Dicas para o manejo sanitário de fazendas
No mês de dezembro, enquanto muitas fazendas do Brasil estão mais tranquilas, é o momento ideal para fazer uma revisão geral do manejo sanitário realizado ao longo do ano. É importante garantir a saúde e a proteção adequada para os animais, prevenindo doenças e diminuindo perdas.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Neste artigo, compartilharemos algumas dicas importantes para o manejo sanitário de fazendas. Abordaremos temas como vacinação contra clostridioses em bezerras, descarrapatização estratégica, vermifugação contra fasciola hepática, balanço geral sanitário do ano e surtos recentes de doenças.
Siga as recomendações e orientações de um veterinário de confiança para implementar as medidas corretas e garantir a saúde do seu rebanho. Vamos apresentar cada um desses tópicos com mais detalhes a seguir.
Vacinação contra clostridioses em bezerras
No mês passado, sugerimos adiar a vacinação contra clostridioses para este mês, após a vacinação contra brucelose. Um estudo recente indicou que não é recomendado vacinar contra brucelose e clostridioses ao mesmo tempo, pois a eficácia da proteção contra as clostridioses pode ser comprometida. Agora é o momento ideal para vacinar as fêmeas contra as clostridioses, lembrando que os bovinos a partir de quatro meses devem receber duas doses da vacina, com um intervalo de um mês.
É importante ressaltar que algumas vacinas brasileiras contra clostridioses não oferecem proteção contra o carbúnculo hemático, outra clostridiose. Em regiões com risco dessa doença, como o sul do Rio Grande do Sul, é necessário fazer uma vacinação extra com vacinas específicas que contenham bacterinas contra o Bacillus anthracis, o agente causador do carbúnculo hemático.
Descarrapatização estratégica no Rio Grande do Sul e no planalto de Santa Catarina
A Embrapa recomenda a descarrapatização estratégica do gado bovino nessas regiões, visando diminuir a infestação de carrapatos nas próximas estações do ano, que costumam ser mais problemáticas. Para a escolha dos produtos adequados, é essencial consultar um veterinário de confiança, pois os carrapatos têm desenvolvido resistência a diversos tipos de carrapaticidas.
Além disso, é possível aumentar a eficácia da descarrapatização ao realizar o teste do biocarrapaticidograma. Esse teste pode ser realizado no Instituto Veterinário Desidério Finamor, no Rio Grande do Sul, ou no Laboratório de Parasitologia da UNIPAMPA, através do contato por whatsapp (55) 9 9964-8232 ou pelo email parasitounipampa@gmail.com, ou ainda pelo perfil @parasitounipampa no Instagram.
Vermifugação estratégica contra fasciola hepática, no Rio Grande do Sul e nas regiões baixas de Santa Catarina
De acordo com a orientação da Embrapa, nas regiões alagadiças que contêm o caramujo transmissor das larvas de Fasciola hepatica, é recomendada a vermifugação estratégica do rebanho contra esse parasita. A fasciolose causa perda de peso e anemia em bovinos. Para isso, consulte sempre seu veterinário de confiança e utilize bases de fasciolocidas como tricabendazole, nitroxinil, clorsulon ou closantel.
Balanço geral sanitário do ano
Ao longo do mês de dezembro, sugerimos fazer um balanço geral da saúde do rebanho, calculando um índice simples. Para isso, é necessário ter registro de todos os nascimentos e mortes ocorridos ao longo do ano.
Multiplique por 100 o número de mortes e divida pelo número total de animais em cada faixa etária para obter o percentual de mortalidade em cada categoria. Com os dados calculados, analise com seu veterinário os gargalos sanitários que levaram à morte dos animais e busquem juntos maneiras de melhorar o manejo sanitário da fazenda, buscando metas mais próximas aos países desenvolvidos.
Surtos e focos de doenças recentes
Por fim, relatamos um surto de coccidiose em uma fazenda de São José do Rio Preto, onde 13 bezerros da raça Nelore foram afetados por diarreia com presença de sangue e catarro. O diagnóstico clínico confirmou a presença de oocistos de Eimeria spp., um protozoário que causa danos ao intestino dos animais.
É importante oferecer água aos bezerros em bebedouros automáticos, conhecidos como “australianos”, que fornecem água limpa e, se possível, tratada com água sanitária para eliminar oocistos. Medidas como essas ajudam a prevenir surtos de doenças e a garantir a saúde do rebanho.
Lembre-se de buscar orientação de veterinários especializados e de confiança para implementar as melhores práticas de manejo sanitário em sua fazenda. Assim, você estará garantindo o bem-estar e a produtividade do seu rebanho.
Fonte: Artigo escrito por Enrico Ortolani, Médico-veterinário pela Universidade de São Paulo, professor titular do departamento de clínica médica pela FMVZ-USP.
por Enrico Ortolani –Médico-veterinário pela Universidade de São Paulo. É professor titular do departamento de clínica médica pela FMVZ-USP, especializado em Clínica de Ruminantes (ortolani@usp.br).
No mês de dezembro, poucas atividades aparentemente são feitas nas fazendas de boa parte do Brasil, ideal para fazer um balanço geral sanitário do que ocorreu no ano.
Vacinação contra clostridioses em bezerras
No mês passado, em que foram vacinadas as bezerras contra brucelose, sugeri adiar a vacinação contra clostridioses para este mês, visto que um recente estudo brasileiro indica que não se deve vacinar ao mesmo tempo contra brucelose e clostridioses, pois isto faz com que a produção de anticorpos e proteção contra as clostridioses diminua para valer, colocando em risco os animais. Assim, chegou a hora agora de vacinar as fêmeas contra as clostridioses, lembrando que os bovinos, a partir de quatro meses, devem receber duas vacinações com espaço de um mês.
Nota importante: as vacinas brasileiras contra as várias clostridioses retiraram do produto a proteção contra o carbúnculo hemático (uma outra clostridiose). Assim, em regiões que têm risco dessa última doença, em especial a região sul do Rio Grande do Sul, devem fazer uma vacinação extra com vacinas exclusivas (Laboratórios Venco e Labovet) que contenham bacterinas contra o Bacillus anthracis, causador desta doença.
Descarrapatização estratégica no Rio Grande do Sul e no planalto de Santa Catarina
Segundo orientações da Embrapa, sugere-se a descarrapatização estratégica do gado bovino, nessas áreas citadas, para diminuir a futura infestação de carrapatos nas próximas estações do ano, que são mais problemáticas. Para decidir sobre que produtos utilizar, peça orientação ao seu veterinário de confiança, pois os carrapatos têm adquirido resistência contra múltiplos tipos de carrapaticidas.
Para aumentar o índice de eficácia e escolher o carrapaticida ideal para sua propriedade faça o teste do biocarrapaticidograma. Além do Instituto Veterinário Desidério Finamor, também no Rio Grande do Sul esse teste pode ser feito no Laboratório de Parasitologia da UNIPAMPA, contato whatsapp (55) 9 9964-8232 ou pelo email: parasitounipampa@gmail.com ou pelo @parasitounipampa (instagram).
Vermifugação estratégica contra fasciola hepática, no Rio Grande do Sul e nas regiões baixas de Santa Catarina
Segundo orientação da Embrapa sugere-se nas regiões alagadiças e que contenham o caramujo que transmite as “larvas” de Fasciola hepatica (baratinha do fígado) do RS e de SC, a vermifugação estratégica do rebanho contra este parasita, que causa grande perda de peso e anemia aos bovinos. Para tal, recomenda-se o uso, sempre consultando seu veterinário de plantão, as seguintes bases de fasciolocidas: tricabendazole, nitroxinil, clorsulon ou closantel.
Balanço geral sanitário do ano
Sugiro que no mês de dezembro, seja feito um balanço geral da saúde no seu rebanho, por meio do cálculo de um simples índice, desde que tenha o registro de todos os nascimentos e mortes no ano. Primeiro, quantifique o número global de animais de 1º de dezembro de 2021 a 1º de dezembro de 2022, presente nas seguintes categorias: A) bezerros até desmama; B) da desmama até dois anos, C) de dois a três anos, D) de três a 10, E) mais de 10 anos.
Multiplique por 100 o número de mortes e o resultado deve ser dividido pelo número total de animais, dentro da mesma categoria. Com isso você obterá o número percentual de mortalidade no ano, para cada faixa de idade. Faça isso também com o total de seu rebanho criado no espaço de 12 meses. A média de mortalidade geral nos rebanhos brasileiros é de 6% e nas categorias A) 8,5%; B) 3,5%; C) 2,5%; D) 1%; E) 3,5%. Países com pecuária de corte mais desenvolvidos (EUA e Austrália) têm uma mortalidade média geral de 3,2% e nas categorias A 4,5 % a 5%; B 1,3%; C) 1%. D) 1,1 e E) 2%.
Com seus dados calculados, analise com seu veterinário os gargalos sanitários que levaram a morte os animais, nas diversas categorias, e trabalhem em conjunto para mudar o manejo sanitário da fazenda, a fim de atingir metas mais próximas dos países desenvolvidos. Boa sorte na empreitada!
Surtos e focos de doenças recentes
Surto de coccidiose em bezerrada paulista
Veterinário descreveu surto de desinteria (diarreia com presença de sangue e catarro) em 13 bezerros da raça Nelore com cerca de 45 dias de idade, de um total de 150, nascidos de IATF, em uma propriedade em São José do Rio Preto. Além do diagnóstico clínico foi feito exame de fezes onde foram encontrados oocistos de Eimeria spp. (figura 1), um protozoário que causa grande dano à parede interna dos intestinos. Embora alguns bezerros estivessem bem apáticos e ligeiramente desidratados não ocorreram mortes, pois graças ao rápido e eficaz tratamento com coccidicidas os animais se recuperaram.
O rebanho de cria bebia água num açude, de porte médio, proveniente de acúmulo de água de chuva e de um diminuto regato. Tudo sugere que a fonte de infecção tenha vindo do açude, pois os oocistos resistem bastante tempo em locais úmidos. A fonte inicial de infecção pode ter sido as vacas, que embora sejam relativamente resistentes ao protozoário, podem mesmo assim eliminar pequeno número de oocistos pelas fezes e contaminar a aguada.
Nessas condições os bezerros podem ter contraído o protozoário por duas formas, ou ingerindo a água ou pela teta da vaca, na qual podem grudar oocistos quando a fêmea entra para beber água no açude sujo.
O ideal é oferecimento de água em bebedouros automáticos, chamados de “australianos”, provendo água de fontes limpa e se possível tratadas com água sanitária, conhecida como “cândida” (hipoclorito de sódio 2%) que mata boa parte dos oocistos.
Figura 1.
Oocistos em exame de fezes.
Fonte: Manual da MSD
Figura 2.
Bebedouro tipo australiano.
com informações Scot Consultoria
1. Qual é a importância de vacinar as bezerras contra clostridioses?
Resposta: A vacinação contra clostridioses é importante para proteger as bezerras contra doenças causadas por essa bactéria, garantindo a saúde do animal e evitando futuros problemas.
2. Quais são os riscos de vacinar ao mesmo tempo contra brucelose e clostridioses?
Resposta: Vacinar ao mesmo tempo contra brucelose e clostridioses pode diminuir a produção de anticorpos e a proteção contra as clostridioses, colocando os animais em risco de contrair essas doenças.
3. Como realizar a descarrapatização estratégica do gado bovino?
Resposta: Para realizar a descarrapatização estratégica do gado bovino, é importante consultar um veterinário de confiança para orientações sobre que produtos utilizar, levando em consideração a resistência dos carrapatos a diferentes carrapaticidas.
4. Por que é recomendada a vermifugação estratégica contra fasciola hepática em determinadas regiões?
Resposta: A vermifugação estratégica contra fasciola hepática é recomendada em regiões alagadiças que contenham o caramujo transmissor dessa doença, visando prevenir perdas de peso e anemia nos bovinos causadas por esse parasita. O uso de bases de fasciolocidas específicas é indicado após consulta ao veterinário.
5. Qual é a importância do balanço geral sanitário do ano para a saúde do rebanho?
Resposta: O balanço geral sanitário do ano é importante para avaliar a saúde do rebanho, identificar possíveis gargalos sanitários e trabalhar em conjunto com o veterinário para melhorar o manejo sanitário da fazenda, visando alcançar metas mais próximas dos países com pecuária mais desenvolvida.
Neste mês de dezembro, muitas atividades aparentam não ser realizadas nas fazendas do Brasil, o que é o momento ideal para fazer uma análise geral da saúde do rebanho ao longo do ano. É importante destacar que a vacinação contra clostridioses em bezerras deve ser adiada para este mês, já que um estudo recente indica que não é recomendado vacinar simultaneamente contra brucelose e clostridioses, pois isso compromete a produção de anticorpos e reduz a proteção contra as clostridioses, colocando os animais em risco. Portanto, agora é o momento ideal para vacinar as fêmeas contra as clostridioses, lembrando que os bovinos devem receber duas vacinações com um intervalo de um mês a partir dos quatro meses de idade.
É importante destacar que as vacinas brasileiras contra as clostridioses não oferecem proteção contra o carbúnculo hemático. Portanto, em regiões com risco dessa doença, especialmente na região sul do Rio Grande do Sul, é necessário realizar uma vacinação extra com vacinas exclusivas que contenham bacterinas contra o Bacillus anthracis, o agente causador da doença.
A descarrapatização estratégica do gado bovino no Rio Grande do Sul e no planalto de Santa Catarina é sugerida pela Embrapa para reduzir a infestação de carrapatos nas próximas estações do ano, que são mais problemáticas. Para decidir quais produtos utilizar, é recomendado solicitar orientação ao veterinário de confiança, uma vez que os carrapatos têm adquirido resistência a múltiplos tipos de carrapaticidas. Além disso, para aumentar a eficácia e escolher o carrapaticida ideal para sua propriedade, é recomendado realizar o teste do biocarrapaticidograma.
Já nas regiões alagadiças do Rio Grande do Sul e nas regiões baixas de Santa Catarina, é sugerida a vermifugação estratégica do rebanho contra a fasciola hepática, um parasita que causa perda de peso e anemia nos bovinos. Para isso, recomenda-se o uso de bases de fasciolocidas como tricabendazole, nitroxinil, clorsulon ou closantel, sempre consultando o veterinário de plantão.
No mês de dezembro, é sugerido realizar um balanço geral da saúde do rebanho por meio do cálculo de um índice simples, desde que haja o registro de todos os nascimentos e mortes ao longo do ano. Para calcular esse índice, é necessário quantificar o número total de animais em cada categoria ao longo do período analisado. Em seguida, multiplica-se por 100 o número de mortes em cada categoria e o resultado é dividido pelo número total de animais na mesma categoria. Isso resultará em uma porcentagem de mortalidade para cada faixa etária. Analisando esses dados com o veterinário, é possível identificar os gargalos sanitários que levaram às mortes e trabalhar em conjunto para mudar o manejo sanitário da fazenda, visando alcançar metas mais próximas dos países desenvolvidos.
Por fim, relatou-se um surto de coccidiose em bezerras da raça Nelore em uma propriedade em São José do Rio Preto. Foi constatada a presença do protozoário Eimeria spp. através de exames de fezes. Os bezerros se recuperaram graças ao tratamento rápido e eficaz com coccidicidas. A fonte de infecção desse surto pode ter sido a água proveniente de um açude, onde os oocistos do protozoário podem resistir por um longo período. É recomendado oferecer água limpa aos animais, utilizando bebedouros automáticos e tratando-a com água sanitária para eliminar os oocistos.
Essas são algumas medidas importantes quando se trata da saúde do rebanho bovino. É fundamental estar atento às recomendações dos especialistas e sempre contar com a orientação de um veterinário para tomar as melhores decisões em relação à saúde dos animais.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
FAQ – Perguntas frequentes
1. Por que é importante vacinar as bezerras contra clostridioses?
1.1. Qual a recomendação em relação à vacinação contra clostridioses em conjunto com a vacinação contra brucelose?
2. O que é descarrapatização estratégica e por que é recomendada no Rio Grande do Sul e no planalto de Santa Catarina?
2.1. Quais são os produtos recomendados para realizar a descarrapatização estratégica?
2.2. O que é o teste do biocarrapaticidograma e onde pode ser realizado?
3. Por que é recomendada a vermifugação estratégica contra fasciola hepática no Rio Grande do Sul e nas regiões baixas de Santa Catarina?
3.1. Quais são as bases de fasciolocidas recomendadas para a vermifugação estratégica?
4. Como fazer um balanço geral sanitário do ano?
4.1. Como calcular o índice de mortalidade no rebanho?
4.2. Qual é a média de mortalidade nos rebanhos brasileiros e em países desenvolvidos?
5. Quais foram os surtos e focos de doenças recentes relatados?
5.1. O que foi o surto de coccidiose em bezerrada paulista?
5.2. Como ocorreu a infecção dos bezerros pela coccidiose?
por Enrico Ortolani –Médico-veterinário pela Universidade de São Paulo. É professor titular do departamento de clínica médica pela FMVZ-USP, especializado em Clínica de Ruminantes (ortolani@usp.br).
No mês de dezembro, poucas atividades aparentemente são feitas nas fazendas de boa parte do Brasil, ideal para fazer um balanço geral sanitário do que ocorreu no ano.