A produção de queijos paranaenses vem conquistando consumidores e o reconhecimento de especialistas no assunto. Há duas semanas, produtores do estado conquistaram mais de 30 medalhas no II Prêmio Mundial do Queijo, realizado em São Paulo. A competição foi organizada pela organização não governamental SerTãoBras, com o apoio de diversas empresas e da guilda francesa Guilde Internationale des Fromagers. Cerca de 1.200 queijos de onze países concorreram pela preferência do júri.
No I Prêmio Mundial do Queijo, realizado em 2019, o Paraná conquistou duas medalhas. Este ano foram 34 prêmios.
A Queijaria Lita, de Paranavaí, conquistou seis prêmios na Copa do Mundo, incluindo ouro com dois produtos: Queijo Lita Cremoso Suave e Lita Maturado Suave. Foram mais quatro medalhas, duas de prata e duas de bronze. A família Feuser, responsável pela queijaria, trabalha com gado leiteiro há duas décadas, mas só em 2020 decidiu se aventurar no mundo do queijo. A família tem atualmente trinta animais Jersey em lactação. As vacas são criadas ao ar livre no pasto e produzem 300 litros de leite diariamente.
Visibilidade
De acordo com Talita Feuser, sócia-proprietária da queijaria, a tradição de fazer queijo começou com seus avós e agora está nas mãos de seus pais, Deleusa e Genécio Feuser. Segundo Talita, o prêmio foi uma surpresa e deve aumentar a visibilidade da Queijaria Lita. “As medalhas foram um reconhecimento ao trabalho feito com amor e dedicação. É também a possibilidade de que nossos produtos sejam mais conhecidos e possam representar nossa região e nosso estado”, observou. Talita ressaltou que a conquista das medalhas deve ser compartilhada com toda a equipe que possibilita a produção de queijos tão especiais. Atualmente, a queijaria Lita produz diariamente de 30 a 40 quilos de diferentes tipos de queijo. A produção é comercializada na região de Paranavaí, Maringá, Londrina e Curitiba. Talita informou que a empresa estuda a expansão das vendas para outros estados.
Outra queijaria paranaense premiada na Copa fica em Ribeirão Claro. A Queijaria Bella Vista produz os queijos Cura Júnior (medalha de prata) e Senhor Cura (medalha de bronze). Há oito anos, Luiz Henrique Pedroso, dentista formado e queijeiro recente, comprou uma fazenda em busca de um lugar para descansar nos finais de semana. Aos poucos, foi descobrindo o universo dos laticínios, comprou algumas vacas e entrou no ramo da pecuária leiteira. “Imaginei ter um lugar para relaxar e hoje sou fascinado pelo mundo dos queijos, incluindo a solidariedade e generosidade na partilha de conhecimentos entre colegas”, diz Pedroso. “Estamos felizes, além da premiação, pelo reconhecimento do nosso trabalho. Temos vários queijos premiados do Paraná, que foram penalizados pela dificuldade de legalização, e agora essa realidade está mudando”, enfatiza.
Assistência técnica
Valdeir Martins e Márcia Martins, de Londrina, participaram da Copa do Mundo do Queijo com nove laticínios e conquistaram cinco medalhas com doce de leite, doce de leite com café, queijo fresco, pão de queijo vermelho e queijo do Paraná. Produtor de leite há mais de 30 anos, o casal começou a produzir queijos com queijo fresco para aproveitar o leite quando as indústrias diminuem a demanda. Pouco depois, iniciou-se a produção de queijo curado, o que alargou o período de comercialização. Nesse período, o casal teve a assistência técnica necessária para melhorar o imóvel. “Recebemos assistência do IDR-Paraná, antiga Emater, desde que compramos o imóvel. Financiei pelo programa Panela Cheia, conheci o pessoal da Emater e somos amigos desde então. Até para conseguir, recentemente, a fiscalização municipal tivemos o auxílio do IDR-Paraná. Sempre tivemos a ajuda de assistência técnica para manejar o gado corretamente. A equipe está sempre pronta para nos ajudar”, observou Valdeir. Ele acrescentou que pretende desenvolver outros sabores de queijo e ainda quer produzir iogurte.
Para Valdeir, a conquista das medalhas em São Paulo deve servir de estímulo para outros produtores. “Com esses prêmios, mais pessoas viram que podem ter um bom negócio em sua propriedade com a produção de queijos. O produtor tem que levar o queijo que faz a um concurso, ir atrás de assistência técnica para mostrar como pode levar seu produto para avaliação de especialistas”, destacou. Segundo Valdeir, a produção de queijo pode aumentar a rentabilidade da atividade leiteira e garantir a permanência do produtor na atividade. “O produtor tem que investir em um diferencial porque vender leite fluido para uma indústria às vezes tem baixa rentabilidade. Se ele transformar em outro laticínio, ele tem um retorno muito melhor”, disse. Para isso, o produtor dá alguns conselhos. “Tem que começar com um bom manejo dos animais, muita higiene, uma boa ordenha para ter um leite de qualidade. Você tem que ir atrás de boas técnicas de manipulação de alimentos para fazer queijo. Buscar tecnologia para produção de queijo nas universidades, Senar, IDR-Paraná. Assim ele conseguirá um melhor retorno com o produto”, finaliza Valdeir.
Prêmio
Estão abertas as inscrições para o Prêmio Queijo Paraná, idealizado e promovido pelo Sistema Faep/Senar-PR, Sebrae-PR, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Sindileite-PR. Este é o maior prêmio nacional do gênero, voltado tanto para queijeiros artesanais quanto para a indústria. No total, são 19 categorias para produtos à base de leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, leite de búfala e uma categoria para criações, como queijos aromatizados ou condimentados. Outras 28 entidades apoiam a iniciativa.
Além de avaliar e homenagear os queijos, o prêmio contempla também uma série de ações voltadas ao desenvolvimento do setor, como a qualificação de produtores de leite, produtores de queijos artesanais e indústrias de laticínios.
O regulamento completo está disponível em sistemafaep.org.br/premio-queijos-do-parana. As inscrições podem ser feitas até 1º de março de 2023, no mesmo site. A avaliação e a premiação estão agendadas para 1º de junho de 2023.
Fonte: IDR-PR
