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Chuvas atrasadas: impactos e futuro

Impacto das chuvas na agricultura

Desafios da estabilização das chuvas no plantio

Como pesquisador da Embrapa Cerrados, é preocupante constatar a demora no início das chuvas na região do Distrito Federal. Esta condição está afetando negativamente a instalação das principais culturas, como a soja, que normalmente seria plantada em novembro. Essa situação tem gerado incerteza e impacto financeiro para os agricultores, que já haviam se preparado para iniciar o plantio no final de outubro e agora se veem atrasados em suas atividades.

Consequências prejudiciais para o plantio de segunda safra

Se a semeadura da soja ocorrer no início de dezembro, a segunda safra na região pode ser inviabilizada, especialmente considerando as condições climáticas para o plantio do milho. Essa situação requer que os agricultores optem por culturas mais rústicas e com baixo nível de insumos para evitar maiores perdas financeiras. A análise dos dados históricos demonstra que a situação de 2023 é uma das mais preocupantes, pois a tendência do prolongamento da estação seca traz incertezas para a cadeia produtiva e coloca em cheque o sistema de duas safras em sequeiro.

Adaptação diante da tendência de prolongamento da estação seca

É crucial que a pesquisa se aprofunde e crie mecanismos de adaptação do sistema agrícola local, caso essa tendência de prolongamento da estação seca se mantenha. O monitoramento e a análise constantes serão essenciais para garantir a continuidade da produção agrícola e o sustento dos agricultores da região. Com base em dados históricos, essa tendência traz preocupações quanto à viabilidade do sistema de duas safras em sequeiro, exigindo a busca por alternativas mais adaptáveis.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

Texto de Artur Müller, pesquisador da Embrapa Cerrados

Neste ano, foi constatada a demora na estabilização das chuvas no Distrito Federal. Esse fato está retardando a instalação das principais culturas na região, entre elas, a soja, que normalmente é plantada no início de novembro ou mesmo no final de outubro, quando as chuvas estabilizam nesse mês.

Essa situação tem causado angústia nos agricultores que já haviam preparado sua estrutura de plantio no final de outubro, visando a colheita no início de fevereiro e plantio de outra cultura logo em seguida (na maioria dos casos, milho de segunda safra), aproveitando o final do período chuvoso.

Em uma simulação da umidade do solo, a partir dos dados meteorológicos, coletados diariamente em 2023 na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, submetidos ao balanço hídrico climatológico, foi estimado o dia 1º de dezembro como a data a partir da qual existem condições de umidade suficiente para o plantio na região de Planaltina (DF). Para essa simulação foi considerado o solo como apto ao plantio tendo acima de 60 mm de água disponível.

Consequências prejudiciais

Contudo com a semeadura da soja no início de dezembro, praticamente se inviabiliza a segunda safra na região. Mesmo utilizando cultivares de soja super precoce, a colheita deverá ocorrer próximo ao dia dez de março. No entanto, a recomendação para o plantio de milho de segunda safra, segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é até o final de fevereiro, mesmo quando considerado o maior nível de risco de perdas aceito (40%).

Essa situação requer que o agricultor que produz em sequeiro (sem irrigação) opte por uma cultura mais rústica, que pode ser o sorgo ou o milheto, e com baixo nível de insumos para evitar maiores perdas financeiras com culturas de alto custo variável. Contudo, essa situação diminui a renda da propriedade, pois, além de perder uma segunda entrada de recursos com a comercialização da segunda safra, o produtor terá que arcar com os custos fixos da propriedade, como as depreciações de máquinas e equipamentos, que incidirá mesmo sobre a cultura menos rentável.

Para entendermos melhor a situação climática ao longo do tempo, a mesma simulação da umidade do solo foi realizada para os 50 anos de dados disponíveis na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, com a data a partir da qual o solo tinha umidade suficiente para o plantio da soja. Com a comparação desses anos, observamos que a situação de 2023 é uma das mais extremas, pois somente em 2007 ocorreu condição de plantio mais tardia.

Apesar de esse dado parecer alentador, por ser um evento raro, que ocorreu apenas duas vezes com essa intensidade nos últimos 50 anos, a análise de essa se tornar uma tendência é mais preocupante.

Separando os 25 anos com data em que o solo teve umidade para plantio mais precoce, observa-se que a concentração de anos com umidade mais tardia vem aumentando nas últimas décadas em relação às duas primeiras décadas, chegando a ter oito datas com umidade tardia nesta última década, questão que traz uma preocupação para a cadeia produtiva e coloca em cheque o atual sistema de duas safras em sequeiro. A pesquisa deverá aprofundar esse assunto e criar mecanismos de adaptação do sistema se essa tendência de prolongamento da estação seca realmente se mantiver.

FAQ Inteligente sobre o Retardo das Chuvas no Distrito Federal

Por que as chuvas estão demorando a estabilizar no Distrito Federal?

A demora na estabilização das chuvas no Distrito Federal foi constatada neste ano, retardando o plantio das principais culturas na região, como a soja e o milho.

Qual é a consequência desse atraso para os agricultores?

Os agricultores que já haviam preparado sua estrutura de plantio no final de outubro estão enfrentando angústia, pois a semeadura tardia da soja inviabiliza a segunda safra na região, prejudicando sua produtividade e renda.

O que os agricultores podem fazer para contornar essa situação?

Os agricultores podem optar por cultivares de soja super precoce e escolher culturas mais rústicas, como o sorgo ou o milheto, para evitar maiores perdas financeiras. No entanto, essa situação diminui a renda da propriedade devido à falta de uma segunda entrada de recursos com a comercialização da segunda safra.

Existe uma tendência de prolongamento da estação seca na região?

Há uma preocupação crescente na cadeia produtiva em relação ao prolongamento da estação seca na região. A análise de dados indica que a concentração de anos com umidade mais tardia vem aumentando nas últimas décadas, o que coloca em cheque o atual sistema de duas safras em sequeiro.

Como a pesquisa está abordando essa questão?

A pesquisa está se aprofundando no estudo do prolongamento da estação seca e buscando criar mecanismos de adaptação do sistema de duas safras caso essa tendência se mantenha. É fundamental desenvolver estratégias para lidar com essa situação e garantir a sustentabilidade da produção agrícola na região.

Texto de Artur Müller, pesquisador da Embrapa Cerrados

Neste ano, foi constatada a demora na estabilização das chuvas no Distrito Federal. Esse fato está retardando a instalação das principais culturas na região, entre elas, a soja, que normalmente é plantada no início de novembro ou mesmo no final de outubro, quando as chuvas estabilizam nesse mês.

Essa situação tem causado angústia nos agricultores que já haviam preparado sua estrutura de plantio no final de outubro, visando a colheita no início de fevereiro e plantio de outra cultura logo em seguida (na maioria dos casos, milho de segunda safra), aproveitando o final do período chuvoso.

Em uma simulação da umidade do solo, a partir dos dados meteorológicos, coletados diariamente em 2023 na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, submetidos ao balanço hídrico climatológico, foi estimado o dia 1º de dezembro como a data a partir da qual existem condições de umidade suficiente para o plantio na região de Planaltina (DF). Para essa simulação foi considerado o solo como apto ao plantio tendo acima de 60 mm de água disponível.

Consequências prejudiciais

Contudo com a semeadura da soja no início de dezembro, praticamente se inviabiliza a segunda safra na região. Mesmo utilizando cultivares de soja super precoce, a colheita deverá ocorrer próximo ao dia dez de março. No entanto, a recomendação para o plantio de milho de segunda safra, segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é até o final de fevereiro, mesmo quando considerado o maior nível de risco de perdas aceito (40%).

Essa situação requer que o agricultor que produz em sequeiro (sem irrigação) opte por uma cultura mais rústica, que pode ser o sorgo ou o milheto, e com baixo nível de insumos para evitar maiores perdas financeiras com culturas de alto custo variável. Contudo, essa situação diminui a renda da propriedade, pois, além de perder uma segunda entrada de recursos com a comercialização da segunda safra, o produtor terá que arcar com os custos fixos da propriedade, como as depreciações de máquinas e equipamentos, que incidirá mesmo sobre a cultura menos rentável.

Para entendermos melhor a situação climática ao longo do tempo, a mesma simulação da umidade do solo foi realizada para os 50 anos de dados disponíveis na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, com a data a partir da qual o solo tinha umidade suficiente para o plantio da soja. Com a comparação desses anos, observamos que a situação de 2023 é uma das mais extremas, pois somente em 2007 ocorreu condição de plantio mais tardia.

Apesar de esse dado parecer alentador, por ser um evento raro, que ocorreu apenas duas vezes com essa intensidade nos últimos 50 anos, a análise de essa se tornar uma tendência é mais preocupante.

Separando os 25 anos com data em que o solo teve umidade para plantio mais precoce, observa-se que a concentração de anos com umidade mais tardia vem aumentando nas últimas décadas em relação às duas primeiras décadas, chegando a ter oito datas com umidade tardia nesta última década, questão que traz uma preocupação para a cadeia produtiva e coloca em cheque o atual sistema de duas safras em sequeiro. A pesquisa deverá aprofundar esse assunto e criar mecanismos de adaptação do sistema se essa tendência de prolongamento da estação seca realmente se mantiver.

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