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Mercado de etanol sofre baixa e gasolina ganha espaço com ICMS menor

Segundo projeções da StoneX, em São Paulo, a mudança nas taxas, de 25% para 17% para 18%, favoreceu o crescimento dos fósseis, que proporcionaram paridade acima de 70% em boa parte do Centro-Sul.

A análise da consultoria simula o comportamento de consumo do Ciclo Otto para o último trimestre de 2022.

Com a redução dos valores cobrados nas bombas, a demanda por gasolina apresentou resultado positivo no primeiro semestre deste ano e deve se manter estável no segundo semestre.

Outro fator apontado é a baixa elasticidade-preço dos combustíveis fósseis, o que faz com que os preços, mesmo elevados, tenham pouco impacto no consumo.

A StoneX estima um consumo total de hidratado de 15,13 milhões de m³ em 2022, uma queda de 0,7% em relação a 2021.

“Com isso, a participação do hidratado no consumo do Ciclo Otto apresentaria queda de 1,3 ponto percentual, fechando em 26,4%”, destaca a consultoria.

No primeiro semestre de 2022, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) registrou que as vendas de gasolina comum totalizaram 19,7 milhões de m³. O número indica crescimento de 10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Quanto ao etanol, houve redução na demanda por biocombustível. No primeiro semestre de 2022, as vendas de etanol totalizaram 7,7 milhões de m³, representando uma queda de 15,7% em relação ao mesmo período de 2021.

A queda de renováveis ​​no mercado está relacionada ao aumento dos preços do hidratado devido à diminuição da oferta com a quebra antecipada da safra de cana-de-açúcar em 2021.

“A partir de novembro/21, quando não havia mais moagem no Centro-Sul, até o início do novo ciclo da cana-de-açúcar, os preços do etanol começaram a subir, causando recordes históricos para o biocombustível”, explica StoneX.

O cenário de baixa oferta fez com que as vendas do biocombustível fossem prejudicadas e os preços elevados resultaram na perda de competitividade do etanol em relação ao seu equivalente fóssil.

“Desde o final de junho, o mercado vem sendo marcado por uma queda significativa nos preços da gasolina C ao consumidor final, motivada tanto pela redução das tarifas estaduais (…) preços aos distribuidores”.

Na ante-sala da live semanal da epbr, a consultora de gestão de riscos da StoneX, Ligia Heise, ressaltou que a expectativa para o próximo ano é que o mix seja mais açucarado e ainda não competitivo com o etanol.

“Devemos entrar em um ano de superávit de açúcar. Com a safra de cana aumentando, a oferta de etanol no mercado interno tende a aumentar”, disse.

ICMS sobre combustíveis

Em junho, foi promulgada a Lei Complementar 194/2022, que na prática estabelece um teto de 17% a 18% sobre a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis.

O ICMS é um imposto estadual que está incluído no valor da maioria dos produtos vendidos no país. A arrecadação tributária serve, por exemplo, para financiar políticas públicas nos estados.

No entanto, o governo vetou os dispositivos que previam compensação financeira aos estados que reduzissem os impostos federais sobre o setor.

Impactos do mercado

A redução de impostos acabou beneficiando o mercado de gasolina e com isso, o preço do etanol sofreu uma queda de 13%, fazendo com que a paridade entre os produtos, em julho, ficasse em média em 68,9%.

Segundo StoneX, a queda significativa no valor da gasolina comum ao consumidor final também se deve à deterioração dos preços de venda da Petrobras às distribuidoras. A redução pode ter sido motivada pelo preço internacional da gasolina no mercado, que recuou.

A consultoria estima que, em 2022, a demanda por gasolina no Centro-Sul será de 29,4 milhões de m³, ou seja, um aumento de 5,4% em relação ao ano passado. Se a previsão se confirmar, o consumo de gasolina será o maior desde 2017.

Para hidratado, StoneX projeta consumo de 4,3 milhões de m³, alta de 31,1% em relação ao mesmo período de 2021. Assim, a participação do hidratado no consumo do Ciclo Otto cairia 1,3 ponto percentual, fechando em 26,4% ao final de 2022 .

Perspectivas futuras

A tendência de alta dos preços dos biocombustíveis ocorre dentro da sazonalidade da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul. Com a safra já encerrada, a oferta de etanol tende a diminuir.

O mercado calcula que o processamento da cana-de-açúcar deve continuar até dezembro, quando o setor inicia a entressafra. Durante o período, o hidratado pode ter disponibilidade limitada, gerando alta nas negociações.

EPE eleva previsão de consumo de combustível

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aumentou suas projeções de consumo de diesel e gasolina para 2022. A revisão reflete maior otimismo com a economia e os efeitos da desoneração do imposto sobre combustíveis.

O crescimento das vendas de diesel está estimado em 2,4% este ano e 3,6% para 2023. Cenário melhor do que o projetado em agosto, quando a EPE projetava alta de 1,2% para 2022 e 1,1% para 2023.

O estudo Perspectivas do Mercado Brasileiro de Combustíveis para o Curto Prazo, publicado bimestralmente, cita alguns sinais de melhora da economia para 2022. Veja o texto completo (.pdf).

Para 2023, a expectativa é que haja uma desaceleração econômica. A projeção é de aumento da demanda devido à previsão de safra recorde, recuperação do transporte público e entrada de novos projetos de infraestrutura hidroviária e ferroviária.

O crescimento do consumo de diesel ocorre em meio às perspectivas de preços elevados. E o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) — a “prévia do PIB” — registrou retração de 1,13% em agosto, na comparação mensal.

Para a gasolina, a previsão de alta em 2022 passou de 1,6% para 3,1%, refletindo a isenção do combustível. Para o próximo ano, porém, a EPE projeta retração de 6,1% nas vendas, ante a projeção de queda de 4,7% em agosto.

É a gasolina ganhando mercado no Ciclo Otto, onde concorre com o etanol hidratado. A previsão para a demanda total de combustíveis permaneceu inalterada: crescimento de 1,5% em 2022 e 0,4% em 2023.



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