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Por que Lula disse que o Agronegócio não gosta dele?

Por que Lula disse que o Agronegócio não gosta dele?

Durante a campanha eleitoral, as declarações do candidato – chegou a afirmar que parte do setor é fascista – ao presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, aumentaram seu distanciamento do agronegócio. Em qual Lula acreditar?

O 2022 será marcado por uma das eleições mais disputadas para Presidente da República – lembrando que o segundo turno será disputado entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante a campanha eleitoral, as declarações do candidato à presidência do PT aumentaram seu distanciamento do agronegócio. Mas, afinal, há algum motivo para que o setor do agronegócio – setor capaz de mudar o rumo das eleições – não seja simpático ao candidato de esquerda? Verificação de saída!

Vamos direto ao ponto, usando parte do material divulgado pela Diário do Povo. Em entrevista na TV, ele chegou afirmar que parte do setor é fascista e direitista. Falando aos ativistas, propôs impor limites às exportações de carne, setor no qual o Brasil é líder mundial. Antes, a bancada do PT apresentou um projeto de lei para tributar “o abuso da exportação de alimentos”. As lideranças do MST já informaram que em um possível novo governo Lula haverá mais invasões de terras. Para finalizar, o PT disse que o o agronegócio não gosta dele porque sabe que, se for eleito, “vai acabar com a invasão da Amazônia”.

Diante do cenário criado, por ele mesmo, às vésperas da eleição do primeiro turno, Lula suavizou o discurso e, em entrevista ao Canal Ruraldisse ter orgulho de “ter levado muita gente do agronegócio brasileiro para outros países” e negou a intenção de limitar as exportações de carne – “Se o governo tentar intervir, vai quebrar a cara”. Ele também falou em tratar o setor “com respeito”, “sabendo sua importância para a economia brasileira, para o desenvolvimento do país”.

Quanto ao MST, defendeu o movimento dizendo que “pouquíssimas” terras produtivas foram invadidas no país (fato negado em reportagem nesta Gazeta do Povo). E desta vez, evitou associar produtores ao desmatamento na Amazônia. Em qual Lula acreditar?

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Essa ambiguidade do político pode explicar, em parte, o próprio diagnóstico de Lula de que o agronegócio não gosta dele. O ex-presidente, portanto, tem razão no fato – ele e seu partido não são bem vistos pelo setor – mas está equivocado no motivo, invocando um suposto conflito entre a produção agrícola e o bioma amazônico.

Essa associação equivocada, por si só, é uma das razões para o setor “não gostar” do candidato, já que a maioria dos produtores do país vive a centenas ou milhares de quilômetros da Amazônia e, por lei, preserva extensas áreas de florestas nativas em suas propriedades.

Declarações do PT geram insegurança
Declarações do PT geram insegurança

Produtor que desmata ou age ilegalmente é percentual mínimo. Isso é algo para madeireiros e grileiros. Aí chega um ex-presidente e fala uma coisa assim, é muito difícil. O agro não gosta dele pelas mentiras que conta. Isso gera uma grande insegurança em relação ao que ele pode fazer com o país”, diz. José Eduardo Sismeiropresidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (aproja).

Outro ponto crítico, segundo Sismeiro, é a relativização dos direitos de propriedade. “É preciso ter segurança jurídica para trabalhar pacificamente. Você não pode pensar que a fazenda vai ser invadida, que o juiz vai dar a reintegração de posse e eles não vão fazer. Já passamos por isso. E quando o MST (aliado do PT) sai das propriedades, o prejuízo é muito grande. E nunca há ninguém para pagar. Então não tem Stedile (João Pedro Stedile, líder do MST), não tem Lula”.

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Agronegócio, por definição, é qualquer negócio que produza renda e emprego em cadeias produtivas vinculadas ao meio rural. Nesse ponto, o deputado Sergio Souza, presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), faz questão de diferenciar assentados da reforma agrária de invasores de terra.

“Quando Lula afirma que o MST é quem produz neste país, onde o MST produz? O colono da reforma agrária, este produz e produz bem. Ele ainda está ganhando título para a propriedade. Durante quase 16 anos no cargo, os títulos que deram, eles tiraram das pessoas. Isso nos parece um incentivo à invasão de terras. Que segurança isso dá ao campo?”, questiona.

“Se o governo quer promover a reforma agrária, deve ir lá comprar terra dos produtores rurais e montar um assentamento. Sem problemas. Não somos contra a reforma agrária, somos contra a invasão de terras”, enfatiza

Mst matar vacas

Para Souza, sempre foi Lula quem deu “sinais muito claros de que não gosta de agricultura”. Um desses sinais foi colocado no plano de governo do PT, a proposta de regular a produção agrícola, copiando medidas adotadas na Argentina. Novamente, após repercussão negativa, o partido disse que a ideia foi publicada por engano, e será retirada.

“A Argentina regulamentou a agricultura e agora há um caos, incluindo propriedades abandonadas. Esse é um cenário que os produtores brasileiros temem. Não adianta sobrecarregar o agro para guardar alimentos dentro do Brasil. É uma commodity, é global, isso não resolve o problema. Quem regula os preços dos alimentos no mundo hoje é o mercado. Se você tem produção excedente e não consegue vendê-la, como é??”, questiona o presidente da FPA.

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Outro motivo de divergência entre o agro e o petista é a modernização da Lei de Defensivos Agrícolas, que a bancada da oposição insiste em chamar de Pacote do Veneno. Souza critica a campanha de desinformação de ONGs e ativistas.

“Não colocamos flexibilidade na análise de novas moléculas. Agora, não pode demorar dez anos para você autorizar uma nova molécula que está sendo usada em todo o mundo. O Brasil é hoje um dos países que produz os alimentos mais seguros do planeta. O mundo inteiro quer soja do Brasil, porque é uma soja de qualidade. E pagamos caro por isso, porque não podemos usar novas moléculas que estão se desenvolvendo.”

Soja brasileira sendo colhida

Nove em cada dez eleitores (94%) já definiram o segundo voto no segundo turno, segundo a pesquisa. No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos válidos, ou 48,43% do número apurado pela Justiça Eleitoral. Bolsonaro, candidato à reeleição, recebeu 51 milhões de votos, ou 43,20% do total.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com 51% das intenções de voto, contra 42% do presidente Jair Bolsonaro (PL), aponta para uma nova pesquisa do Ipec (antigo Ibope) para o segundo turno divulgada nesta segunda-feira, 10.

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