Antes de nos aprofundarmos neste relevante tema da fibra na nutrição animal, vamos relembrar aqui como acontece o processo de ruminação em vacas, tão importante para o pecuária leiteira brasileira.
Vamos em frente?
o que são ruminantes
Os ruminantes são animais que durante sua evolução conseguiram desenvolver a capacidade de digerir e aproveitar os nutrientes derivados de plantas, como as forragens.
Ruminar refere-se ao seu ato regurgitar alimentos colhidos na boca, onde é novamente mastigado (ruminado) e deglutido. Entre os animais pertencentes a esta subordem, destacamos o gado leiteiro.
Como esse processo acontece
Devido a uma simbiose mutualística, com microrganismos presentes no rúmen bovino, a forragem ingerida pode ser fermentada por esses microrganismos, ou seja, a forragem serve de alimento para bactérias, protozoários e fungos.
Depois disso, devolvem nutrientes ao bovino como energia, proteína e alguns minerais e vitaminas, provenientes desta fermentação.
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Mas para que essa “troca de favores” entre vaca e microorganismos ocorra e permaneça em equilíbrio, a nutrição desses seres deve ser bem equilibrada.
É necessário fornecer condições nutricionais e de sobrevivência, tanto para a vaca quanto para os microrganismos ruminais.
Ruminação X nutrição na pecuária leiteira
Antes da domesticação da vaca leiteira, a forragem coletada era suficiente para manter a sobrevivência e perpetuação da espécie.
Mas, a partir do momento em que o homem precisou aprimorar a genética do animal, bem como sua produção de leite, foi necessário agregar à pecuária leiteira um sistema alimentar de grãos e farelo vegetal que não fazia parte de sua dieta natural. Portanto, as condições de simbiose foram modificadas.
Forragem como alimento básico para uma vaca leiteira, seja oferecida em pastejo ou alimentada no cocho, como silagem ou capim picado, tem a característica a presença principal da entidade nutricional denominada fibra.
Mas vamos lá, para facilitar o entendimento da nutrição de ruminantes, vamos definir fibra como um componente de forragenscom:
- Propriedades físicas (que promovem a ruminação)
- Propriedades potencialmente nutritivas (celulose e hemicelulose que podem ser fermentadas por bactérias)
- Propriedade não nutricional (lignina, que não será digerida, sendo perdida nas fezes do animal)
Quando consideramos os componentes celulose, hemicelulose e lignina, damos a este conjunto o nome de NDF (Fiber in Neutral Detergent).
Por que o NDF é tão importante?
Pois é uma das características na composição da forragem que mais influenciará na dinâmica nutricional de uma vaca leiteira. Olhar:
- A digestibilidade da FDN determinará a quantidade e qualidade na utilização dos concentrados.
- Também a quantidade e digestibilidade da FDN poderão determinar a capacidade ingestiva da vaca (limitação física de ingestão, enchimento ruminal)
- A quantidade e a qualidade da FDN também serão determinantes para condições ótimas de simbiose, para que os microrganismos se desenvolvam em um ambiente com pH favorável.
- E mais: é a FDN que pode determinar a quantidade de gordura produzido no leite
Os riscos de não prestar atenção à fibra
No entanto, para que os animais produzam 15, 30, 60 litros de leite diariamente apenas com forragem, sua FDN e outros nutrientes, é necessário o uso de concentrados.
E para equilibrar as quantidades mínimas ou máximas dele, é necessário utilizar alguns aditivos como probióticos, tampões, minerais e vitaminas para que o ambiente ruminal não fique desequilibrado.
Falta, excesso ou baixa qualidade de FDN forrageira pode levar o animal a um estado de acidose que podem afetar os cascos, reduzir a ingestão alimentar, favorecer a queda na produção e qualidade do leite, queda no sistema imunológico e nos índices reprodutivos. Resumindo, pode levar ao caos na produção de leite!
Algumas dicas de Premix para ajudar na sua pecuária leiteira
Como prática em fazendas leiteiras, devemos usar peneiras separadoras de partículas para verificar a tamanho de partícula de forragem que irá promover a eficácia ruminal.
A “fibra longa” ou fibra efetiva, ou seja, partículas que possuem um determinado tamanho – que acessarão os mecanorreceptores presentes nas paredes do rúmen e que são responsáveis pelo processo involuntário de ruminação – farão com que o animal tome saliva com tampões . que controlará uma possível acidose.
Quando esta fibra eficaz não está disponível na matriz nutricional, aditivos devem ser usados probióticos, tampões extras e antimicrobianos específicos (orgânicos ou inorgânicos) para controlar esse pH ruminal e o crescimento microbiano no rúmen.
Como recomendações sobre os valores de NDF, podemos utilizar:
- Mínimo de 15% de FDN da forragem
- Mínimo de 21% em matéria seca, de FDN efetivo
Devemos lembrar também que quanto melhor a qualidade da FDN, menor o uso de concentrados – que oneram os custos de produção – serão utilizados para uma determinada produção animal.
Lembrando que quem “dá leite” para a vaca é a forragem e não o concentrado. Foi para isso que foi criado: para se alimentar de forragem.
Portanto, trate sua produção de volumoso como uma colheita. Planeje, estude, execute e tenha sucesso.
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