Importância do Descanso para a Produção de Leite das Vacas
Vaca saudável produz mais leite! Com certeza você já deve ter ouvido essa frase, e claro que está totalmente correta. São inúmeros os fatores que devem ser fornecidos adequadamente para que a vaca retorne em maior produtividade. Muitos desses fatores já são conhecidos e dominados.
Descubra como o tempo de descanso impacta na produção de leite das vacas
Dietas formuladas adequadamente para as exigências das vacas leiteiras, instalações bem dimensionadas, programas de vacinação contra doenças, genética avançada… para tudo isso já temos muitos dados de pesquisas, ferramentas e tecnologias disponíveis para entregar todas as condições necessárias para a vaca leiteira.
Todavia, alguns fatores ainda precisam ser aprimorados nas fazendas para fornecer condições cada vez mais ideias para os animais.
A influência do tempo de descanso na rotina das vacas leiteiras
Agora, se eu te disser que vaca produz leite deitada? Essa afirmação também já é bastante conhecida, mas para entender melhor a relação do tempo que a vaca passa descansando com a produção de leite, é necessário entender alguns conceitos.
A rotina da vaca leiteira
A qualidade de vida de uma vaca em lactação, pode ser definida como a liberdade que ela possui para usar o seu tempo expressando seu comportamento natural, ou maneira como permitimos que ela use para realizar as atividades durante o dia.
Os 4 fatores que afetam o tempo da vaca deitada
Alguns fatores podem desestimular ou até impedir que uma vaca fique deitada. É necessário saber e conhecer cada um desses fatores, porque a cada momento que eles afetam o comportamento natural, a primeira ação da vaca é reduzir o tempo que ela passa deitada, justamente por ser o comportamento que ela possui maior controle.
1. Protocolos de manejo
Esse primeiro fator está diretamente relacionado com as pessoas envolvidas na atividade, que realizam todos os manejos de rotina da produção. O manejo de maior impacto no tempo disponível para a vaca é o momento da ordenha.
Para ser possível disponibilizar as 20 horas de um dia para a vaca expressar seu comportamento, é fundamental que o tamanho do lote seja adequado para a capacidade efetiva da ordenha.
2. Estresse térmico
A primeira reação de uma vaca com calor é ficar de pé, buscando assim aumentar a área corporal exposta para facilitar a troca térmica. A segunda reação é aumentar a frequência respiratória. É extremamente importante fornecer ambiente adequado, seja por meio da ventilação, de sistemas de aspersão, acesso à água para consumo e sombra para vacas em sistema à pasto, para que consigam dissipar calor.
3. Qualidade da cama
As vacas não gostam de camas molhadas, com alta umidade, sendo sempre importante estar atento ao escore de limpeza desses animais. O fornecimento de cama seca é fundamental para incentivar o descanso adequado das vacas, garantindo a produção de leite de qualidade.
4. Desconforto em vacas de primeira lactação
Vacas de primeira lactação podem sentir desconforto no úbere devido ao espaço cisternal reduzido. É necessário prestar atenção especial a esses animais para garantir o bem-estar e maximizar sua produção de leite.
Benefícios do tempo de descanso para a produtividade das vacas
O tempo de descanso adequado não só faz parte das condições básicas a serem fornecidas para os animais, como também interfere diretamente na rentabilidade da atividade leiteira. As vacas produzem a maior parte do seu leite deitadas, portanto, garantir um ambiente propício para o descanso é essencial para otimizar a produção leiteira.
Conclusão: A Importância do Tempo de Descanso para as Vacas Leiteiras
Os fatores que podem interferir no tempo de descanso das vacas leiteiras são fundamentais para a produtividade e bem-estar dos animais. Garantir condições ideais de manejo, evitar o estresse térmico, oferecer camas secas e atenção especial às vacas de primeira lactação são ações essenciais para promover o descanso adequado.
O tempo de descanso não é apenas uma necessidade básica das vacas, mas também influencia diretamente na rentabilidade da atividade leiteira, visto que as vacas produzem a maior parte do leite quando estão deitadas. Portanto, investir na qualidade do descanso das vacas é fundamental para o sucesso da produção leiteira.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Por que a vaca saudável produz mais leite?
Um dos fatores mais importantes para a produtividade de uma vaca leiteira é a sua saúde. Vacas saudáveis têm condições ideais para produzir mais leite de forma constante.
Qual a importância do descanso da vaca na produção de leite?
O tempo de descanso das vacas está diretamente relacionado com a sua produção de leite. Quando as condições ideais para o descanso são atendidas, as vacas passam mais tempo deitadas, o que contribui para uma maior produção de leite.
Quais os fatores que afetam o tempo de descanso da vaca?
Existem diversos fatores que podem desestimular ou impedir que uma vaca fique deitada, como protocolos de manejo, estresse térmico, qualidade da cama e desconforto em vacas de primeira lactação.
Como o estresse térmico afeta o tempo de descanso da vaca?
O estresse térmico pode fazer com que as vacas fiquem mais tempo de pé, buscando alívio do calor. Isso impacta diretamente no tempo de descanso e, consequentemente, na produção de leite.
Qual a importância da qualidade da cama para o descanso da vaca?
A qualidade da cama é fundamental para o descanso das vacas. Camas secas e limpas contribuem para um maior tempo de descanso, enquanto camas úmidas podem reduzir esse tempo e prejudicar a produção de leite.
Por que vacas de primeira lactação podem ficar mais tempo de pé?
Vacas de primeira lactação podem sentir desconforto devido ao menor tamanho de seus úberes. Isso pode fazê-las preferir ficar mais tempo de pé, impactando sua produção de leite e necessitando de maior atenção.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Vaca saudável produz mais leite! Com certeza você já deve ter ouvido essa frase, e claro que está totalmente correta. São inúmeros os fatores que devem ser fornecidos adequada e plenamente para que a vaca retorne em maior produtividade. Muitos desses fatores já são conhecidos e muitos deles até dominados.
Dietas formuladas adequadamente para as exigências das vacas leiteiras, instalações bem dimensionadas, programas de vacinação contra doenças, genética avançada… para tudo isso já temos muitos dados de pesquisas, ferramentas e tecnologias disponíveis para entregar todas as condições necessárias para a vaca leiteira
. Todavia, alguns fatores ainda precisam ser aprimorados nas fazendas para fornecer condições cada vez mais ideias para os animais.
Agora, se eu te disser que vaca produz leite deitada? Essa afirmação também já é bastante conhecida, mas para entender melhor a relação do tempo que a vaca passa descansando com a produção de leite, é necessário entender alguns conceitos.
A rotina da vaca leiteira
A qualidade de vida de uma vaca em lactação, pode ser definida como a liberdade que ela possui para usar o seu tempo expressando seu comportamento natural, ou maneira como permitimos que ela use para realizar as atividades durante o dia.
Nas auditorias de bem-estar, um indicador fundamental é a concessão de 20 horas diárias para que elas exerçam seus comportamentos de forma livre. Sendo assim, restam 4 horas do dia para realizar os manejos da atividade, como a ordenha, manejo sanitário e reprodutivo.
Quando disponibilizamos 20 horas por dia para a vaca, aproximadamente 14 horas ela passará deitada, descansando. Sem contar que, quando as condições ideias para o descanso da vaca são atendidas, parte desse tempo ela vai passar realizando a atividade de ruminação enquanto está deitada, demonstrando claramente que o local está confortável, como é possível observar no vídeo abaixo.
Os 4 fatores que afetam o tempo da vaca deitada
Alguns fatores podem desestimular ou até impedir que uma vaca fique deitada. É necessário saber e conhecer cada um desses fatores, porque a cada momento que eles afetam o comportamento natural, a primeira ação da vaca é reduzir o tempo que ela passa deitada, justamente por ser o comportamento que ela possui maior controle.
1. Protocolos de manejo
Esse primeiro fator está diretamente relacionado com as pessoas envolvidas na atividade, que realizam todos os manejos de rotina da produção. O manejo de maior impacto no tempo disponível para a vaca é o momento da ordenha.
Para ser possível disponibilizar as 20 horas de um dia para a vaca expressar seu comportamento, é fundamental que o tamanho do lote seja adequado para a capacidade efetiva da ordenha.
Lotes grandes com muitos animais, uma ordenha com poucos conjuntos, ou então uma ordenha não regulada adequadamente acarreta em um maior tempo de extração do leite por vaca, resultando em um tempo de espera muito maior que o desejado.
Outras atividades, como manter as vacas por muito tempo presas no canzil para manejo reprodutivo, procedimentos sanitários prolongados e movimentações extensas do rebanho, tendem a diminuir o tempo livre do animal.
Esses aspectos estão intrinsecamente ligados às decisões de manejo humano, não sendo influenciada pelo ambiente, mas sim pela necessidade de ajustar a capacidade de ordenha e de diversos outros manejos de rotina a fim de aumentar o tempo livre da vaca.
2. Estresse térmico
A primeira reação de uma vaca com calor é ficar de pé, buscando assim aumentar a área corporal exposta para facilitar a troca térmica. A segunda reação é aumentar a frequência respiratória.
Quando simplesmente permanecer em pé não é suficiente para mitigar o calor, a vaca intensifica a respiração, reduzindo a ruminação e, por consequência, diminuindo o esvaziamento ruminal, o que resulta na redução do consumo de alimentos.
Hoje, temos vacas mais produtivas, com maior exigência nutricional, consumindo aproximadamente 22 a 25 kg de MS/dia, com uma demanda grande de fermentação no rúmen que pode gerar até 4° C a mais de temperatura interna durante o processo fermentativo. Ou seja, as vacas de hoje têm um desempenho maior em produtividade, mas também sentem mais calor.
Para isso, é extremamente importante fornecer ambiente adequado, seja por meio da ventilação, de sistemas de aspersão, acesso à água para consumo e sombra para vacas em sistema à pasto, para que consigam dissipar calor.
3. Qualidade da cama
As vacas não gostam de camas molhadas, com alta umidade, sendo sempre importante estar atento ao escore de limpeza desses animais. A partir do momento que a vaca fica mais tempo de pé do que ela gostaria, ela está direcionando menos sangue para o úbere, forçando mais o aparelho locomotor, utilizando mais energia para ficar de pé e direcionando menos energia para produzir leite.
Um estudo realizado na Nova Zelândia mostrou a importância de camas secas para as vacas leiteiras. No experimento, foram utilizados 3 tipos de cama onde o mesmo lote de vacas ficou 7 dias alojado em cada uma delas. As vacas ficaram 18 horas por dia presas somente com acesso à cama, e as demais 6 horas do dia foram soltas para se alimentar no pasto.
Cama 1- maravalha seca e limpa: as vacas passaram cerca de 12 horas deitadas
Cama 2 – cama seca, mas com 60% de esterco e 40% de maravalha: as vacas passaram em torno de 11 horas deitadas.
Cama 3 – cama de maravalha, mas totalmente úmida: nessa cama, com umidade alta, as vacas ficaram deitadas apenas 4,5 horas e quando foram liberadas para o pasto, passaram apenas cerca de 3 horas pastando e as outras 3 horas utilizaram para se deitar.
Esse e outros estudos demonstram a necessidade do fornecimento de cama seca para as vacas. Isso não quer dizer que uma vaca não vai se deitar em uma cama úmida. Se a única opção for a cama úmida, em algum momento ela vai precisar descansar, mas por um período muito menor quando comparado com a opção de uma cama seca.
Com o fornecimento de cama seca, além das condições ambientais adequadas para amenizar o estresse térmico, facilmente é possível observar situações como no vídeo abaixo, onde vários animais encontram-se deitados, descansando com pleno conforto.
4. Desconforto em vacas de primeira lactação
Em algumas fazendas, é comum observar vaca de pé no meio da noite, justamente no período de menor movimentação e sem nenhum manejo acontecendo. Mas por que isso ocorre e quais são esses animais que estão de pé durante a noite?
Na maioria dos casos, são as vacas de primeira lactação que podem ser encontradas de pé nesses períodos. Isso se explica pelo fato de que vacas de primeira lactação ainda possuem um úbere menor quando comparado ao de uma vaca com mais lactações.
Por consequência disso, o espaço cisternal no úbere dessa vaca é reduzido para todo o volume de leite produzindo, fazendo com que esse animal sinta desconforto pela pressão que ocorre no úbere.
E é exatamente por esse motivo que, quando se adota uma terceira ordenha na fazenda, são as primíparas que mais respondem em produção de leite, assim como, em ordenhas robotizadas, é o grupo de vacas que mais acessa a ordenha num mesmo dia.
Cada vez que primíparas ficam de pé a noite, 2 a 3 horas antes da ordenha, é um grande sinal de que elas podem estar sentindo pressão no úbere. Dessa forma, esses animais preferem ficar mais tempo de pé evitando maior pressão pelo peso do corpo e da perna sobre o úbere.
Esses animais devem receber atenção especial, principalmente nos primeiros meses de lactação, observando se há necessidade de fazer alguma intervenção por meio de estratégias nutracêuticas para aliviar o desconforto, principalmente em fazendas que realizam apenas duas ordenhas ao dia.
Os pontos destacados são os principais fatores que podem interferir no tempo de descanso das vacas. Cada vez mais, questões relacionadas ao bem-estar das vacas leiteiras ganham atenção tanto das pessoas envolvidas diretamente na atividade, como produtores e funcionários da fazenda, assim como de consultores, técnicos e demais profissionais que atuam no setor.
O tempo de descanso não só faz parte das condições básicas a serem fornecidas para os animais, como também interfere diretamente na rentabilidade da atividade, já que as vacas produzem a maior parte do seu leite deitadas.
Fonte consultada: A vaca e o seu tempo. Marcelo Cecim, EducaPoint.
