A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade que representa os produtores de carne bovina do estado, apresentou ao presidente em exercício da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Janaina Riva (MDB), e o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), deputado Dilmar Dal Bosco (União)
Em um ano, o preço da arroba do boi gordo, no Mato Grosso, passou de R$ 262,25, registrado em 20 de maio de 2022, para R$ 205,85, valor da cotação na última sexta-feira, 19 de maio de 2023. A desvalorização acumulada é de 21 %, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea).
Segundo dados apresentados pela Acrimat, houve aumento na oferta de gado, impulsionado pelo maior abate de fêmeas e a terminação dos animais no final do período chuvoso. Por outro lado, o consumo de carne bovina está caindo e chegou a 24,2 quilos (kg) por pessoa/ano em 2022, o menor volume desde 2004, segundo a Consultoria Agro do Banco Itaú BBA.
Para mitigar os impactos, principalmente na cadeia produtiva primária, a Assembleia Legislativa e o setor pecuário terão que apresentar propostas que permitam reduzir custos de produção e estimular o consumo de carne no mercado interno.
Janaína Riva destacou a importância do setor para a economia regional. “A Acrimat apresentou dados que enriqueceram as discussões na Assembleia, principalmente no que diz respeito ao perfil dos produtores, 80% dos quais possuem até 250 animais. Se você olhar os pecuaristas que têm até 500 animais, o percentual sobe para 90%. Isso mostra o quanto o segmento, principalmente os pequenos, precisa do apoio da Assembleia. Precisamos ajudar o setor e dialogar com o governo e buscar ferramentas que possam incentivar o consumo da carne”.
Dilmar Dal Bosco, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, disse que, assim como a cadeia suinícola, que já apresentou reivindicações à Assembleia, a pecuária também busca soluções para reduzir os impactos da crise e melhorar a rentabilidade.
“A grande preocupação é o aumento do abate de fêmeas e consequentemente a possível diminuição do rebanho. Isso porque o preço da arroba caiu 16% no estado, e o preço da carne não está acompanhando e o consumo está diminuindo. Pedimos que apresentassem uma carta à Assembleia com as reivindicações sobre o preço da arroba, a diferença de preço entre o valor pago ao produtor e o preço da carne e sobre os incentivos fiscais que precisam ser mantidos”explicou Dal Bosco.
O economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira Filho, apresentou aos parlamentares alguns dados da pecuária sobre o aumento da oferta de animais, dependência do mercado chinês para suprir a produção, maior abate de fêmeas, concentração de frigoríficos e a falta de isonomia entre o valor da carne e o preço pago aos produtores.
Segundo Oliveira, entre 2005 e 2023, o preço da arroba do boi subiu 390%. No mesmo período, o preço da carne bovina aumentou 711% no varejo. Na indústria, a valorização foi de 434%. “Não queremos intervenção do governo no mercado, que deve ter autonomia, mas em um cenário como esse, o Poder Público deve atuar como moderador. É preciso encontrar alternativas que estimulem o consumo de carne e assim todos sairão ganhando”.
Algumas sugestões foram apresentadas pela Acrimat durante o encontro, como aumentar o consumo de carnes na merenda escolar, reduzir o imposto sobre animais enviados para abate em outros estados, mais recursos dentro do Plano Agrícola voltado para o setor, entre outras iniciativas. O documento final com os dados e sugestões deverá ser entregue ao FPA.
gado
Mato Grosso possui o maior rebanho bovino comercial do país, com aproximadamente 33 milhões de animais. Em 2022, o estado exportou cerca de 500 mil toneladas de carne e gerou uma receita de US$ 2,7 bilhões.
Atualmente, o estado conta com 108 mil propriedades pecuárias, sendo 90% delas com até 500 cabeças de gado.
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