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Boa leitura!
Por Hyberville Neto – consultor e diretor da HN AGRO
O mercado de boi gordo vive a pior queda de preços das últimas décadas e o cenário para o bezerro não é melhor.
A figura 1 mostra a evolução em doze meses de bezerros e bovinos vivos em São Paulo, considerando valores reais, deflacionados pelo IGP-DI.
Falar da parte negativa dos preços é desnecessário. O produtor sente isso em primeira mão e a ideia aqui não é convencer as pessoas de que a situação é “menos ruim”. O impacto da queda no rendimento no resultado da cria e no ciclo completo é direto.
Na recria e engorda há o cenário cambial que ameniza o efeito dos preços. Mas com as recentes quedas, mesmo as negociações com reposição pioraram um pouco, já que a reposição geralmente diminuiu menos nos últimos meses.
O objetivo desta análise é lembrar que a fase baixa, justamente pelo impacto no resultado e no humor do produtor, também passa.
Como discutido aqui em outras situações, o impacto direto nos resultados da criação e o efeito que isso gera na coragem e na capacidade de investimento do produtor reduz a oferta futura e os preços sobem. É o ciclo, que também discutimos nesta seção.
Considerações
Mais fêmeas foram para o anzol, devido à reduzida atratividade da prole. Porém, aqueles que não são abatidos e entram na época de reprodução nos próximos meses têm boas chances de ter seus bezerros bem vendidos.
A Figura 2 mostra exatamente essa relação. A linha mostra a participação das fêmeas no abate nos últimos doze meses. Utilizamos doze meses para retirar o efeito da sazonalidade de abate na categoria.
Os últimos quatro meses (abril a julho) foram projetados com base na participação de fêmeas em abates sob fiscalização federal (SIF), até julho. Embora a participação feminina no SIF seja diferente (geralmente menor) daquela observada no cenário geral, utilizamos esses dados preliminares para a projeção.
As barras mostram o que aconteceu com o preço do bezerro entre a data da gestação e quando o bezerro chega aos 12 meses, 21 meses depois (gestação 9 + bezerro 12).
Dito de outra forma, a data no eixo é o momento da gravidez e do abate das fêmeas naquele momento, enquanto as barras são o que aconteceu com o preço 21 meses depois (quando a produção foi vendida).
Como exemplo, uma fêmea que engravidou no segundo semestre de 2006 teve um bezerro vendido aos 12 meses por um preço nominal 99,9% superior ao da época de monta, ou 71,2% superior, descontada a inflação (IGP-DI).
Mudando a estação, o bezerro vendido em agosto de 2023, com doze meses, apresenta uma desvalorização de 29,7%, em valores nominais, face ao momento em que ocorreu a gestação, em novembro de 2021.
Ou seja, o desânimo representado pela fila (abate de fêmeas em ascensão), gera menos oferta de reposição e melhores preços na hora da venda, à vista.
Há uma frase que diz: “compre ao som de canhões e venda ao som de violinos”.
As criações feitas em períodos de preços ruins tendem a vender bem, justamente porque nem todo mundo investe na época de reprodução com cheiro de pólvora no ar.
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Desculpem, mas não posso cumprir com esse pedido.
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