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Utilização de leveduras vivas na nutrição de bovinos leiteiros

bovinos leiteiros

Desde o antigo Egito, há mais de 5.000 anos, há relatos que sugerem o uso de leveduras em processos fermentativos na produção de pães e na fermentação de bebidas alcoólicas. As leveduras são fungos caracterizados por serem organismos eucarióticos unicelulares (única célula com material genético presente no núcleo), existentes no solo, ar, plantas, frutas e alimentos. O mais popular é do gênero Saccharomyces, espécies cerevisiae, conhecida como levedura de padeiro ou levedura de cerveja, reconhecida por sua capacidade de produzir álcool (principalmente etanol em bebidas fermentadas) e dióxido de carbono (responsável pelo crescimento da massa de pão) a partir de açúcares.vacas leiteiras

No Brasil, essa levedura também é utilizada pela indústria na produção de álcool (bioetanol), cana-de-açúcar e milho. A produção e comercialização de Saccharomyces no país teve início em 1980 com o forte crescimento e investimentos na ampliação e modernização de usinas e destilarias. No processo tradicional de produção de etanol, a levedura é obtida como subproduto e, quando são produzidos aproximadamente 100 litros de etanol, é gerado um excedente de 2 kg de levedura seca, que pode ser utilizada na alimentação humana e animal. Assim, no mercado nacional podemos encontrar um vasto número de produtos à base de levedura com características diferentes. Tais produtos incluem ativas, inativas, parede celular, conteúdo celular e leveduras enriquecidas com minerais (GRAHAM et al., 2015). Os produtos da fermentação Saccharomyces cerevisiae têm sido amplamente utilizados em dietas de vacas leiteiras para melhorar o desempenho produtivo e estabilizar o ambiente ruminal. Dentre suas principais características, pode-se destacar o potencial de aumentar a digestão das fibras, reduzir a queda do pH ruminal e aumentar a síntese de proteínas microbianas.

As leveduras estão presentes em baixa concentração no líquido ruminal e seu crescimento no rúmen é limitado, consequentemente, as respostas deste aditivo são muitas vezes incertas. Portanto, leveduras vivas não crescem quando são adicionadas ao ambiente ruminal, possivelmente diminuindo sua atividade metabólica e gerando mecanismos que possibilitam apenas o crescimento de algumas bactérias desejáveis ​​no rúmen (BONATO et al., 2015). A temperatura ideal para o crescimento ideal da levedura é de aproximadamente 25°C, inferior à temperatura ruminal de 39°C. O pH ideal para o desenvolvimento da levedura é de aproximadamente 4,5 e em condições normais, o rúmen apresenta pH entre 6,0 a 6,8. Possivelmente, esse fato justificaria a menor taxa de multiplicação nesse ambiente, sugerindo que as leveduras devem ser continuamente introduzidas na dieta (FRANÇA e RIGO, 2011).

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vacas leiteirasA busca por animais produtores de leite de alta capacidade fez com que a seleção genética aumentasse a capacidade de ingerir nutrientes digestíveis, o que leva a uma maior produção de calor metabólico. O calor associado ao estresse térmico do ambiente pode causar perda de desempenho, afetando também a eficiência reprodutiva e diminuindo a vida produtiva dos animais. Aliado a isso, o estresse térmico também pode causar deficiência imunológica e aumento da necessidade de energia de manutenção. Nesse contexto, vários estudos mostram que o uso de produtos à base de levedura tem aumentado a eficiência alimentar (capacidade do organismo animal de transformar a dieta ingerida em leite ou carne), destacando animais que apresentam aumento de produção com consumo semelhante ao anterior.

Ao avaliar o poder de aumentar a digestibilidade da dieta, a concentração plasmática de niacina, a dissipação de calor e o desempenho da lactação, Dias et al (2018) alimentaram vacas Holandesas no final da lactação com cultura de levedura morta Saccharomyces cerevisiae a uma concentração de 2,85 x 1010 células de levedura/vaca por dia, em comparação com o grupo controle sem levedura. Observou-se que os animais que receberam suplementação obtiveram a mesma produção de leite, porém com menor consumo de matéria seca, apresentando assim um aumento na eficiência alimentar. Os níveis de niacina também foram elevados, que é um vaso dilatador capaz de ter efeitos positivos na circulação periférica e na dissipação do incremento de calor por perda evaporativa. A temperatura retal e da pele também foram menores para os animais suplementados com levedura.

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Alguns fatores podem interferir na resposta em vacas em lactação, destacando-se a quantidade e o tipo de levedura administrada, o estágio de lactação, o nível de produção de leite, o tipo de forragem fornecida, a estratégia de alimentação e a relação volumoso:concentrado da dieta. SALVATI, 2014).

A utilização de leveduras na alimentação de ruminantes deve ser considerada uma alternativa para maximizar o desempenho animal. Existe uma grande variedade de produtos no mercado, mas o tipo e as concentrações devem ser considerados na hora de escolher o melhor produto para obter o resultado esperado com o uso deste aditivo.

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Referências

BONATO, DV; NEUMANN, M.; UENO, RK; HEKER JÚNIOR, JC; HORST, EH; CARNEIRO, MK; POCZYNEK, M.; RUTH, R.; FIGUEIRA, DN; TEIXEIRA, PPM Utilização de leveduras vivas (Saccharomyces cerevisiae) em dietas de bovinos. Investigation Journal Veterinary Medicine, França, v. 14, no. 1, pág. 1-7, 2015. Disponível em: http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/830.

DIAS, JDL, SILVA, RB, FERNANDES, T., BARBOSA, EF, GRAÇAS, LEC, ARAÚJO, RC, PEREIRA, RAN E PEREIRA, MN A A cultura de levedura aumentou a concentração plasmática de niacina, a perda de calor por evaporação e a eficiência alimentar de vacas leiteiras. em um ambiente quente. (29627253) J. Dairy Sci. 2018; 101: 5924–5936

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FRANÇA, RA; RIGO, EJ Uso de leveduras vivas (Saccharomyces cerevisiae) na nutrição de ruminantes – uma revisão. Cadernos de Pós-Graduação da FAZU, Uberaba, v. 2, 2011. Disponível em: https://www.fazu.br/ojs/index.php/posfazu/article/view/462

GRAHAM, H.; SANTOS, TT; WADT, G. Modo de ação de produtos à base de levedura na nutrição animal. Revista AviSite. 2009. Disponível em: https://www.avisite.com.br/cet/img/20091105_leveduras.pdf

SALVATI, GGS Suplementação de vacas leiteiras com leveduras vivas durante o verão. 2014. 150f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2014. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/4637

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Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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