Pular para o conteúdo

Análise: Plano de governo de Lula prevê queda da inflação, salários mais altos e mais empregos

Foto: Divulgação

Ivanir José Bortot*

O plano de governo do candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado na TV, prevê queda da inflação, valorização do salário mínimo e geração de empregos com crescimento econômico. O que é sigilo absoluto é a receita colocada no papel pelos economistas petistas para atingir esses objetivos.

Lula evita abordar esta questão publicamente. Tampouco avalia o buraco nas contas públicas que será deixado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, para 2023, primeiro ano do próximo presidente a ser eleito no domingo, 30. Por exemplo, a origem de R$ 51 bilhões para cobrir o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) aos brasileiros que passam fome.

Investimento público, receitas da PT

Esses economistas keynesianos (de John Maynard Keynes), muitos seguidores da professora Maria da Conceição Tavares, do PT, defendem a necessidade de uma âncora fiscal sustentada no aumento da carga tributária e o fim do teto de gastos públicos para colocar a economia em seu eixo. O atual patamar de gastos públicos contribuiria para estimular o crescimento da economia, o que resultaria em auxílio na arrecadação de tributos nas três esferas de poder. Como não há espaço para aumento de gastos do Tesouro Nacional, os recursos para estimular o setor privado devem vir de projetos de empresas estatais, especialmente Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica . Federal (CEF).

A escolha dos caminhos para a recuperação da economia será de Luiz Inácio Lula da Silva, caso seja eleito presidente do Brasil. Hoje, ninguém sabe se ele vai adotar parte ou todo o que foi incluído para a economia em seu plano de governo coordenado pelo ex-ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante. Desde 27 de março de 2006, quando Antonio Palocci deixou o Ministério da Fazenda, Lula passou a tomar decisões na área econômica, atribuições até então do ministro. Durante seu primeiro e segundo mandatos, mesmo com Guido Mantega à frente do Tesouro, Lula consultou pelo menos dois importantes assessores para tomar suas decisões: o ex-ministro Delfim Netto e o economista Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo.

Equilíbrio econômico, a receita para os pais do Real

O sonho de consumo do candidato à vice-presidência de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, é convencer a equipe de economistas que criou o Plano Real para ajudar a tirar a economia do Brasil do buraco. Pérsio Arida, Pedro Malan, Edmar Bacha e André Lara Resende já declararam seu voto a favor de Lula, deixando claro que é apenas apoio político.

Em 1994, os pais do Real conseguiram acabar com o processo inflacionário e a severa indexação de preços na economia com soluções criativas baseadas em políticas cambial, monetária e fiscal, além de metas de inflação. O que esses economistas deviam era um plano de crescimento econômico, que é a causa de problemas atuais como desemprego, baixo crescimento, má distribuição de renda e permanente desequilíbrio nas contas públicas.

Dificilmente algum deles entrará no novo governo, porque, como todos os ricos e milionários, eles têm que cuidar de suas vidas. Isso, porém, não os impede de apresentar a Lula boas ideias para resolver esse imbróglio. A questão que fica é a disposição dos economistas petistas do eventual futuro ministro da Fazenda em assumir como suas soluções os tucanos, principalmente os pais do Real, que eram tão críticos.

Roberto Campos a caminho

O plano de Lula para iniciar a recuperação da economia passa pela redução da inflação e dos juros. Os economistas tucanos sabem muito bem como fazê-lo. O problema é que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem dois anos de mandato pela frente e está convencido de que os juros atuais de 13,75% são fundamentais para trazer a inflação dentro da meta.

O economista André Lara Resende já escreveu que “no Brasil, a inflação não é muito sensível aos juros”, mas juros altos prejudicam muito o investimento e o setor produtivo. Isso sem falar no aumento do estoque da dívida pública. André Lara Resende sustenta que parte da dívida pública federal poderia ser reduzida com resgate em papel-moeda lastreado pelo Banco Central.

Keynes ou Friedman?

O resumo é que dívidas menores poderiam ser roladas no mercado com juros menores. A redução da dívida e os custos de rolagem seriam um importante instrumento de ajuste fiscal. Como resultado, abriu espaços para gastos públicos sem grandes compromissos com o teto de gastos. Se isso der certo, Lula certamente irá para um Programa de Crescimento Econômico (PAC) em seu segundo mandato.

O PAC, que teve como foco o investimento público em infraestrutura e outro na ampliação das linhas de crédito privado no sistema financeiro, foi uma experiência exitosa apoiada por Lula em seu segundo mandato como Presidente da República. A economia cresceu, com baixo desemprego e inflação sob controle.

Isso é o que você espera fazer hoje.

Então o PAC, receita desses economistas petistas, perdeu a eficácia e fez o governo da presidente Dilma Rousseff cair água. O momento exige criatividade para lidar com poucos recursos e um cenário econômico internacional desfavorável, onde as escolas keynesianas ou monetaristas, de Milton Friedman, se mostraram derrotadas ao lidar com a desafiadora realidade econômica mundial causada pela covid-19 e a guerra russa entre a Ucrânia .

*Jornalista formado pela UFRGS, com pós-graduação em jornalismo econômico pela Faculdade de Economia e Administração (FAE/PR), ex-editor-chefe da Agência Brasil, ex-repórter e editor sênior da Gazeta Mercantil e ex-repórter da Folha de S . .Paulo

**Este texto não reflete necessariamente a opinião da AGROemDIA

Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Patrocinadores