Noticias do Jornal do campo Soberano
Boa leitura!
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Então você veio ao lugar certo! Neste artigo, vamos abordar algumas das distorções frequentes sobre o agronegócio presentes nos livros escolares e apresentar os fatos e números que comprovam o avanço e a sustentabilidade desse setor tão importante para o Brasil.
O agronegócio brasileiro tem sido alvo de diversas críticas infundadas, muitas vezes baseadas em informações desatualizadas e distorcidas. É importante destacar que, para uma análise completa e imparcial, é necessário considerar o contexto atual e o avanço tecnológico que tem sido fundamental para o progresso do setor.
Um dos pontos frequentemente erroneamente mencionados é a relação entre a agricultura e o desmatamento. É verdade que, até a década de 1970, o desmatamento foi um vetor de expansão da fronteira agrícola, porém, nas últimas décadas, o avanço tecnológico e a adoção de práticas sustentáveis têm contribuído para a minimização do desmatamento. Os agricultores atualmente buscam áreas já antropizadas e degradadas, convertendo pastagens em áreas agrícolas, e adotam sistemas de agricultura intensificada. Além disso, é importante ressaltar que o recente desmatamento e incêndios na Amazônia estão mais relacionados a crimes ambientais cometidos por grileiros, madeireiros e garimpeiros, do que ao agronegócio moderno.
Outro equívoco comum é a ideia de que os agricultores brasileiros são proprietários de terras improdutivas e exploradores de trabalho escravo. A realidade é que não existem mais latifúndios improdutivos no Brasil, essa situação foi superada na primeira metade do século XX. Atualmente, as propriedades rurais são tecnológicas e produtivas, permitindo ao Brasil ser um dos protagonistas na produção de alimentos, utilizando apenas 7% de seu território. Embora ainda existam raros casos de exploração de trabalho escravo, é importante ressaltar que esses casos não representam a agricultura moderna como um todo e estão presentes em outros setores da economia também.
A necessidade de uma reforma agrária, com o intuito de integrar pequenos produtores marginalizados, é outro ponto que tem sido abordado de forma equivocada. O Brasil já conduziu um dos programas de reforma agrária mais ambiciosos em escala global. Desde a década de 1970, mais de 1 milhão de famílias foram atendidas, recebendo mais de 88 milhões de hectares de terra, valor superior à área cultivada com grãos em 2023, que ocupa cerca de 65 milhões de hectares. Portanto, os números mostram que não faltou distribuição de terras no Brasil.
A utilização de agrotóxicos é outro tema que gera polêmica e desinformação. O Brasil possui uma legislação rígida sobre pesticidas, muito mais severa do que a de muitos países desenvolvidos. A contaminação dos cursos de água e os danos à biodiversidade são crimes ambientais e existem programas de manejo de pragas desenvolvidos para todas as culturas importantes no país. Além disso, tanto o Ministério da Saúde quanto o Ministério da Agricultura investigam a presença de resíduos nos alimentos, corrigindo eventuais não conformidades detectadas. É importante lembrar que os agrotóxicos são custos para os agricultores, portanto, eles têm todo o interesse em utilizá-los de forma consciente e responsável.
Uma falsa dicotomia que aparece nos livros didáticos é a tentativa de criar uma divisão entre a agricultura familiar e o agronegócio, assim como entre a agricultura orgânica e a convencional. Na realidade, os agricultores familiares fazem parte do agronegócio, a menos que produzam apenas para subsistência. Além disso, estudos científicos têm mostrado que não há diferenças significativas entre alimentos orgânicos e convencionais em termos de conteúdo nutricional ou propriedades organolépticas. A escolha entre esses tipos de alimentos cabe ao consumidor, baseado em suas próprias crenças e poder de compra.
É importante ressaltar que os livros didáticos não abordam adequadamente outros aspectos importantes do agronegócio brasileiro, como o cooperativismo, o fato de que o setor emprega dezenas de milhões de brasileiros, respeita a legislação ambiental e gera bilhões de dólares em exportações. Também não mostra que, a cada ano, é necessária menos área para alimentar um cidadão, e o custo da cesta básica tem diminuído consideravelmente nas últimas décadas, devido à queda dos preços dos alimentos.
Para combater essas distorções e promover uma visão mais precisa do agronegócio, a associação De Olho no Material Escolar tem trabalhado em parceria com entidades públicas e privadas. O Ministério da Educação tem sido sensível à necessidade de revisão dos textos, contando com o apoio de editores e autores. Além disso, especialistas de instituições renomadas, como Embrapa, Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Confederação dos Engenheiros Agrícolas do Brasil (Confaeab), têm contribuído para alinhar os conteúdos com fatos reais e fundamentados cientificamente.
Portanto, é fundamental que nos atentemos à importância do agronegócio brasileiro como um dos principais pilares de nossa economia. Com o apoio de instituições comprometidas e a disseminação correta de informações, podemos formar gerações futuras conscientes e bem informadas sobre a realidade do setor. Quer receber as principais notícias do agronegócio brasileiro em primeira mão? Fique por dentro das novidades se inscrevendo em nossa newsletter e não perca nenhuma atualização!
Além disso, gostaríamos de ouvir sua opinião sobre o assunto. Deixe um comentário com suas impressões e compartilhe este artigo com seus amigos e familiares. Juntos, podemos desmistificar as distorções e valorizar o agronegócio brasileiro como um exemplo de sustentabilidade e progresso.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
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Verifique a Fonte Aqui
Foi criada uma associação (deolhonomaterialescolar.com.br/) com a missão autoimposta de lutar para que os temas relativos ao agronegócio, contidos nos livros escolares, sejam verdades baseadas em conhecimentos científicos e em fatos verdadeiros e verificáveis.
Distorções
Concederemos o benefício de que o que se expõe a seguir é fruto da falta de consulta a fontes contemporâneas, com credibilidade e justificativa. Aceitando a premissa, podemos dizer que muitos temas agrícolas, contidos nos livros didáticos, baseiam-se em fatos ocorridos há 50, 100 ou 150 anos. Estas não devem ser esquecidas – para que nunca mais se repitam – mas é fundamental o contraponto, ou seja, o quanto o setor evoluiu nas últimas décadas.
Destacarei alguns exemplos ilustrativos de abordagens distorcidas, nomeadamente: 1) A agricultura sobrevive à custa da desflorestação descontrolada e incontrolável; 2) Os agricultores brasileiros são proprietários de terras, improdutivos, exploradores de trabalho escravo ou semiescravo; 3) É necessária uma reforma agrária para integrar hordas de pequenos produtores marginalizados; 4) Os agricultores utilizam agrotóxicos de forma descontrolada, excessiva, sem cuidado com o meio ambiente e com a contaminação dos alimentos; 5) Só os produtos da agricultura biológica são saudáveis, isentos de qualquer contaminação, mais saborosos e nutritivos.
Os fatos
Vamos analisar cada um dos pontos acima:
1) Até a década de 1970, o desmatamento foi o vetor de expansão da fronteira agrícola, impulsionado por políticas públicas. Nas últimas décadas, a intensa geração e adoção de tecnologias sustentáveis minimizou o desmatamento. Com o avanço tecnológico, os agricultores cultivam áreas já antropizadas e degradadas; converte pastagens em agricultura, libertadas pelo crescimento vertiginoso da produtividade pecuária; utiliza ILPF ou sistemas de agricultura intensificada (duas ou três colheitas no mesmo ciclo). Mas e o recente desmatamento e incêndios na Amazônia? Tem pouco ou quase nada a ver com o agronegócio moderno, os fatos apontam para crimes ambientais cometidos por grileiros, madeireiros ou garimpeiros interessados no imediatismo extrativista.
2) Não existem mais latifúndios improdutivos no Brasil, eles terminaram na primeira metade do século XX. Hoje as propriedades são tecnológicas e produtivas, permitindo ao Brasil ser protagonista na produção de alimentos utilizando 7% do seu território. Sim, a escravatura existiu até 1888. E ainda existem (raros) casos de exploração laboral por parte de alguns péssimos agricultores, que não representam a agricultura moderna, constituindo exceções que também existem noutros setores da economia.
3) O Brasil conduziu um dos programas de reforma agrária mais ambiciosos em escala global. Desde a década de 1970, mais de 1 milhão de famílias foram atendidas, recebendo 88 milhões de hectares (Mha). Valor superior à área de grãos cultivada em 2023, que ocupa cerca de 65 Mha. Os números mostram que não faltou distribuição de terras no Brasil.
4) O Brasil tem uma legislação rígida sobre pesticidas, incomparável a qualquer país da OCDE ou do resto do mundo. A legislação ambiental é severa, a contaminação dos cursos de água ou os danos à biodiversidade constituem crimes ambientais. Existem programas de manejo de pragas desenvolvidos para todas as culturas importantes no Brasil. Tanto o Ministério da Saúde como o Ministério da Agricultura investigam a presença de resíduos nos alimentos, corrigindo as não conformidades detectadas. E é sempre bom lembrar: agrotóxicos custam dinheiro, os agricultores não são estúpidos, não jogam dinheiro no lixo.
5) Falsas dicotomias foram criadas nos livros didáticos, como agricultura familiar versus agronegócio, ou agricultura orgânica versus agricultura convencional. Em ambos os casos, as bases conceituais são falácias. Os agricultores familiares fazem parte do agronegócio, a não ser que produzam apenas para sua subsistência, sem negociar a produção. Todos os estudos científicos disponíveis mostram que não existem diferenças entre os alimentos orgânicos e convencionais em termos de conteúdo de nutrientes ou propriedades organolépticas. O consumidor decide o que comprar, com base em suas próprias crenças e em seu poder de compra.
O que não está coberto
Retratar a agricultura através das lentes do passado obscurece o enorme avanço tecnológico que permitiu ganhos excepcionais de produtividade num curto espaço de tempo. Além da produtividade, inúmeras outras tecnologias fazem do agronegócio brasileiro um paradigma de sustentabilidade.
Ao se restringirem a temas que ficaram no passado, os livros didáticos não abordam o cooperativismo ou o fato de que a agricultura emprega dezenas de milhões de brasileiros (sustentabilidade social), respeita a legislação florestal (sustentabilidade ambiental) ou arrecada mais de cem bilhões de dólares anualmente com exportações (sustentabilidade financeira). Não mostra que ano após ano é necessária menos área para alimentar um cidadão, brasileiro ou estrangeiro. E o custo da cesta básica reduziu-se admiravelmente nas últimas décadas, devido à queda dos preços dos alimentos.
Ações
Entidades públicas e privadas colaboram com a associação De Olho no Material Escolar. O MEC foi sensível à necessidade de uma revisão aprofundada dos textos, que tem sido apoiada por editores e autores. Entidades como a Embrapa, o Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), a Confederação dos Engenheiros Agrícolas do Brasil (Confaeab) disponibilizaram especialistas para alinhar os textos com fatos reais e a melhor base científica. Juntos resolveremos esta distorção que prejudica a formação da próxima geração.
Por Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico do Agro Sustentável