Restauração Florestal: Desafios e Oportunidades

Novas Pesquisas Trazem Avanços para a Restauração Florestal

Pesquisa recente publicada na revista científica Perspectives in Ecology and Conservation destaca o potencial da restauração florestal em larga escala. Os métodos silviculturais aplicados em projetos de restauração podem aumentar a produtividade e a rentabilidade, tornando possível o abastecimento da indústria madeireira. Esses avanços também contribuem para reduzir a pressão sobre os biomas naturais, como a Amazônia.

Novas Oportunidades para Restauração Florestal em Larga Escala

De acordo com a pesquisa, para alcançar alta produtividade, as cadeias de valor da restauração devem incorporar critérios específicos envolvendo uma combinação de espécies nativas e modelos de crescimento das árvores. Esses planos de manejo e colheita com prazos mais curtos, aliados ao desenvolvimento de pesquisa e inovação, representam uma nova oportunidade para a restauração florestal em escala.

Comprovação Científica: Nova Metodologia Projetou crescimento de árvores nativas, elevando a Rentabilidade da Restauração Florestal

Resultados Significativos na Antecipação da Idade Ideal do Corte

Conduzido no âmbito do Programa Biota-Fapesp, o estudo liderado pelo engenheiro florestal Pedro Medrado Krainovic, revelou que o novo método de projeção do tempo de crescimento das espécies arbóreas nativas permitiu uma antecipação média de 13 anos na idade ideal do corte. Essa descoberta contribui significativamente para a viabilidade econômica e a atratividade dos proprietários de terra.

Ampliando Horizontes para a Restauração Florestal

Impactos Positivos na Restauração do Bioma da Mata Atlântica

Mesmo tendo perdido área florestal no passado, a Mata Atlântica tem visto uma diminuição no desmatamento e um aumento efetivo nas ações de restauração. Com a aplicação do novo modelo de projeção do crescimento das árvores, espera-se que a restauração florestal seja mais atraente e atenda aos múltiplos objetivos, como a recuperação de áreas degradadas e o enriquecimento ambiental.

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Próximos Passos para a Restauração Florestal

Contribuições para o Programa Refloresta-SP

Os resultados deste estudo alimentarão programas de restauração ecológica, recuperação de áreas degradadas e a implantação de florestas multifuncionais. O engenheiro florestal Pedro Medrado Krainovic prevê que estas descobertas se traduzirão em práticas mais sustentáveis e econômicas de manejo florestal, refletindo um avanço promissor na restauração florestal em todo o Brasil e, por extensão, em outras regiões do mundo.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

Nova metodologia projeta crescimento de arvores nativas elevando rentabilidade de restauracao florestal

O tema da restauração florestal tem ganhado destaque nos últimos anos tanto na iniciativa privada e no mercado financeiro como na academia e entre governos, principalmente no caso do Brasil, que assumiu o compromisso, desde o Acordo de Paris, em 2015, de recuperar com floresta nativa 12 milhões de hectares, ou seja, praticamente o equivalente ao território da Coreia do Norte.

No entanto, as iniciativas ainda dependem do caro processo de plantio de árvores e padecem com a falta de dados sobre o crescimento das espécies e do total de áreas recuperadas.

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Pesquisa publicada na revista científica Perspectives in Ecology and Conservation contribui com o avanço do setor. Mostra que a aplicação de métodos silviculturais em projetos de restauração florestal em larga escala pode aumentar a produtividade e a rentabilidade, viabilizando o abastecimento da indústria madeireira e reduzindo a pressão sobre os biomas naturais, como a Amazônia.

Os cientistas concluíram que, para alcançar alta produtividade, as cadeias de valor da restauração devem incorporar critérios específicos envolvendo uma combinação de espécies nativas; modelos de crescimento das árvores que permitam montar os planos de manejo e colheita com prazos mais curtos; bem como aliar o desenvolvimento de pesquisa e inovação a tratamentos silviculturais.

Liderado pelo engenheiro florestal Pedro Medrado Krainovic, o estudo criou um modelo que projeta o tempo de crescimento de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica até que elas obtenham “maturidade” necessária para atender à indústria madeireira. Normalmente, as taxas de crescimento para comercialização são definidas de acordo com o tempo que a árvore leva até atingir 35 centímetros de diâmetro.

Com o novo método, os pesquisadores obtiveram uma redução de 25% no tempo de colheita e um aumento de 38% da área basal das árvores. Isso representou uma antecipação média de 13 anos na idade ideal do corte.

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“Identificamos os padrões de produtividade versus tempo, o que fornece o indicativo de quando uma dada espécie pode ser manejada para obtenção de madeira para o mercado. Isso ajuda a dar viabilidade à restauração florestal em larga escala, melhorando sua atratividade para proprietários de terra e indo ao encontro dos acordos globais pró-clima.

Com base nos nossos dados, projetamos um cenário em que o conhecimento silvicultural estaria melhorado, proporcionando uma restauração mais atrativa para as múltiplas partes interessadas“, diz Krainovic, que desenvolveu o trabalho durante seu pós-doutorado no Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, vinculada à Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

O projeto foi conduzido no âmbito do Programa Biota-Fapesp.

Contexto

Mesmo tendo sido eleita pelas Nações Unidas (ONU) em 2022 como uma das dez referências mundiais em restauração, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais perdeu área florestal até hoje.

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Dos cerca de 140 milhões de hectares no Brasil, restam 24% de cobertura florestal. Desse total, somente 12% correspondem a florestas bem conservadas (cerca de 16,3 milhões de hectares), segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica.

Porém, os esforços para conter o desmatamento vêm conseguindo resultados positivos – queda de 42% entre janeiro e maio de 2023 em relação a 2022 (de 12.166 hectares devastados para 7.088 hectares) –, além de as ações de restauração terem surtido efeito.

Em 2021, a ONU estabeleceu até 2030 a Década da Restauração de Ecossistemas, um apelo para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, para o benefício das pessoas e da natureza.

“A restauração precisa ter mais dados que tragam horizontes favoráveis de uso do solo. Para uma política pública, é preciso ter mais informações que suportem as tomadas de decisão. E esse artigo serve de várias formas, inclusive com uma lista de espécies que pode oferecer subsídios para o proprietário de terra.

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Abre uma porta para o enriquecimento de restauração florestal com finalidade econômica, mais atrativa e atingindo múltiplos objetivos, como devolver serviços ecossistêmicos a determinadas áreas”, explica Krainovic.

Os resultados do estudo devem alimentar o programa Refloresta-SP, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, que tem, entre seus objetivos, a restauração ecológica, a recuperação de áreas degradadas e a implantação de florestas multifuncionais e de sistemas agroflorestais.

Krainovic morou por 12 anos na Amazônia e trabalhou não só em projetos de recuperação de áreas degradadas usando espécies arbóreas com potencial econômico como em cadeias produtivas de produtos florestais não madeireiros que abastecem a indústria de cosméticos, como sementes, óleos essenciais e manteigas.

“Um diferencial da minha trajetória é não ter ficado somente na academia. Conheço como são as empresas, a interface com os povos tradicionais nessas cadeias produtivas e a área acadêmica”, completa.

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Passo a passo

O estudo analisou uma cronossequência de 13 áreas de restauração florestal não manejada distribuídas pelo estado de São Paulo, que se encontravam em diferentes estágios – entre seis e 96 anos de plantio.

Essas regiões têm uma mistura diversificada de espécies nativas – entre 30 e 100 –, o que contribui para a promoção de serviços ecossistêmicos com características semelhantes às da floresta espontânea.

Os cientistas escolheram dez espécies arbóreas nativas comerciais, com diferentes densidades de madeira e historicamente exploradas pelo mercado. São elas: guatambu; jequitibá-rosa; cedro-rosa; araribá; guarantã; jatobá; acácia-amarela; ipê-roxo; aroeira e pau-vermelho ou cabreúva.

Atualmente, a maioria dessas espécies é protegida por lei e não pode ser vendida legalmente porque são endêmicas da Mata Atlântica e do Cerrado e estão ameaçadas de extinção. No entanto, algumas, como jatobá e ipê-roxo, ainda são exploradas na Amazônia.

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Para cada uma delas foram desenvolvidos modelos de crescimento, com base nos dados coletados nos plantios. Com as curvas de crescimento foi aplicado o método GOL (sigla em inglês para Growth-Oriented Logging), para determinação de critérios técnicos de manejo, incluindo um cenário otimizado focado na produção de madeira.

Após testes iniciais, os pesquisadores modelaram o crescimento do diâmetro e da área basal de cada espécie selecionada ao longo da cronossequência. Foram construídos cenários de produtividade usando os 30% maiores valores de diâmetro encontrados para cada espécie por local e idade, o “cenário otimizado”, que representa a aplicação de tratos silviculturais, proporcionando maior produtividade.

As espécies foram classificadas usando o tempo necessário para atingir os 35 centímetros de diâmetro para a colheita em três faixas: crescimento rápido (menos de 50 anos), intermediário (50-70 anos) e lento (maior que 70 anos).

Ao aplicar a abordagem GOL, foram agrupadas em taxa de crescimento rápida (menor que 25 anos); intermediária (25-50 anos); lenta (50-75 anos) e superlenta (75-100 anos).

O cenário otimizado teve o tempo de colheita reduzido em 25%, representando uma antecipação média de 13 anos na idade ideal de colheita.

As exceções foram o jequitibá-rosa e o jatobá, que apresentaram seu período ideal de colheita prolongado, mas a área basal aumentou mais de 50%. Por outro lado, o cedro-rosa teve redução de 36,6% na área basal de colheita (646,6 cm2/árvore), mas uma antecipação de 47 anos em tempo de colheita (51% mais rápido que o GOL).

No total, nove das dez espécies atingiram diâmetro de 35 cm antes dos 60 anos – a exceção foi o guarantã, com alta densidade de madeira.

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FAQ – Perguntas Frequentes sobre Restauração Florestal e Crescimento de Árvores Nativas

Como a restauração florestal está avançando por meio da aplicação de métodos silviculturais?

A restauração florestal está avançando com a aplicação de métodos silviculturais devido ao aumento da produtividade e rentabilidade, viabilizando o abastecimento da indústria madeireira e reduzindo a pressão sobre os biomas naturais, como a Amazônia.

Quais são os critérios específicos para alcançar alta produtividade na restauração florestal?

Os critérios envolvem uma combinação de espécies nativas, modelos de crescimento das árvores que permitem montar planos de manejo e colheita com prazos mais curtos, bem como o desenvolvimento de pesquisa e inovação combinado a tratamentos silviculturais.

Quais foram os resultados obtidos com o uso da nova metodologia de projeção de crescimento de árvores nativas?

Os pesquisadores obtiveram uma redução de 25% no tempo de colheita e um aumento de 38% na área basal das árvores por meio do uso da nova metodologia, representando uma antecipação média de 13 anos na idade ideal de corte.

Por que o estudo é relevante para a restauração florestal em larga escala?

O estudo fornece dados que melhoram a viabilidade da restauração florestal em larga escala, tornando-a mais atrativa para proprietários de terra, atendendo aos acordos globais pró-clima e promovendo a devolução de serviços ecossistêmicos a determinadas áreas.

Qual o impacto esperado do estudo para programas de restauração florestal?

Os resultados do estudo devem alimentar o programa Refloresta-SP, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, que tem entre seus objetivos a restauração ecológica, a recuperação de áreas degradadas e a implantação de florestas multifuncionais e de sistemas agroflorestais.

Qual a importância da preservação da Mata Atlântica e como o estudo contribui para isso?

O estudo fornece informações valiosas para enriquecer a restauração florestal com finalidade econômica, tornando-a mais atrativa e capaz de atingir múltiplos objetivos, como a devolução de serviços ecossistêmicos a determinadas áreas na Mata Atlântica.

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