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Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam esta sexta-feira com leve alta no Brasil, reagindo ao PIB acima do esperado, enquanto as taxas longas migraram para o negativo no final da sessão, após declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre possíveis impactos positivos da atividade nas receitas públicas.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores. O resultado ficou bem acima da expectativa de pesquisa da Reuters, de alta de 0,3%.
Os dados do PIB, na visão de Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, reforçaram a visão de que o Banco Central não terá espaço para acelerar no curto prazo o processo de corte da taxa básica Selic, atualmente em 13,25% ao ano.
“O PIB acima do esperado, aliado ao último IPCA-15, indica que temos uma inflação mais forte, esvaziando a chance de uma aceleração dos cortes (da Selic) para 75 pontos-base. Assim, temos um aumento (das taxas) nos picos mais curtos”, comentou Spiess durante a tarde.
No extremo longo da curva a prazo, as taxas também subiram durante a maior parte da sessão, reflectindo ainda algum desconforto com a proposta de Orçamento para 2024 enviada pelo governo ao Congresso na quinta-feira.
Economistas e agentes de mercado têm demonstrado desconfiança no cumprimento da meta para o próximo ano, de resultado primário zero, porque isso pressupõe aumento de receita. Profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias afirmaram que a meta primária zero não é impossível, mas dificilmente é viável.
A proposta enviada ao Congresso prevê superávit primário de 2,8 bilhões de reais no próximo ano. Para cobrir despesas e alcançar o resultado levemente positivo, o governo conta com receitas de 168,5 bilhões de reais provenientes de novas ações de arrecadação propostas nos últimos meses, incluindo medidas ainda não aprovadas.
Em evento na tarde desta sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu que o PIB “estava bastante bom” e que deveria “até refletir em uma arrecadação melhor”. Ao mesmo tempo, destacou que o crescimento da despesa primária no Brasil é “bastante elevado” quando comparado com países desenvolvidos e outros países emergentes.
Na reta final dos negócios, após os comentários de Campos Neto, os juros longos migraram para negativos e terminaram ligeiramente mais baixos.
No final da tarde, a taxa DI para janeiro de 2024 estava em 12,385%, ante 12,391% no reajuste anterior, enquanto a taxa DI para janeiro de 2025 estava em 10,57%, ante 10,529% no reajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 ficou em 10,18%, ante 10,15%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 ficou em 10,34%, abaixo dos 10,349%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 ficou em 10,615%, abaixo dos 10,638%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificou 8% de chance de o corte da Selic em setembro ser de 0,75 ponto percentual. As chances de um corte de 0,50 ponto foram cotadas em 92%.
A ligeira diminuição da ponta longa da curva brasileira verificou-se apesar de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries longos terem continuado a subir, após a divulgação de novos dados sobre a economia norte-americana.
A criação de empregos não agrícolas totalizou 187 mil empregos no mês passado nos EUA, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego. Os dados de julho foram revisados em baixa para mostrar 157 mil empregos criados, em vez dos 187 mil relatados anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam o saldo de empregos em 170 mil no mês passado.
A taxa de desemprego nos EUA subiu para 3,8%, face aos 3,5% de Julho, à medida que mais pessoas entravam no mercado de trabalho. Os salários médios por hora aumentaram 0,2%, após subirem 0,4% em julho.
Às 16h47 (horário de Brasília), o rendimento do Tesouro de dez anos – referência global para decisões de investimentos – subia 9,20 pontos-base, para 4,1827%.
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