Da redação//AGROemDIA
A tecnologia sempre foi uma aliada do produtor rural. Desde os primórdios da agricultura, quando o homem passou a utilizar pedra, madeira, chifre e osso para produzir ferramentas capazes de auxiliá-lo no plantio, colheita ou extração de alimentos, até os dias atuais, quando a inovação avança cada vez mais no manejo das fazendas, auxiliando-as superar adversidades e aumentar a produção e produtividade de alimentos.
Nos últimos anos, a tecnologia também passou a ser utilizada em outra frente de preocupação dos agricultores: invasões de terras, roubos e furtos. Com o uso de câmeras conectadas a sistemas de segurança ou por meio de mensagens via aplicativos como WhatsApp e Telegram, eles estão conseguindo enfrentar essas situações.
No último fim de semana, por exemplo, produtores rurais do Pará se mobilizaram por meio de mensagens eletrônicas para desocupar uma fazenda invadida no município de Tucuruí. Com a ajuda do WhatsApp, o presidente da Associação dos Criadores do Pará (Acripará), Maurício Fraga, acionou as forças de segurança pública e convocou os fazendeiros da região a irem até a propriedade. Em poucas horas, a área foi desocupada, sem maiores problemas.
No sul da Bahia e em outros estados, o WhatsApp e o Telegram também têm sido usados por produtores para se articularem contra as invasões de terras, numa demonstração cada vez mais vigorosa de que não pretendem mais ficar inertes diante das ações dos sem-terra. É um novo cenário na área, impulsionado pela tecnologia, que conecta todos em instantes.
A utilização de aplicativos por fazendeiros para reagir a invasões de propriedades rurais também é um recado para os movimentos que promovem tais atos em todo o país. Um alerta para que saibam que encontrarão resistência nas ações de ocupação de terras.
Se os produtores forem acompanhados por autoridades de segurança pública, a tendência é que tudo se resolva sem incidentes, como aconteceu no Pará. Porém, se não houver a participação das polícias civil e militar, há grande risco de confronto.
Aqui está o perigo. Se, por um lado, a comunicação instantânea possibilita articular uma reação rápida às invasões, por outro, pode criar situações com potencial para resultar em violência, caso os produtores não solicitem à polícia a realização das remoções.
Evitar possíveis confrontos entre produtores rurais e sem-terra é tarefa dos governos estadual e federal – este, aliás, é o formulador da política agrária nacional, tendo, portanto, maior responsabilidade nessa questão.
Ao contrário de tempos anteriores, hoje está claro que os produtores não tolerarão invasões. Portanto, o governo federal precisa acelerar as ações previstas em sua política agrária para atender os milhares de sem-terra que clamam por áreas para morar, plantar e colher.
Se a resposta demorar muito, o Brasil corre o risco de presenciar a repetição de cenas de violência no campo como as que já ocorreram no passado. Certamente, ninguém quer isso. Nem os produtores nem os sem-terra. Muito menos os governos, principalmente o federal.