conversão de pastagens pode prejudicar a Pecuária

conversão de pastagens pode prejudicar a Pecuária
Conversão de Pastagens, Produção Brasileira, Carne Bovina, Impactos Ambientais.

Saiba como o programa de conversão de pastagens pode prejudicar a produção brasileira de carne bovina e entenda a importância da sustentabilidade na pecuária.

Anunciado como uma das principais ações pelo campo neste terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o conversão de área de pastagens degradadas para aumentar a área plantada com grãos preocupa o cadeia produtiva de gado de corte.

Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!

Representantes do setor consideram a proposta positiva, mas entendem que ela não deve se limitar à produção de grãos, o que pode causar um desequilíbrio na agricultura, com impacto nas exportações, no abastecimento interno de carne bovina e na geração de empregos e renda.

Dirigentes da pecuária defendem que o programa de reconversão de áreas degradadas também deveria ter uma política compatível com a pecuária, permitindo manter a produção e aumentar a produtividade nas áreas remanescentes de pecuária. Ou seja, oferecer ao setor condições de investir em tecnologia e intensivar pastagens para continuar garantindo a oferta de carne bovina em volumes capazes de atender a demanda doméstica e mundial.

O temor é que a pecuária perca competitividade se não tiver uma política de sustentabilidade. Isso, alertam, ameaçaria a permanência de pequenos e médios frigoríficos no mercado, reduziria a produção de carne bovina e reduziria a geração de empregos e renda na cadeia produtiva, além de estimular a expansão da atividade em regiões de fronteira e na Amazônia. Tudo isso, apontam, vai contra o próprio programa do governo Lula.

A recuperação das pastagens já faz parte do Plano ABC (agricultura de baixo carbono), mas o governo quer fomentá-la ainda mais no Plano Safra 2023/24, a ser anunciado em junho. A meta do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) é reconverter, em duas décadas, 40 milhões de hectares atualmente destinados à pecuária, que ocupam um total de 165,2 mi/ha do território brasileiro.

A projeção do governo federal é de que a incorporação dessa área à agricultura permitirá ao Brasil aumentar, de forma socioambientalmente sustentável, a produção de grãos para atender parte substancial da demanda mundial por alimentos em 2050, quando o planeta deverá ter 9,7 bilhões de habitantes, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU).

Representantes da pecuária lembram, porém, que a conversão ocorre normalmente em áreas com maior aptidão para a agricultura, relegando a pecuária para áreas de menor potencial produtivo ou para regiões de fronteira agrícola. Apontam também que a rentabilidade da pecuária costuma ser muito inferior à obtida pela agricultura de alta tecnologia, normalmente destinada à exportação, o que dificulta a competitividade da pecuária em termos de atração de investimentos.

segurança alimentar global

Para representantes da pecuária, a contribuição do Brasil para a segurança alimentar mundial não pode prescindir da oferta de proteína animal, principalmente a de origem bovina. Afinal, o país possui o maior rebanho comercial do mundo, com mais de 215 milhões de cabeças de gado, e é o maior exportador de carne bovina do planeta. Em 2022, as exportações do produto somaram quase 3 milhões de toneladas, com receita de US$ 13 bilhões, atingindo cerca de 160 países.

Operadores do setor pecuário acreditam que a atuação do Brasil no mercado internacional de carne bovina não pode ser desconsiderada em uma política que visa reforçar a segurança alimentar do planeta. Até porque, apontam, a demanda mundial pelo produto vem crescendo. Não só na China, maior importadora da carne bovina brasileira, mas também em outros países da Ásia e América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México).

No caso específico da China, destacam os representantes da pecuária, o potencial da carne bovina é imenso. No país asiático, cada habitante consome cerca de quatro quilos de carne bovina por ano, ante 25 quilos/habitante/ano no Brasil, levando em conta apenas o abate supervisionado. Isso significa que ainda há muito espaço para o crescimento do consumo de carne bovina naquele mercado, do qual o Brasil é um dos principais parceiros comerciais.

Conversão de Pastagens, Produção Brasileira, Carne Bovina, Impactos Ambientais.

 

“Cada quilo a mais de carne no consumo de carne bovina por cada chinês equivale a 1,5 milhão de toneladas, ou metade das atuais exportações brasileiras, sendo que 1/3 desse volume vem necessariamente de importações”, informa Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global; Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro; e Fernanda Kesrouani Lemos, pesquisadora sênior do Insper Agro Global; no artigo “A carne bovina brasileira na China e no mundo”, publicado no jornal digital Poder360.

Outro ponto a ser considerado é que a cadeia produtiva da carne bovina engloba diversas atividades, que vão desde a proteína que alimenta consumidores no Brasil e em quase todo o mundo, até o fornecimento de insumos para diversas outras indústrias, como couro, rações para animais de outras espécies, produtos de limpeza, cosméticos, gelatina, medicamentos, insumos para laboratórios e pesquisas, biocombustíveis, etc. Estima-se que mais de 70 setores utilizam matérias-primas provenientes da pecuária, que também geram empregos e renda. Diante disso, dizem representantes do setor, a indústria da carne bovina precisa ser mais bem observada pelo governo e seus formuladores de políticas.

Frigoríficos pequenos e médios

Com um cenário mundial de demanda crescente, apontam os pecuaristas, o que o Brasil precisa é aumentar a produção. Para isso, afirmam, o país terá que aumentar o número de frigoríficos autorizados a exportar, principalmente para a China. Eles esperam que as novas habilitações atinjam principalmente os frigoríficos de pequeno e médio porte, responsáveis ​​por mais de 60% da produção nacional de carne bovina.

Hoje, argumentam, o Brasil vive um grande paradoxo, pois, embora o país seja visto como o maior exportador de carne bovina do mundo, a maioria das pequenas e médias empresas que não possuem licença para a China vive uma grave crise financeira .

“É muito difícil para uma pequena ou média empresa que abastece o mercado interno competir com uma grande exportadora, principalmente na aquisição de gado para abate, visto que os preços internacionais e os volumes de exportação são muito maiores”, analisou uma fonte da o setor. .

Outro representante lembrou que, “no passado, as políticas implementadas via BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] incentivou um forte processo de concentração no setor, prejudicando diversas pequenas e médias empresas. Está na hora desse governo, que tem viés social, olhar mais de perto as pequenas e médias empresas”.

Frigoríficos de pequeno e médio porte, observam os agentes da pecuária, também são geradores de emprego e renda em muitos municípios do interior do país, além de impulsionar o comércio e estimular a arrecadação de impostos. Se esses estabelecimentos fecharem por falta de apoio das políticas públicas, a tendência é que o desemprego piore em muitas regiões, além de elevar o preço da carne para o consumidor brasileiro. Por isso, dizem eles, o governo precisa olhar mais de perto os pequenos e médios frigoríficos e pecuaristas, setor que trabalha com custos elevados e margens de lucro reduzidas.

Visita de Lula à China eleva expectativas do setor

A expectativa dos representantes da pecuária é que a visita do presidente Lula à China, na próxima semana, contribua para que um maior número de pequenos e médios estabelecimentos exporte para o país asiático. Embora saibam que essa é uma decisão do governo chinês, eles veem a viagem de Lula como uma oportunidade de diversificar os fornecedores de carne bovina brasileira para o mercado chinês.

Na avaliação de representantes da pecuária, o início de um novo governo favorece a correção de distorções internas que desequilibram a competitividade de empresas brasileiras capazes de atender a demanda internacional. O livre mercado, eles argumentam, precisa de pluralidade para ser mais inclusivo socioeconomicamente.

Portanto, consideram importante que o Ministério da Agricultura e Pecuária não priorize apenas o aumento do cultivo de grãos no programa de recuperação e conversão de pastagens degradadas. Para eles, é fundamental também dar atenção à pecuária, incentivando também seu crescimento e desenvolvimento sustentável.

Agrolink

agricultura agricultura de precisão agricultura familiar agrolink agronegocio agrotoxico arroz avicultura biodiesel biotecnologia boi brasil cabras café cavalo certificação consultoria crédito rural descubra ensino à distância etanol feijão flores frutas gado gado de corte geladeiras gestão rural milho noticias ovelha para pasto pecuaria pecuária leiteira pragas na agricultura Qual saúde Animal seguro rural setor sucroenergético SOJA suinocultura Treinamento trigo Turismo rural