O que esperar do mercado do boi nos próximos meses ?

O que esperar do mercado do boi nos próximos meses?

O mercado do boi gordo vive um período de incertezas e volatilidade, diante de um cenário de oferta restrita, demanda interna enfraquecida e exportações recordes. Neste post, vamos analisar os principais fatores que influenciam o comportamento dos preços da arroba do boi e as perspectivas para os próximos meses.

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A oferta de boi gordo segue limitada no Brasil, em função da baixa disponibilidade de animais terminados e da retenção de fêmeas pelos pecuaristas, que buscam aproveitar os bons preços do bezerro e da reposição. Segundo dados do IBGE, o abate de bovinos caiu 10,3% no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 14,5 milhões de cabeças. A escassez de boi gordo tem gerado uma forte disputa entre os frigoríficos, que enfrentam dificuldades para compor suas escalas de abate.

A demanda interna por carne bovina, por outro lado, segue enfraquecida, em função da crise econômica, do desemprego elevado e da inflação acelerada, que reduzem o poder de compra dos consumidores. Além disso, a pandemia de Covid-19 ainda impõe restrições ao funcionamento de bares, restaurantes e eventos, que são importantes canais de escoamento da carne bovina. Segundo dados do Cepea, o consumo per capita de carne bovina no Brasil deve fechar 2022 em 26 kg/habitante, o menor nível desde 1996.

A exportação de carne bovina, por sua vez, tem sido o principal fator de sustentação dos preços do boi gordo no Brasil. Nos meses de agosto e setembro, o país bateu recorde de volume e faturamento com as vendas externas do produto, impulsionado pela forte demanda da China, que segue enfrentando problemas sanitários em seu rebanho suíno. Segundo dados da Secex, o Brasil exportou 253 mil toneladas de carne bovina in natura em setembro, com receita de US$ 1,3 bilhão. No acumulado do ano até setembro, as exportações somaram 1,8 milhão de toneladas e US$ 8 bilhões.

Diante desse quadro, o que esperar do mercado do boi nos próximos meses? A tendência é que a oferta siga restrita até o final do ano, em função da entressafra e da retenção de fêmeas. Por outro lado, a demanda interna pode apresentar uma melhora sazonal no último trimestre, com o pagamento do 13º salário e as festas de fim de ano. Já a demanda externa deve se manter aquecida, especialmente pela China, que deve continuar importando grandes volumes de carne bovina para suprir seu déficit interno.

Assim, a expectativa é que os preços do boi gordo sigam firmes e em patamares elevados no mercado brasileiro até o final de 2022. No entanto, é preciso ficar atento aos possíveis riscos que podem afetar esse cenário, como a evolução da pandemia de Covid-19 e seus impactos na economia global e no consumo de carne; a variação cambial e seus reflexos na competitividade das exportações brasileiras; e a entrada da safra de boi gordo no início de 2023, que pode aumentar a oferta e pressionar os preços.

 

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