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Porque os paranaenses produzem mas frangos, suínos, leite e pescado?

Porque os paranaenses produzem mas frangos, suínos, leite e pescado?
Porque os paranaenses produzem mas frangos, suínos, leite e pescado?

Os paranaenses produz tanto frango, porco, leite e pescado quanto Cascavel, Toledo, Castro e Nova Aurora, respectivamente. As quatro cidades lideram a produção desses alimentos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em setembro, e conferem ao Paraná o título de “capital do estado” para proteínas animais.

Dos cinco principais produtos da pecuária brasileira, os paranaenses não são os únicos líderes na cadeia da carne bovina (atividade que demanda mais espaço e o Paraná tem apenas 2,3% do território nacional).

Paranaenses lideram, das quatro capitais de proteína animal do Paraná, a novidade da lista é Cascavel, que superou Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, agora em segundo lugar na lista.

A façanha da cascavel ocorreu porque os avicultores locais produziram, em 2021, um total de 20 milhões de cabeças de frango (soma de galos, galinhas, galinhas, frangas, pintinhos e pintinhos). É como se Cascavel tivesse produzido 60 galinhas para cada um de seus 332 mil habitantes.

Com seis galpões e capacidade para abrigar, ao mesmo tempo, mais de 200 mil cabeças de frango, Álvaro José Baccin é um dos responsáveis ​​pela façanha. A movimentação dentro da propriedade, com três funcionários envolvidos na operação, reflete os números da Cascavel. A Baccin tem planos de construir mais dois galpões, cada um com 2.400 metros quadrados, para ampliar a produção.

“Estamos aguardando o momento de maior estabilidade do mercado para investir, já que nos últimos anos os materiais de construção ficaram muito caros”, compartilha.

Erwin Soliva também está se preparando para aumentar a produção. Ele já mantém um núcleo com quatro aviários, com capacidade para abrigar 90 mil porcas, que produzem ovos destinados à incubação. Agora, a Soliva está investindo R$ 8 milhões na construção de mais três galpões e na renovação tecnológica do complexo, com retorno do investimento em dez anos.

“Com dois alqueires, o produtor consegue ter uma [com avicultura]. Com o alto preço do terreno na região, é uma alternativa interessante. E as pessoas podem aliar a avicultura com outra atividade”, diz o produtor, que também se dedica à pecuária de corte.

Apesar de ser a novidade entre as capitais de proteína animal do Paraná, não é só o frango que produz números astronômicos. A força na produção de suínos, leite e pescado também destaca a dinâmica da formação de polos produtivos.

No caso do leite, Castro e Carambeí dobram no ranking e formam uma verdadeira metrópole leiteira. Em peixes, outras duas cidades estão entre os primeiros lugares: Nova Aurora e Palotina. Na suinocultura, além de Toledo, também se destacam as regiões Sudoeste e Campos Gerais.

“Mais do que oferecer alimentos ao Brasil e ao mundo, o Paraná é especializado em vender segurança alimentar aos compradores mais exigentes do planeta”, destaca Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Os pólos criam uma dinâmica de círculo virtuoso para o desenvolvimento agrícola. Os grãos de soja e milho são transformados em ração animal, que agrega valor em proteína e gera empregos em cada etapa da cadeia produtiva.

“Esse arranjo produtivo gera uma especialização que beneficia todos os envolvidos, direta e indiretamente, nas atividades”, destaca Mariani Benites, técnica do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Entre os aspectos que influenciam esse círculo virtuoso nos polos produtivos do Paraná, para a técnica Nicolle Wilsek, também do DTE, estão a logística e o crédito. “A eficiência no escoamento dos produtos e também na obtenção de insumos são diferenciais competitivos. Além disso, a especialização facilita o crédito, pois há menos chance de inadimplência”, resume.

Em 2021, o Paraná foi responsável por 40,4% das 7,6 milhões de toneladas de frango exportadas pelo Brasil, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O melhoramento genético e os avanços tecnológicos para proporcionar um ambiente melhor são alguns dos fatores que explicam o sucesso da atividade.

Além disso, a representação política por meio dos sindicatos rurais, como a aprovação da Lei da Integração (que cria conselhos conjuntos indústria e produtores), tem proporcionado importantes avanços na estabilidade do setor produtivo no Estado.

A expansão que vem sendo registrada nos últimos anos tem potencial para continuar no futuro, mas exige cautela, destaca o avicultor de Cascavel Adair Oldoni e membro do Comitê Técnico (CT) de Aves do Sistema FAEP/SENAR-PR. “A região Oeste é favorável para a produção de frangos.

Quem quiser participar precisa saber que a atividade não é um mar de rosas. Temos dificuldades para fechar as contas e bons resultados dependem de dedicação 24 horas por dia, sete dias por semana”, alerta Oldoni.

Mariani, do DTE, afirma que é preciso ter cuidado ao pensar na implantação de novas unidades produtivas ou expansão, principalmente por conta dos custos de produção. “Hoje, o que mais nos preocupa são os altos preços da energia elétrica, matéria-prima para aquecimento das fazendas e mão de obra.

Temos alternativas, como investir em energias renováveis, novas tecnologias de automação que reduzem a necessidade de mão de obra e custos de aquecimento. No entanto, é preciso colocar na ponta do lápis antes de assumir compromissos com as instituições financeiras”, alerta.

Mais uma vez, Toledo manteve a liderança como maior produtor de carne suína do país. Os números, no entanto, escondem uma situação difícil que a atividade atravessa em nível nacional, pressionada pelo aumento dos custos de produção e recomposição do rebanho na China – que vinha importando carne brasileira em grande escala.

“Houve um aumento no número de cabeças, com recorde de abate, mas, por outro lado, os animais foram abatidos mais leves, por conta dos custos de produção. Tivemos também o abate matricial, devido aos produtores que abandonaram a atividade”, observa Nicolle, do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Mesmo assim, as previsões são de que o mercado melhore no ano que vem, com perspectivas de preços mais baixos dos grãos (com boas estimativas de safra) e aumento do consumo de carne suína – que em dez anos saltou de 13,3 quilos. por pessoa para 17,7 quilos. Com as consecutivas altas dos preços da carne bovina, o setor também se adaptou, passando a oferecer novos cortes de carne suína, com mais opções para o consumidor.

Com isso, a expectativa é que Toledo se mantenha no topo do ranking. O rebanho suíno do município, por exemplo, é seis vezes maior que a população. Por ser um polo agrícola, a região tem vantagens logísticas: Toledo está próxima aos produtores de grãos, facilitando o acesso à ração animal – que responde por 80% dos custos de produção.

O produtor e membro da Comissão Técnica de Suinocultura do Sistema FAEP/SENAR-PR Jacir Dariva acompanhou de perto a consolidação da atividade no Paraná. O suinocultor mudou-se para o estado na década de 1960, trazendo consigo as primeiras porcas.

Na época, a atividade era complementar a muitas famílias, mas, com o tempo, a suinocultura passou a ser foco de muitas propriedades.

“Houve um salto muito grande. Primeiro, foi a genética. Na época, quando uma porca dava 12 ou 15 leitões por ano, pensávamos muito. Hoje, com o avanço da capacidade reprodutiva, fala-se em 37 leitões por ano”, observa.

Outro ponto destacado por Dariva é a evolução da biossegurança e da saúde animal, que deu mais segurança aos elos da cadeia produtiva. Além disso, o produtor aponta o alto grau de especialização induzido pela integração – em que o produtor se dedica a um ciclo produtivo específico.

“Antes, você fazia todos os ciclos do animal. Hoje, cada um passa por uma fase, fazendo com que o produtor se especialize cada vez mais. Isso trouxe eficiência ao processo produtivo”, destaca

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No caso do leite, além de Castro continuar no topo do ranking, a vizinha Carambeí apareceu, mais uma vez, em segundo lugar. Assim, mais do que uma “capital”, o Paraná tem uma megalópole do leite.

O volume impressiona: Castro capta 381,7 milhões de litros por ano, enquanto Carambeí produz 227,8 milhões de litros. Juntos, eles respondem por mais de 8% da produção nacional. É a bacia leiteira mais produtiva do país. Não é à toa que Castro é oficialmente reconhecida como Capital Nacional do Leite, por força de lei federal promulgada em 2017 pelo então presidente Michel Temer.

Baseada em investimentos constantes em genética, alimentação e bem-estar animal, a produção da megalópole se destaca pela produtividade, com rebanhos que atingem produtividade média superior a 40 litros por animal por dia.

Castro, por exemplo, tem menos vacas em lactação que Patos de Minas (terceiro no ranking) e a produção é 85% superior à do município de Minas Gerais. Carambeí tem metade do rebanho de Patos, mas também produz mais leite. Para efeito de comparação, se todo o leite produzido em Castro e Carambeí fosse consumido pela população local, cada habitante teria mais de 6.300 litros por ano.

“É uma região onde o arranjo produtivo está bem estabelecido, com laticínios e unidades de processamento. E tem como diferencial animais extremamente produtivos, com excelente genética, boas condições de alimentação, além do clima favorável”, observa Nicolle Wilsek.

O produtor Roelof Hermannes Rabbers é um exemplo desse avanço. Seus avós chegaram ao Brasil em 1953, trazendo no navio algumas cabeças de gado Holandês. Hoje, a família mantém 170 vacas em lactação, com média de 33 litros por animal por dia.

Em regime de semi-confinamento, o rebanho dos Coelhos sintetiza a tônica da produção leiteira em Castro: genética de ponta e nutrição de primeira. “Foi uma evolução natural, dia a dia, com suor e investimentos, até que Castro se tornou o que é hoje”, diz Rabbers.

O Paraná é o maior produtor de pescado do Brasil. Em 2021, 22% de toda a produção nacional foi retirada das águas do Paraná. O crescimento da atividade no Paraná tem sido de 20% ao ano. Se as previsões da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) se concretizarem, o volume de pescado criado no Paraná saltará para 376 mil toneladas até 2027.

Para Mariani Benites, do Sistema FAEP/SENAR-PR DTE, a nutrição e a genética ainda estão atrás do frango, o que abre uma margem significativa de crescimento nesse aspecto. Por outro lado, além dos gargalos do frango, com alto custo de produção, o pescado sofre com aspectos relacionados às licenças ambientais e outorgas de água.

“Temos algumas bacias saturadas. A perspectiva agora é que a atividade se espalhe para outras regiões. Tanto que o Sistema FAEP/SENAR-PR e a Embrapa Territorial estão elaborando um estudo de disponibilidade hídrica para ajudar a promover o desenvolvimento sustentável da atividade”, revela.

Integrante da Comissão Técnica de Aquicultura de Marechal Cândido Rondon, Edio Chapla vê potencial de expansão porque o pescado virou commodity, assim como o frango. No entanto, o fim da Tarifa Noturna Rural no estado, as dificuldades de acesso aos descontos federais de energia e os impedimentos relacionados ao licenciamento que dificultam a obtenção de financiamentos com juros subsidiados para investir em energia renovável, compõem a lista de gargalos, segundo o produtor.

“A piscicultura é uma das cadeias que mais demandam energia elétrica. A produção de pescado com alto preço na conta de luz acaba pesando no produtor rural, muitas vezes inviabilizando a atividade”, observa.

Um aspecto que desfavorece a produção de pescado é a falta de insumos para produtores independentes (que são minoria no Paraná). “Uma lagoa de 12.000 metros quadrados está atualmente sem peixes. Eu pesquei há 100 dias e é difícil encontrar alevinos, por causa do frio que foi mais intenso este ano”, destaca André Evangelista, também membro do CT de Aquicultura.

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