“5G tem potencial para transformar a indústria no Brasil”, diz CEO da Siemens

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Foto: Divulgação

O potencial de uma transformação digital com a Internet das Coisas, conectando indústria, fábricas, hospitais, veículos e processos de infraestrutura.

Em meio à implementação de 5G no Brasil, especialistas consideram a transformação digital um ecossistema urgente e necessário no país. O movimento evidencia a euforia de diversos setores da economia ao enfatizar os benefícios da quinta geração da rede de internet móvel, que não se limitam a smartphones mais rápido e com menor latência, mas também possibilita a conexão de fábricas, hospitais, veículos e processos industriais.

Para CNN Brasil NegóciosO CEO da Siemens no Brasil, Pablo Fava, concedeu entrevista exclusiva em que abordou o momento do país em relação à automação e digitalização da indústria, o potencial do 5G com a Internet das Coisas e as possibilidades de desenvolvimento de processos industriais e infraestrutura com a uso de novas tecnologias.

Para ele, o 5G tem potencial para transformar a indústria no Brasil, com sistemas de produção mais eficientes e flexíveis que realmente melhoram a vida das pessoas por meio da infraestrutura que disponibiliza.

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No entanto, o executivo acredita que a adoção de uma transformação digital não será imediata, havendo a necessidade de implementação de novas tecnologias que garantam benefícios reais às pessoas, a partir de projetos baseados em estudos aprofundados.

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Pergunta: Até que ponto o Brasil está em termos de automação e digitalização da indústria?

Responder: Avançamos muito no Brasil. Costumamos pensar que o Brasil está muito atrás de outros países, mas não é bem assim. O problema é que esses avanços não acontecem de forma homogênea.

Temos vários setores como agronegócio, setor papeleiro, alimentício, aeronáutico com a Embraer, energia – esses casos são destaques e conseguem ser muito competitivos mesmo no cenário internacional.

A grande questão é que nosso país é muito maior e muito diversificado, por isso é fundamental que surjam outros setores, através do uso intensivo de tecnologia, para que possam agregar valor e gerar mais empregos. Não sou brasileiro, nasci na Argentina e posso dizer que todos sempre viram o Brasil com uma vocação industrial muito forte.

Pergunta: E quais desafios o Brasil precisa superar para avançar ainda mais nos setores industriais?

Responder: Modernizar e ampliar a infraestrutura em geral, mas principalmente portos, aeroportos, meios de transporte – isso é um desafio no Brasil. O saneamento básico também é, obviamente, um grande desafio. E também ter mão de obra mais qualificada, porque a educação é a base de tudo.

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Nós da Siemens achamos que devemos começar por aí, pensando em como podemos transformar o potencial dos jovens, elevar seu nível de competência tecnológica. A parte boa é que os recursos de digitalização estão se tornando mais acessíveis.

Pergunta: Você acha que o Brasil está preparado para abranger todas as tecnologias que estão sendo implementadas, como o 5G?

Responder: Pela característica do 5G, ele não vem responder uma pergunta para mim ou para outra pessoa, como: “Agora vamos ter uma resposta mais rápida no celular?”.

O 5G tem baixa latência, grande quantidade de informações e capacidade de conectar milhões de dispositivos por km². É evidente que não é voltado para pessoas que usam smartphones ou smartwatches, é voltado para a Internet das Coisas.

É isso que o 5G traz, enorme potencial para transformar indústrias e infraestruturas críticas que melhoram a vida das pessoas e nas quais você reconfigura as operações industriais.

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Quando pensamos em uma fábrica, vem à mente linhas de produção, formas de produzir desde Henry Ford. Sempre pensamos em infraestrutura fixa e em um produto que você agrega valor ao passar pelo processo.

Agora, com o 5G, podemos ter um futuro mais eficiente, produtivo e flexível, com uma fábrica que pode se movimentar pelo produto que está sendo produzido. Como robôs autônomos em uma produção, por exemplo. São perguntas que, antes do 5G existir, não poderíamos pensar em fazer esse tipo de questionamento.

Pergunta: Como você vê o potencial de transformação do 5G no Brasil?

Responder: Aqui no Brasil, estamos na vanguarda do 5G industrial. Mas a adoção leva mais tempo, naturalmente. Existem alguns pontos que ainda precisam de uma análise mais aprofundada, para encontrar um propósito definido.

Precisamos pensar se vamos implementar uma nova tecnologia apenas adotando algo novo ou se vamos buscar algum ganho de eficiência em novos modelos de negócios. Então, precisamos de um estudo mais profundo sobre investimentos, ganhos, projetos.

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Há um estudo da Deloitte que mostra que há muita conscientização nas indústrias brasileiras sobre a importância estratégica do 5G. Esta é uma primeira conclusão, e esta consciência é superior em todo o mundo. A segunda conclusão é que quando você vai a uma indústria, o sistema sem fio atual parece satisfazer o usuário.

Porque? Porque foi construído para o tipo de funcionalidade que ele está aplicando hoje. Portanto, provavelmente terá que haver um pensamento de disrupção para gerar uma implementação mais rápida do 5G.

Pergunta: E quais são esses pontos que ainda precisam ser estudados? Qual é o maior desafio nessa transformação digital?

Responder: Uma questão importante é a segurança dos dados. Não só da sua integridade, para que não sejam violados, mas também para que não sejam conhecidos por ninguém.

É importante que fiquem confinados, às vezes em redes proprietárias, pois acabam sendo dados que podem ser críticos, seja para distribuição de energia ou para a indústria automotiva. Se esses dados de alguma forma se tornarem disponíveis, uma indústria pode pensar que alguém pode calcular sua capacidade de produção, conhecer os gargalos e problemas que ela tem.

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Por isso há essa discussão sobre quanto dessa infraestrutura a indústria pretende possuir e quanto ser operadora. Ou se ficará tudo nas mãos da indústria ou tudo nas mãos dos operadores. A cibersegurança é o maior desafio nesta transformação 5G.

Pergunta: O 4G não chegou em muitos lugares do Brasil. O que muda em relação ao 5G? Foi pensado para ter melhor escalabilidade em relação ao seu antecessor? Para alcançar mais pessoas?

Responder: Isso faz parte da maneira como o 5G foi pensado. A forma mais clássica de explicar é citando o exemplo do agronegócio. 4G em uma fazenda certamente não existe, e provavelmente nunca existirá.

Primeiro, porque ninguém vai investir onde não há renda, e segundo, porque não era tão fácil no 4G contratar uma área da rede, perguntando “por favor, preciso contratar uma frequência para minhas máquinas agrícolas ”. Era mais complexo, e isso foi muito discutido com a Anatel.

No modelo que temos hoje, a fazenda pode contratar sua área para uma frequência prime, 3,6 Ghz, para que possa ser seu próprio investidor porque sabe que vai gerar valor. Esta é talvez a maior sacada. No aeroporto é a mesma coisa. No Aeroporto Santos Dumont, por exemplo, que precisa do 5G para ter conectividade.

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Quem será a operadora que fornecerá 5G a essa empresa? Hoje, o aeroporto tem a possibilidade de contratar essa faixa de frequência prime, que pode ser contratada por um agente privado, pelo próprio usuário, e não apenas pela operadora. Isso resolve a questão da segurança desses dados, porque eles estão confinados à sua própria infraestrutura.

Resposta: E quais são os principais setores da indústria no Brasil que você vê como mais preparados e com mais potencial para receber 5G?

Responder: Não é apenas na indústria, é muito forte em infraestrutura também. Há novos portfólios que entram na junção dessa digitalização. Um deles é o que a Siemens lançou, Building X, na área de smart building, para dimensionar, abrir e integrar perfeitamente esse sistema construtivo para eliminar essa complexidade e permitir emissões zero.

Os tipos de indústria em particular, eu diria aqueles que são um pouco mais avançados, porque sua produção já precisa implementar muitos processos tecnológicos. De qualquer forma, acredito que seja parte de uma evolução.

Pequenas e médias empresas já fazem, ao projetar uma máquina, como um engarrafador para uma cervejaria, por exemplo, já projetam a máquina em moldes virtuais, criam os códigos para controlar a máquina de forma virtual, simulam como ela se comportaria e vender com um gêmeo digital dela.

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Uma vez que eles produzem a máquina e levam para o campo, os custos causados ​​pelo tempo de produção são reduzidos, pois o robô já terá todas as informações do usuário, o gêmeo digital já possui todo o conhecimento de produção necessário. Ele já existe. Então, eu diria que depende um pouco de quanto o usuário vai exigir do cliente final ou quão disruptivo será o setor em questão.

Pergunta: Com todos esses processos acontecendo, como isso pode ser conciliado com uma transição energética? Onde a eficiência energética se encaixa em tudo isso?

Responder: Essa é uma excelente pergunta. A energia será cada vez mais diversificada e gerada em áreas distantes. Você não terá mais um grande gerador, será energia descentralizada.

A questão é que conseguimos gerar sustentabilidade usando formas de energia mais limpas, como energia solar, eólica, armazenando energia com hidrogênio, biomassa e assim por diante. Essa descentralização e novos entrantes em uma rede totalmente integrada gera um desafio muito grande em termos de como gerenciar essa energia, mas com um desafio ainda maior: a eletromobilidade. Por que ela será um desafio?

Porque vai consumir muita energia. Imagine se amanhã tivermos muitos carros elétricos, caminhões, ônibus. Imagine o pátio dos veículos de uma transportadora se fossem todos elétricos, a capacidade das subestações que ela tem para alimentar essas baterias à noite.

Ou nossos carros consumindo energia em casa, mas no trabalho, com a bateria cheia, posso vender energia no horário de pico quando volto do trabalho. Não tem como organizar isso se não for por meio de processos digitais inteligentes, isso é muito evidente. Os desafios são enormes, e a digitalização é a única resposta que conheço para enfrentar esse desafio.

Pergunta: Por fim, como a Siemens atuará no médio e longo prazo, principalmente no Brasil?

Responder: A Siemens tem 175 anos, o primeiro projeto no Brasil já tem 155 anos. A vocação sempre foi responder aos desafios de cada geração, por isso a empresa está sempre mudando. Trabalhamos com transformação digital para indústrias, infraestrutura e mobilidade.

O maior desafio é se reinventar. Como se reinventar constantemente? Temos quatro pilares estratégicos que sustentam qualquer ação da empresa: o cliente está sempre em foco; pessoas capacitadas; mentalidade de crescimento; e tecnologia com propósito. Os três últimos que falei têm um foco específico em inovação, e é isso que tratamos como desafio, inovar e se reinventar.

Outro desafio que vale para o mundo todo, mas especialmente aqui no Brasil, é encontrar pessoas talentosas, trazer pessoas com potencial para a Siemens e desenvolver talentos juntos. Este é o grande desafio da nossa geração. Boas pessoas são fáceis de perder, todo mundo as quer, mas queremos desenvolver talentos em casa. Esta é a nossa missão, e é por isso que contratamos entre 65 e 80 jovens, cerca de 160 por ano, para desenvolvê-los para o futuro.

Fonte: CNN

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