No discurso de abertura da cúpula do Mercosul, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, defendeu a revisão do acordo comercial com a União Europeia por, a seu ver, não responder aos desafios do cenário atual.
A declaração ocorre em um momento em que as negociações entre as partes, embora na reta final, estão paralisadas após os europeus apresentarem um documento complementar ao acordo que prevê sanções para nações sul-americanas em caso de descumprimento de normas ambientais. O dispositivo irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que negocia a retirada do trecho para sancionar o acordo comercial.
A cúpula do Mercosul começou nesta segunda-feira, 3, em Puerto Iguazú, na Argentina, país que na terça-feira, 4, entregará ao Brasil a presidência pro-tempore do bloco.
Hoje, o governo Lula é representado por três autoridades: o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa; e a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.
Para Cafiero, o texto do acordo UE-Mercosul é um “esforço desigual entre blocos assimétricos e não responde ao cenário atual”. “Para materializar potencialidades e para que o acordo tenha bons resultados para ambas as partes, é preciso trabalhar e atualizar os textos de 2019”disse o chanceler, em um discurso.
O ministro argentino garantiu que o governo de Alberto Fernández defende sim o avanço nas negociações com os europeus, mas por meio de ajustes.
“Em fevereiro, depois de quatro anos, recebemos o documento complementar sobre meio ambiente e ele apresenta uma visão parcial de desenvolvimento sustentável excessivamente voltada para o meio ambiente, com pouca consideração pelo desenvolvimento econômico e social”tomada.
“Precisamos reagir juntos ao chamado protecionismo verde. Isso está enraizado em uma preocupação genuína, mas na prática pressupõe a proteção da produção e dos produtos nos países desenvolvidos, o que afeta o comércio em geral, mas em particular países como o nosso, produtores de alimentos e matérias-primas, entre os quais setores essenciais e fundamentais de nossa poupança”acrescentou Cafiero, em uma abordagem mais voltada para o desenvolvimento do ambientalismo.
Ao defender seu ponto de vista, o chanceler argentino citou trechos do tratado, com diferenças entre a liberação de tarifas de exportação entre as duas partes.
“Os bens industriais importados da União Europeia não estão sujeitos a qualquer imposto. A margem do negócio foi mais restrita para um bloco do que para o outro”acrescentou o chefe de Relações Exteriores da Argentina. “O acordo pode ser uma oportunidade para repor os desequilíbrios do acordo e reajustá-lo a um mundo que mudou nos últimos quatro anos”continuou, em defesa de um compromisso.
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