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Balança comercial de lácteos: importações continuam ganhando força

Foto: Divulgação

O cenário desfavorável para as exportações continuou em julho, com queda no volume exportado de lácteos.

Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (08/08) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a balança comercial de lácteos foi de -98 milhões de litros em leite equivalente em julho, um decréscimo de 23 milhões, ou cerca de 31% em relação ao mês anterior.

Quando comparado ao mesmo período do ano passado (julho/2021), o saldo deste ano também foi mais negativo, com o valor em leite equivalente nesse período sendo de -61 milhões de litros, representando uma diferença de aproximadamente 37 milhões de litros. litros, ou 60,7%. Esta foi a terceira variação negativa consecutiva, e o valor é o menor desde fevereiro de 2021. Confira a evolução da balança comercial de lácteos no gráfico 1.

Gráfico 1. Balanço mensal da balança comercial de lácteos brasileira.

Balança comercial
Fonte: Preparado por MilkPoint a partir de dados COMEXSTAT.

Mais uma vez, houve queda nas exportações, porém, desta vez a queda foi mais branda do que as duas últimas registradas.

O período apresentou queda de -0,6 milhão de litros no volume exportado, representando uma redução de aproximadamente 7,7%. Quando comparado a 2021, o cenário é ainda mais inconsistente, com queda de -4,2 milhões de litros, representando uma queda de aproximadamente 36,8% no volume exportado no período. Deste jeito, o cenário desfavorável para as exportações continuou em julho, com queda no volume exportado de lácteos pelo terceiro mês consecutivo.

Gráfico 2. Exportações em equivalente de leite.

Balança comercial
Fonte: Preparado por MilkPoint a partir de dados COMEXSTAT.

Por outro lado, o importações continuaram a ganhar força no último mêstendo em vista o aumento da vantagem competitiva dos produtos internacionais.

O mês de julho apresentou alta de 26,7% nas importaçõescom um aumento no volume de importação de 22,2 milhões de litros em leite equivalente.

Analisando o mesmo período do ano passado, observa-se também um aumento nos volumes importados; em junho de 2021 foram importados 72,5 milhões de litros em leite equivalente, enquanto em 2022 esse valor teve uma variação positiva de aproximadamente 45,4%, configurando uma aumento expressivo de 32,9 milhões de litros em leite equivalente em relação aos anosque pode ser visto no gráfico a seguir:

Gráfico 3. Importações em equivalente leite.

Balança comercial
Fonte: Preparado por MilkPoint a partir de dados COMEXSTAT.

Esse aumento nos volumes importados e a queda nas exportações causaram uma saldo mais negativo da balança comercial de lácteos para o mês de julho, apresentando o resultado mais negativo do ano, até agora, e o menor valor desde fevereiro de 2021.

Esse cenário foi formado devido a alguns fatores, como: as quedas dos preços internacionais, a baixa disponibilidade de leite no Brasil e os altos preços dos produtos lácteos no mercado interno.

Em meio a um cenário geopolítico conturbado, as tensões internacionais queda nos preços internacionais. A situação do Covid-19 na China ainda não foi resolvida, e novos bloqueios vem ocorrendo, reduzindo a demanda de um dos principais players do mercado internacional. Além da demanda chinesa, temos conflitos em diferentes regiões do globo, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, e as divergências entre China e Estados Unidos, motivadas por motivos diplomáticos envolvendo a ilha de Taiwan.

Outro ponto que vem atuando para consolidar o cenário de preços baixos é o risco de recessão econômica global, com grandes potências como Estados Unidos e Europa apresentando obstáculos em suas economias, levantando temores de uma possível recessão.

Em meio a essas tensões internacionais, os preços do leilão Global Dairy Trade sofreram mais uma variação negativa no último evento realizado. Os preços médios do leite em pó integral atingiram o menor nível desde fevereiro de 2021.

Esses fatos associados à baixa disponibilidade de leite no mercado interno, que impactou os preços nos últimos meses, trouxeram um ganho de competitividade para os produtos internacionais, o que refletiu em um maior volume de importações.

Assim, mesmo em meio ao dólar ainda operando em patamares elevados, o mês de julho se mostrou favorável às negociações de importação e manteve a janela de exportação fechada.

Em relação aos produtos mais importantes da pauta de importação em julho, temos leite em pó integral, queijos, leite em pó desnatado e soro de leite, que juntos representaram 93% do volume total importado.

Leite em pó integral teve aumento de 22% em seu volume importado. Além do leite em pó integral, os produtos que apresentaram maiores variações em relação às importações foram o leite em pó desnatado e o queijo, com aumentos de 68% e 21%, respectivamente.

Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram leite condensado, leite UHT, creme de leite e queijo, que juntos representaram 83% da pauta de exportação. Os queijos apresentaram recuo de 15% em seu volume exportado.

A Tabela 1 mostra os principais movimentos do comércio internacional de lácteos em julho deste ano.

Tabela 1. Balança comercial de lácteos em julho de 2022.

balança comercial de laticínios
Fonte: Elaborado por MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

O que podemos esperar para o próximo mês?

Conforme relatado no artigo “Tensões internacionais continuam a derrubar os preços dos laticínios no GDT” o cenário para os preços internacionais de lácteos segue baixista, diante de obstáculos geopolíticos no mundo, como a persistência de uma política de tolerância zero contra a covid-19 na China, riscos de recessão econômica global e tensões envolvendo China, Estados Unidos e Taiwan.

Esta semana, a cidade de Sanya, na China, decretou mais uma vez confinamentoimpedindo a circulação de sua população e turistas. Hainan, província chinesa, também seguiu essa linha e intensificou a restrição de circulação de sua população. Esse cenário traz incerteza sobre quando a China retornará às atividades comuns, podendo impactar negativamente seu PIB, que já registrou variações negativas na última pesquisa.

Quanto ao risco de recessão econômica global, novos dados trouxeram positividade ao mercado, como o desemprego nos Estados Unidos, que melhorou em sua última pesquisa. No entanto, o risco ainda é iminente, e novos fatores podem impulsionar sua ocorrência, como as diferenças entre Estados Unidos, China e Taiwan, que vem trocando farpas após a visita de um alto funcionário dos EUA à ilha de Taiwan . se o conflito se intensificar, o mercado como um todo poderá ser afetado.

Todos esses fatores impactaram negativamente os preços dos produtos internacionais, contribuindo para estimular as importações.

Reforçando o estímulo às importações é o preço dos lácteos no mercado internoque, apesar dos reveses recentes, nas últimas semanas, ainda está em patamares elevados, devido ao cenário de baixa disponibilidade de leite no mercado, o que também desestimula as exportações, uma vez que pode se tornar mais viável a venda dos produtos no mercado interno para em detrimento do comércio no mercado internacional.

Esse cenário vem mudando nas últimas semanas, com os preços dos lácteos sofrendo quedas sucessivas, diante da baixa demanda devido aos altos preços que os derivados atingiram.

Nesse cenário, pelo menos no curto prazo as importações devem continuar a ganhar força no próximo mês, contra a queda dos preços internacionais e os atuais níveis de preços no mercado interno (que ainda são elevados).

No entanto, devido à maior base comparativa, o variações podem ser menos expressivas. Para as exportações, o cenário ainda é desfavorável.

Se os preços dos lácteos no mercado interno caírem significativamente nas próximas semanas, o as importações podem tornar-se menos competitivase esse cenário pode mudar nos últimos meses do ano.

Fonte: Milk Point

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