Em relação a 2021 o aumento foi de 7,1%, com destaque para o acréscimo de fêmeas. Considerando o intervalo até setembro de 2022, o incremento foi de 15,4% nos abates de vacas e novilhas.

Para os machos, o aumento foi de 2,6%, em relação a 2021.

Perceba a queda observada em setembro de 2021, causada pela suspensão de vendas à China, o que diminuiu o apetite da indústria, pela ausência do comprador, mas também pela incerteza quanto ao tempo para retomada das negociações.

Essa redução dos abates foi a dor de cabeça de muito confinador que não tinha negociado antecipadamente e teve dificuldades de escalar o gado.

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Abates, ciclo pecuário e considerações sobre 2023
Abates, ciclo pecuário e considerações sobre 2023

Na nossa visão, isso subsidiou o maior volume de negócios a termo em 2022, o que ajudou a pressionar o mercado na entressafra.

O aumento das fêmeas abatidas está relacionado ao recuo do preço do bezerro, que na média deste ano está 16,5% mais barato que em 2021, considerando valores corrigidos pelo IGP-DI.

O boi gordo cedeu 5,2%, também com preços deflacionados, ambos em São Paulo e com referências do Cepea.

Em 2019, 2020 e 2021, o bezerro teve valorizações reais de 7,3%, 35,1% e 8,5%, nas médias anuais, em relação ao ano anterior. Isso gerou investimentos na atividade, com retenção de fêmeas, diminuindo a oferta de carne.

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É o ciclo pecuário, que às vezes ajuda, às vezes atrapalha o resultado.

Com isso, as cotações subiram fortemente, também para o boi gordo, influenciadas pela fase do ciclo e com um reforço importante das exportações à China.

No período apareceram músicas sobre a pecuária, os “menino da pecuária”, relação de troca com carro de luxo, e por aí vai. Período de otimismo e investimento.

O cenário atual é de chegada dos bezerros oriundos desse ânimo em investir, o que pressiona o mercado. O ciclo não surgiu nesta queda e essa fase em algum tempo dará espaço a altas, quando o desinvestimento atual resultar em oferta menor de gado.

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Usando a participação de fêmeas nos abates acumulada 12 meses como referência, essa tem aumentado desde o começo de 2022, assim como as cotações do boi gordo têm trabalhado em queda desde a mesma época, considerando valores deflacionados (reais) e comparações do mês com mesmo período do ano anterior.

Em 2022, apenas em janeiro e outubro as cotações estiveram acima dos mesmos meses de 2021. Isso ocorreu em janeiro porque o mercado estava firme e em alta com a retomada das vendas à China e em outubro porque esse mês foi comparado com outubro de 2021, em plena suspensão das vendas ao nosso maior comprador.

Pelo nível de retenção de fêmeas observado nos últimos anos e pelo histórico de abates, que normalmente sobem mais de um ano consecutivo, antes de uma nova diminuição, o cenário esperado é de aumento da oferta de gado para 2023.

Essa disponibilidade tende a aumentar, puxada pelas fêmeas, como é comum nas fases de baixa do ciclo pecuário.

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Vacas e novilhas, por sua vez, normalmente vão para o gancho em março (descarte pós estação reprodutiva) e maio (chegada da seca). Esses são momentos de atenção no primeiro semestre.

Outro ponto que vale comentar é que quando falamos em ciclo pecuário, estamos analisando preços reais, ou seja, já descontando o efeito da inflação.

Em valores reais, a cotação média de 2020 está em R$317,73/@ e atualmente a referência gira em torno de R$290,00/@.

E qual é o objetivo desta comparação? É justamente ponderar que, quando falamos em queda real para 2023, isso não quer dizer recuo frente aos preços atuais, mas uma cotação média deflacionada provavelmente menor que a de 2022, que hoje está em torno de R$320,00/@.

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Do lado das exportações, o Brasil bateu recordes anuais em 2022 com apenas 11 meses e há um cenário positivo para 2023, com China comprando bem.

Já alguns concorrentes, como os Estados Unidos, terão redução da oferta de gado. Isso beneficia o Brasil, não só pela redução da competição, mas também pelo possível aumento do abastecimento no Brasil.

As compras norte-americanas já aumentaram expressivamente agora em novembro.

A Austrália está entrando na fase de aumento da disponibilidade de gado, o que já tem sido sentido nas cotações, mas o nível de abates projetado para 2023 pelo USDA ainda é tímido.

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As 7,2 milhões de cabeças para o abate estimado no próximo ano são maiores que em 2021 e 2022, mas ainda será o terceiro menor nível de abates dos últimos 38 anos (desde 1985, quando foram abatidas 7,15 milhões de cabeças).

Isso sem contar em possíveis boas notícias vindas de habilitações de mais plantas para venda à Indonésia, ou com os Estados Unidos aumentando cotas para a nossa carne.

Outra possível boa notícia seria relacionada ao Japão e/ou Coreia do Sul, que podem vir a abrir o mercado, pela nossa evolução sanitária em relação à vacinação contra febre aftosa.

O consumo doméstico brasileiro é a grande questão. Vínhamos há um bom tempo com indicadores econômicos melhorando, o que gera expectativa de recuperação do consumo.

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Se somava a isso uma oferta crescente de gado, possivelmente gerando cotações mais palatáveis ao consumidor.

No entanto, a evolução dos “jeitinhos fiscais”, que já têm dado as caras, será determinante para a inflação e, consequentemente, as taxas de juros, ambas afetando diretamente a demanda.

Para citar algo positivo nessa questão, um cenário negativo do ponto de vista fiscal é ruim para a economia, mas para a pecuária tem um efeito positivo para os embarques, caso o dólar suba.

Em resumo, do lado da oferta, esperamos aumento da disponibilidade de reposição e gado para abate, principalmente de fêmeas.

No cenário internacional, devemos ter bons volumes embarcados, com uma possível ajuda do câmbio. O consumo doméstico pode se beneficiar de preços mais atrativos, mas sempre acompanhando a conjuntura fiscal e seus reflexos.

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