A Fazenda São José, localizada no município de Jaboticabal, interior de São Paulo, está com a família Garcia há mais de 70 anos. A história começa com a imigração para o Brasil do patriarca, o espanhol André Garcia Camacho, e depois de mais de meio século de práticas agrícolas convencionais, atinge um novo patamar com a implantação de um canavial sustentável, cultivado nos últimos 20 anos e com resultados superiores. médias nacionais e estaduais.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que realizou o primeiro levantamento de cana-de-açúcar para a safra 2022/23, no Brasil a previsão para a produtividade média dos canaviais é de 72,6 toneladas por hectare. No Estado de São Paulo, esse número é um pouco maior, 73,6 toneladas por hectare.
“Com esse manejo sustentável, estamos produzindo, em média, 96 toneladas por hectare, e esse resultado inclui canaviais que vão do primeiro ao nono corte”, comemora Eduardo Garcia, engenheiro agrônomo responsável por toda a operação da fazenda hoje.
Para atingir essa produtividade, foi preciso passar por uma transição, iniciada há mais de 20 anos, que rompeu com a forma tradicional de cultivo na propriedade de 300 hectares. A mesma área, antes da cana-de-açúcar, era usada para plantar café, algodão e laranja.
“Devido ao Proálcool, na década de 1970, mudamos completamente e passamos a produzir cana-de-açúcar, mas, apesar disso, ainda utilizamos o manejo tradicional”, acrescenta.
Eduardo lembra que foi preciso convencer o pai e o avô de que a mudança traria resultados positivos para o solo e a cultura produzida. No entanto, depois de muita insistência, ganhou um voto de confiança das gerações anteriores.
“Quando conheci a agricultura sustentável, fiquei encantada porque estava longe da nossa agricultura convencional. Então, resolvi apresentar para eles, pois era algo que nos obrigava a pensar, não apenas uma receita de calcário, nitrogênio, fósforo e potássio”, conta.
Para o início da obra, os proprietários reservaram um terreno de sete hectares, para que fossem realizados os testes. O período do experimento durou cerca de dois anos e teve bons resultados. “Fiz o dever de casa e deu tudo certo”, lembra Eduardo.
Os números positivos animaram o proprietário, que decidiu ampliar o manejo sustentável para uma área maior de 54 hectares, dentro da Fazenda São José. Mas para que os resultados continuem favoráveis, o agrônomo percebeu que era necessária uma análise cuidadosa da história do solo.
“Foi quando descobrimos que o tratamento feito anteriormente havia deixado uma reserva no solo. Ou seja, as usinas daquela área não estavam preparadas para esse manejo sustentável. Então, demos um passo atrás, com toda essa fase de estudos e entendimento do solo, controle de pragas, doenças, entre outras coisas, e depois voltamos a evoluir”.
A passagem do cultivo tradicional para o cultivo sustentável exigiu um processo gradual e cuidadoso. Eduardo diz que deixar de usar herbicidas e fertilizantes com produtos químicos, como cloreto de potássio, fazia parte do processo, e que era preciso ir além, ter uma ideologia, seguir uma metodologia que garantisse qualidade e produtividade.
“Começamos com a redução de produtos, como herbicida, por exemplo, e outros produtos químicos. Hoje, não utilizamos nenhum produto sintético ou que tenha base química em seu processo produtivo”, revela.
Apesar da dificuldade com o clima nos últimos dois anos, período em que não houve chuva, entre outros problemas, a produtividade alcançada por hectare é positiva.
O agrônomo reforça que a cana produzida ali é destinada a empresas que se posicionam no setor de alimentos orgânicos. “São empresas que atuam nesse mercado há algum tempo e que produzem açúcar, álcool, entre outras coisas”.
Produção de cana-de-açúcar e soja com potássio brasileiro
Há pouco mais de cinco anos, a Fazenda São José começou a produzir outra commodity, a soja. O cultivo também é feito de forma sustentável. Portanto, foi necessário substituir o cloreto de potássio adquirido fora do Brasil por K Forte, potássio brasileiro produzido em Minas Gerais pela Verde Agritech, superior ao importado por não conter cloro e não se perder por lixiviação. Além de ter uma liberação gradual de nutrientes, não compacta nem saliniza o solo, favorecendo sua microbiota.
“O potássio sem cloro é fundamental para nossa produção em geral. Além de favorecer o crescimento da planta, de forma mais saudável, estruturada e que nos fortalece contra o ataque de pragas”, explica Eduardo.
Segundo o agricultor, a aplicação é feita em parcelas de 50 a 60 hectares.
“Esse manejo com o K Forte é feito na rotação de culturas, então aplicamos no solo e o nutriente acaba sendo utilizado tanto para a soja quanto para a cana-de-açúcar”, explica.
Eduardo reforça que os últimos resultados da soja sustentável foram excelentes e destaca que a gestão também favorece na hora de vender o grão.
“Hoje, nossa produtividade média é de 58 sacas por hectare. Sem contar que temos outro bônus, que neste caso é o preço final. A rentabilidade é maior do que com a soja que é comercializada com cultivo tradicional”.