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Preços da soja oscilaram na última semana

A soja viu seus preços oscilarem muito em Chicago esta semana. Após cair quase um dólar em quatro dias, a cotação do primeiro mês voltou a subir, fechando quinta-feira (04) a US$ 16,15/bushel, contra US$ 16,09 da semana anterior. No entanto, a média de julho confirmou a nova tendência do mercado, pois encerrou o mês em US$ 15,50/bushel, consolidando uma queda de 8,3% sobre junho. Lembrando que a média de julho de 2021 foi de $14,24/bushel. A forte queda nos preços do petróleo ajudou a puxar o grão para baixo em julho. Esse subproduto encerrou o mês passado com média de 62,02 centavos de dólar por libra-peso, o que representou, para o primeiro mês, uma queda significativa de 18,7%.

A pressão não foi maior apenas porque o farelo viu sua média subir, na esteira das dificuldades existentes na Argentina, principal exportador mundial desse subproduto. O mesmo encerrou julho com média de US$ 463,53/tonelada curta, o que representou um aumento de 8,2% em relação a junho. Nesta primeira semana de agosto, o farelo voltou a assumir a liderança, puxando o grão, pois sua tonelada curta atingiu US$ 513,70 no fechamento desta quinta-feira (04/08). Os produtores argentinos estão retendo a soja em grão, por conta das perdas com o imposto de exportação, para o qual o novo superministro da economia local não indicou mudanças. Como resultado, a moagem na Argentina diminui e também a disponibilidade de farelo para exportação. Além disso, há problemas logísticos nos EUA, com falta de vagões para transportar grãos.

Soma-se a isso a tradicional preocupação com o clima daquele país, já que estamos no período decisivo de desenvolvimento das lavouras de soja. A previsão de menos chuva neste novo mês, nas regiões produtoras, traz preocupações ao mercado. Se o clima quente e seco continuar por lá, dificilmente os EUA conseguirão a safra projetada. Nesse sentido, fique atento ao relatório de oferta e demanda que será divulgado na próxima semana pelo USDA. No entanto, apesar dessa situação climática, o governo local elevou o índice de safra de soja de bom para excelente, com o mesmo subindo para 60% em 31/07.

O mesmo está nos níveis do ano passado neste momento. Outros 29% das lavouras eram regulares e 11% eram ruins a muito ruins, com 79% de todas as lavouras em fase de floração nessa data. Por outro lado, na semana encerrada em 28 de julho, os EUA atingiram um total de 53,6 milhões de toneladas de soja embarcada no ano comercial 2021/22, volume 8% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior . . Para toda a safra, 59,5 milhões de toneladas já estão comprometidas para exportação. Em relação à nova safra 2022/23, as exportações foram de 410,6 mil toneladas, dentro das expectativas do mercado. Outra informação relevante durante a semana, que ajudou a sustentar os preços em Chicago, foi a confirmação de que a safra sul-americana realmente sofreu forte redução em 2021/22, por conta de problemas climáticos. Algo já conhecido, porém, agora melhor quantificado. Apesar de uma área semeada recorde de 63,8 milhões de hectares, a maior região produtora de soja do mundo teve uma produção de apenas 181,5 milhões de toneladas, com queda de 9% em relação ao volume colhido no ano anterior e quase 15% acima do projetado inicialmente.

Por país, o Brasil obteve 126,2 milhões de toneladas, a Argentina 43,7 milhões e o Paraguai 4,95 milhões. Soma-se a isso a produção do Uruguai e da Bolívia. (cf. Datagro) Por outro lado, ainda no mercado internacional, a Índia aumentou consideravelmente suas importações de óleo de soja em julho. Isso porque o governo local permitiu que essas compras isentas de impostos reduzissem os preços domésticos, atualmente em máximas históricas. Se, por um lado, essa medida ajuda a soja, coloca em dificuldades o óleo de palma, fato que obriga os vendedores malaios e indonésios desse produto a oferecerem descontos para reconquistar sua fatia de mercado. Este procedimento tende, posteriormente, a afetar para baixo o óleo de soja, afetando também o grão desta oleaginosa, como, aliás, ocorreu em julho.

Por enquanto, em julho, a Índia aumentou suas compras de óleo de soja em 113%, atingindo um total de 493 mil toneladas no mês. A Índia tradicionalmente compra óleo de soja da Argentina e do Brasil, mas nos últimos meses também fez compras dos Estados Unidos, Rússia e Turquia. Nesse contexto, as exportações de óleo de soja do Brasil para a Índia entre janeiro e junho deste ano somaram mais de 800 mil toneladas, de um total de 1,27 milhão de toneladas para todos os destinos, segundo dados do governo brasileiro. . No primeiro semestre de 2021, os indianos compraram apenas cerca de 200 mil toneladas do Brasil. Dessa forma, o total exportado pelo Brasil, em óleo de soja, no primeiro semestre de 2022, aumentou 65% em relação ao mesmo período de 2021. (cf. Abiove) Analistas internacionais consideram possível que a Índia compre 4,5 milhões toneladas de óleo de soja neste exercício atual, que termina em 31/10 para os indianos, contra 2,87 milhões no ano anterior.

Aqui no Brasil, com o câmbio oscilando entre R$ 5,20 e R$ 5,30 por dólar, e os prêmios permanecendo em patamares interessantes, o preço da soja melhorou um pouco no início de agosto. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana a R$ 179,31/saca, enquanto as principais praças do estado trabalharam com R$ 173,00. Nas demais regiões do país, a saca de soja oscilou entre R$ 156,00 e R$ 167,00. A possibilidade de uma futura safra recorde no país começa a pesar nos preços internos. As últimas projeções privadas dão conta de uma produção de 152,6 milhões de toneladas em condições meteorológicas normais. Isso seria quase 20% acima da safra anterior fracassada.

Com isso, não está descartada a possibilidade de o país exportar um total de 100 milhões de toneladas no próximo ano comercial. Especificamente no Mato Grosso do Sul, segundo a Aprosoja local, até julho havia sido comercializado 79,2% da última safra de soja, com o preço médio chegando a R$ 168,18/saca. O maior volume comercializado naquele estado ocorreu em março, com cerca de 17% da safra total comercializada, ao preço recorde de R$ 189,31/saca. A comercialização da nova safra 2022/2023 também começou em março, com 16% sendo comercializado, com preço médio de R$ 181,36/saca. Até o final de julho, 20,8% da safra 2021/2022 e 84% da safra 2022/2023 ainda não haviam sido vendidos.

Do lado da moagem brasileira de soja, a expectativa é que, em 2022, o país atinja 48 milhões de toneladas, dada uma capacidade de produção de 55 milhões. O aumento dessa produção dependerá do crescimento da demanda por biodiesel no país. Isso também aumentará a produção de farelo, que hoje está entre 35 e 36 milhões de toneladas.

Por fim, também é importante destacar que, em levantamento inédito realizado pela Syngenta, em parceria com a Agroconsult e a Sociedade Brasileira de Nematologia, “foram obtidos números preocupantes sobre perdas e prejuízos decorrentes de nematoides e doenças iniciais nas lavouras brasileiras. De acordo com o levantamento, já há uma estimativa de R$ 65 bilhões em perdas devido a esse problema, apenas na safra de soja. Isso significa que a cada 10 colheitas, uma colheita inteira é perdida para os nematoides. O levantamento, realizado sobre a distribuição e crescimento dos nematoides no Brasil, abrangeu todo o país durante o último ano e traz detalhes importantes sobre o problema em todas as regiões, nas mais diversas culturas e para todas as espécies encontradas.

e o cenário se mantiver, a expectativa é que os produtores brasileiros tenham um prejuízo combinado, em todas as safras, de até R$ 870 bilhões em menos de 10 anos. Somente para a soja, o prejuízo chegaria a R$ 374 bilhões em menos de 10 anos.

As informações são do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos do Mercado Agrícola – CEEMA



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