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Cultivo consorciado de café com macadâmia é 215% mais produtivo e 3,2 vezes mais rentável que o sistema tradicional

Após 13 anos de estudos, pesquisa liderada pela APTA Regional, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostra que o consórcio de café com macadâmia é uma opção viável para os produtores rurais paulistas. Os sistemas consorciados foram mais produtivos que os monocultivos, chegando a 215% a mais de produtividade e rendimento até 3,2 vezes maior em condições sem irrigação. O consórcio também oferece a possibilidade de seqüestro de sete toneladas de dióxido de carbono por hectare por ano. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Food and Energy Security.

Segundo o pesquisador da APTA Regional de Bauru, Marcos Perdoná, os resultados foram alcançados por meio de um experimento de longa duração instalado em um produtor rural do município paulista de Dois Córregos. “Após 13 anos de trabalho e a colheita de dez lavouras de café e macadâmia, conseguimos tirar muitas dúvidas sobre os sistemas e chegar a resultados bastante consistentes, que comprovam que o consórcio de café e macadâmia traz benefícios agronômicos, econômicos e ambientais . ”, diz o pesquisador da APTA Regional, líder do projeto ao lado do professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu), Rogério Soratto.

Perdoná explica que no consórcio as duas culturas podem alcançar uma complementaridade mais efetiva no uso de recursos ambientais como nutrientes, água e luz, principalmente quando há uma exploração temporal e espacial desses recursos. “O consórcio de café com macadâmia demonstrou resultar não apenas em melhores condições ambientais, mas também em maior produtividade de café e macadâmia. Isso proporciona maior rentabilidade e retorno mais rápido do investimento quando comparado à monocultura de café, tanto irrigada quanto de sequeiro, aumentando a eficiência no uso da terra e da água na fase inicial”, afirma.

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Segundo o pesquisador, o trabalho mostrou que, no consórcio, os cafeeiros se beneficiam da redução da velocidade do vento em até 60%, já que as nogueiras funcionam como quebra-ventos. “Além disso, nos primeiros anos, são protegidos do calor excessivo, produzindo 10% a mais do que os cafeeiros a pleno sol. Para as nogueiras, os benefícios são ainda maiores. Eles aproveitam a adubação e os tratamentos fitossanitários realizados nos cafeeiros, reduzem o período juvenil e iniciam a produção aos três anos”, diz Perdoná.

Os estudos também mostraram que esse tipo de consórcio apresentou resultados agronômicos e econômicos superiores ao cultivo de café simples, com aumento da eficiência do uso da terra em 2,6 vezes, maior rentabilidade e retorno mais rápido do investimento, aumento de 10% na produtividade do café sob sequeiro condições, expansão da produção de macadâmia em 51 e 27%, em condições com e sem irrigação, respectivamente.

Os ganhos foram tão promissores que os pesquisadores afirmam que é possível transformar a bienal do café. “Dizemos que o café é uma safra bienal, ou seja, em um ano tem uma safra com alta produtividade e no outro com baixa. Quando o café é consorciado com macadâmia, transformamos todos os anos em anos com duas safras agrícolas, produzindo café e macadâmia na mesma área”, explica o pesquisador.

O sistema é altamente sustentável

Do ponto de vista ambiental, o sistema consorciado traz uma série de vantagens, como melhor ciclagem de nutrientes e captura de carbono. Perdoná explica que o café é considerado uma cultura neutra em termos de sequestro de carbono, porém, a macadâmia sequestra grande parte desse gás do meio ambiente. Dessa forma, o consórcio pode contribuir decisivamente para o sequestro de carbono da atmosfera, pois cada hectare de café consorciado com macadâmia pode sequestrar anualmente entre 6,7 Mg de CO2 a mais do que os cafeeiros solteiros.

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“Na maioria dos países, o café é sombreado, mas a cafeicultura brasileira está em pleno sol (monocultura). Se apenas 10% da área cultivada com café no Brasil adotasse a prática do consórcio com macadâmia, mais de 1,5 Tg de CO2 seriam retirados da atmosfera anualmente. Isso representa muito mais do que muitos programas de reflorestamento, além de aumentar a produção de alimentos, melhorar o uso dos recursos naturais e gerar mais renda para os produtores”, afirma o pesquisador.

O sombreamento proporcionado pelas macadâmias também reduz a necessidade de herbicidas para controlar as ervas daninhas do cafeeiro. “Além disso, nossos resultados mostram uma melhora nos índices de produtividade ao comparar sistemas sem irrigação. O microclima alcançado pelo consórcio melhora consideravelmente a produtividade do cafeeiro nos primeiros anos”, afirma.

Diante dos indicadores, os pesquisadores concluíram que o sistema consorciado é mais estável e eficiente, melhorando a segurança alimentar com melhor aproveitamento dos recursos, intensificação da produção e entrada de recursos econômicos para os agricultores, além de oferecer serviços ecossistêmicos.

Várias modalidades

As vantagens encontradas no estudo chamaram a atenção dos produtores rurais paulistas. Muitos produtores já adotaram o sistema em vários municípios de regiões cafeeiras como Garça, Franca, Mogiana e Alta Paulista.

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“Existem vários tipos de consórcio. O que usamos neste estudo em Dois Córregos tinha a estratégia de que o café pagaria o estabelecimento do pomar de macadâmia nos primeiros anos da safra e que após 13 anos seria retirado para que apenas as nogueiras ficassem em a área. Esta é uma modalidade. Mas há produtores, por exemplo, que têm a estratégia de manter um consórcio permanente, por isso adotam um espaçamento maior entre as fileiras de macadâmia”, explica.



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