Pular para o conteúdo

Reuters: Sob pressão, Bolsonaro alimenta o fantasma da fraude enquanto tenta…

Reuters Sob pressao Bolsonaro alimenta o fantasma da fraude enquanto

por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – Após atravessar acidentes no caminho e ignorar até mesmo seu comando de campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apostará até o último minuto no desgaste do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causado por escândalos de corrupção para tentar levar a disputa eleitoral ao segundo turno, sonhando com uma reviravolta improvável que lhe permita permanecer no Planalto.

Bolsonaro, de 67 anos, enfrentará o julgamento das urnas sobre seu governo neste domingo em uma situação inédita de desvantagem desde a adoção do instituto da reeleição há 25 anos, segundo pesquisas, que não descartam sequer uma vitória de Lula este ano . Domingo.

O militar aposentado foi um fenômeno de extrema-direita em 2018, surfando nas redes sociais no movimento anti-PT inflado pela operação Lava Jato contra Lula preso, condenado por corrupção.

Com o ímpeto da superexposição por ter sido alvo de um ataque a faca, Bolsonaro também elegeu dois de seus filhos para a legislatura e também conquistou uma bancada expressiva no Congresso, além de aliados “de fora” nos estados.

Quatro anos depois, o presidente tem o trunfo de ter se consolidado como um político de forte base popular, com amplo apoio em diversos setores da sociedade, principalmente no agronegócio e entre os evangélicos.

Ele é o antípoda indiscutível de Lula, e seu movimento nacionalista conservador é inigualável pela direita brasileira, que não conseguiu colocar candidatos competitivos na corrida.

Ainda assim, Bolsonaro está sob pressão. A história da eleição gira em torno das consequências da crise econômica e social na esteira da pandemia de Covid-19 que matou quase 700 mil pessoas ao ser desacreditada pelo presidente, que minimizou consequências e militou contra vacinas e medidas de isolamento.

O pêndulo também passou para seu rival, Lula, que teve as ações contra ele anuladas pela Justiça e agora lidera uma coalizão que diz se opor à ameaça à democracia que seu oponente, que está acenando sem provas o espectro da fraude nas urnas, representaria.

No entanto, é no sentimento anti-PT que Bolsonaro e sua equipe de campanha têm focado – nem sempre de forma coordenada – sua artilharia nos discursos, na propaganda oficial no rádio e na TV e nas redes sociais.

“Lula é o maior ladrão que já passou pela história da humanidade”, previu o presidente em comício em Campinas no sábado, 24 de setembro, dia em que o adversário foi insultado mais de 10 vezes em 18 minutos de discurso.

Mas nem tudo que funcionou há quatro anos dá frutos agora. Segundo levantamento recente do Ipec, Lula tem 35% de rejeição, contra 51% de Bolsonaro, barreira que impede o presidente de crescer.

SEM BALAS DE PRATA

Mesmo as chamadas “balas de prata” imaginadas pelo QG bolsonarista tiveram alcance limitado. Nem a melhora dos índices econômicos nem o pacote de benefícios aprovado no Congresso, que aumentou o Auxílio Brasil em 50% e forçou a queda nos preços dos combustíveis, atingiu a meta no início do ano de que, o mais tardar em julho, seria empatado com Lula nas pesquisas.

Curiosamente, o candidato à reeleição tem sido um novato na campanha de forma tradicional, sem o impacto do uso das redes sociais que colheu na última corrida.

Apesar de contar com recursos milionários da coalizão centrista PL-PP-Republicanos, diferentemente da disputa pelo acanhado PSL em 2018, Bolsonaro ainda fez campanha com grandes doses de improvisação, segundo fontes.

A expectativa era ter briefings temáticos e um porta-voz para tratar das demandas da imprensa, bem como a estruturação de comissões em cada um dos estados e no Distrito Federal. Nada disso foi adiante.

A ala profissional da campanha também entrou em choque com as ideologias – que predominavam há quatro anos – quando tentavam dar uma nova cara ao candidato. “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se essa conversa de profissionais de marketing… Meu Deus!”, disse o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos principais responsáveis ​​pela campanha vitoriosa em 2018.

Como se não bastassem essas divergências, admitiu uma das fontes, o presidente dificultou a conquista do eleitorado feminino. A equipe convenceu a primeira-dama Michelle Bolsonaro a mergulhar na campanha do marido, mas os ataques do presidente às mulheres, como no debate da TV Bandeirantes, interromperam o esforço.

No embate com Lula sobre a questão da corrupção, a bandeira do presidente foi abalada após a divulgação do UOL no final de agosto sobre o uso de dinheiro em 51 dos 107 imóveis adquiridos pela família do candidato à reeleição nos últimos 30 anos. A campanha até detectou desgaste nesse sentido.

No entanto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha de reeleição, recorreu à Justiça para censurar a publicação. Ele conseguiu temporariamente e comemorou essa decisão nas mídias sociais.

“O vídeo de Flávio foi um erro terrível”, disse uma das fontes, ao avaliar que a decisão judicial de tirar a reportagem do ar, posteriormente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acabou ressuscitando a história.

Em meio a esses contratempos, Bolsonaro e aliados tentam manter o ânimo dos torcedores na reta final. A estratégia é desacreditar os resultados das pesquisas, destacando que o que conta são os “dados”, explorando motociclistas, comícios e manifestações como as de 7 de setembro, um dos momentos em que demonstrou maior força popular.

Ainda há uma linha de ação que é insistir publicamente que o presidente é quem será reeleito no primeiro turno – embora pesquisas nacionais indiquem o contrário.

Nos bastidores, porém, há o temor de uma onda pró-Lula que leve ao esvaziamento das candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e à vitória do PT.

“É uma preocupação real, houve convergência nas pesquisas, mesmo as mais duvidosas, apontando para um avanço de Lula”, admitiu uma das fontes.

QUESTIONAMENTO DE RESULTADOS

Nesse cenário desfavorável, outra frente que Bolsonaro explora desde o início de seu mandato ganha ainda mais corpo – com reforço na campanha –, que é a roupagem antissistema, com ataques à cúpula do Judiciário e questionamentos ao voto eletrônico máquinas, usando sua ascendência. hierárquico sobre os militares.

Aliados políticos e integrantes da campanha de reeleição, no entanto, sempre foram contra esse expediente porque não somaria votos e reduziria a alta rejeição que tem.

Na campanha e até no Ministério da Defesa, segundo fontes, diz-se que não há plano – e apoio – para uma possível ação golpista em caso de derrota.

A preparação para neutralizar o avanço desse tipo de ação vem acontecendo há pelo menos um ano, depois que apoiadores do presidente, incentivados por seus ataques à Justiça, tentaram ocupar o Supremo Tribunal Federal em Brasília, inspirados na decisão de janeiro de 2021. ataque dos trumpistas ao Capitólio. dos EUA.

Essas articulações públicas e de bastidores envolvem nomes do Supremo Tribunal Federal, com e sem assento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e parlamentares, principalmente do Senado.

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, não vê esse tipo de turbulência acontecendo no Brasil, onde a certificação do presidente eleito é emitida pelo TSE, e não pelo Congresso.

“Não (acredito na repetição). Lentamente, as pessoas estão percebendo que isso não vale a pena. A sociedade também reagiu em defesa da democracia”, disse ele à Reuters.

Entre os militares, que desde 1985 não têm tanta influência em um governo quanto no de Bolsonaro, a previsão também não aponta episódios de tensão.

“As Forças Armadas cumprem a lei”, destacou um alto funcionário do Exército que acompanha as negociações para um processo eleitoral tranquilo.

O militar elogiou o trabalho que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, fez ao aceitar sugestões dos militares, como a autorização inédita para realizar um teste piloto da integridade das urnas eletrônicas com biometria no dia das eleições.

O clima, porém, ainda é tenso entre o TSE e a campanha. O TSE de Moraes apressou-se a rebater nesta semana um documento divulgado pela campanha do presidente que afirmava haver “altos riscos” de quebrar a segurança do sistema eleitoral, e classificou as alegações como falsas, antidemocráticas e destinadas a atrapalhar eleições próximas ao primeiro turno .

Também nesta semana, em transmissão ao vivo, o presidente voltou a levantar o tom contra Moraes e o acusou, sem provas, de ser o responsável por vazar informações de um inquérito da Polícia Federal que apontaria o pagamento de transações suspeitas à primeira-dama. Michel Bolsonaro.

“Alexandre, você mexer comigo é uma coisa. Você mexer com a minha mulher, você ultrapassou todos os limites, Alexandre de Moraes. Todos os limites. O que você está pensando na vida? Que você pode tudo e tudo bem? e me prender? O que se passa na sua cabeça? É covardia”, se entusiasmou.

A dois dias do primeiro turno, membros da campanha admitem que Bolsonaro é “imprevisível”, ainda mais quando encurralado – não apenas pelos números das pesquisas, mas também por investigações envolvendo aliados e que tramitam no Supremo.



Source link

Patrocinadores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Patrocinadores
MC Mirella dança funk com 8 meses de gestação! Famosos curtem primeira noite de Farofa da GKay em Fortaleza Cláudia Leitte agita a Farofa da Gkay em Fortaleza ao dançar até o Chão! Thiaguinho apresenta Tardezinha para 20 mil pessoas em Ribeirão Preto Sabrina Sato faz piada sobre relação com João Vicente de Castro Andressa Urach anuncia ‘pausa’ na carreira e faz desabafo na web Rio Carnaval lança álbum com os sambas-enredo de 2024 5 liberdades: bem-estar dos bovinos de corte Beija-Flor de Nilópolis homenageia colaboradores veteranos em ensaio emocionante Coccidiose: impactos na propriedade