A técnica de usar o sombreamento para reduzir danos nos cafezais por geadas em lavouras de café é conhecida há muito tempo
Mas o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) vai adiante e quer saber quais espécies de árvores dão melhores resultados nesta prática.
Para responder essa questão, é desenvolvido há mais de 10 anos, em Londrina, no Norte do Estado, um estudo envolvendo sete espécies. É um dos maiores experimentos do tipo realizados no País.
A proposta de arborizar lavouras de café tem o objetivo de interferir no microclima para favorecê-la com redução da amplitude térmica — aumento das temperaturas mínimas e redução das máximas.
Para isso, é preciso avaliar os impactos do tamanho, arquitetura e densidade da copa das árvores e, também, aspectos relacionados ao manejo do sistema, como distribuição de árvores, espaçamento e até eventual necessidade de podas, de acordo com a pesquisadora.
Um estudo recente analisou quais espécies de árvores são mais eficazes na proteção de cafezais contra geadas. A pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, avaliou quatro espécies de árvores comuns na região: eucalipto, cedro australiano, cedro rosa e angico vermelho.
Os resultados mostraram que todas as espécies testadas apresentaram algum grau de proteção contra as geadas, reduzindo a temperatura mínima dentro dos cafezais. No entanto, o eucalipto foi o que apresentou o melhor desempenho, reduzindo a temperatura em até 2,6°C.
Além disso, o estudo também analisou o impacto das árvores na produtividade dos cafezais. Os resultados mostraram que a presença de árvores não afetou negativamente a produtividade do café, e em alguns casos, como no caso do eucalipto, a presença de árvores pode até mesmo aumentar a produtividade.
Os pesquisadores destacaram a importância da escolha adequada das espécies de árvores a serem plantadas, levando em consideração não apenas a proteção contra as geadas, mas também o impacto na produtividade do café e na biodiversidade da região. A presença de árvores em áreas de café pode trazer benefícios ambientais e econômicos, contribuindo para uma produção mais sustentável e resiliente.
cafezais Quais espécies protegem contra geadas
A pesquisa começou em 2012 e utiliza a cultivar de café IPR 98, desenvolvida por pesquisadores da área de melhoramento genético do próprio IDR-Paraná.
As árvores foram escolhidas por sua adaptabilidade às condições de solo e clima da região, pelo crescimento rápido e, ainda, o potencial para produzir lenha, já com o objetivo de oferecer ao produtor um segundo produto de valor comercial na mesma área.
Candiúba (Trema micrantha) e pau-jangada (Heliocarpus popayanensis) apresentaram, até agora, o melhor desempenho.
“Após episódios de geada, verificamos menos da metade de desfolha e redução em 30% da mortalidade de plantas de café nas lavouras consorciadas com essas espécies”, relata a pesquisadora Patricia Helena Santoro.
O estudo avalia, também, as árvores moringa (Moringa oleifera), capixingui (Croton floribundus), gliricídia (Gliricidia sepium), manduirana (Senna macranthera) e bracatinga (Mimosa scabrella).
Patrícia Santoro explica que a extensão dos danos ocasionados por geadas é determinada pelo volume de massa de ar polar que penetra na região produtiva, sua duração e, ainda, por características do próprio cafeeiro, como idade, nutrição, vigor e sanidade.
“O formato da copa, a quantidade de árvores e sua distribuição no cafezal definem o nível de proteção”, conta.
“Para compreender as interrelações no sistema, avaliamos sistematicamente os parâmetros relacionados ao desenvolvimento das árvores e dos cafeeiros, como produtividade e qualidade dos grãos, aspectos do microclima, incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, entre outros”, conclui a pesquisadora.
(Com AEN)
(Emanuely/Sou Agro)
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