Quais elementos estruturais estao contribuindo para a crise na pecuaria

Quais elementos estruturais estão contribuindo para a crise na pecuária gaúcha?

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Conclusão:

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SOS Pecuária Gaúcha – O que fazer agora? Esse é o tema do ciclo de debates que o Instituto Desenvolvimento Pecuária iniciou nesta terça-feira, 5 de setembro, dentro da 27ª edição do Prosa de Pecuária, ao vivo realizado no canal da entidade no YouTube. No total, o ciclo contará com quatro painéis, envolvendo renomados pesquisadores e empresários gaúchos.

Abrindo a live, o vice-presidente de Desenvolvimento Pecuária, Paulo Costa Ebbesen, explicou que a iniciativa visa analisar as causas desta crise no setor, que provocou forte queda nos preços do boi gordo. “Será uma crise cíclica decorrente dos fatores de produção ou uma crise estrutural de natureza mais profunda”, questionou.

O mediador do painel, João Ghaspar de Almeida, presidente do Comitê de Relacionamento da entidade, disse que o resultado esperado deste ciclo de debates, em relação à missão da Desenvolvimento Pecuária, é sair com alguns dados para formar uma ação em busca de soluções para esta crise. O primeiro painel teve como palestrantes os professores Júlio Barcellos, do Nespro/Ufrgs, e Fernando Costabeber, da Pulquéria Agropecuária.

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Barcellos iniciou sua fala afirmando que “esse pedido de ajuda precisa ter eco nos mais diversos cantos para que todos entendam que vivemos não apenas uma situação puramente conjuntural, mas com elementos estruturais”. Referindo-se aos preços, o professor apresentou um panorama do valor do gado no Estado desde 6 de julho de 2022. Ele disse que, historicamente, um quilo de vaca vale 10% menos que o da carne bovina. “No final de 2021, a vaca valia 92% do preço do gado, que tinha aumentado muito, mas hoje, porém, o desconto na vaca é de 23%. “No dia 30 de agosto deste ano o preço do gado chegou a R$ 6,50 o quilo e o preço da vaca foi de R$ 5,00”, informou.

O professor explicou que a queda dos preços é mundial, não é diferente no Rio Grande do Sul, e esta é uma questão conjuntural, mas quando é estrutural, os efeitos dos danos são diferentes. “Não vi pedido de ajuda no Uruguai ou no Paraguai, nem nos estados de Rondônia, Pará ou Mato Grosso do Sul. Mas, aqui, precisamos de SOS”, alertou. Barcellos exemplificou seu discurso com uma atualização sobre o preço do gado. “Em 1985, um quilo de carne bovina custava 68 centavos. Corrigindo pela inflação americana, hoje esse boi deveria valer 2,2 dólares, o que atualmente estaria em torno de R$ 9,50/R$ 10,00. Porém, nesta data de 5 de setembro, equivale a 1,32 dólares. Isso mostra que a crise é muito maior do que imaginamos”, refletiu, afirmando que a pecuária passou a gastar mais e perdeu força.

Concluindo sua palestra, Júlio Barcellos destacou que a questão do Estado do Rio Grande do Sul é estrutural e não cíclica. “Nossa estrutura produtiva é de alto custo, média/baixa produtividade, dispersa geograficamente, de pequena escala e carente de inteligência organizacional estratégica”, destacou.

Fernando Costabeber afirmou, no seu discurso, que “vivemos um momento histórico e dramático”. Ele destacou que em 45 dias o preço do gado gordo caiu 40%. “Era esperada uma queda, mas não neste nível. Entre os motivos está um aumento da produção no Brasil no primeiro semestre em cerca de 10% e, ao mesmo tempo, o consumo interno e as exportações não aumentaram. E essa situação é muito mais grave no Rio Grande do Sul do que no resto do país”, enfatizou.

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Segundo Costabeber, é muito fácil produzir no Brasil Central e Norte do país. “Aqui no Estado fica mais difícil porque quando há maior fotossíntese no nosso verão – o crescimento das pastagens precisa de calor e luz – não conseguimos fazer um planejamento estratégico da área. Nos três anos anteriores, o que plantamos na nossa fazenda de pastagens de verão praticamente não aproveitamos, foram só custos. Nossa produção de pastagens é muito baixa se comparada às tropicais”, destacou, destacando que é muito mais caro e difícil de produzir no Rio Grande do Sul. “Temos outros problemas que o Brasil Central não tem, como os carrapatos”, disse.

Costabeber também comentou sobre as vantagens no Estado como raças que produzem carne de melhor qualidade e que só conseguem produzir em um clima como o nosso. Sublinhou, no entanto, que “a nossa única alternativa de sobrevivência são as mudanças estruturais”. Ele citou como exemplo o Uruguai, que durante muito tempo conseguiu dar estabilidade a toda a pecuária do país.

O próximo painel acontecerá no dia 11 de setembro, às 19h, com a participação do pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant’Anna, e do presidente do Comitê de Relações com o Mercado do Instituto Desenvolvimento Pecuária, Ivan Faria.

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