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Com Bolsonaro em silêncio, caminhoneiros interditam rodovias para contestar…

Por André Romani e Rafaella Barros

SÃO PAULO (Reuters) – Caminhoneiros a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) interromperam ou atrapalharam o fluxo de veículos em algumas rodovias do país nesta segunda-feira para contestar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, em um movimento sem liderança clara e que não conta com a adesão de toda a categoria.

Participantes do protesto questionam a derrota de Bolsonaro e pedem intervenção militar, já que o presidente permanece em completo silêncio e ainda não reconheceu o resultado da votação, quase 24 horas após o fechamento das urnas para a votação de domingo.

A movimentação desta segunda-feira guarda certa semelhança com tentativas anteriores de greves nacionais na categoria, mas com sinais mistos. Nos últimos anos, grupos mais ligados ao governo Bolsonaro rejeitaram tentativas de greve de motoristas insatisfeitos com os sucessivos aumentos de preços dos combustíveis promovidos pela Petrobras. Agora, esses grupos ligados ao presidente estão tentando fazer uma greve.

As greves começaram na noite de domingo, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oficializar a vitória de Lula. A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) incentivou os caminhoneiros a se manifestarem em um post no Twitter durante as primeiras horas da manhã. “Parabéns, caminhoneiros. Fiquem, não desistam”, disse ela.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que os bloqueios são eminentemente políticos e não apresentam pretensões econômicas, e estariam causando danos ao Brasil.

“Quem preside o Brasil neste momento é Jair Messias Bolsonaro. A responsabilidade é dele e dos órgãos que ele governa, então ele tem que resolver isso para não prejudicar a população”, disse o deputado em entrevista coletiva.

DESLIGAMENTOS

As manifestações foram maiores em Mato Grosso e Santa Catarina, segundo informações de caminhoneiros e concessionárias que administram rodovias nos dois estados.

Manifestantes incendiaram pneus em trechos da BR-163 em Mato Grosso. A rodovia é uma importante rota de transporte de produtos do agronegócio mato-grossense para os portos do Arco Norte, como Miritituba, em Itaituba, no Pará.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), os protestos são espontâneos e não são organizados por entidades agropecuárias.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que é uma “ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria de caminhoneiros autônomos de não aceitação dos resultados”. das urnas”. A entidade já havia promovido pedidos de greve contra os preços dos combustíveis.

Segundo Dahmer, a agenda permanente dos caminhoneiros “não é política, mas econômica”, que inclui reivindicações como consolidação da tabela de piso mínimo de frete e redução do preço dos combustíveis.

Procurada, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que mantém um diálogo mais próximo com o governo Bolsonaro, disse que se reunirá para avaliar a situação. A entidade não disse se apoia as manifestações.

A CNTA divulgou balanço às 9h informando 19 pontos de interdição nas rodovias do país, sendo 6 em Mato Grosso, 6 em Santa Catarina, 2 no Rio Grande do Sul, 2 no Paraná, 1 em Minas Gerais e 1 no Rio de Janeiro.

A concessionária Rota do Oeste, que administra a BR-163 em Mato Grosso, confirmou em balanço às 8h50 o fechamento nos seguintes pontos: Nova Mutum, na altura dos kms 594 e 602; Lucas do Rio Verde, no km 691; Sorria, km 746; e Sinop, no km 835. A empresa também mencionou o bloqueio da BR-364 no km 395 e da Rodovia dos Imigrantes, Trevo do Lagarto, km 524 da BR-070.

Segundo a Rota do Oeste, também houve bloqueio em Rondonópolis na altura do km 119, mas a via foi liberada posteriormente.

Em Santa Catarina, a concessionária Arteris, que administra um trecho da BR-101 no estado, informou bloqueio total nos dois sentidos, no km 5, de Garuva. A empresa também citou interrupção no km 116, em Itajaí; no km 24,5, em Joinville; e no km 216, em Palhoça. A Arteris também citou “bloqueio total” no km 7 da BR-116, na cidade de Mafra (SC).

Na Via Dutra, um protesto impediu o fluxo nos dois sentidos em um trecho próximo a Barra Mansa (RJ), segundo boletim às 9h19 da concessionária de rodovias CCR RioSP, da CCR. As manifestações geraram cerca de 26 quilômetros de atraso ao todo e uma operação de contingência foi implantada no km 303 da pista sentido Rio de Janeiro para desviar o tráfego, segundo a concessionária.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou por volta das 10h que foram registradas situações de “bloqueio/aglomeração” em 12 estados, incluindo o Distrito Federal, com 70 pontos no total. A corporação, que promoveu centenas de ações no dia anterior para investigar ônibus com eleitores apesar da interdição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não mencionou bloqueios de manifestantes no Nordeste nesta segunda-feira.

A PRF disse em comunicado à imprensa no final da manhã que “acionou a Procuradoria Geral da República em todos os estados onde foram identificados pontos de bloqueio” para obter decisões judiciais para “garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias federais brasileiras”.

No estado de São Paulo, a PRF citou dois focos de manifestações anteriores nas rodovias federais BR-153 e BR-116, mas disse que os trechos já foram liberados. A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que não houve relatos de bloqueios nas rodovias concedidas em São Paulo.

O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não vão parar para protestar contra o resultado eleitoral.

A categoria “não participa e não participará de nenhum movimento para parar ou bloquear estradas para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeram o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo presidente do Brasil”, disse.

(Reportagem adicional de Roberto Samora, Maria Carolina Marcello, Rodrigo Viga Gaier e Lisandra ParaguassuEditado por Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)



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