Pane no CAF pode deixar agricultores sem acesso a credito

Fazenda reduz previsão oficial de crescimento do PIB para 1,61%

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) de 2,1% para 1,61%. A estimativa para a inflação aumentou. As previsões constam do Boletim Macrofiscal divulgado nesta sexta-feira (17).

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Segundo o Ministério da Fazenda, a projeção anterior, divulgada em novembro do ano passado, minimizava os efeitos dos juros altos na economia e no mercado de crédito. “Esses efeitos [desaceleração econômica] já foram parcialmente verificadas durante o último trimestre de 2022, quando a economia contraiu 0,2% na margem, e as concessões de crédito começaram a desacelerar de forma mais acentuada”, destacou o relatório.

De acordo com a SPE, tanto o setor de serviços quanto a indústria devem ser afetados pela queda da demanda causada pelo aumento dos juros e pela contração do crédito. “A desaceleração da economia deve ocorrer tanto no setor de serviços quanto no setor industrial. O alto endividamento e o comprometimento da renda da população devem afetar o ritmo das atividades do setor de serviços.”

Segundo o Ministério da Fazenda, a desaceleração da indústria e dos serviços é provável, mesmo com as medidas de proteção social planejadas, como aumento real do salário mínimo, aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, o novo Bolsa Família e o Unrolls, programa de renegociação de dívidas.

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Inflação

A inflação projetada com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,6% para 5,31%. A estimativa está acima da meta de inflação para o ano, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o limite superior é de 4,75%.

Segundo a SPE, a inflação de alimentos e bens industriais deve desacelerar nos próximos meses. No entanto, os preços administrados (administrados) devem subir mais do que inicialmente previsto, o que justificou a revisão para cima da projeção para o IPCA.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para apurar o valor do salário mínimo e das aposentadorias corretas, deve encerrar este ano com variação de 5,16%, conforme previsão da SPE, contra 4,9% previstos no boletim anterior, divulgado em novembro do ano passado. Na projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui o setor atacadista, o custo da construção civil e o consumidor final, caiu de 4,55% para 3,85%.

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Outros parâmetros

O relatório também atualizou as projeções para as contas públicas. O déficit primário projetado (resultado negativo nas contas do governo excluindo juros da dívida pública) caiu de R$ 125,99 bilhões, valor previsto no início do ano, para R$ 99,01 bilhões.

O valor incorpora o pacote de medidas fiscais anunciadas em janeiro. Na época, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que esperava queda do déficit para cerca de R$ 100 bilhões neste ano.

Já para a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), principal parâmetro utilizado para comparar o endividamento dos países, a projeção caiu de 79,1% para 77,6% do PIB.

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médio prazo

Apesar de reconhecer a desaceleração econômica em 2023, a SPE espera que o crescimento se recupere em 2024, caso seja aprovada a nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos, e a reforma tributária, que permitiria queda estrutural dos juros e estimularia o investimento e consumo. A secretaria também prevê que a economia pode crescer mais nos próximos anos com a transição para um modelo de desenvolvimento baseado em preocupações ambientais.

“O foco da expansão deve ser a transição para uma economia sustentável de baixas emissões, com grande potencial a ser explorado nos próximos anos. Considerando esses fatores, a projeção é de aceleração do crescimento em 2024, para 2,3%. Nos próximos anos, a atividade deve crescer entre 2,40% e 2,80% ao ano”, destacou o relatório.



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