Fiagros sobem até 9% em agosto; ver os mais rentáveis, os maiores dividendos e os que podem chegar ao mercado; veja dicas de como escolher um Fiagro
Os chamados Fiagros, fundos que investem em cadeias produtivas agroindustriais, ganham cada vez mais adeptos no mercado. O número de investidores chegou a 94,1 mil em agosto, segundo o Boletim Mensal da B3, divulgado esta semana. É três vezes mais do que os 30.700 registrados no início deste ano. Desse total, 93,5 mil são investidores pessoas físicas, um salto de mais de 1.000% em relação aos 8 mil CPFs que o setor tinha em outubro de 2021, quando o primeiro Fiagros estreia na Bolsa. Os fundos foram regulamentados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em julho do ano passado.
Segundo a B3, a atual base de investidores desses fundos é composta majoritariamente por pessoas físicas, que representavam 91% da posição custodiada em agosto, seguida por investidores institucionais (7,8%), instituições financeiras (0,3%), investidores não residentes (0,1%) e outros (que inclui pessoas jurídicas não financeiras) com participação de 0,7%.
“Primos” dos fundos imobiliários, os Fiagros se popularizaram por conta da distribuição de dividendos, segundo especialistas, já que os pagamentos costumam ser recorrentes – em muitos casos, mensais – além de isentos de imposto de renda. Até agosto, 23 Fiagros eram negociados no pregão da B3, segundo o boletim.
Fora da Bolsa de Valores, negociadas no mercado de balcão, ainda existem 16 Fiagros registrados na CVM e em operação, segundo levantamento da plataforma Quantum Axis.
O volume total negociado na Fiagros até agosto atingiu R$ 1,220 bilhão. Somente em agosto, a Fiagros movimentou R$ 285,8 milhões, quase cinco vezes mais que os R$ 61,9 milhões registrados em janeiro. Os três Fiagros mais negociados no mês foram BB FI Credito Fiagro (BBGO11), BTG Pactual Credito Agricola Fiagro (BTAG11) e Devant Fiagro (DCRA11).
O fundo mais rentável foi o XP Crédito Agrícola, da XP Asset Management, que acumulou uma valorização de 9,44% no mês. Confira abaixo quais foram os dez Fiagros com melhor desempenho em agosto:
Os Fiagros que mais pagaram dividendos
A Fiagros tem a obrigação de distribuir anualmente 95% do lucro, sem recorrência definida. De acordo com Anna Clara Tenan, analista de Fiagros e FIIs da Órama, a maioria dos gestores opta por fazer pagamentos mensais. “Nas ofertas públicas, os gestores indicam como pretendem distribuir, se mensal ou trimestralmente. Ou seja, existe uma política”, destaca.
Os dividendos da Fiagro são isentos de imposto de renda e com a Selic alta, vinham pagando dividendos generosos. O motivo é que a rentabilidade de grande parte das carteiras está atrelada ao CDI, indicador de referência que acompanha os movimentos da taxa básica de juros.
Considerando os Fiagros que investem em CRAs (Certificados de Receíveis do Agrinegócio), conhecidos por entregar os maiores dividendos, 87% dos fundos ofereciam rentabilidade CDI mais juros de 5,4% ao ano até junho de 2022, enquanto apenas 13% estavam atrelados à inflação indicadores, com rentabilidade do IPCA mais 8,8% ao ano. Os dados foram coletados pela Órama.
Segundo Anna Clara, considerando os dividendos pagos por todos os Fiagros negociados na Bolsa de Valores em agosto, o dividend yield (taxa de retorno do dividendo) foi, em média, 1,26% no mês, equivalente a 126% do CDI.
A Fiagro que mais pagou dividendos foi a CPTR11, da Capitânia Investimentos, com dividend yield mensal de 1,70% em agosto. Confira os melhores pagadores de dividendos de agosto abaixo:
Como escolher um Fiagro?
Embora a análise de dividendos seja importante para entender o histórico dos fundos, analistas apontam que, na hora de escolher um Fiagro para obter renda mensal, outros fatores contam. Atualmente, a maioria dos Fiagros listados é “papel”, investindo em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
Anna Clara, da Órama, cita a importância de entender a composição das carteiras da Fiagros: quantas e quais CRAs fazem parte delas e se há risco de concentração em poucos ativos. “O investidor pode encontrar esses dados nos relatórios gerenciais mensais. Se um relatório tem poucas informações ou não é transparente, já é um ponto de atenção”, destaca o analista.
O analista também destaca a importância de conhecer a experiência dos gestores no mercado. Ela cita que gestores com expertise no mercado imobiliário, com os FIIs CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), acabaram trazendo o conhecimento da análise de crédito para o mercado Fiagros.
Outro destaque, segundo o analista, são os Fiagros dos gestores que conseguem originar suas próprias operações de crédito, sem depender de outras instituições do mercado. “Alguns gestores têm como política reverter essa taxa de estruturação da transação e distribuí-la como receita aos acionistas. Eles conseguem tirar o melhor proveito das operações”, comenta.
Sobre os riscos, Anna Clara afirma que as garantias dos CRAs Fiagros também devem ser observadas pelo investidor – se o bem colocado em garantia estiver bem localizado, fácil de vender ou se estiver em mau estado.
Da mesma forma, a concentração de portfólio também conta. Por se tratar de um produto novo no mercado, a Fiagros não costuma ter mais de dez CRAs em seu portfólio. “Quanto mais diversificado o Fiagro, melhor. Se um Fiagro tem dois ativos e um inadimplente, pode ser um problema”, diz Anna Clara.
Em relação aos dividendos, Maria Fernanda Violati, analista de fundos imobiliários e fundos listados na XP, destaca a importância de os investidores não só observarem o valor em si, mas também a capacidade da Fiagro de honrar os compromissos futuros, as garantias prestadas, a qualidade dos credores e suas capacidade financeira, além de riscos como clima e liquidez.
Adaptado de InfoMoney
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