IBGE: Cresce abate de animais no 3° trimestre, com recorde de suínos

Foto: Keke Barcelos/Embrapa/Divulgação

O abate de bovinos aumentou 11,9%, o de suínos cresceu 5,0% e o de frangos subiu 0,9% neste terceiro trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com o resultado, o abate de suínos alcançou o patamar mais elevado da série histórica, iniciada em 1997. A produção de ovos de galinha também bateu o recorde da série, alcançando 1,02 bilhão de dúzias. É o que mostra a Estatística da Produção Pecuária, divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao segundo trimestre de 2022, as altas foram de 6,3% para o abate bovino, 2,4% para o suíno e 3,1% para o abate de frangos, de acordo com os dados do IBGE.

“Com menos carne bovina no mercado interno, devido às exportações em alta e aos níveis de abate ainda abaixo daqueles observados entre 2017 e 2019, o consumidor acaba buscando as proteínas substitutas”, diz Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa. “Diante desse cenário, o abate de suínos e de frangos alcançou números expressivos no terceiro trimestre.”

Foram abatidas 7,85 milhões de cabeças de bovinos neste terceiro trimestre. Agosto foi o mês de maior atividade, com 2,69 milhões de cabeças (5,8% acima do mês equivalente de 2021), enquanto setembro apresentou a menor atividade do trimestre, com 2,56 milhões de cabeças abatidas.

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“A variação positiva de 32,3% ante setembro do ano passado se deve, em grande parte, ao embargo chinês à carne bovina brasileira vigente entre setembro e dezembro de 2021 por conta de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina”, acrescenta Viscardi.

Região Centro-Oeste

O abate resultou em 2,13 milhões de toneladas de carcaças, aumentos de 11,6% em comparação com o mesmo período de 2021 e de 9,6% em relação à quantidade auferida no trimestre imediatamente anterior.

A Região Centro-Oeste teve a maior proporção de abate de bovinos no período, 36,9% do total, seguida pelo Sudeste (22,7%), Norte (20,3%), Sul (11,6%) e Nordeste (8,5%).

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As exportações brasileiras de carne bovina in natura acumularam 573,46 mil toneladas, o que representa 34,9% do peso equivalente de carcaças produzido nesse intervalo. Esse montante é o melhor resultado para um trimestre, considerando a série histórica iniciada em 1997.

Tal patamar representa aumento de 7,4% no volume exportado em comparação com o terceiro trimestre de 2021. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, houve acréscimo de 24,0% no volume exportado, acompanhado de um aumento de 18,6% do faturamento.

Suínos tem maior patamar da série

Em relação aos suínos, foram registrados os melhores resultados do abate para os meses de julho, agosto e setembro (14,45 milhões de cabeças), propiciando o patamar trimestral mais elevado da série histórica desde que a pesquisa foi iniciada, em 1997. As exportações recordes registradas no período (288,55 mil toneladas) contribuíram para o escoamento da produção.

O peso acumulado das carcaças suínas alcançou 1,33 milhão de toneladas no terceiro trimestre de 2022, representando aumentos de 4,3% em relação ao mesmo período de 2021 e de 1,8% na comparação com o segundo trimestre de 2022. O abate de 692,94 mil cabeças de suínos a mais neste terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi impulsionado por aumentos em 18 das 25 unidades da Federação participantes da pesquisa. A Região Sul respondeu por 66,6% do abate nacional.

Abate de frangos foi recorde no 3º trimestre

Ainda neste terceiro trimestre, foram abatidas 1,55 bilhão de cabeças de frangos. Esse resultado representa o maior patamar para um terceiro trimestre da série histórica da pesquisa, com recordes para os meses de agosto e setembro.

“Influenciadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia e pela redução da oferta mundial devido à gripe aviária registrada em importantes exportadores do hemisfério Norte, as exportações alcançaram o segundo melhor terceiro trimestre da série”, destaca Viscardi.

O peso acumulado das carcaças de frango foi de 3,75 milhões de toneladas neste trimestre. O resultado representou aumentos de 2,7% em relação ao mesmo período de 2021 e igualmente 2,7% na comparação com o segundo trimestre de 2022.

Ovos e curtumes

A produção de ovos de galinha também atingiu novo recorde, chegando a 1,02 bilhão de dúzias. A marca supera em 857 mil dúzias o recorde anterior da pesquisa, do terceiro trimestre de 2020, e foi 0,5% maior que a produção do mesmo trimestre de 2021.

Assim como nos dois anos anteriores, o pico da produção trimestral ocorreu em agosto, quando foram produzidas 346,07 mil dúzias – o maior patamar já registrado para esse mês na série.

A quantidade estimada nesse trimestre também representou um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior e foi a quinta vez que a produção de ovos de galinha no Brasil superou 1 bilhão de dúzias. A série histórica dessa pesquisa foi iniciada em 1987.

Já os curtumes que efetuam curtimento de, pelo menos, cinco mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano declararam ter recebido 7,99 milhões de peças de couro. Esse total representa um aumento de 6,7% em relação ao adquirido no terceiro trimestre de 2021 e aumento de 6,6% frente ao segundo trimestre de 2022.

Da Agência IBGE Notícias

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Jerônimo Georgen deixa a vida política e presidirá a Acebra a partir de 2023

Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

A Associação dos Cerealistas do Brasil (Acebra) terá novo presidente a partir de fevereiro do próximo ano. É o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que decidiu abandonar a atividade parlamentar e não concorreu à reeleição no pleito deste ano. Segundo a Acebra, o convite a Goergen é “um reconhecimento pela sua atuação”, no Congresso Nacional, “em prol do setor cerealista e do agronegócio brasileiro durante os seus 20 anos de vida pública”.

“Presidir a Acebra é representar um segmento econômico estratégico para o Brasil, que atua no apoio à produção e à armazenagem e ao acesso ao crédito e à comercialização das safras de grãos”, diz Georgen, que substituirá Flávio Andreo no cargo. De acordo com o parlamentar, o seu grande desafio à frente da entidade será fortalecer atuação política, econômica e institucional das empresas cerealistas no contexto nacional.

As cerealistas são empresas que prestam assistência técnica, fornecem insumos, produzem sementes, recepcionam, secam, limpam, padronizam, armazenam e comercialização cerca de 40% dos produtos primários de origem vegetal. Essas empresas atendem principalmente produtores rurais pessoas físicas – muitos dos quais não contam com estrutura própria para armazenar a produção.

Hoje, a Acebra tem representações no Rio Grande do Sul (Acergs), no Paraná (Acepar), em Santa Catarina (Acesc) e em Mato Grosso (Acemat). Uma das metas de Georgen é expandir a presença da entidade para todos os estados produtores de grãos.

 

 

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Cresce abate de animais no 3° trimestre

Com o resultado, o abate de suínos alcançou o patamar mais elevado da série histórica, iniciada em 1997. A produção de ovos de galinha também bateu o recorde da série, alcançando 1,02 bilhão de dúzias.

É o que mostra a Estatística da Produção Pecuária, divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao segundo trimestre de 2022, as altas foram de 6,3% para o abate bovino, 2,4% para o suíno e 3,1% para o abate de frangos, de acordo com os dados do IBGE.

“Com menos carne bovina no mercado interno, devido às exportações em alta e aos níveis de abate ainda abaixo daqueles observados entre 2017 e 2019, o consumidor acaba buscando as proteínas substitutas”, diz Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa.

“Diante desse cenário, o abate de suínos e de frangos alcançou números expressivos no terceiro trimestre.”

Cresce abate de animais no 3° trimestre
Cresce abate de animais no 3° trimestre 5

Foram abatidas 7,85 milhões de cabeças de bovinos neste terceiro trimestre. Agosto foi o mês de maior atividade, com 2,69 milhões de cabeças (5,8% acima do mês equivalente de 2021), enquanto setembro apresentou a menor atividade do trimestre, com 2,56 milhões de cabeças abatidas.

“A variação positiva de 32,3% ante setembro do ano passado se deve, em grande parte, ao embargo chinês à carne bovina brasileira vigente entre setembro e dezembro de 2021 por conta de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina”, acrescenta Viscardi.

O abate resultou em 2,13 milhões de toneladas de carcaças, aumentos de 11,6% em comparação com o mesmo período de 2021 e de 9,6% em relação à quantidade auferida no trimestre imediatamente anterior.

A Região Centro-Oeste teve a maior proporção de abate de bovinos no período, 36,9% do total, seguida pelo Sudeste (22,7%), Norte (20,3%), Sul (11,6%) e Nordeste (8,5%).

As exportações brasileiras de carne bovina in natura acumularam 573,46 mil toneladas, o que representa 34,9% do peso equivalente de carcaças produzido nesse intervalo. Esse montante é o melhor resultado para um trimestre, considerando a série histórica iniciada em 1997.

Tal patamar representa aumento de 7,4% no volume exportado em comparação com o terceiro trimestre de 2021. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, houve acréscimo de 24,0% no volume exportado, acompanhado de um aumento de 18,6% do faturamento.

Em relação aos suínos, foram registrados os melhores resultados do abate para os meses de julho, agosto e setembro (14,45 milhões de cabeças), propiciando o patamar trimestral mais elevado da série histórica desde que a pesquisa foi iniciada, em 1997. As exportações recordes registradas no período (288,55 mil toneladas) contribuíram para o escoamento da produção.

O peso acumulado das carcaças suínas alcançou 1,33 milhão de toneladas no terceiro trimestre de 2022, representando aumentos de 4,3% em relação ao mesmo período de 2021 e de 1,8% na comparação com o segundo trimestre de 2022.

O abate de 692,94 mil cabeças de suínos a mais neste terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi impulsionado por aumentos em 18 das 25 unidades da Federação participantes da pesquisa. A Região Sul respondeu por 66,6% do abate nacional.

Ainda neste terceiro trimestre, foram abatidas 1,55 bilhão de cabeças de frangos. Esse resultado representa o maior patamar para um terceiro trimestre da série histórica da pesquisa, com recordes para os meses de agosto e setembro.

“Influenciadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia e pela redução da oferta mundial devido à gripe aviária registrada em importantes exportadores do hemisfério Norte, as exportações alcançaram o segundo melhor terceiro trimestre da série”, destaca Viscardi.

O peso acumulado das carcaças de frango foi de 3,75 milhões de toneladas neste trimestre. O resultado representou aumentos de 2,7% em relação ao mesmo período de 2021 e igualmente 2,7% na comparação com o segundo trimestre de 2022.

A produção de ovos de galinha também atingiu novo recorde, chegando a 1,02 bilhão de dúzias. A marca supera em 857 mil dúzias o recorde anterior da pesquisa, do terceiro trimestre de 2020, e foi 0,5% maior que a produção do mesmo trimestre de 2021.

Assim como nos dois anos anteriores, o pico da produção trimestral ocorreu em agosto, quando foram produzidas 346,07 mil dúzias – o maior patamar já registrado para esse mês na série.

A quantidade estimada nesse trimestre também representou um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior e foi a quinta vez que a produção de ovos de galinha no Brasil superou 1 bilhão de dúzias. A série histórica dessa pesquisa foi iniciada em 1987.

Já os curtumes que efetuam curtimento de, pelo menos, cinco mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano declararam ter recebido 7,99 milhões de peças de couro. Esse total representa um aumento de 6,7% em relação ao adquirido no terceiro trimestre de 2021 e aumento de 6,6% frente ao segundo trimestre de 2022.

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Safra de grãos 22/23 é estimada em 312,2 milhões/t

Safra de grãos 22/23 é estimada em 312,2 milhões/t
Safra de grãos 22/23 é estimada em 312,2 milhões/t

Safra de grãos 22/23 é estimada em 312,2 milhões/t

A estimativa para a safra 2022/23 indica uma produção de 312,2 milhões de toneladas, 15% ou 40,8 milhões de toneladas superior à obtida em 2021/22.

Com a conclusão da semeadura das culturas de primeira safra em dezembro, as atenções se voltam para a evolução das lavouras e os efeitos do comportamento climático, que deverá definir a produtividade. 

Os números constam no terceiro levantamento da safra de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta quinta-feira (8).

Com relação à estimativa anterior, anunciada em novembro, quando foram projetadas 313 milhões de toneladas, os dados mostram um ajuste no volume total produzido, em função da menor produtividade do milho e redução na área de arroz.

Com a área total de plantio no país estimada em 77 milhões de hectares, a agricultura brasileira mantém a tendência de crescimento observada nos últimos anos, também com previsão de recorde. O resultado equivale a um crescimento de 3,3% ou de 2,49 mil hectares sobre a área da safra 2021/22.

Nas pesquisas realizadas para esse levantamento, a evolução da semeadura das culturas de primeira safra apresenta um leve atraso. Para o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, é natural a precaução dos produtores.

“Essa cautela dos produtores é natural em um cenário climático que apresenta excesso de chuvas e baixas temperaturas, sobretudo em parte dos estados das Regiões Sul e Sudeste, e ainda as restrições hídricas e baixa umidade do solo na Região Centro-Oeste e no Matopiba. Ainda assim, a produção estimada para a safra 2022/23 continua recorde”.

Soja

No caso da soja, a terceira estimativa para a área de plantio, no atual ciclo, aponta para crescimento de 4,6% sobre a safra passada, situando-se em 43,4 milhões de hectares. A conclusão da semeadura está prevista para o final de dezembro e as condições climáticas vêm beneficiando as lavouras. 

“Durante o levantamento de campo, identificamos que a leve redução na produtividade sobre a estimativa do mês anterior foi compensada pelos acréscimos nas áreas, em especial no Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais”, afirma o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.

“Com relação à produção, a safra de soja em curso deve chegar a um volume recorde de 153,5 milhões de toneladas, 22,2% ou 27,9 milhões de toneladas acima da obtida na safra anterior”.

Milho

Para o milho, a Conab prevê uma produção total de 125,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, com aumento esperado de 11,2% comparado à safra anterior. O plantio do milho primeira safra avançou em todas as regiões produtoras do cereal. “No Rio Grande do Sul, a diminuição e irregularidades de chuvas em novembro, aliadas a altas temperaturas, provocaram sintomas de déficit hídrico nas plantas”, esclarece a superintendente de Informações da Agropecuária, Candice Santos. 

“O clima afetou principalmente as áreas que se encontram no estágio reprodutivo. Diante disso, a Conab mantém o monitoramento das lavouras para avaliar os possíveis impactos, o que pode intensificar as quedas já registradas no rendimento do milho no estado”.

Outras culturas

O arroz tem área estimada em 1,5 milhão de hectares, uma redução de 9,5% em relação à safra anterior. A produção está prevista em 10,4 milhões de toneladas, com a semeadura avançando nas áreas produtoras no país. O feijão também aponta redução de 2,3% na área total a ser semeada. A produção total de feijão no país, somando-se as três safras, é estimada em 2,9 milhões de toneladas. 

Já o algodão deverá crescer cerca de 2,3% na área a ser semeada, totalizando 1,6 milhão de hectares, com produção prevista de 2,9 milhões de toneladas de pluma. Para o trigo, com a expectativa de aumento de 11,5% de produtividade e de 11,6% da área cultivada em relação à safra passada, este levantamento concretiza uma produção recorde de 9,6 milhões de toneladas de trigo para esta safra, valor 24,4% maior que o do ciclo anterior.

Mercado

As análises de mercado dos grãos brasileiros mostram que para a soja em grãos, houve redução das estimativas de esmagamento em 2023, passando de 51,43 milhões de toneladas para 50,68 milhões de toneladas. O motivo para isso é que, nesse levantamento, considerou-se que o percentual de mistura de biodiesel ao diesel nos três primeiros meses de 2023 será de 10% (B10). Na estimativa anterior, a estimativa era de que esse percentual seria de 12% até março (B12). Com essa redução no processamento de grãos prevista, as estimativas dos estoques finais de soja em grãos da safra 2022/23 passam de  5,28 milhões de toneladas para 6  milhões de toneladas.

Quanto ao milho, para a safra 2021/22 o destaque é o aumento das estimativas de exportações para 41,5 milhões de toneladas, considerando os altos volumes exportados em novembro e a boa expectativa para dezembro.  Dado isso, os estoques de passagem foram ajustados para 7,1 milhões de toneladas. “Para a safra 2022/23 mantivemos a perspectiva de aumento do consumo interno de milho e projeção de continuidade de demanda externa aquecida pelo milho brasileiro, o que em conjunto com uma maior produção brasileira, resultará em aumento de 8,4% nas exportações”, afirma o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão Da Oferta da Conab, Allan Silveira. 

“Já as estimativas para o algodão permaneceram estáveis nesse 3º levantamento. O destaque é a redução de 0,6% dos estoques finais, em virtude da redução da produção prevista para a safra 2022/23 em relação ao último levantamento.  Já na comparação com a safra 2021/22, o consumo nesta safra 2022/23, deve ser 2,1% maior e o estoque final também deverá sofrer incremento de 20,7%”, completa.

Arroz

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Divulgação/IRGA

Para o arroz, em relação ao levantamento anterior, os dados destacam a projeção de queda das exportações de 1,3 para 1,2 milhão de toneladas e redução dos estoques de passagem para a safra 2022/23. O boletim ressalta que esse movimento ocorre em meio a um cenário projetado de menor disponibilidade de grãos, em função da menor produção prevista e do provável cenário de melhores preços internos. Com isso, a perspectiva é de leve retração do estoque de passagem, saindo de um patamar estimado de 2 milhões de toneladas ao final de 2022 para 1,8 milhão de toneladas ao final de 2023 (redução de -8,0% em comparação ao projetado no mês anterior).

Para a safra de trigo, que foi iniciada em agosto/2022 e será encerrada em julho/2023, foram revisados tanto os números de produção quanto os de consumo interno, no que se refere ao uso para sementes, devido ao incremento de área plantada. A estimativa de exportação também foi ajustada, passando de 2,7 para 3 milhões de toneladas. Com a consolidação dos dados, a safra brasileira de trigo deve encerrar com estoque de passagem de aproximadamente 1 milhão de toneladas.

 

 

 

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Multinacionais controlam o mercado mundial da soja

Multinacionais controlam o mercado mundial da soja
Multinacionais controlam o mercado mundial da soja

Mas até que ponto o capital internacional controla as sementes de soja e vários aspectos do seu plantio, comercialização e processamento? Como o capital prejudicou os produtores e consumidores de soja, enquanto colhia lucros devastadores? Que mal causou ao ambiente ecológico e à saúde humana?

A China é o berço da soja, que é cultivada ali há mais de 4 mil anos. Até a Segunda Guerra Mundial, a China era o maior produtor de soja, respondendo por cerca de 90% da produção mundial. Seus vizinhos asiáticos – Coreia do Sul, Japão, Indonésia, Filipinas, Vietnã, Tailândia, Mianmar e Nepal, entre outros – também cultivam a soja.

Apenas na primeira metade do século XVIII, a soja começou a ser cultivada na Europa. Em 1765, foi introduzida nas colônias norte-americanas como “ervilhas selvagens da China”. No entanto, foi somente na década de 1940 que esse cultivo realmente “decolou” nos Estados Unidos. Nos 50 anos seguintes, os EUA dominaram a produção mundial do grão e, em 1961, os EUA produziam 68,7% da soja mundial; a China ficava em segundo lugar, com uma participação que caíra para 23,3%; e os outros países, em conjunto, respondiam por cerca de 8%.

Na América Latina, o cultivo da soja disparou entre o final da década de 1960 até a década de 1970. Em 1974 e 1998, respectivamente, Brasil e Argentina ultrapassaram a China em produção e, em 2002, ambos países superaram os Estados Unidos na produção total. Em 2011, a participação da China na soja global era de apenas 5,55%, enquanto a participação dos EUA era de 31,88%; do Brasil, de 28,67%; da Argentina, 18,73%; e os demais países atingiram um recorde de 15,16%. Destes, destacava-se a produção da Índia, com 12,3 milhões de toneladas, quase o dobro de sua produção de 2004 e equivalente a 85% da produção da China.

Os dados mostram, no entanto, que o consumo de soja na China vem aumentando ano a ano, de menos de 8 milhões de toneladas em 1964 para quase 70 milhões de toneladas em 2010. E a tendência é de que esse número continuará crescendo.

Em contraste com o rápido crescimento do consumo, a produção de soja da China basicamente decresceu de 1964 a 2010, quando atingiu um nível inferior a 15 milhões de toneladas, e o consumo chegou a 70 milhões de toneladas. Em 2021, a produção nacional de soja foi de 16,4 milhões de toneladas; já o consumo, de 108,72 milhões de toneladas.

Na verdade, a China praticamente não importava soja até meados da década de 1990. A partir de então, as importações de soja cresceram rapidamente e, em 2011, atingiram mais de 80% do consumo. Em 2012, a China importou 58,38 milhões de toneladas de soja, sendo a grande maioria proveniente dos Estados Unidos, Brasil e Argentina.

Em termos de comércio global da soja, o mercado chinês era insignificante até meados da década de 1990. Nos últimos dois anos do século XX, sua participação no mercado era de pouco mais de 10%. Desde então, no entanto, em pouco mais de uma década, a participação de mercado da China cresceu aos solavancos. Agora, 60% das exportações totais de soja do mundo têm como destino o mercado chinês, e a China se tornou o maior importador mundial do produto.

Em 2010, o banco holandês Rabobank publicou, no relatório intitulado “Sustentabilidade e Segurança na Cadeia de Suprimento Alimentar Global”, que a China importa uma variedade de produtos agrícolas, como peixe congelado, lã, óleo de palma e algodão de todo o mundo, mas o maior comércio agrícola está na soja da Argentina, Brasil e Estados Unidos, com um valor total de cerca de US$ 20 bilhões.

O que exatamente causou essa mudança?

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A China foi a maior base mundial de produção de soja até o século 20, quando o grão era pouco comercializado entre os países. Foi o envolvimento do capital multinacional que causou mudanças dramáticas nas regiões produtoras e no comércio da soja.

Em 1908, a japonesa Mitsui & Co., a dinamarquesa Proton & Co. e a Roman Kabalkin & Sons, fundada por empresários judeus russos, abriram um negócio para exportação de soja para a Europa. Com o envolvimento do capital, a soja deixou de ser um mero alimento – rico em proteínas e capaz de fornecer óleo comestível – para se tornar uma mercadoria capaz de gerar grandes lucros para os capitalistas, sendo o seu principal atrativo o fato de ser adequada para um modo de cultivo intensivo em capital e em larga escala.

Atualmente, a produção de soja está concentrada em quatro países: Estados Unidos (35%), Brasil (34%), Argentina (11%) e China (5%). E quem visita as zonas produtivas costuma ver basicamente um campo de cultivo infinito.

Já o consumo da soja e seus produtos (principalmente óleo e farelo de soja, este usado como ração destinada à pecuária) é global. Somente por meio do comércio transfronteiriço em larga escala, bilhões de pessoas que vivem em outros países podem consumir soja e produtos de soja. Desta forma, a cadeia de produção, abastecimento e distribuição, do investimento de capital ao cultivo, ao comércio, ao processamento e ao consumo, torna-se cada vez mais multifacetada e complexa.

Então, quem controla a cadeia produtiva da soja?

O capital é o fator-chave que alimenta a integração da produção, abastecimento e comercialização mundial da soja. Existe uma grande cadeia produtiva da soja que conecta milhões de produtores e bilhões de consumidores, sendo que em cada elo da cadeia há a penetração de empresas multinacionais, geralmente as mesmas: os principais players estão presentes em todos os elos da cadeia, maximizando seus lucros.

Nos mercados financeiros globais, os investidores com os bolsos cheios (incluindo grandes corporações, investidores institucionais, fundos de pensão, trustes e bancos) têm acesso a trilhões de dólares de capital em todo o mundo em questão de segundos, buscando os retornos mais rápidos e mais altos que puderem.

Na busca de sólidos retornos de investimento de longo prazo, os investidores financeiros alocaram grandes quantias de capital na produção global de alimentos e no comércio agrícola. Ficou fácil para algumas multinacionais que operam no setor de produtos agrícolas levantar grandes quantidades de capital. Com esses recursos, puderam iniciar novos negócios, adquirir empresas nacionais menores, percorrer o mundo para adquirir grandes empresas nacionais, inclusive seus principais concorrentes regionais.

Essas capacidades são inigualáveis ​​por quaisquer economias individuais, empresas comuns e até mesmo por alguns pequenos países. Com essas vantagens, poucas empresas multinacionais formaram um controle monopolista do mercado global em cada elo da cadeia da soja (genética, sementes, defensivos, fertilizantes, comércio, processamento, distribuição e varejo).

Archer Daniels Midland (ADM), Bunge, Cargill e Louis Dreyfus são conhecidas como as quatro maiores multinacionais dos grãos. Conhecidas pela abreviação “ABCD”, essas gigantes controlam 80% do volume mundial de grãos e 90% do volume de soja, sendo as três primeiras dos Estados Unidos e a última da França.

A Archer Daniels Midland (ADM), fundada em 1902, é a maior empresa de produção, processamento e manufatura agrícola do mundo, e a maior processadora mundial de canola, milho, trigo e outros produtos agrícolas. A Bunge, fundada em 1818, é a maior processadora de oleaginosas do mundo.  Fundada em 1865, a Cargill é a maior empresa privada dos Estados Unidos. Já a Louis Dreyfus, fundada em 1851, é líder global em comércio e processamento de produtos agrícolas e alimentos, com presença global em mais de 100 países.

Alianças horizontais entre as ABCD são comuns. Para citar apenas alguns exemplos, há o projeto de joint venture entre Louis Dreyfus e ADM em 1993, a parceria de intercâmbio entre Bunge e Cargill em 1995 e a joint venture entre Louis Dreyfus e Cargill em 2001.

Além disso, devido às diferenças nos segmentos controlados pelas ABCD, elas costumam formar alianças de diversos tipos, desde joint ventures, parcerias e acordos contratuais de longo prazo até outras formas de alianças estratégicas.

Em suma, essas alianças mostram que há cumplicidade, e não competição, entre elas. Em vez de propriedade total ou controle de uma única empresa, essas alianças estratégicas consistem em várias empresas formando uma rede muito estreita de relações contratuais, a fim de aumentar seu controle sobre todos os segmentos da cadeia de produção, abastecimento e comercialização da soja.

Como exemplo, pode-se citar a cooperação entre a ADM e a multinacional farmacêutica e de biotecnologia Novartis. Em 2000, a indústria agroquímica do Grupo Novartis fundiu-se com a da AstraZeneca para formar a Syngenta, uma líder mundial dos agrotóxicos.

Outro exemplo: em 1998, a Monsanto e a Cargill, duas gigantes estabelecidas há muito tempo, contribuíram cada uma com 50% para formar uma joint venture – a Reneisen, LLC.

As duas empresas, com culturas corporativas e estratégias de negócios muito diferentes, se uniram com o objetivo de combinar os pontos fortes da Monsanto – sementes e biotecnologia – com os pontos fortes da Cargill – processamento de grãos, marketing e controle de risco.

Em síntese, as maiores empresas de agroinsumos do mundo (gigantes de pesticidas, fertilizantes, sementes e biotecnologia) uniram forças com os maiores comerciantes de grãos do mundo (envolvidos no comércio, processamento e comercialização).

As primeiras precisam das instalações globais de manuseio e processamento das últimas para garantir que os produtores que usam seus produtos tenham mercados à jusante; por sua vez, ao fortalecer a cooperação com parceiros à montante, as empresas multinacionais de grãos podem fortalecer seu controle sobre os produtores de soja e matérias-primas.

Com essas alianças em vigor no planeta, não faz sentido falar de mercados abertos. Ou seja, a concorrência e o preço desempenham um papel pequeno em todo o processo de produção, abastecimento e comercialização.

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Esses grandes players que controlam o mercado internacional de grãos obtiveram enormes ganhos. Se tomarmos 1999 como ponto de partida, até 2012 as vendas líquidas da ADM aumentaram 4,8 vezes; as da Bunge, 7,55 vezes; e as da Cargill, que tiveram um desempenho relativamente pior, aumentaram 2,93 vezes. De 2001 em diante, os lucros das três ABC aumentaram acentuadamente, em contraste com o período anterior de 1996 a 2001.

O Grupo Louis Dreyfus nunca publica relatórios financeiros anuais, exceto ocasionalmente o relatório de vendas de sua empresa de commodities (Louis Dreyfus Commodities, ou LDC), cujas vendas líquidas quase dobraram em apenas quatro anos (2008 a 2011).

Dados recentes mostram que, em 2021, a receita operacional das quatro gigantes dos grãos totalizou quase US$ 330 bilhões. A Archer Daniels Midland, com US$ 85,249 bilhões em receita operacional, alcançou o melhor desempenho em 120 anos, e a Bunge e Louis Dreyfus tiveram um crescimento de lucro anual de mais de 80% em comparação com 2020. Já a receita anual da Cargill foi de US$ 134,4 bilhões, com um crescimento de 64% no lucro anual, o maior em 156 anos de empresa.

Essas gigantes dos grãos não estão diretamente envolvidas no cultivo da soja, mas controlam a sua produção nas Américas do Norte e do Sul, concedendo empréstimos à produção, construindo estruturas de transporte (ferrovias, estradas, portos) etc., para que os produtores de soja tenham que pagar seus empréstimos com soja barata. As gigantes ABCD compram soja a preços razoavelmente baixos e depois revendem nos mercados futuros internacionais a preços que consideram adequados. Idealmente, é claro, sempre buscam que a diferença entre o preço de compra e o de venda seja a maior possível; no entanto, para derrotar os concorrentes em potencial, eles também reduzem artificialmente o preço de venda, aplicando uma estratégia de dumping.

Além disso, as quatro gigantes dos grãos têm uma vantagem ainda maior no que se refere à posse e ao processamento de informações. Todas elas têm uma operação global, com agências em todos os cantos do mundo dedicadas a coletar informações de mercado, classificadas e analisadas por profissionais, em comunicação em tempo real com o centro de processamento de informações na sede da empresa.

Eles operam 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, dando suporte às decisões de compra e venda no mercado internacional de futuros.

Isso significa que os consumidores dos países importadores também podem pegar a onda e obter ganhos nesse processo?

Não necessariamente.

Sempre que possível essas empresas converterão o benefício dos baixos preços de compra em lucros; temporariamente, elas podem até beneficiar os consumidores dos países importadores para abrir ou consolidar sua participação em um mercado local.

Vários estudos têm mostrado que, em geral, há um spread crescente entre o preço do início da cadeia e o preço final de venda das commodities agrícolas. Por exemplo, em 1997, um estudo do Banco Mundial estimou que no comércio mundial de commodities (sendo o principal exemplo dos autores as commodities agrícolas), a diferença entre os dois preços estava crescendo, chegando a US$ 100 bilhões por ano, e que o comportamento monopolista das tradings multinacionais era o responsável por isso, porque quanto maior a influência de mercado das multinacionais, maior essa diferença se mostra nos contextos locais.

Um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) de 2002 também observou que a diferença entre os preços do produtor e do varejo aumentou rapidamente desde a década de 1980, especialmente nos países com altos níveis de concentração de mercado. Em outras palavras, mais cedo ou mais tarde, os consumidores também se tornam vítimas do comportamento monopolista do capital transnacional.

Quem verdadeiramente ganha nessa história ainda são as empresas multinacionais com grande capital. Eles podem maximizar seus lucros aumentando os preços no mercado global quando entendem ser a hora certa. Se essa análise for verdadeira, os consumidores também são as vítimas, pois por volta de 2008 não foram só os preços da soja que foram às alturas, também os preços de outros alimentos cresceram muito. O aumento dos preços dos alimentos desencadeou distúrbios alimentares em todo o mundo e levou à mudança da dieta em alguns países.

Enquanto o capital se locupleta, são as pessoas e a natureza que pagam o preço.

Primeiro, o impacto negativo do controle do capital sobre a cadeia de produção, abastecimento e comercialização da soja no ambiente ecológico não pode ser ignorado.

Nos cinturões de produção de soja dos Estados Unidos, Brasil e Argentina, a monocultura pode perturbar a composição microbiana natural do solo e causar erosão. Esse perigo é particularmente agudo nas áreas que dependem fortemente de agroquímicos.

Mais assustador ainda, o rápido crescimento da produção de soja no Brasil tornou-se uma das principais causas do desmatamento maciço e da queima da floresta amazônica. Só na década 1990-2000, a área de floresta destruída foi o equivalente ao dobro do território de Portugal. A perda da floresta liberou grandes quantidades de dióxido de carbono que se encontravam fixados na vegetação e no solo. O desmatamento e a queima de árvores na Amazônia transformaram esse “pulmão da terra” em um “emissor de carbono”, tornando o Brasil um dos maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa; até 75% dessas emissões vêm da destruição da floresta tropical.

A floresta amazônica contém alguns dos recursos biológicos mais ricos e diversos do mundo, com milhões de espécies de insetos, plantas, pássaros e outros organismos. Sua destruição generalizada levará obviamente à perda de biodiversidade ao mesmo tempo, o que acabará por colocar em risco a segurança da própria espécie humana. Além disso, o uso indevido de herbicidas pode levar à contaminação dos lençóis freáticos e ao surgimento de “superervas daninhas”.

Em segundo lugar, há o desemprego e a fome, consequências da substituição de pequenas fazendas por latifúndios dedicados à monocultura exportadora.

Terras superdimensionadas, intensivas em capital, fortemente dependentes de agroquímicos (pesticidas e fertilizantes) e de máquinas agrícolas: este é um jogo que apenas grandes proprietários de terras e investidores com muito capital podem jogar. Eles compram campos de agricultores pobres em grande escala, substituindo pouco a pouco os métodos de produção pequenos e diversificados.

No Brasil e na Argentina, a soja foi inicialmente produzida em pequenas fazendas familiares com área entre 5 e 50 hectares, mas depois as fazendas de soja cresceram e as menores foram sendo reduzidas a uma parcela da terra cada vez menor.

Nos últimos anos, surgiram novas plantações de soja, muitas vezes em terras de 10 mil a 50 mil hectares, o que significa que a propriedade da terra se concentrou ainda mais nas mãos de grandes proprietários e investidores. A mesma situação surgiu no Brasil e na Argentina: a grande maioria das propriedades rurais é de pequeno porte, mas a grande maioria das terras é ocupada por poucas fazendas de enormes dimensões. As pequenas propriedades empregam um trabalhador para cada 8 hectares de terra, enquanto as grandes propriedades empregam apenas um trabalhador para cada 200 hectares.

Assim, a substituição das pequenas propriedades por grandes fazendas teve uma consequência grave: um grande número de agricultores familiares ficou sem terra, o emprego proporcionado pelas fazendas existentes foi drasticamente reduzido. Ir para a cidade significava viver em favelas, e permanecer no campo significava inanição.

As pequenas fazendas sobreviventes dependem fortemente de empresas multinacionais para obter crédito, sementes, maquinário, fertilizantes, pesticidas e canais de comercialização. Elas são incapazes de competir com a força das tradings multinacionais, muito bem financiadas e dispersas por todo o planeta, e se veem obrigadas a ser subservientes nesse jogo desigual.

 

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Fraude dá prejuízo de mais de R$ 60 milhões a cooperativa gaúcha de laticínios

Foto: Marcelo Kervalt/MPRS/Divulgação

Um esquema envolvendo a possível prática dos crimes de apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro em prejuízo da Cosulati, tradicional cooperativa gaúcha de laticínios, começou a ser desarticulado, nesta sexta-feira (2), pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Núcleo Região Sul). O principal suspeito de comandar a fraude, calculada em mais de R$ 60 milhões, é o ex-diretor-presidente da Cosulatti, o produtor rural Arno Kopereck.

Durante a operação sobre os possíveis crimes contra a cooperativa de laticínios, com sede em Pelotas e milhares de associados espalhados por 45 municípios da Região Sul do RS, o Gaeco cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em quatro endereços residenciais em Pelotas e um comercial em Capão do Leão.

Além disso, três dos quatro suspeitos de envolvimento no caso tiveram bloqueados imóveis que somam R$ 60,7 milhões, valor estimado do prejuízo causado. Os bloqueios foram pedidos à Justiça pelo Ministério Público do RS, que contou com o apoio da Brigada Militar durante a operação.

Criada na década de 1970, a Cosulati tem instalações industriais nos municípios de Capão do Leão, Morro Redondo e Canguçu. Hoje, a cooperativa tem uma estrutura reduzida e um pequeno quadro de funcionários.

Segundo o coordenador do Gaeco – Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas, e o coordenador dos Gaecos, João Afonso Silva Beltrame, que conduzem a operação, a investigação teve início há três anos a partir de representações protocoladas no MPRS. Os promotores receberam farta documentação, que apontam possível apropriação de valores da cooperativa por Kopereck.

Endividamento

O ex-diretor-presidente ficou à frente da cooperativa até o início do processo de liquidação extrajudicial. Uma comissão criada para apurar as causas do desequilíbrio financeiro da empresa constou ter havido, ao longo dos 26 anos de sua gestão, progressivo quadro de endividamento que não era exposto aos milhares de cooperados. A situação levou a cooperativa à beira da ruína, com a suspensão das atividades de leite e de manteiga.

“Diversas análises técnicas elaboradas pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimp) confirmaram grande parte do afirmado nas representações. No mesmo sentido, o relato do auditor externo contratado pela cooperativa demonstra a utilização desta pelo ex-diretor-presidente para alavancar seus negócios pessoais. Tudo indica que efetivamente a cooperativa foi saqueada ano após ano, o que a levou ao quadro de autoliquidação, com um passivo praticamente impagável”, diz Caldas.

A investigação aponta que o ex-diretor deixou a cooperativa com prejuízo superior a R$ 60 milhões. No período, além de acumular dívidas, destinou valores da empresa para pagamentos de despesas particulares e de seus familiares, depósitos em sua conta bancária pessoal ou repassados a empreendimentos da família. Em um dos negócios que ele fazia entre a cooperativa e esses estabelecimentos do qual ele e seus parentes eram sócios foi constatado que, em 2015, a cooperativa pagou por 1.710 vacas da raça holandesa, mas só recebeu 816 animais.

“Nada era exposto aos milhares de cooperados, que não faziam ideia da real dimensão do prejuízo. É provável que tenha havido manipulação dos dados contábeis apresentados, inclusive com a conivência da auditoria externa então contratada. Tudo isso reforça a necessidade de tornar indisponíveis bens dos investigados, de modo a, precipuamente, ressarcir os prejuízos suportados pela cooperativa e os respectivos cooperados”, complementa Beltrame.

*Da redação, com informações do MPRS

 

Fonte

Fraude dá prejuízo de mais de R$ 60 milhões a cooperativa gaúcha de laticínios

Foto: Marcelo Kervalt/MPRS/Divulgação

Um esquema envolvendo a possível prática dos crimes de apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro em prejuízo da Cosulati, tradicional cooperativa gaúcha de laticínios, começou a ser desarticulado, nesta sexta-feira (2), pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Núcleo Região Sul). O principal suspeito de comandar a fraude, calculada em mais de R$ 60 milhões, é o ex-diretor-presidente da Cosulatti, o produtor rural Arno Kopereck.

Durante a operação sobre os possíveis crimes contra a cooperativa de laticínios, com sede em Pelotas e milhares de associados espalhados por 45 municípios da Região Sul do RS, o Gaeco cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em quatro endereços residenciais em Pelotas e um comercial em Capão do Leão.

Além disso, três dos quatro suspeitos de envolvimento no caso tiveram bloqueados imóveis que somam R$ 60,7 milhões, valor estimado do prejuízo causado. Os bloqueios foram pedidos à Justiça pelo Ministério Público do RS, que contou com o apoio da Brigada Militar durante a operação.

Criada na década de 1970, a Cosulati tem instalações industriais nos municípios de Capão do Leão, Morro Redondo e Canguçu. Hoje, a cooperativa tem uma estrutura reduzida e um pequeno quadro de funcionários.

Segundo o coordenador do Gaeco – Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas, e o coordenador dos Gaecos, João Afonso Silva Beltrame, que conduzem a operação, a investigação teve início há três anos a partir de representações protocoladas no MPRS. Os promotores receberam farta documentação, que apontam possível apropriação de valores da cooperativa por Kopereck.

Endividamento

O ex-diretor-presidente ficou à frente da cooperativa até o início do processo de liquidação extrajudicial. Uma comissão criada para apurar as causas do desequilíbrio financeiro da empresa constou ter havido, ao longo dos 26 anos de sua gestão, progressivo quadro de endividamento que não era exposto aos milhares de cooperados. A situação levou a cooperativa à beira da ruína, com a suspensão das atividades de leite e de manteiga.

“Diversas análises técnicas elaboradas pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimp) confirmaram grande parte do afirmado nas representações. No mesmo sentido, o relato do auditor externo contratado pela cooperativa demonstra a utilização desta pelo ex-diretor-presidente para alavancar seus negócios pessoais. Tudo indica que efetivamente a cooperativa foi saqueada ano após ano, o que a levou ao quadro de autoliquidação, com um passivo praticamente impagável”, diz Caldas.

A investigação aponta que o ex-diretor deixou a cooperativa com prejuízo superior a R$ 60 milhões. No período, além de acumular dívidas, destinou valores da empresa para pagamentos de despesas particulares e de seus familiares, depósitos em sua conta bancária pessoal ou repassados a empreendimentos da família. Em um dos negócios que ele fazia entre a cooperativa e esses estabelecimentos do qual ele e seus parentes eram sócios foi constatado que, em 2015, a cooperativa pagou por 1.710 vacas da raça holandesa, mas só recebeu 816 animais.

“Nada era exposto aos milhares de cooperados, que não faziam ideia da real dimensão do prejuízo. É provável que tenha havido manipulação dos dados contábeis apresentados, inclusive com a conivência da auditoria externa então contratada. Tudo isso reforça a necessidade de tornar indisponíveis bens dos investigados, de modo a, precipuamente, ressarcir os prejuízos suportados pela cooperativa e os respectivos cooperados”, complementa Beltrame.

*Da redação, com informações do MPRS

 

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Soja: Produtividade cresce até 20% em consórcio de capim com crotalária

Foto: Rodrigo Arroyo Garcia/Embrapa/Divulgação

Pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste (MS) realizadas em seis municípios de Mato Grosso do Sul, e validadas por produtores rurais, mostram que o consórcio de gramíneas forrageiras com crotalárias (leguminosas de cobertura) resulta em um incremento de produtividade de até 20% no cultivo de soja. Além disso, aumenta a quantidade e a qualidade de biomassa produzida pelas plantas e promove a fixação biológica de nitrogênio (FBN) no solo, aliando vantagens econômicas e ambientais.

A inclusão de leguminosas no sistema é também uma alternativa para a produção de palha e, no caso das crotalárias (dependendo da espécie), há possibilidade de pastejo nos sistemas integrados. “A FBN, proporcionada pelas leguminosas, impacta positivamente os custos de produção a médio prazo”, diz o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia.

As crotalárias utilizadas na pesquisa foram a C. juncea, C. ochroleuca e C. spectabilis. Já as gramíneas forrageiras foram a Brachiaria ruziziensis, Brachiaria brizantha (cv. Xaraés) e Panicum maximum (cultivares Tamani e Zuri).

Outra vantagem foi a produção expressiva de biomassa para um sistema de produção consorciado, ultrapassando 7 mil quilos por hectare (kg/ha) na safrinha, próximos dos cerca de 8 mil kg/ha do capim solteiro. Além da quantidade, a qualidade da biomassa também é relevante. Em alguns experimentos, a crotalária contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare em cerca de cem dias.

Segundo o pesquisador Luís Armando Zago Machado, os dados foram obtidos em sistemas de produção com propósitos distintos e diferentes condições edafoclimáticas, “desde talhões de renovação de pastagem e implantação de sistemas integrados, até áreas com longo histórico de cultivo soja/milho”, explica.

Os seis municípios onde foram realizados os experimentos foram: Dourados, Naviraí, Rio Brilhante, Nova Andradina, Vicentina e Ponta Porã. “Em Dourados, Naviraí e Rio Brilhante, o consórcio de gramínea forrageira com crotalária foi uma alternativa para diversificação do sistema de produção de grãos na entressafra da soja. Nos outros municípios, o consórcio foi uma prática adicional para a renovação de pastagens”, complementa o analista Gessí Ceccon.

Implantação do sistema

“O processo de implantação do consórcio é a etapa mais importante para que a tecnologia agregue benefícios ao sistema de produção, com aspectos positivos provenientes das duas espécies”, assegura Garcia.

No cultivo intercalar, as sementes das leguminosas são distribuídas em uma linha e as das gramíneas em outra. A melhor opção, como alertam os pesquisadores, é aplicar a gramínea a lanço e semear a crotalária na sequência. Na implantação em mesma linha, indica-se a C. ochroleuca, por ser constituída de sementes menores, “o que favorece a uniformização da mistura com as sementes dos capins e a distribuição nos sulcos de semeadura”, esclarece Zago.

Outro fator a ser observado pelo produtor rural é a quantidade de sementes a ser utilizada. Quando o objetivo é produção de palha, pode-se usar metade da quantidade recomendada para a espécie solteira. Se há intenção de pastejo na área, a quantidade de sementes de C. ochroleuca ou C. juncea pode ser reduzida consideravelmente, para cerca de 25% da recomendação para cultivo solteiro. Segundo Garcia, “isso é muito importante para que a leguminosa não comprometa o estabelecimento da gramínea forrageira, já que o capim é prioritário e permanecerá por mais tempo na área”.

SojaSafrinha ilustracaoJPG

Nos municípios em que foi implantado o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), as produções de biomassa foram inferiores às das áreas tradicionais de lavoura, porém Zago explica que “a amostragem de plantas foi realizada antecipadamente, já que na sequência houve pastejo. Além disso, as condições químicas do solo não eram ideais, pois a correção tinha sido recentemente efetuada”.

Combinação de espécies

O produtor deve se atentar para o uso de sementes de qualidade. No caso das leguminosas, sementes de baixo vigor “resultam em plantas dominadas pelo capim já nas fases iniciais, inviabilizando o consórcio”, diz Ceccon. Garcia explica que as crotalárias são espécies de dia curto, por isso quanto mais tardia for a semeadura dessas leguminosas na safrinha, menor será o potencial de produção de biomassa.

Já a escolha das espécies para cultivo depende do objetivo. A C. spectabilis não é recomendada para o pastejo, por ser tóxica para o gado. Em caso da ocorrência de nematoides, há grande diferença entre as espécies de crotalárias. “De forma geral, a C. spectabilis apresenta maior eficiência, seguida da C. ochroleuca e da C. juncea. Por sua vez, a C. spectabilis é mais suscetível ao mofo branco”, pondera Zago.

soja 2 consorcio de capim com crotalaria Foto Rodrigo Arroyo Garcia Embrapa Divulgacao VE

Implantação da soja

Durante a entressafra, os animais fazem o controle da forrageira por pisoteio ou alimentação. A C. ochroleuca e a C. juncea apresentam baixa capacidade de rebrote, o que facilita a implantação da soja em sucessão. Zago chama a atenção para o cultivo em consórcio voltado apenas para a produção de biomassa na entressafra da soja, “porque o crescimento excessivo de forrageiras, como algumas cultivares de Brizantha e Panicum, pode dificultar a sua implantação.”.

Para controlar o crescimento da forrageira e evitar a produção de sementes da leguminosa, a indicação é a poda mecânica da parte aérea, com roçadeira, triton ou rolo faca, cerca de cem dias após a semeadura.

Os pesquisadores afirmam que “o maquinário e as tecnologias existentes já adotadas pelo produtor rural, independentemente do tamanho da propriedade e nível de investimento, são adequadas, e eventuais pequenos ajustes viabilizam a utilização do consórcio nas áreas de produção avaliadas em Mato Grosso do Sul”.

Produtores comprovam bons resultados na prática

O gerente técnico do Grupo Agropecuária Palmares, Franklyn Guimarães, diz que o Grupo trabalha com agropecuária há mais de 30 anos, na região de São Gabriel do Oeste, MS, e em Itiquira, MT. No total, são quatro propriedades de 8.500 hectares, 2.500 hectares, 2.200 hectares, e 1.400 hectares.

Em São Gabriel do Oeste, antes da introdução das pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste, o sistema de produção utilizado era o de sucessão de soja/milho, e de soja/braquiária. Atualmente, o consórcio entre Crotalaria Jjuncea e Crotalaria Oochroleuca com Brachiaria ruziziensis é adotado em 700 hectares na safrinha.

Segundo Guimarães, em 2022 foi plantada a primeira safrinha com a tecnologia da Embrapa, mas já foi possível observar bons resultados na melhoria do solo, com o aporte de nitrogênio pela FBN. “Os resultados parciais da solução tecnológica apontam para uma tendência de aumento da área na próxima safra da soja. Eu recomendo a outros produtores”, enfatiza.

Da Embrapa Agropecuária Oeste

 

 

 

 

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Veja lista dos produtos que terão bônus de desconto no Pronaf em dezembro

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou, nesta quinta-feira (8), a relação dos produtos agrícolas que terão bônus de desconto do Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF) para agentes financeiros operadores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

O produtor recebe o bônus quando o valor do seu cultivo fica inferior ao preço de referência, permitindo desconto no pagamento ou amortização das parcelas de financiamento no Pronaf.

Os alimentos com bônus de desconto nas operações e parcelas de crédito rural são: abacaxi, banana, borracha natural cultivada, cacau cultivado (amêndoa), castanha de caju, feijão caupi, laranja, mamona (baga) e manga.

O maior bônus concedido neste mês foi para a foi para a manga no Rio de Janeiro (72,58%), seguido do feijão caupi no Tocantins (51,37%). Já a menor bonificação ficou com a castanha-de-caju na Paraíba (0,63%).

Na comparação com o mês anterior, foi incluída na lista a manga (para Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) e excluído o triticale (São Paulo).

Outras alterações em relação ao mês anterior ocorrem em relação à castanha-de-caju, que passa a bonificar em Pernambuco e na Paraíba; para a borracha, o benefício alcançará os produtores dos estados de Mato Grosso, Paraná e São Paulo; e, por fim, para a banana, o bônus deixará de valer em Alagoas. Para os demais produtos e localidades, não houve alteração.

Os preços são válidos no período de 10 de dezembro de 2022 a 9 de janeiro de 2023, conforme a Portaria Nº 59, da Secretaria de Política Agrícola. A portaria entra em vigor no dia 10 de dezembro.

Dezessete estados integram a lista de novembro, são eles: Sergipe, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Amazonas, Pará, Roraima, Espírito Santo, Piauí, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é o órgão responsável por coletar o preço de mercado e calcular o bônus. O desconto nas parcelas de financiamento do Pronaf é oferecido pelo Governo Federal com base no valor médio de mercado e no preço de garantia de cada produto.

Os descontos de todos os cultivos são calculados mensalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgados pelo Mapa. O desconto é automático, ou seja, o agricultor não precisa solicitar.

Entre os principais responsáveis pela variação de preços, na ocorrência de elevação ou queda das safras, estão o clima e a época do ano. A concorrência de produtos de outros estados também pode contribuir para a oscilação de preços.

Outras informações podem ser solicitadas à equipe técnica pelos endereços eletrônicos: [email protected] ou [email protected].

Do Mapa

 

 

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Soja: Produtividade cresce até 20% em consórcio de capim com crotalária

Foto: Rodrigo Arroyo Garcia/Embrapa/Divulgação

Pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste (MS) realizadas em seis municípios de Mato Grosso do Sul, e validadas por produtores rurais, mostram que o consórcio de gramíneas forrageiras com crotalárias (leguminosas de cobertura) resulta em um incremento de produtividade de até 20% no cultivo de soja. Além disso, aumenta a quantidade e a qualidade de biomassa produzida pelas plantas e promove a fixação biológica de nitrogênio (FBN) no solo, aliando vantagens econômicas e ambientais.

A inclusão de leguminosas no sistema é também uma alternativa para a produção de palha e, no caso das crotalárias (dependendo da espécie), há possibilidade de pastejo nos sistemas integrados. “A FBN, proporcionada pelas leguminosas, impacta positivamente os custos de produção a médio prazo”, diz o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia.

As crotalárias utilizadas na pesquisa foram a C. juncea, C. ochroleuca e C. spectabilis. Já as gramíneas forrageiras foram a Brachiaria ruziziensis, Brachiaria brizantha (cv. Xaraés) e Panicum maximum (cultivares Tamani e Zuri).

Outra vantagem foi a produção expressiva de biomassa para um sistema de produção consorciado, ultrapassando 7 mil quilos por hectare (kg/ha) na safrinha, próximos dos cerca de 8 mil kg/ha do capim solteiro. Além da quantidade, a qualidade da biomassa também é relevante. Em alguns experimentos, a crotalária contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare em cerca de cem dias.

Segundo o pesquisador Luís Armando Zago Machado, os dados foram obtidos em sistemas de produção com propósitos distintos e diferentes condições edafoclimáticas, “desde talhões de renovação de pastagem e implantação de sistemas integrados, até áreas com longo histórico de cultivo soja/milho”, explica.

Os seis municípios onde foram realizados os experimentos foram: Dourados, Naviraí, Rio Brilhante, Nova Andradina, Vicentina e Ponta Porã. “Em Dourados, Naviraí e Rio Brilhante, o consórcio de gramínea forrageira com crotalária foi uma alternativa para diversificação do sistema de produção de grãos na entressafra da soja. Nos outros municípios, o consórcio foi uma prática adicional para a renovação de pastagens”, complementa o analista Gessí Ceccon.

Implantação do sistema

“O processo de implantação do consórcio é a etapa mais importante para que a tecnologia agregue benefícios ao sistema de produção, com aspectos positivos provenientes das duas espécies”, assegura Garcia.

No cultivo intercalar, as sementes das leguminosas são distribuídas em uma linha e as das gramíneas em outra. A melhor opção, como alertam os pesquisadores, é aplicar a gramínea a lanço e semear a crotalária na sequência. Na implantação em mesma linha, indica-se a C. ochroleuca, por ser constituída de sementes menores, “o que favorece a uniformização da mistura com as sementes dos capins e a distribuição nos sulcos de semeadura”, esclarece Zago.

Outro fator a ser observado pelo produtor rural é a quantidade de sementes a ser utilizada. Quando o objetivo é produção de palha, pode-se usar metade da quantidade recomendada para a espécie solteira. Se há intenção de pastejo na área, a quantidade de sementes de C. ochroleuca ou C. juncea pode ser reduzida consideravelmente, para cerca de 25% da recomendação para cultivo solteiro. Segundo Garcia, “isso é muito importante para que a leguminosa não comprometa o estabelecimento da gramínea forrageira, já que o capim é prioritário e permanecerá por mais tempo na área”.

SojaSafrinha ilustracaoJPG

Nos municípios em que foi implantado o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), as produções de biomassa foram inferiores às das áreas tradicionais de lavoura, porém Zago explica que “a amostragem de plantas foi realizada antecipadamente, já que na sequência houve pastejo. Além disso, as condições químicas do solo não eram ideais, pois a correção tinha sido recentemente efetuada”.

Combinação de espécies

O produtor deve se atentar para o uso de sementes de qualidade. No caso das leguminosas, sementes de baixo vigor “resultam em plantas dominadas pelo capim já nas fases iniciais, inviabilizando o consórcio”, diz Ceccon. Garcia explica que as crotalárias são espécies de dia curto, por isso quanto mais tardia for a semeadura dessas leguminosas na safrinha, menor será o potencial de produção de biomassa.

Já a escolha das espécies para cultivo depende do objetivo. A C. spectabilis não é recomendada para o pastejo, por ser tóxica para o gado. Em caso da ocorrência de nematoides, há grande diferença entre as espécies de crotalárias. “De forma geral, a C. spectabilis apresenta maior eficiência, seguida da C. ochroleuca e da C. juncea. Por sua vez, a C. spectabilis é mais suscetível ao mofo branco”, pondera Zago.

soja 2 consorcio de capim com crotalaria Foto Rodrigo Arroyo Garcia Embrapa Divulgacao VE

Implantação da soja

Durante a entressafra, os animais fazem o controle da forrageira por pisoteio ou alimentação. A C. ochroleuca e a C. juncea apresentam baixa capacidade de rebrote, o que facilita a implantação da soja em sucessão. Zago chama a atenção para o cultivo em consórcio voltado apenas para a produção de biomassa na entressafra da soja, “porque o crescimento excessivo de forrageiras, como algumas cultivares de Brizantha e Panicum, pode dificultar a sua implantação.”.

Para controlar o crescimento da forrageira e evitar a produção de sementes da leguminosa, a indicação é a poda mecânica da parte aérea, com roçadeira, triton ou rolo faca, cerca de cem dias após a semeadura.

Os pesquisadores afirmam que “o maquinário e as tecnologias existentes já adotadas pelo produtor rural, independentemente do tamanho da propriedade e nível de investimento, são adequadas, e eventuais pequenos ajustes viabilizam a utilização do consórcio nas áreas de produção avaliadas em Mato Grosso do Sul”.

Produtores comprovam bons resultados na prática

O gerente técnico do Grupo Agropecuária Palmares, Franklyn Guimarães, diz que o Grupo trabalha com agropecuária há mais de 30 anos, na região de São Gabriel do Oeste, MS, e em Itiquira, MT. No total, são quatro propriedades de 8.500 hectares, 2.500 hectares, 2.200 hectares, e 1.400 hectares.

Em São Gabriel do Oeste, antes da introdução das pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste, o sistema de produção utilizado era o de sucessão de soja/milho, e de soja/braquiária. Atualmente, o consórcio entre Crotalaria Jjuncea e Crotalaria Oochroleuca com Brachiaria ruziziensis é adotado em 700 hectares na safrinha.

Segundo Guimarães, em 2022 foi plantada a primeira safrinha com a tecnologia da Embrapa, mas já foi possível observar bons resultados na melhoria do solo, com o aporte de nitrogênio pela FBN. “Os resultados parciais da solução tecnológica apontam para uma tendência de aumento da área na próxima safra da soja. Eu recomendo a outros produtores”, enfatiza.

Da Embrapa Agropecuária Oeste

 

 

 

 

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