Em meados do ano passado, o jovem pecuarista Pedro Vatrin, de 20 anos, soube de um curso de cerca elétrica, que seria oferecido pelo SENAR-PR em Guarapuava, no Centro-Sul do Estado.
Vatrin e seu irmão mantêm cerca de 50 vacas para reprodução, em uma propriedade arrendada, e têm tido problemas recorrentes para cercar os animais, incluindo casos de fuga. O produtor queria fazer direito.
“Era a oportunidade que eu queria. Tivemos muitos problemas com pontos em que a cerca não aplicava o choque. Não sabíamos fazer direito”diz Vatrin.
Com carga horária de 24 horas, o curso foi ministrado na fazenda do presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho. De cara, Vatrin percebeu que havia muitos pontos errados nas cercas elétricas do imóvel que ele aluga, mas que poderiam ser corrigidos facilmente, com base no conhecimento que ele teve acesso no treinamento. Foram mudanças simples de serem feitas e não demandaram grandes investimentos.
“Achamos que estávamos fazendo certo, mas erramos muito em relação ao aterramento, altura do fio, regulagem e material. Antes minha cerca tinha cinco arames, mas não seguravam os bichos. Hoje, com as mudanças, estou com duas vertentes e sem problemas”comemora Vatrin.
O fazendeiro gostou tanto do treinamento que levou um grupo para sua propriedade. “Temos dois ajudantes e eu queria que eles também fizessem o curso”, lembra.
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Com seis participantes – o número de alunos foi reduzido devido ao isolamento social devido à pandemia –, as aulas teóricas aconteceram na sede da empresa de reflorestamento do pai de Vatrin. A parte prática foi realizada em sua propriedade.
“Ao longo do percurso, construímos 150 metros de cerca elétrica. Depois troquei toda a propriedade por cerca elétrica. Até a vigilância tem cerca elétrica. Eu mudei tudo. Os investimentos são baixos e com qualidade superior à cerca convencional. Meu campo fica na beira da estrada e nunca tive problemas”ele adiciona.
Erros recorrentes – O instrutor Juliano Antunes da Silva ministra o curso “Cercas Elétricas” há 12 anos, desde que o treinamento passou a fazer parte do catálogo do SENAR-PR.
Ele nunca encontrou uma propriedade rural onde as cercas elétricas estivessem 100% dentro dos parâmetros técnicos. Tudo isso por falta de conhecimento, por não instalar corretamente os componentes.
“Às vezes, o produtor comprava o aparelho, as mangueiras, as peças certas e um bom material. Mas ao instalá-lo, não funcionou direito. O máximo que encontrei foram lugares onde as cercas estavam 60% corretas. Com tudo certo, nunca vi”destaca Antunes da Silva.
Desde que ministrou o curso, o instrutor já viu de tudo: aterramentos mal feitos, isoladores mal instalados e, principalmente, muitos componentes improvisados – a famosa “gambiarra”.
“Tudo o que você pode pensar, as pessoas usam. O produtor às vezes quer a saída mais barata. Lá você vai economizar com um material que custa poucos reais e compromete o funcionamento de todo o sistema”diz Antunes da Silva.
O instrutor ressalta que o conhecimento técnico também evita acidentes, que podem ser fatais. Ele cita o caso de um produtor que guardava um aparelho de eletrificação em sua sala.
“É um risco enorme. Se cair um raio, a descarga passa pelo fio, entrando na casa. Uma mulher deixou o aparelho na lavanderia. Pouco depois de ela sair de lá, um raio caiu. Ela escapou por poucodiz Antunes da Silva.
Como principais orientações, o instrutor ensina que o aparelho de eletrificação deve ser guardado em uma casinha de madeira, construída para esse fim, a pelo menos dez metros de distância da residência.
Além disso, o aterramento deve ser feito com aço galvanizado ou cobreado – não ferro. O produtor também deve ficar atento às emendas e isoladores.
“Existem muitas coisas que, se feitas de forma errada, podem ‘roubar’ a carga elétrica da cerca. Com isso, deixa de cumprir seu papel, que é manter os animais no espaço delimitado”aponta Antunes da Silva.
Realizado em três encontros, o curso “Cercas Elétricas” do SENAR-PR é gratuito. O conteúdo vai desde a escolha dos materiais até as instalações do energizador e aterramento, além de noções básicas de segurança.
Fonte: Sistema Ascom FAEP/SENAR-PR