A necessidade de mudanças na recomposição florestal no Brasil
Atualmente, a recomposição florestal no Brasil encontra várias dificuldades, principalmente em relação à baixa variedade de mudas de espécies nativas disponíveis para plantio. Este cenário representa um desafio para a sustentabilidade e a biodiversidade dos biomas brasileiros, comprometendo a integridade das áreas reflorestadas a longo prazo.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Problemas na recomposição florestal
A demanda por mudas nativas é limitada em quantidade e variedade, o que resulta na redução da biodiversidade das áreas reflorestadas. Muitos projetos de reflorestamento priorizam o cumprimento das leis ambientais ou a fixação de carbono no solo, negligenciando a importância da diversidade de espécies. Além disso, o mercado muitas vezes favorece espécies mais baratas em detrimento das espécies clímax, que são fundamentais para perpetuar a mata a longo prazo.
O desafio da recomposição florestal sustentável
Frente a essas questões, é fundamental promover mudanças significativas na recomposição florestal no Brasil, garantindo a qualidade das mudas nativas e a preservação da biodiversidade. A busca por soluções inovadoras e sustentáveis é essencial para superar os obstáculos e criar ambientes florestais efetivamente biodiversos nos diversos biomas do país.
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Limitação na Variedade de Espécies Nativas Disponíveis para Reflorestamento
De acordo com o educador ambiental Guaraci Diniz, a substituição da vegetação nativa por espécies exóticas e a baixa variedade de mudas de espécies nativas disponíveis dificultam a recomposição florestal. Isso compromete a biodiversidade das áreas reflorestadas, podendo impactar a sobrevivência da mata a longo prazo. Projetos de reflorestamento estão mais preocupados em cumprir leis ambientais e garantir rápida cobertura vegetal, negligenciando a diversidade de espécies. Além disso, espécies clímax, fundamentais para o equilíbrio ecológico, estão sendo introduzidas em quantidade abaixo do ideal.
Impacto no Reflorestamento com Espécies Nativas
O mercado de mudas nativas é regido pela lei da oferta e demanda, o que resulta na preferência por espécies mais baratas em projetos de reflorestamento. Com a dificuldade de reprodução e multiplicação de sementes de algumas espécies, a falta de variedade compromete a biodiversidade dos projetos. Além disso, obter quantidade suficiente de mudas para áreas extensas é um desafio, até mesmo quando o projeto prioriza a diversidade e espécies mais caras.
Encontro Internacional para Formulação do Padrão Global de Biodiversidade
Como forma de discutir a falta de biodiversidade na recomposição florestal, o Araribá Jardim Botânico e a ONG BGCI promovem um encontro internacional para a elaboração do Padrão Global de Biodiversidade. Representantes de 15 países, com desafios semelhantes em relação à biodiversidade das matas, estão reunidos para estabelecer critérios ESG que garantam a certificação de projetos de reflorestamento e conservação florestal. A ideia é promover um ambiente florestal efetivamente biodiverso nos diferentes biomas do Planeta. A perspectiva é que o “Padrão GBS” seja lançado ainda este ano.
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Conclusão: Desafios para a recomposição florestal com espécies nativas
A falta de variedade de mudas de espécies nativas disponíveis para plantio é um dos principais obstáculos para a recomposição florestal no Brasil. A oferta limitada dessas mudas reduz a biodiversidade das áreas reflorestadas, comprometendo a perpetuação da mata a longo prazo. A busca por soluções para essa questão, como o Padrão Global de Biodiversidade (GBS), está em curso em todo o mundo, e suas diretrizes podem ser fundamentais para viabilizar projetos de reflorestamento com maior sustentabilidade e biodiversidade. A colaboração de entidades, organizações e especialistas internacionais é essencial para enfrentar esse desafio e promover a conservação florestal em escala global. A conscientização e o engajamento de diversos setores da sociedade são fundamentais para a superação dos desafios relacionados à recomposição florestal e à manutenção da biodiversidade em todo o mundo.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Programa de Regularização Ambiental (PRA) e a baixa variedade de mudas para reflorestamento
A adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e o replantio de áreas desmatadas nos biomas brasileiros enfrenta dificuldades devido à baixa variedade de mudas de espécies nativas disponíveis para plantio. Este obstáculo pode comprometer a recomposição florestal no país, após a validação dos Cadastros Ambientais Rurais (CAR) preenchidos pelos proprietários rurais.
Oferta limitada de mudas nativas
A oferta limitada de mudas nativas em quantidade e variedade adequadas reduz a biodiversidade das áreas reflorestadas, o que pode comprometer a perpetuação da mata a longo prazo. Muitos projetos de reflorestamento priorizam o cumprimento das leis ambientais e a rápida cobertura vegetal, negligenciando a biodiversidade de espécies.
Dificuldades na reprodução de espécies clímax
Algumas espécies clímax são de reprodução difícil, resultando em mudas mais caras e escassas. Isso leva a um predomínio de espécies mais baratas, reduzindo a biodiversidade dos projetos de reflorestamento com espécies nativas.
Encontro internacional para formulação do Padrão Global de Biodiversidade
O Araribá Jardim Botânico, em parceria com a ONG britânica Botanic Gardens Conservation International (BGCI), promove encontros internacionais para abordar a falta de biodiversidade na recomposição florestal. O objetivo é definir critérios para a manutenção da biodiversidade florestal em diversos países.
Projeto Global Biodiversity Standard (GBS)
O BGCI idealizou o Padrão Global de Biodiversidade durante a 26ª Conferência do Clima (COP26) e está trabalhando com parceiros locais em 15 países, incluindo o Brasil, para estabelecer critérios de certificação para projetos de reflorestamento e conservação florestal.
Conclusão e perspectivas futuras
O desenvolvimento do Padrão Global de Biodiversidade visa garantir que os projetos de reflorestamento atendam a critérios de sustentabilidade, recebendo a certificação GBS. O próximo passo é o lançamento do Padrão GBS, com a perspectiva de ocorrer ainda este ano.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
A adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e o replantio de áreas desmatadas nos biomas brasileiros encontra dificuldade na baixa variedade de mudas de espécies nativas disponíveis para plantio. Este deverá, aliás, ser um dos principais obstáculos para a recomposição florestal no País, a partir do momento em que tiverem sido analisados e validados os mais de 5 milhões de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) preenchidos pelos proprietários rurais. Após a validação, propriedades rurais com alguma irregularidade ambiental poderão aderir ao PRA e, assim, iniciar o processo de recomposição florestal.
Entretanto, a oferta limitada dessas mudas nativas em quantidade e variedade que seria a ideal reduz a biodiversidade das áreas reflorestadas, podendo, inclusive, comprometer a perpetuação da mata a longo prazo, diz o educador ambiental e diretor do Araribá Jardim Botânico (AJB), de Amparo (SP), Guaraci Diniz. Segundo ele, vários dos atuais projetos de reflorestamento estão mais preocupados em cumprir as leis ambientais, garantindo rápida cobertura vegetal, ou simplesmente em fixar carbono no solo. A biodiversidade de espécies acaba ficando em segundo plano.
“Isso pode comprometer a perpetuação da floresta, pois em vários casos o que se faz, por exemplo, é um plantio predominantemente de espécies pioneiras, que têm crescimento rápido, porém vida curta”, diz. “As espécies clímax, que, em ambiente natural, surgem na mata quando já há cobertura garantida pelas pioneiras – elas gostam de ambiente sombreado – acabam sendo introduzidas em quantidade abaixo do ideal.”
Sob este aspecto, um viveirista de mudas nativas, que não quis se identificar, confirma que a “lei do mercado” impera no setor. “Muitas espécies clímax são de difícil reprodução e multiplicação de sementes; há algumas, por exemplo, que, para se conseguirem apenas 2 mudas viáveis, têm de se plantar até 20 sementes”, diz. “Logicamente essas mudas são mais caras e por isso preteridas em projetos de reflorestamento com espécies nativas, em favor de espécies mais baratas, o que reduz a biodiversidade desses projetos.”
O viveirista conta ainda que, mesmo que o projeto de reflorestamento dê preferência à biodiversidade e a espécies mais caras, também é difícil, a depender do tamanho da área a ser recomposta, obter quantidade suficiente dessas mudas.
Justamente para discutir a questão da falta de biodiversidade na recomposição florestal com espécies nativas que o Araribá Jardim Botânico, em parceria com a ONG britânica Botanic Gardens Conservation International (BGCI), promove, a partir desta segunda-feira, 22, até o dia 2 de fevereiro, em Amparo (SP), o segundo encontro internacional para formulação do Padrão Global de Biodiversidade (GBS, na sigla em inglês, ou Global Biodiversity Standard). O primeiro foi em janeiro de 2023, no Quênia.
Ao todo, 15 países que enfrentam o mesmo desafio que o Brasil em relação à manutenção da biodiversidade de suas matas vão estar representados no encontro, que contará com 36 participantes de Uganda, Índia, Madagáscar, Peru, Reino Unido, Indonésia, Jordânia, França, Estados Unidos, Alemanha, Quênia, Suíça, China (Hong Kong) e Malásia.
O BGCI, que conta com mais de 850 instituições – principalmente jardins botânicos ao redor do mundo – e 60 mil especialistas em cerca de cem países como parceiros, idealizou e lançou a ideia do GBS em 2021, durante a 26ª Conferência do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia. Desde então, já angariou parceiros técnicos naqueles 15 países para lançar as bases do que seria um ambiente florestal efetivamente biodiverso nos vários biomas do Planeta.
Já na COP28, realizada entre novembro e dezembro do ano passado em Dubai, nos Emirados Árabes, o BGCI apresentou ao mundo os avanços obtidos até aqui no GBS. A ideia final, quando o Padrão Global de Biodiversidade estiver desenvolvido, é que projetos de reflorestamento e conservação florestal que de fato atendam a todos os seus critérios ESG (social, ambiental e de governança) recebam a “certificação GBS”, explica Diniz, do AJB. Já o BGCI garante que, “como maior rede botânica e de conservação de plantas no mundo”, é certamente “a rede mais qualificada para estabelecer um padrão internacional de biodiversidade”.
Para se chegar finalmente aos critérios do que será a certificação GBS, o BGCI trabalha com parceiros locais em cada um daqueles países. No caso do Brasil, o AJB é o parceiro – no mesmo local do AJB, situa-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Duas Cachoeiras, que também recebeu da Unesco, em 2021, o título de “Posto Avançado da Reserva da Biosfera do Programa Homem e Natureza”.
Diniz, do AJB, conta que desde que os trabalhos do GBS começaram por aqui, já visitou áreas de recomposição florestal em três biomas no País: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, a fim de contribuir para a definição dos critérios de manutenção da biodiversidade florestal. Assim como Diniz, os outros representantes do encontro vão apresentar seus respectivos relatórios de trabalhos de campo realizados em seus respectivos países de um ano para cá, atualizações gerais, tomadas de decisão e definição de estratégias e ações futuras. A perspectiva é a de que o “Padrão GBS” seja lançado ainda este ano, adianta Diniz.