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COMO MEDIR A EFICIÊNCIA DA ATIVIDADE LEITEIRA DO REBANHO?

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COMO MEDIR A EFICIÊNCIA DA ATIVIDADE LEITEIRA DO REBANHO? 2

Cerca de 25% da produtividade do gado leiteiro é determinado pelo patrimônio genético e 75% por fatores ambientais. Levando em consideração que entre esses fatores está a nutrição do rebanho e que os maiores investimentos do produtor e os desafios do setor se concentram na alimentação dos animais, é imprescindível saber como calcular a eficiência da atividade leiteira.

Isso por que a conversão alimentar é um dos critérios centrais para aumentar a eficiência do rebanho. Outros dois pontos que também requerem a atenção do pecuarista são a média de produção diária de leite e a longevidade das vacas.

Conhecer o que influencia a eficiência do sistema é sinônimo de ter foco na rentabilidade da atividade leiteira. Por isso, elaboramos este artigo para você. Continue sua leitura e tire suas dúvidas sobre o assunto!

Quais fatores afetam a eficiência da atividade leiteira do gado?

A produção de leite no Brasil chegou a 33,8 bilhões de litros em 2018, retomando o crescimento após um período de queda nos anos anteriores. O curioso é que, quando se observa o número de vacas ordenhadas, houve uma queda de 2,9% em relação a 2017, o que demonstra que os animais estão cada vez mais produtivos.

Mesmo alcançando o 4° lugar entre os maiores produtores de leite do mundo, o Brasil ainda apresenta falhas na cadeia produtiva. Infelizmente, muitos pecuaristas não dão a devida importância aos fatores que afetam a atividade do rebanho, sem se darem conta do potencial que têm para melhorar essa marca.

Veja a seguir quais são esses fatores.

Fatores fisiológicos

Os fatores fisiológicos que influenciam a eficiência do rebanho podem ser:

  • hereditários, relacionados à composição genética do rebanho;
  • não hereditários, que dizem respeito ao estágio da lactação, à idade, à ordem da lactação, ao tamanho da vaca, ao nível nutricional que ela se encontra, à perda de peso (escore de condição corporal (ECC)), à digestibilidade da dieta, à sanidade do rebanho etc.

A cruza das raças Holandesa e Gir originou a Girolando, mestiça brasileira que aumentou em 51,29% a sua produção ao longo de 16 anos de melhoramento genético. Isso prova o valor de os produtores encontrarem uma composição genética adaptada que resulte em alta produtividade nas condições climáticas da maior parte do território nacional.

Quanto aos fatores não hereditários, é crucial prestar atenção ao estágio da lactação. O terço inicial corresponde ao período entre o parto e o pico de lactação (cerca de 4 a 8 semanas após o parto) e, nessa fase, a vaca tem uma altíssima demanda nutricional.

Contudo, as vacas normalmente não conseguem ingerir toda a quantia de alimentos necessária para a sua produção, e passam a utilizar as suas reservas corporais. Para minimizar o déficit de energia ou o balanço energético negativo nessa etapa, é de extrema importância que o produtor forneça uma dieta balanceada, com forragens de alta qualidade concentrados protéicos e energéticos.

As gorduras protegidas são altamente indicadas para essa fase, uma vez que a utilização desses ingredientes aumentam a densidade energética da dieta, ou seja, o animal eleva o consumo de energia sem elevar o risco de acidose, além de melhoria cientificamente comprovada nos índices reprodutivos.

Fatores ambientais

O fato de que as vacas geneticamente superiores podem sofrer mais com o balanço energético negativo no terço inicial da lactação demonstra o quão sensível é a produção leiteira aos fatores externos. Entre eles podemos destacar:

  • fatores climáticos: a temperatura do ambiente, a radiação solar, a umidade relativa do ar e o nível de pluviosidade;
  • fatores edáficos (relativos ao solo): as características do solo afetam diretamente a qualidade da forragem que, por sua vez, determina o desempenho animal;
  • manejo animal: envolve todas as atividades desempenhadas diretamente com o rebanho, com o objetivo de criá-los, mantê-los e fazê-los produzir.

Entre os pilares do manejo animal, o bem-estar e a nutrição das vacas leiteiras afetam significativamente a produção de leite. Ou seja, não basta ter no campo as melhores raças, é preciso fornecer as condições de ambiência ideais e uma dieta equilibrada e desenvolvida para cada fase produtiva do animal.

Como calcular a eficiência leiteira do gado?

Se a produção de leite é diretamente afetada pela nutrição e 70% dos custos variáveis da atividade são destinados à alimentação do rebanho, fica evidente a necessidade de calcular a eficiência leiteira do gado, certo? Como mencionamos, o pico de consumo de alimentos das vacas não condiz com o seu pico de lactação e será alcançado um mês após este.

Isso significa que não basta aumentar o consumo de alimento pelas vacas para que sejam mais produtivas — simplesmente porque os animais que mais consomem não são sempre os mais eficientes, dada a quantidade de fatores influentes. Sendo assim, o cálculo da eficiência leiteira mostra até que ponto a dieta fornecida está suprindo as exigências nutricionais e a demanda produtiva.

Esse índice zootécnico é chamado de Eficiência Leiteira (EL) e é calculado com a seguinte fórmula: 

EL = kg de produção de leite/kg de consumo de matéria seca

Em uma análise mais ampla, a EL aponta os fatores do manejo, do ambiente e da dieta que influenciam na digestibilidade dos alimentos, bem como as necessidades nutricionais do animal. Cabe ressaltar que o índice é calculado para lotes ou para todo o rebanho, e não individualmente, pois é muito difícil obter os dados de consumo de cada animal em rebanhos comerciais.

Um índice de EL considerado normal é entre 1,3 e 1,5. Acima de 1,5 a eficiência é excelente, enquanto abaixo de 1,3 o resultado é preocupante, visto que indica uma produção aquém da esperada ou um consumo muito alto de alimento.

Além da relação demonstrada no cálculo acima, o desempenho dos animais pode ser avaliado pela média de produção diária e pela média por lactação. Classifica-se como:

  • alta — produção acima de 4200 kg/lactação;
  • média — produção entre 2800 e 4200 kg/lactação;
  • baixa — produção abaixo de 2800 kg/lactação.

Ainda há outros índices produtivos para avaliar a eficiência da atividade leiteira. São eles:

  • porcentagem de vacas em lactação (%VL): número de vacas em lactação/número total de vacas do rebanho*100;
  • duração da lactação (DL): tempo decorrido em dias entre o parto e o final da lactação;
  • persistência da lactação: diz respeito à queda mais ou menos rápida na produção durante a lactação;
  • produção de leite por vaca ordenhada (PVO): produção de leite diária/número de vacas ordenhadas;
  • produção de leite pelo total de vacas (PTV): produção de leite diária/número total de vacas do rebanho;
  • período seco: secagem da vaca 60 dias antes da data prevista para o parto (ideal).

Como você viu, para atingir níveis maiores de produtividade, é necessário fazer um incremento nutricional nos animais, e isso ocorre às custas de uma maior participação de silagem e de alimentos concentrados.

Essa estratégia é bastante onerosa, principalmente em rebanhos de alto potencial. Portanto, é vital que o produtor saiba exatamente quanto é a eficiência da atividade leiteira na sua propriedade para verificar se o retorno do investimento na dieta das vacas é satisfatório.

Elevar a produção de leite é a meta de muitos produtores, porém, isso não basta. Então, saiba agora como aumentar a qualidade do leite na fazenda!

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Colaboração: Vitor Betero – Especialista em Nutrição de Ruminantes na Vaccinar.

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