Etanol quer emitir créditos com carbono armazenado

Aposta do óleo e gás para descarbonizar suas operações, a captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) também está na agenda dos produtores brasileiros de etanol, que esperam poder emitir créditos com o carbono armazenado.

A tecnologia é relativamente nova no mundo. Em escala comercial, existem 32 projetos de CCS pelo globo, e apenas quatro deles na indústria de etanol, nos Estados Unidos.

Por aqui, a indústria já começa a considerar a tecnologia nos seus investimentos, mas ainda depende de um marco legal.

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No final de novembro, uma audiência pública no Senado colocou em discussão o marco regulatório proposto por Jean Paul Prates (PT/RN) com as primeiras regras para o armazenamento de carbono.

O PL 1425/2022 define, entre outras coisas, que as atividades de armazenamento permanente serão exercidas mediante termo de outorga do Poder Executivo, para exploração de reservatórios geológicos em blocos.

As outorgas terão prazo de 30 anos, prorrogável por igual período.

Também estabelece quais seriam as obrigações do operador, as responsabilidades por danos ambientais e designa à ANP a tarefa de regular a atividade.

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Um ponto de interesse do setor de etanol — e também do óleo e gás — é a possibilidade de o operador poder desenvolver projetos de créditos de carbono.

“Nós não estamos entrando nisso apenas para fazer net zero, e sim para monetizar esse carbono no mercado voluntário. São investimentos altos e, para que seja atrativo, ele [o operador] tem que ter a liberdade de monetizar”, explica Guilherme Nolasco, presidente da União do Etanol de Milho (Unem).

O setor calcula que a produção alcance 10 bilhões de litros na safra 2030/2031, com potencial de retirada de mais de sete milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, volume que equivale a quase 20% da meta do RenovaBio para 2023.

O potencial de investimento calculado pela Unem chega a US$ 1,5 bilhão até o fim da década.

Mas destravar esses recursos depende de um marco legal e a expectativa do setor é ter um texto aprovado já no primeiro semestre do ano que vem.

“Esse governo que entra tem uma grande oportunidade de liderar essa agenda de transição energética e produção de alimentos pelo mundo, e o CCS tem que fazer parte dessa estratégia”, disse Nolasco, durante a audiência no Senado.

BioCCS

A captura de carbono aplicada à bioenergia é conhecida como BioCCS (ou BECCS, em inglês) e promete adicionar sustentabilidade à produção de energia e biocombustíveis.

No caso do etanol de milho brasileiro, a fermentação dos grãos permite o resgate de um CO2 com 98% de pureza para armazenamento. De acordo com a Unem, a cada tonelada de milho é possível capturar 320 kg de CO2

“Uma grande vantagem do setor de etanol e de cana de açúcar poder capturar esse CO2 de forma quase pura de poder armazenar para uma operação carbono zero”, conta.

Durante a fotossíntese, a cana-de-açúcar e o milho capturam o CO2 da atmosfera. A fermentação dos insumos para produção de biocombustíveis separa o CO2 de forma praticamente pura, pronto para ser armazenado.

Ainda segundo Nolasco, o etanol brasileiro tem como uma vantagem a disponibilidade de bacias próprias para o armazenamento. Uma é a bacia do Parecis no Mato Grosso, onde está localizada a maior parte das usinas de etanol de milho.

A outra é a bacia do Paraná, com 1,3 milhões de quilômetros quadrados em uma região que pega Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e tem até 8 mil metros de espessura.

Aliança na indústria

A falta de cooperação entre os setores da indústria é um dos principais desafios para o atual cenário de desenvolvimento de projetos CCS no Brasil, avalia a diretora executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Fernanda Delgado.

Durante webinar do Global CCS Institute na segunda (12/12), a executiva disse que o Brasil precisa focar na construção de um “eixo para promover a descarbonização”, mas, para isso, deve haver esforço conjunto, a exemplo de outros países, como a Noruega, onde a prática desponta entre as indústrias de óleo e gás.

“O mercado de óleo e gás é o principal propulsor para a tecnologia de captura e armazenamento no Brasil”, acrescentou Delgado.

O setor se destaca principalmente pelo potencial para produção do hidrogênio azul, gerado a partir do gás natural, com o sequestro e armazenamento do dióxido de carbono emitido pelo procedimento.

Modelo de consórcios vem ganhando espaço

Em outubro, Air Liquide, Chevron, LyondellBasell e Uniper anunciaram sua intenção de colaborar em um estudo para instalação de produção de hidrogênio e amônia ao longo da costa do Golfo dos Estados Unidos.

Especificamente, o consórcio avaliará o potencial de produção de hidrogênio usando gás natural com CCS e eletrólise com renováveis para abastecer os mercados de uso final, incluindo os mercados de amônia, petroquímicos, energia e mobilidade.

Se o desenvolvimento prosseguir, o projeto poderá alavancar as vantagens existentes ao longo da Costa do Golfo, incluindo infraestrutura de dutos, para fornecer hidrogênio renovável e de baixo carbono para clusters industriais locais. Da mesma forma, a infraestrutura de amônia poderia apoiar as exportações para a Europa e a região da Ásia-Pacífico.

Também em outubro, a ExxonMobil e a fabricante de produtos de hidrogênio e nitrogênio CF Industries fecharam o maior acordo comercial para capturar e armazenar permanentemente até 2 milhões de toneladas de CO? anualmente na Luisiana, estado do sudeste dos EUA.

Plano de hidrogênio

O MME colocou em consulta pública nesta quarta (14/12) plano de trabalho trienal 2023-2025 do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2). Amanhã, o governo apresenta o plano e a primeira iniciativa do PNH2 já concretizada: um painel de dados desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O evento será virtual, às 10h30, no canal do MME no Youtube, com a presença do ministro Adolfo Sachsida; a diretora da Aneel, Agnes da Costa, e o presidente da EPE, Thiago Barral.

Eletrificados no Rio

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro derrubou parte do veto do governo estadual à Lei 9.870/22, do deputado Carlos Minc (PSB) e do ex-deputado Rubens Bomtempo, que cria medidas de incentivo aos veículos elétricos e híbridos.

Os deputados derrubaram o veto ao artigo que autoriza a concessão de incentivos fiscais para a fomentar a produção e a venda de veículos elétricos e híbridos no estado do Rio. Eles mantiveram o veto ao artigo que previa que toda a frota do sistema de transporte coletivo intermunicipal deveria ser movida à propulsão elétrica até 2035.



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Traders divulgam mais estimativas sobre a próxima safra de café do Brasil

A corretora brasileira Pine Agronegócios divulgou um relatório após uma viagem de 1.500 km por todo o país, estimando uma produção total na safra 2023/24 (julho a junho) de 54,36 milhões de sacas de 60 kg, o que ainda seria um aumento em relação à atual safra considerando a projeção oficial de 50,38 milhões de sacas para 2022/23.

O analista da Pine Vicente Zotti disse que muitas árvores ainda estão se recuperando das podas feitas após as fortes geadas do ano passado, o que reduzirá a produtividade média no Brasil para 23,5 sacas por hectare.

A corretora vê a produção de arábica em 34,07 milhões de sacas e a produção de robusta em 20,29 milhões de sacas.

O comerciante internacional de café ECOM tem uma visão mais positiva. Ela espera uma grande produção no Brasil na próxima temporada em 76,6 milhões de sacas (52,4 milhões de sacas de arábica e 24,2 milhões de sacas de robusta).

A ECOM, no entanto, disse que está revisando seus números e deve divulgar em breve novas projeções.

Há uma grande lacuna entre algumas das estimativas divulgadas até agora.

O banco holandês Rabobank, por exemplo, espera uma safra total de 68,5 milhões de sacas, enquanto a consultoria SpillingTheBeans prevê uma produção na faixa de 50 a 56 milhões de sacas.

O governo brasileiro deve divulgar sua primeira estimativa para a safra 2023/24 em janeiro.



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Evento em Jundiaí reúne grupo de fiscalização rural e foca na qualidade de vestimentas protetivas agrícolas

Um grupo de auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência, pertencentes ao Grupo de Fiscalização Rural no Estado de São Paulo, se reuniu nos últimos dias com a coordenação do programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (IAC-Quepia). O encontro ocorreu no CEA – Centro de Engenharia e Automação -, do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, instalado na cidade de Jundiaí.

De acordo com o coordenador do programa IAC-Quepia e diretor do CEA, pesquisador científico Hamilton Ramos, o encontro tratou da qualidade e da certificação de vestimentas protetivas agrícolas, ou EPI agrícolas. Estes equipamentos são utilizados para proteger o trabalhador rural na atividade de aplicação de defensivos agrícolas ou agroquímicos.

Criado há quase 17 anos, financiado com recursos privados, o programa IAC-Quepia lidera esforços de pesquisa com vistas ao aprimoramento tecnológico e à certificação de qualidade dos EPI agrícolas. Fica no IAC, em Jundiaí, um moderno laboratório com essas finalidades, reconhecido dentro e fora do Brasil, além de único certificado pelo Ministério do Trabalho para emissão de laudos de qualidade atrelados ao certificado de aprovação (CA).

Conforme o pesquisador Ramos, o ‘Quepia’ surgiu entre os primeiros projetos de parceria público-privada do Brasil vinculados à pesquisa agrícola. Ele acrescenta ainda que as ações do programa contribuíram para reduzir as reprovações de qualidade de vestimentas protetivas agrícolas brasileiras, que eram de 80% em 2010, para menos de 20% nos dias de hoje. 

Ainda segundo Ramos, a reunião com a área de Fiscalização Rural forneceu elementos para que os auditores fiscais aprimorem a observação quanto a qualidade da seleção, uso e manutenção dos EPI voltados à proteção do trabalho rural, “no que diz respeito à aplicação correta e segura dos defensivos agrícolas ou agroquímicos”.



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Nortel anuncia entrada no agro com solução para suplementação leve em parceria com Signify (Philips) e Esalq/USP

Com 50 anos no mercado no segmento de distribuição de materiais elétricos, a Nortel anuncia durante a Feira Internacional de Irrigação Brasil (FIIB), realizada entre os dias 16 e 18 de agosto, em Campinas (SP), uma solução de suplementação leve para agricultura extensiva. Considerando todas as etapas de desenvolvimento, incluindo testes, estruturação da área de negócios e implantação do primeiro inventário, estima-se que o projeto deverá gerar investimentos da ordem de R$ 10 milhões.

O projeto foi desenvolvido em parceria com a Signify (Philips), Esalq/USP e Agropecuária Jacarezinho para garantir a confiabilidade e o desempenho dos equipamentos utilizados, obter evidências científicas que avalizem a solução e validar os resultados da aplicação com o próprio produtor rural. A entrada da marca no mundo agro faz parte dos objetivos do Grupo Sonepar, líder global na distribuição de materiais elétricos, que faturou 26,4 bilhões de euros em 2021.

O pré-lançamento da solução de suplementação leve marca a entrada da Nortel no agronegócio, um mercado em crescimento que até 2030 deverá representar mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Foram necessários dois anos para desenvolver a tecnologia de suplementação leve nas lavouras de milho e soja – as duas maiores culturas extensivas do Brasil – e, em ambos os casos, os resultados obtidos ficaram entre 25% e 35% de ganho de produção.

Além desse aumento, o agricultor poderá reduzir o uso de outros insumos por unidade de produção, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e também para o meio ambiente, pois a mesma área utilizada para o plantio será melhor aproveitada, evitando a necessidade de expandir a área de terra plantada.

O início da criação da tecnologia de suplementação de luz

Segundo informações do presidente da Nortel, Marcos Rocha, há três anos a empresa identificou a oportunidade de usar sua expertise no mercado de materiais elétricos, automação e iluminação para investir no setor de agronegócios. Rocha comenta que, com o setor, as conversas iniciais foram com startups de inovação, potenciais clientes e fabricantes internacionais que já possuem experiência com suplementação leve, mas em aplicações indoor.

“Chegamos a um consenso de que essa aplicação em cultura extensiva seria interessante. Pensamos em criar um “segundo andar” de propriedades rurais no país. Ao trazer esta questão aos nossos parceiros, a Signify (Philips) demonstrou interesse em avançar com o desenvolvimento. Para iniciar os estudos, também buscamos parceiros científicos”, explica.

Dessa forma, o projeto ganhou força com um dos principais nomes envolvidos na aplicação de luz para suplementação de plantas no Brasil, a pesquisadora Simone Mello, da Esalq/USP.

“O pesquisador, em conjunto com a FEALQ (Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz), demonstrou interesse em participar do desenvolvimento e iniciamos o projeto, aliando nossa grande expertise em projetos complexos de iluminação com um dos mais renomados centros de pesquisa agropecuária, além de a uma das maiores autoridades mundiais na produção de luminárias para uso geral ou científico, a Signify (Philips)”, completa Ednei Kupper, Diretor Comercial da Nortel e líder da nova unidade de negócios da empresa.

O diretor reforça que a Signify (Philips), há anos, realiza estudos em seu Centro de Desenvolvimento e Inovação na Holanda para aplicação em diferentes culturas do agronegócio, inclusive aquelas voltadas ao bem-estar animal. Signify e Sonepar são parceiros globais, sendo o grupo o maior distribuidor da marca. Além de ser um grande parceiro global da Sonepar, o grupo também é o maior comprador de lâmpadas e luminárias do mundo e o principal cliente da Philips nessa categoria em escala global.

No projeto de iluminação artificial, que será instalado em pivôs de irrigação, as luminárias Philips têm potência de 590 a 630W, tensão de 277-400V, vida útil de 36.000 horas e fluxo de fótons de até 2650 μmol. Entre os diferenciais da solução da Nortel está o design robusto e resistente às intempéries, com componentes especiais para suportar altas temperaturas, intempéries e oscilações elétricas.

Tecnologia comprovada nas culturas de milho e soja

Os experimentos com tecnologia de suplementação leve instalada em pivô de irrigação foram realizados na Fazenda Bonança, da Marfrig, no interior de São Paulo, com resultados efetivos já comprovados para as culturas de milho e soja. Por meio de experimentos científicos aplicados, qualquer plantio extensivo de grãos irrigado está sujeito aos benefícios da tecnologia.

Além dos cientistas e profissionais das instituições, os resultados foram acompanhados pelo produtor rural que co-participou da solução. As análises foram validadas não apenas pelo viés de ganho quantitativo, mas também mantendo os aspectos qualitativos da planta, como os nutrientes.

A tecnologia desenvolvida pressupõe que o produtor tenha o pivô para irrigação. Para áreas que já possuem o pivô, é necessário um ajuste na infraestrutura elétrica. “A adaptação do pivô faz parte da solução integrada que a Nortel oferece ao mercado. Com o extenso know-how consolidado em mais de 50 anos de atuação no setor elétrico, a marca está plenamente capacitada para prestar qualquer serviço e adaptação necessária para que isso ocorra”, explica Kupper.

Como implantar a tecnologia?

Ao oferecer a solução, a Nortel prestará assessoria no monitoramento do plantio durante o período de crescimento da planta até a colheita, como forma de apoiar o produtor no momento correto de aplicação da iluminação até a fase de suspensão para garantir o maior ganho produtivo na região onde a tecnologia será aplicada.

Além disso, é necessário que o produtor siga um padrão indicado por especialistas, como o uso correto da semente e manejo do solo, aplicação de defensivos e cuidados na irrigação para o resultado esperado.

A solução completa tem baixo custo de manutenção, pois as luminárias possuem mais de 36 mil horas de vida útil, o que daria aproximadamente 10 anos de durabilidade de uso – considerando o tempo que a luz precisa ficar acesa para a suplementação estudada.

A solução não se limita à luz, mas inclui o componente elétrico completo, como um painel dedicado para uso, incluindo um protetor contra surtos que mitiga problemas de variação de tensão.

Os visitantes da Feira Internacional de Irrigação do Brasil (FIIB), que acontece no Royal Palm Hall, em Campinas, podem conhecer em primeira mão a nova tecnologia da Nortel.



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