creep-feeding para cordeiros

creep-feeding para cordeiros Saiba Mais

creep-feeding para cordeiros

A crescente demanda por carne ovina, registrada nos últimos anos, impulsionou o aumento da produção de cordeiros para abate, gerando a necessidade de melhoria nas técnicas de produção. Para que o sistema de cria e terminação de cordeiros em confinamento seja realizado com êxito, alguns fatores relacionados ao manejo nutricional do rebanho devem ser cuidadosamente respeitados pelo produtor; dentre os quais podemos destacar a condição da ovelha durante a gestação e lactação e o crescimento do cordeiro até a desmama.

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A alimentação dos cordeiros durante o período de aleitamento é extremamente importante para que a desmama seja realizada com sucesso e os animais apresentem as condições necessárias para serem terminados em confinamento.


Durante o primeiro mês de vida o cordeiro depende basicamente do leite materno. A partir desse período ocorre um aumento gradativo no consumo de alimento sólido, o qual é acompanhado pela elevação do peso corporal e das exigências nutricionais. Em geral, cordeiros começam a consumir quantidades significativas de ração ao redor dos 10 a 14 dias de idade, sendo o consumo inversamente proporcional à ingestão de leite.


O rápido crescimento do cordeiro nos primeiros meses de vida aliado à redução na produção de leite da ovelha, a partir da terceira semana pós-parto, tornam a técnica de alimentação privativa, conhecida como “creep-feeding“, indispensável dentro do sistema produtivo.

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A alimentação privativa ou “creep feeding” é o sistema de alimentação utilizado durante a fase de aleitamento no qual as crias recebem uma suplementação. Esta prática caracteriza-se pelo fato de apenas os cordeiros terem acesso à ração (concentrado próprio para a fase inicial), o que se faz possível pela oferta de alimento em cocho cercado.


O sistema fundamenta-se na curva característica de lactação das ovelhas, cujo pico de produção ocorre entre a terceira e a quarta semana após o parto, sendo que 75% do total de leite é produzido nas oito primeiras semanas da lactação. Além disso, deve se considerar o fato de que o aumento no número de crias por parto não é acompanhado pelo aumento proporcional na produção de leite.

Ovelhas com duas crias produzem cerca de 20 a 40% a mais de leite do que ovelhas com partos simples.


Concomitantemente à diminuição da produção de leite da ovelha, ocorre o aumento das necessidades de ingestão de matéria seca por parte do cordeiro, em virtude do seu crescimento, fato que o força a substituir a dieta líquida pela sólida.

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A ração do “creepfeeding” geralmente é oferecida às crias uma semana após o nascimento para estimular o desenvolvimento precoce do rúmen, o qual depende da habilidade desses animais em consumir e utilizar o alimento sólido, e suplementar a ingestão de nutrientes para um crescimento mais acelerado.


A técnica da alimentação privativa quando utilizada de maneira correta proporciona diversos benefícios dentro do sistema de produção.

O aumento da taxa de crescimento dos animais durante a fase de aleitamento possibilita que estes sejam desmamados com maior peso corporal.

Neres et al. (2000) compararam o desempenho de cordeiros desmamados aos 56 dias com e sem acesso ao alimentador privativo e obteve peso à desmama de 25,60 e 18,30 kg, respectivamente.

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Outra vantagem da utilização da alimentação privativa está relacionada ao fato de que o animal exposto à dieta sólida desde os primeiros dias de vida apresentará melhores condições de adaptação durante a fase de terminação.

O período da desmama é bastante delicado, uma vez que a separação entre a cria e a mãe gera uma situação de estresse, com reflexos negativos sobre o consumo de matéria seca e o sistema imunológico do animal, tornando-o mais susceptível às adversidades do meio ambiente.


Mudanças abruptas na dieta durante essa fase pode afetar negativamente o  desempenho dos animais por até duas semanas.

Desta forma, a utilização do “creepfeeding” permite que o animal apresente maior peso corporal no início do confinamento e esteja adaptado ao tipo de ração que será fornecida durante a engorda, reduzindo desta forma os efeitos deletérios decorridos da desmama.

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Para que o consumo do concentrado inicial seja elevado, as dietas fornecidas no alimentador privativo devem apresentar boa aceitabilidade e estar ao alcance dos cordeiros durante todo o tempo. Além disso, o concentrado deverá ter energia elevada e conter teores adequados de proteína, minerais e vitaminas.

A utilização de um ingrediente palatabilizante, como o melaço de cana-de-açúcar, contribui para aumentar o interesse do animal pela ração, elevando o consumo voluntário.


Outro fator de grande relevância é a forma de processamento do milho grão. A recomendação é que este seja parcialmente processado, ou seja, quebrado, triturado ou moído grosso.

Como não é utilizado nenhum tipo de forragem na ração inicial, o fornecimento do milho grão com partículas de tamanhos maiores, estimula o desenvolvimento das papilas do rúmen, acelerando a atividade ruminal.

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A seguir são apresentadas alguns exemplos de concentrado inicial que podem ser utilizados no “creep-feeding” (Tabela 1).
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Tabela 1: Exemplos de fórmulas de concentrado inicial para utilização no “creepfeeding” (% da matéria original)


O desenvolvimento do rúmen está diretamente relacionado ao consumo de leite e de alimentos sólidos. De acordo com Susin (2001), o consumo de alimento sólido não é significativo até 3 semanas de idade; entretanto, as pequenas quantidades ingeridas são muito importantes para estabelecer a função ruminal e o hábito de ingestão.


Avaliando o desempenho de cordeiros da raça Santa Inês alimentados em sistema de “creep-feeding”, Mendes et al. (2003) observaram consumo médio diário de 127 g durante o período de aleitamento.

Nas duas semanas que seguiram à desmama, efetuada aos 56 dias, os cordeiros aumentaram consideravelmente o consumo do concentrado inicial, apresentando média diária de 480 g.

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Estes resultados evidenciam a importância da utilização da alimentação privativa durante o período de aleitamento, uma vez que o consumo de alimento sólido é o melhor critério para desmamar cordeiros precocemente.


O fornecimento do concentrado inicial é tão importante quanto a localização do alimentador privativo (“creep”), o qual deve ser de fácil acesso, colocado em local com boa luminosidade, sombreado e próximo ao ponto de descanso de rebanho, de modo que a mãe possa ver suas crias e vice-versa. Além disso, é necessário que as crias tenham disponível água limpa, fresca e à vontade.


O comedouro privativo pode ser construído com diversos tipos de materiais, como por exemplo madeira, tela de arame, barras de ferro.

O importante é que atenda o objetivo principal, que é possibilitar o acesso exclusivo das crias e que a entrada seja ajustável ao tamanho das crias em função da idade.

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As dimensões podem variar em função do material utilizado na estrutura e na localização do alimentador, conforme apresentado na figura 1.


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Figura 1: Alimentador privativo (“creep”) utilizado em confinamento ou pastagens.


Considerando o elevado crescimento apresentado pelos animais jovens e visando ganhos de peso acelerado, a utilização da técnica de alimentação privativa ou “creep-feeding” se coloca como uma ferramenta tecnológica indispensável para atender os objetivos propostos nos atuais sistemas de produção de ovinos.


O fornecimento do concentrado inicial através do alimentador privativo permite que os animais sejam confinados logo após a desmama sem afetar o desempenho, garantindo desta forma, maior sucesso durante a fase do confinamento e possibilitando redução nos custos com alimentação e mão-de-obra durante a fase de terminação, gerando maior retorno econômico da atividade.

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