Os preços pagos pelos ovos estão animando os produtores do Rio Grande do Sul. Segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o preço médio de uma caixa de 30 dúzias de claras aumentou 44% nos últimos dois anos. O produto saltou de R$ 109 em 2020 para R$ 157 em 2022. Já os ovos vermelhos tiveram alta de 39%.
O levantamento mensal do Cepea (Esalq/USP) aponta que, na primeira quinzena de maio, o preço médio de uma caixa com 30 dúzias, vendida no atacado em Porto Alegre, foi de R$ R$ 220,41.
Esse valor é 2,2% superior ao verificado em abril e, ainda, 34% superior ao praticado no mesmo período do ano passado, quando foi de R$ 164,50 a caixa.
Uma combinação de fatores é responsável por esses aumentos:
- alta demanda durante a pandemia;
- aumento de insumos como o milho, que responde por 70% da dieta das aves;
- guerra na Ucrânia, que afetou o mercado internacional de grãos e proteínas;
- gripe aviária, que levou ao abate de milhares de galinhas poedeiras em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos; Isso é
- estiagem no Rio Grande do Sul, que afetou a produção local de grãos.
Todo esse cenário fez com que o valor do produto nas fazendas aumentasse e, consequentemente, fosse repassado ao consumidor.
“O avicultor vive atualmente um momento em que os preços dos ovos estão em patamares elevados, enquanto os preços dos insumos vêm caindo. Com isso, estão conseguindo ter um poder aquisitivo maior. É, inclusive, o maior desde 2017”, diz Juliana Ferraz, analista do Cepea (Esalq/USP).
ovos caipiras e orgânicos
O produtor Adriano Calsing investe em aves de postura há 15 anos e há 8 anos produz ovos caipiras e orgânicos em São José do Sul (RS). Ele avalia que o momento é favorável para a atividade. No ano passado a cotação do milho atingiu patamares acima de R$ 100 a saca e, neste mês, pagou R$ 72.
“No final das contas, o preço do ovo na granja está muito baixo, o produtor também paga a conta porque não vai conseguir investir e vai gerar uma baixa oferta de produto no mercado. Então hoje é justo. É bom poder trabalhar com os ovos e investir”, comenta.
Como forma de valorizar o produto, a Calsing investiu em um novo galpão para produção de ovos na sem gaiola. As galinhas são livres, com água e comida oferecidas, elas podem desenvolver seus comportamentos naturais e escolher o momento de botar o ovo. Pelo sistema, as aves também têm acesso a pasto, mas naquele momento a exigência sanitária é que fiquem confinadas devido ao risco de Influenza. Mesmo assim, o bem-estar animal é preservado e agrega valor ao ovo. Se antes uma dúzia era vendida por cerca de R$ 9, hoje elas são vendidas por R$ 11 na fazenda. “A grande indústria trabalha com preço, trabalha com margem bem menor, trabalha muito mais com volume. O pequeno precisa trabalhar com essas linhas especiais porque há uma demanda muito grande de aves livres, a preocupação do consumidor com o bem-estar animal. Assim podemos nos enquadrar nesse tipo de conceito e atender o consumidor de forma mais prática”, reforça o avicultor.
Gripe aviária e preços dos ovos
Asgav acredita que com os casos de gripe aviária registrados no Brasil, o preço dos ovos não deve esfriar nos próximos meses.
A entidade ressalta que há preparo caso a doença seja registrada em rebanhos comerciais e que sempre seguiu rígidas normas sanitárias nas fazendas com foco na sanidade.
“Houve ajuste na oferta, queda na produção, inflação dos alimentos, custos altos, que culminou nesse aumento dos ovos, como aconteceu na pandemia, que subiu e depois equilibrou. Mas acho que, agora, com a interseção desses eventos, vamos demorar um pouco nesses preços. Nada que vai assustar nosso consumidor, com certeza, porque o ovo é um coringa na alimentação”, afirma o presidente executivo da Asgav, José Eduardo Santos.
Produção do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul é o quinto maior produtor de ovos do país, respondendo por cerca de 8% da produção nacional. No ranking das exportações, ocupa a segunda posição, com recorde em 2022 de 2.750 toneladas, alta de 37,8%.
A receita também foi marcada por um bom desempenho, alcançando um crescimento de 95,5%, chegando a US$ 8,9 milhões no ano passado.
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