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Nutrição proteica em vacas leiteiras

Nitrogênio ureico como ferramenta na nutrição proteica de vacas leiteiras

O nitrogênio da uréia pode ser uma ótima ferramenta na nutrição proteica de vacas leiteiras, sabendo que nós da Agroceres Multimix vamos falar sobre esse tema neste post.

Na pecuária leiteira, o foco no lucro está relacionado à maximização da produção e redução dos custos com alimentação. Por influenciar diretamente na sanidade, na reprodução, na produção e na qualidade do leite, a nutrição tem papel de destaque, sendo um dos maiores desafios, além de ser o principal fator de eficiência dos sistemas intensivos de produção, pois pode representar até 70% dos custos. . A nutrição das vacas é complexa, principalmente pela preocupação em suprir dois sistemas distintos: o organismo do animal e os microrganismos presentes no rúmen.

Um manejo alimentar eficiente leva em consideração as exigências nutricionais (proteínas, carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas) de cada categoria animal, além da composição química do alimento, suprindo suas necessidades tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. As exigências das vacas variam de acordo com o estágio de produção e reprodução, portanto, mudanças de manejo e nutricionais, juntamente com o monitoramento constante das dietas, são de fundamental importância para evitar tanto o excesso quanto a deficiência de nutrientes e, dessa forma, não comprometer o animal e sua produção (Mota et al., 2002, apud Leão et al., 2014).

A proteína desempenha diversas funções no organismo, sendo um nutriente de fundamental importância. É considerado um dos nutrientes mais caros da dieta, por isso a formulação de dietas corretas é muito importante, não só pela questão econômica, evitando gastos desnecessários, mas também porque seu excesso (N) pode comprometer o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras. . Alguns estudos mostram que o excesso de proteína está relacionado a problemas de fertilidade em rebanhos leiteiros. O excesso de uréia parece atuar de duas maneiras: um efeito tóxico sobre o útero, influenciando seu pH e criando um ambiente inadequado para o desenvolvimento embrionário; e um efeito negativo no balanço energético do animal, uma vez que a excreção de cada grama de nitrogênio requer cerca de 7,4 kcal de energia metabolizável (Gonzalez, 2004).

Sua excreção em excesso também tem impacto ambiental negativo, além do gasto energético pelo animal para eliminar o excesso de N, energia que poderia ser direcionada para a produção de leite. Jonker e Kohm (1998), apud Gonzalez, 2004 estimam que cada unidade de nitrogênio da uréia no leite representa a necessidade de excreção de quase 90 gramas de proteína (equivalente a 180 gramas de farelo de soja).

Por outro lado, a deficiência proteica também pode afetar, além da composição do leite, a produção, pois limita a oferta de precursores para a síntese de leite na glândula mamária, de aminoácidos para a produção de proteína do leite e altera a utilização de leite. de nutrientes absorvidos.

Há alguns anos, o conceito de proteína bruta (PB) não era mais absoluto. Vacas leiteiras têm suas necessidades protéicas atendidas através da absorção no intestino delgado de frações proteicas não degradáveis ​​no rúmen (PNDR ou desviar), juntamente com a proteína microbiana, sintetizada a partir da proteína degradável do rúmen (PDR) (NRC, 2001). O equilíbrio entre essas duas frações, assim como sua composição, balanço de energia, vitaminas e minerais, interferem no metabolismo e utilização do nitrogênio pelo animal. Com isso, os aminoácidos livres presentes na corrente sanguínea serão absorvidos pela glândula mamária e farão parte da composição da proteína do leite.

Após a degradação da PDR, a amônia produzida, juntamente com alguns pequenos peptídeos e aminoácidos livres, é utilizada pelos microrganismos do rúmen para sintetizar proteínas microbianas, dependendo principalmente da disponibilidade de energia. Portanto, é necessário um bom equilíbrio de proteína e energia para aumentar a eficiência de uso da amônia liberada, resultando em maior síntese de proteína microbiana. Dentre os carboidratos, o amido parece ser a melhor fonte de energia utilizada pelos microrganismos ruminais para converter amônia em proteína microbiana, pois possui taxa de liberação de energia próxima à taxa de liberação de amônia, a partir de compostos como a uréia, com rápida hidrólise em ambiente ruminal (Aquino 2005).

No entanto, quando há maior taxa de degradação proteica em relação à taxa de produção microbiana de proteína, seja por excesso de proteína dietética ou limitação energética, haverá excesso de produtos metabólicos, principalmente a amônia, que é tóxica ao organismo. animal. Essa amônia resultante será absorvida pelo epitélio ruminal, direcionada ao fígado, transformada em uréia e eliminada pela urina, parte da qual poderá retornar ao rúmen na forma de uréia, via saliva. Juntamente com a proteína microbiana, a PNDR deixa o rúmen e percorre o trato gastrointestinal, sendo os aminoácidos resultantes de sua digestão absorvidos no intestino. O perfil desses aminoácidos é de grande importância para sua utilização na síntese proteica do leite. O perfil inadequado ou excesso de PNDR resulta em aumento da excreção de nitrogênio, também na forma de uréia. Por ser solúvel em água, essa uréia também pode se difundir pelos tecidos e, em vez de ser excretada na urina, resultará em aumento do volume sanguíneo. nitrogênio da uréia no plasma e no leite. (Leão et al., 2014).

nitrogênio ureico - imagem de um intestino

Desta forma, o nitrogênio da uréia no leite (NUL), por ser um produto da degradação da proteína, pode ser uma importante ferramenta no manejo de rebanhos leiteiros, principalmente na adequação da nutrição proteica de vacas em lactação. Entre os pontos favoráveis ​​estão: o fato de ser um método não invasivo, realizado a partir de amostragem de leite; e tem uma alta correlação com o nitrogênio da uréia no plasma e pode ser usado como um indicador simples, barato e rápido do estado nutricional proteico de vacas (Roseler et al., 1993). apud Leão 2014).

É possível usar os resultados da análise de nitrogênio da uréia (NUL) para fazer ajustes finos nas dietas, reduzindo os custos de alimentação quando o NUL é alto e mantendo o nível de produção de leite. No entanto, para usar os valores de nitrogênio da uréia (NUL) com segurança, é fundamental conhecer os fatores nutricionais e não nutricionais que influenciam sua concentração. Raça, produção de leite, estágio de lactação e concentrações de proteína e gordura no leite podem alterar a concentração de NUL, pois este é um indicador da eficiência do uso do nitrogênio, que varia de acordo com o estado fisiológico e metabólico. do animal. Temporadas; sistema de produção (em pastagens ou nitrogênio da uréia (NUL) normalmente aumenta em função de NNP mais alto); sistema de alimentação (TMR ou concentrado separado do volumoso); tempo de amostragem (dietas ricas em PDR têm um pico nitrogênio da uréia cerca de 1 a 2 horas após a alimentação, enquanto as dietas ricas em PNDR atingem o pico em cerca de 6 a 8 horas, de modo que o leite da manhã pode ter concentrações NUL diferentes do leite da tarde) e método de análise; também interferem nos valores NUL (Meyer, 2003).

Algumas questões devem ser respondidas antes de ajustes mais precisos nas dietas, tais como: a dieta está adequadamente formulada para o nível de produção alcançado? Foram realizadas análises das forragens e subprodutos para conhecer os verdadeiros valores proteicos? A mistura da dieta está sendo feita corretamente? As vacas estão consumindo exatamente o que foi formulado?

O nitrogênio da uréia (NUL) amostrado mensalmente em tanques de resfriamento nas fazendas pode ser usado para medir a eficiência da utilização da proteína dietética, pois está intimamente relacionada à excreção de N na urina (Patton et al., 2014). No entanto, analisando a nitrogênio da uréia (NUL) com coletas individuais, calculando posteriormente uma média por lote, seria o ideal. A média do lote oferece uma análise melhor do que a média do tanque, pois as dietas geralmente não são as mesmas para todo o rebanho.

Segundo alguns autores (Jonker et al., 1998; Godden et al., 2001 apud Almeida, 2012), os valores de referência considerados normais para o nitrogênio da uréia (NUL) estão entre 10 e 14 mg/dL e tanto altas quanto baixas concentrações de NUL podem significar problemas nutricionais em rebanhos leiteiros. A combinação dos valores NUL com os teores de proteína do leite seria uma forma mais precisa de interpretar esses dados, como pode ser visto na tabela abaixo (Tabela 1).

Tabela 1: Interpretação dos diferentes níveis de NUL (em mg/dL) associados aos valores de PB do leite (em porcentagem), para avaliar as características da dieta.

proteína do leite

NULO

10 > NULO

NULO >14

PB ou PDR baixo

Baixo CP, energia ou aminoácidos (AA)

Alto PB ou PDR, baixa energia ou desequilíbrio AA

> 3,2

Equilíbrio AA, baixo PDR ou alta energia

Equilíbrio AA, energia adequada

Alto PB, PDR ou baixa energia

(Hutjens, 1996, apud González, 2004)

Em geral, um rebanho apresenta altos níveis de nitrogênio da uréia (NUL) quando as vacas não utilizam a proteína de forma eficiente, excretando grandes quantidades de nitrogênio na urina. Valores elevados podem estar relacionados ao excesso de proteína bruta na dieta (tanto RDP quanto RNP), perfil de aminoácidos inadequado da RNP (baixa qualidade protéica), limitação energética para utilizar toda amônia disponível, baixa taxa de fermentação de carboidratos não fibrosos, proporção proteína:energia aumentada. Por outro lado, valores baixos de nitrogênio da uréia (NUL), pode estar relacionado à baixa proteína bruta na dieta, quantidades limitadas de PDR e PNDR, excesso de energia, alta taxa de fermentação de carboidratos não fibrosos no rúmen. Obviamente, valores baixos também podem indicar melhor eficiência no uso do nitrogênio dietético, devido a um bom equilíbrio da dieta.

Çconsiderações finais

O nitrogênio da uréia no leite é uma ferramenta importante, barata, simples e de rápida execução para monitorar a nutrição proteica em vacas leiteiras. A avaliação do NUL pode identificar baixa eficiência de utilização de nitrogênio pelas vacas. Dessa forma, um ajuste na dieta pode resultar em maior produção ou economia de nutrientes, principalmente proteína, que é um dos ingredientes mais caros, proporcionando maior lucro ao produtor.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

Revisão da literatura

ALMEIDA, R.. II Formuleite – II Simpósio Internacional de Formulação de Dietas para Bovinos Leiteiros: Nitrogênio ureico no leite como ferramenta para ajuste da dieta. 2012. (Simpósio).

AMORIM, DNS Uma ferramenta de gestão ambiental e nutricional, O caso de São Miguel Dissertação de Mestrado em Saúde e Segurança Ambiental. Ponta Delgada 2008. 81f

Aquino, AA. Efeito de níveis crescentes na dieta de vacas em lactação na produção, composição e qualidade do leite. Dissertação de mestrado, Pirassununga, 2005. 90f.

GONZÁLEZ, FHD O leite pode refletir o metabolismo da vaca? In: DURR, JW, CARVALHO, MP, SANTOS, MV Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 195-209.

LEÃO, GFM, NEUMANN, M., ROZANSKI, S. et al. nitrogênio da uréia no leite: Aplicações na nutrição e reprodução de vacas leiteiras. Agricultura científica no semiárido – ISSN 1808-6845, v. 10, nº. 2, pág. 29-36, junho de 2014.

MEYER, PM Fatores não nutricionais que afetam as concentrações de nitrogênio ureico no leite. Tese de Doutorado em Agronomia. Escola Superior de Agricultura Luiz de Ueiroz. Piracicaba, 2003.

CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA – NRC. Exigências nutricionais de gado leiteiro. 7.rev.ed. Washington, DC: 2001. 381p

PATTON, RA e HRISTOV, AN Alimentação e balanceamento de proteínas para aminoácidos em vacas leiteiras em lactação. vet Clinic Food Anim., v.30, pág. 599-621, 2014.

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