O novo projeto, assinado por mais de 20 petistas, é “moda argentina”; Agora eles propõem um imposto que pode “quebrar” o agro em duas safras. Entender!
Anunciado pela Câmara dos Deputados, o Projeto de lei exige Imposto de Exportação de grãos e carnes, com a justificativa de que exportações ameaçam abastecimento interno. O Projeto de lei 1586/22 determina a cobrança de Imposto de exportação em um conjunto de alimentos estratégicos para a alimentação básica dos brasileiros quando há risco para o abastecimento interno.
O texto em análise que dos 56 deputados federais do PT, 22 aparecem como autores na Câmara dos Deputados, visa mudar a Decreto-Lei 1578/77, que instituiu esse imposto no país. O recesso parlamentar chegou ao fim e, com isso, deputados federais e senadores voltaram às atividades – votar, apresentar e analisar propostas – incluindo questões importantes para a agricultura brasileira.
As divergências sobre o assunto fazem parte das conversas dos parlamentares, e parte do banco PT na Câmara dos Deputados defende uma proposta que, se aprovado, poderia aumentar — ainda mais — os custos de produção daqueles que se dedicam ao cultivo de grãos e pecuária.
Projeto de lei apresentado por parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) propõe a criação de um imposto para coibir o que seria um “compulsão à exportação” de alimentos no Brasil em relação a itens como soja, milho, arroz e carnes.
“A proposta visa corrigir uma contradição que afronta o interesse público no país: o volumes abusivos de alimentos exportados em um contexto de volatilidade de preços e oferta interna insuficiente”, disseram os autores da proposta, o deputado Airton Faleiro (PT-PA) e outros legisladores que apoiam a proposta.
Invocando “a crescente fome e insegurança alimentar que atinge a maioria dos brasileiros”, os parlamentares falam em corrigir o que classificam como “volumes abusivos de alimentos exportados pelo país”. Essas frases estão entre aspas, que podem ser encontradas no texto original que justifica o projeto.
Setores que seriam mais afetados
A proposta deixa de fora os produtos elaborados ao prever que, por meio de ato do Poder Executivo, estaria sujeito ao Imposto de Exportação:
A soja, milho e arroz, na forma de grãos, quando os estoques públicos estiverem abaixo de 10% das previsões de consumo nacional desses produtos; e frango, carne bovina e suínain natura, em situações de ameaça à regularidade do abastecimento interno.
O material não menciona, porém, qual seria o órgão de referência para tal classificação. Também não há definições sobre os valores a serem cobrados. A sua ideia é, sobretudo, alterar o Decreto-Lei 1.578/77, que trata justamente do imposto de exportação. Essa cobrança extra seria direcionada, neste caso, para carne bovina, suína e de frango.
Projeto de lei apresentado por parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) propõe a criação de um imposto para coibir o que seria um “compulsão à exportação” de alimentos no Brasil em relação a itens como soja, milho, arroz e carnes.
Contradições e “erros de proposta”
Para avançar nessa ideia, os autores afirmam que outros países adotaram medidas ainda mais drásticas, como restringir – ou até proibir – a exportação de determinados alimentos. Mas, exemplos são países que continuam com preços de alimentos altos internamente e risco de colapso no setor agrícola, como a Argentina.
Dentro da justificativa eles citam que, “Em 2021, as perdas de safra foram enormes, principalmente devido à seca no Sul. O Brasil exportou 20,4 milhões de toneladas de milho quando enfrentamos dificuldades para abastecer o mercado interno e importamos 3,2 milhões de toneladas de milho a preços internacionais estratosféricos”, observaram os autores.
“Está dando certo na Argentina, certo? Eles vão querer a mesma filosofia por aqui. Vamos todos passar fome, então”, brinca o agrônomo e consultor de mercado agrícola Vlamir Brandalizze, referindo-se à política de tributação de exportações que por duas décadas consecutivas deprimiu o agronegócio no país vizinho.
Para a agrônoma e analista de commodities da cidade argentina de Rosário Paulina Lescano, o Brasil faria bem em ficar longe desse modelo. “O objetivo declarado do governo era evitar o aumento dos preços dos alimentos, mas a verdade é que até agora isso nunca aconteceu. Na Argentina temos uma inflação de quase 60%. O que se conseguiu foi baixar o preço pago ao produtor. E o governo encontrou uma forma bárbara de cobrar impostos.
Deputados petistas que querem tributar exportações do agro
De acordo com o documento, que pode ser acessado acima, 22 deputados assinaram o projeto de lei, 14 deles assinando eletronicamente o documento CD226486645200.
- Airton Faleiro – Pará;
- Afonso Florença – Bahia;
- Beto Faro – Pará;
- Bohn Gass – Rio Grande do Sul;
- Carlos Veras – Pernambuco;
- Célio Moura – Tocantins;
- Erika Kokay – Distrito Federal;
- Frei Anastácio – Paraíba;
- João Daniel – Sergipe;
- Leonardo Monteiro – Minas Gerais;
- Marcon – Rio Grande do Sul;
- Natália Bonavides – Rio Grande do Norte;
- Nilto Tattoo – São Paulo;
- Padre João – Minas Gerais;
- Paulo Teixeira – São Paulo;
- Patrus Ananias – Minas Gerais;
- Paulão – Alagoas;
- Pedro Uczai – Rio Grande do Sul;
- Rogério Correia – Minas Gerais;
- Valmir Assunção – Bahia;
- Zé Carlos – Maranhão;
- Zé Neto – Bahia.
Procedimento do projeto PT que quer tributar a exportação de Agro
O projeto está em fase de finalização e será analisado pelos comitês de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania.
Agora aguarda a designação de relator na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural..
FPA aponta erro nas estatísticas do PT
Assim que o projeto foi registrado na Câmara, Frente Parlamentar Agropecuária emitiu nota apontando falhas nas premissas adotadas pelos parlamentares e erros estatísticos nos números apresentados. Deputados petistas afirmam que o Brasil exporta 55% do milho que produz e 35% de sua carne, enquanto nos EUA, por exemplo, a proporção seria de 18% e 11%, respectivamente. Os dados estão errados, diz nota da FPA.
“A maior parte da produção sempre foi destinada ao mercado interno. Por exemplo, em 2019, 77,3% da produção de carne bovina foi destinada ao mercado interno e apenas 22,3% foi exportada. Em relação ao mercado de aves, em 2021, 68% da produção foi destinada ao mercado interno e no mesmo ano, quanto aos suínos, 76% da produção foi comercializada dentro do país”, esclareceu a FPA, citando estudo da SCOT Consultoria/ Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
No caso do Brasil, um dos principais jogadoras da produção mundial de alimentos, adotar medidas populistas contra as leis do mercado é comparado a marcar gols contra os próprios gols. Isso sem falar em toda a burocracia que seria criada para organizar os estoques, monitorar as colheitas e intervenções. “Uma lei como essa não ajuda em nada.
Todo o conteúdo audiovisual do CompreRural é protegido pela lei brasileira de direitos autorais, sendo permitida a reprodução desde que citada a fonte e com aviso prévio através do e-mail [email protected]