reduzir o calor: fica ofegante e aumenta a frequência respiratória, a temperatura corporal, a ingestão de água, a salivação e a quantidade de suor.

A inserção de árvores no sistema de produção é um dos recursos que podem ser utilizados pelos produtores para reduzir as causas desse estresse térmico, pois além de bloquear a radiação solar, as árvores reduzem a temperatura e aumentam a umidade do ar.

Quatro vezes mais embriões

Esse ambiente específico proporcionado pela sombra e a consequente diminuição da temperatura corporal dos animais também impactaram na melhora das taxas de reprodução dessas vacas em relação aos animais expostos ao sol. “Os animais que estavam na sombra também produziram 16% mais folículos na superfície de seus ovários, e 75% mais oócitos totais foram recuperados por aspiração folicular. O número de oócitos viáveis ​​aumentou em 81% e o número de embriões em quatro vezes. Consideramos uma diferença muito importante”, diz o pesquisador Carlos Frederico Martins.

Outro fator relevante identificado pelos especialistas foi que, com a sombra, o tempo de ruminação dos animais aumentou 32%. Segundo Isabel Ferreira, essa elevação é desejável, pois quanto mais tempo o animal rumina, mais ele divide as partículas de forragem e as deixa expostas para a fermentação animal. “Além disso, produzir mais saliva tem um efeito tamponante no rúmen, o que favorece a digestão das fibras e disponibiliza mais nutrientes aos animais”, explica.

As árvores também beneficiam o pasto

Os pesquisadores também identificaram que a qualidade da forragem também é impactada pela presença de árvores no pasto. A proteína bruta do capim no pasto com árvores foi 30% maior quando comparada à do capim no pasto solteiro, e a digestibilidade in vitro do capim sombreado foi 6% maior. Isso se deve principalmente, segundo os especialistas, à intensificação da degradação da matéria orgânica e da reciclagem do nitrogênio no solo sob a influência do sombreamento e ao prolongamento do período juvenil da planta forrageira, o que permite mais tempo para a manutenção de níveis metabólicos mais elevados. e, consequentemente, os nutrientes disponíveis para os animais através do pastejo.

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