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Prevenção de doenças: como se cuidar?

Doenças neurológicas em bovinos: aprenda mais sobre o botulismo

O botulismo bovino é uma doença grave e potencialmente fatal que afeta muitas propriedades de pecuária de corte em todo o país. Causada pela ingestão de neurotoxinas C ou D da bactéria Clostridium botulinum, esta condição pode se tornar letal para os animais, resultando em grandes prejuízos no sistema de produção. Com sintomas aterrorizantes, como paralisia progressiva que começa nos membros posteriores dos animais, o botulismo merece atenção especial e cuidados preventivos dos criadores de gado.

Se não identificada e tratada a tempo, a intoxicação pode levar à paralisia cardiorrespiratória e à morte dos animais. O diagnóstico é desafiador, já que a doença não apresenta lesões macroscópicas características e os sintomas se assemelham a outros distúrbios neurológicos. Além disso, a origem da toxina é geralmente associada à má conservação de alimentos, como silagem de milho contaminada ou cama de frango, e à presença de carcaças em decomposição nos pastos.

Diante disso, a prevenção é crucial e deve incluir medidas como conservação adequada de alimentos, eliminação da cama de frango e vacinação dos animais. O cuidado com as fontes de água também é essencial, e a realização de necrópsias em casos suspeitos pode auxiliar no diagnóstico precoce da doença. Ademais, caso a condição já esteja acometendo o rebanho, a aplicação do soro antibotulínico pode ser uma opção viável para salvar os animais. Portanto, é fundamental que os produtores estejam atentos e preparados para lidar com essa doença devastadora.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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Doenças com sintomatologia neurológica são um grande desafio nas propriedades de pecuária de corte em todo mundo. Raiva, herpesvírus bovino 5, tétano, botulismo, dentre outras doenças, apresentam quadros clínicos neurológicos graves e podem, potencialmente, causar grandes prejuízos em diferentes sistemas de produção.

Dentre essas doenças, o botulismo bovino se destaca, e os surtos são comumente relatados em todas as partes do país com cenas de dezenas de animais acometidos que chamam a atenção e assustam pela gravidade da situação.

 

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O que é botulismo bovino?

O botulismo em bovinos é causado pela ingestão de neurotoxinas C ou D da bactéria Clostridium botulinum que são formadas no processo de decomposição da matéria orgânica vegetal ou carcaças de animais mortos, podendo ser encontrada na água, no solo e alimentos.

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Muitos têm a ideia errada de que se trata de uma infecção, mas na verdade é uma intoxicação. No Brasil, segundo a Embrapa, o primeiro caso registrado ocorreu no final da década de 1960, na região de Campo Maior, no Piauí.

A intoxicação causa paralisia que ascende a partir dos membros posteriores chegando até a paralisia cardiorrespiratória, ocasionando a morte do animal.

O quadro de evolução da doença pode demorar dias, uma ou duas semanas para evoluir, e seu diagnóstico pode ser desafiador.

“Não tem lesão que identifique botulismo. A toxina se aloja na placa neuromuscular e evita que o animal se movimente, mas não causa lesão macroscópica”, esclarece o médico veterinário Dr. José Zambrano, especialista em sanidade e técnico do Rehagro.

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“Microscopicamente, coletamos muito material para fazer histopatologia, mas também não encontramos outros sinais que sejam característicos de botulismo, apenas algumas alterações de hemorragia ou congestão pulmonar devido ao tempo que o animal permanece deitado”, completa o especialista.

O período de incubação e intoxicação clínica evoluem de acordo com a quantidade de toxinas ingeridas e a susceptibilidade do animal. Quanto maior for a ingestão, menor é o período de incubação e mais rápida é a evolução.

Bovino acometido pelo botulismo. Fonte: Fotos do material da disciplina de sanidade, Dr. José Zambrano, técnico em sanidade do Rehagro.

Quais são os sintomas do botulismo bovino?

Zambrano explica que após a contaminação, o animal começa a ter dificuldades para levantar os membros posteriores e, diferente de outras enfermidades como a raiva – primeira suspeita quando se trata de doenças neurológicas – é que o botulismo não provoca perda de consciência. O animal tenta se locomover, se alimentar, e não consegue.

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Hipotonia em bovino com botulismoHipotonia de língua em bovino acometido pelo botulismo. Fonte: Material da disciplina de sanidade, Dr. José Zambrano, técnico em sanidade do Rehagro.

Dois sintomas importantes se destacam na sintomatologia clínica do botulismo, a diminuição dos movimentos da cauda e a perca do tônus da musculatura da língua, entretanto, alguns animais podem não apresentar esses sintomas no curso da doença.

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Como diagnosticar o botulismo bovino?

O diagnóstico clínico do botulismo bovino deve ser feito por um médico veterinário. 

O primeiro passo para o diagnóstico assertivo do botulismo, é a realização de uma anamnese robusta na propriedade:

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  • Avaliar além dos sintomas do caso clínico apresentado, também, possíveis fontes de contaminação, em reservatórios de água e alimentos destinados aos animais por exemplo;
  • Avaliar a presença de carcaças de animais nos pastos também deve fazer parte desse processo;
  • Avaliar se existe um calendário sanitário na propriedade e se este calendário contempla vacinas contra o botulismo;
  • Fazer a necrópsia, mesmo sem a presença de alterações macroscópicas apresentadas. São coletados o conteúdo do rúmen, do intestino e fígado enviados para análise.

Bovino com botulismoBovino com dificuldade de locomoção devido à intoxicação por botulismo. Fonte: Fotos do material da disciplina de sanidade, Professor José Zambrano.

“É uma doença com diagnóstico muito clínico. Às vezes pode ser que o animal morra infectado pela doença e mesmo assim ela não seja identificada nos exames, porque uma quantidade pequena da toxina que se aloja na placa neuromuscular já tem potencial para levar à morte”, conta o especialista sanitário do Rehagro.

O que causa os surtos de botulismo?

Os surtos, como o que matou mais de mil animais em uma propriedade em Ribas do Rio Pardo (MS), caso bastante divulgado em 2017, estão associados à ingestão da toxina, formada em carcaças decompostas, alimentos indevidamente armazenados — milho, silagem, feno e ração — cama de frango (proibido seu uso por lei), ou veiculação hídrica. 

Dias após o ocorrido no Mato Grosso do Sul, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgou uma nota confirmando a presença de toxinas botulínicas na silagem de milho que foi oferecida aos bovinos confinados.

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Surto de botulismo em bovinosSurto de botulismo em confinamento no Mato Grosso do Sul. Fonte: Retirado do site Revista Globo Rural em 20 de maio de 2020.

Como prevenir o botulismo bovino?

A prevenção é essencial, mas se os animais começarem a apresentar sintomas da doença, o produtor deve fazer de forma rápida com um veterinário, o diagnóstico. De acordo com Dr. Zambrano:

“O botulismo é uma das poucas doenças que mata muitos animais ao mesmo tempo e o diagnóstico deve ser feito de forma adequada, pois a intoxicação pode ser confundida com outras doenças como a raiva.”

Segundo o Gerente da equipe corte do Rehagro, Diego Palucci, “no momento da compra do alimento é muito importante saber se o produto apresenta umidade dentro do padrão estabelecido. O milho e a soja, por exemplo, não podem ter mais de 14% de umidade. No armazenamento, a fermentação é favorecida, ocasionando perda do recurso”, alerta.

Palucci acrescenta, dizendo que o produtor deve estar atento à procedência dos grãos, observando o aspecto visual e possível contaminação por fungos.

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Animal em decomposição contaminando água de açudeCarcaça de animal em decomposição em açude contaminando a água. Fonte: Arquivo pessoal de Vinícius Costa, trainee técnico do Rehagro.

Ter informações sobre a colheita, saber se choveu ou não durante o processo, é necessário. Os cuidados com o armazenamento também são de extrema importância“deve-se armazenar em um local que tenha ventilação, estrutura para evitar o acesso, principalmente, de ratos e pássaros, dois animais que sempre entram em estruturas mal feitas” — explica Palucci.

Zambrano complementa que o caminho para se evitar botulismo nas fazendas, além de conservar bem os alimentos, é eliminar o uso da cama de frango — que representa alto risco — e vacinar os animais.

A vacina que protege contra gangrena gasosa, hemoglobinúria bacilar, botulismo e outras clostridioses, deve ser aplicada uma vez ao ano.

Importante ressalva deve ser feita também, sobre as fontes de água dos animais, bebedouros sem manutenção, açudes, e outras fontes de água, podem representar um grande risco.

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O que fazer caso a doença já esteja acometendo os animais?

Identificado o botulismo, há ações a serem tomadas. O soro antibotulínico é uma opção e deve ser aplicadas 40 ampolas em cada animal já doente e duas em animais que ainda não apresentaram sintomas.

O custo benefício do medicamento é baixo, pois cada ampola custa em torno de R$10, atualmente, o que somaria um gasto de R$400 por animal doente.

“Utilizamos muito o soro em gado de elite, de preço elevado. Nesses animais, mesmo os que já apresentam sinais clínicos, vale a pena aplicar. Nos que ainda não adoeceram, mas têm a toxina, o soro também é uma boa opção”, conta Dr. Zambrano de sua experiência no campo.

Atenção!

“O maior erro quanto às questões nutricionais é que, muitas vezes, o produtor querendo melhorar a qualidade do alimento, não tem uma estrutura necessária e equipamento correto para isso. Ele acredita que a produção é simples e não toma os cuidados básicos, faz silo a céu aberto e sem cercamento, propiciando a invasão de roedores.

Por isso, ao conservar um alimento temos que saber se a estrutura que possuímos é adequada para isso. Se não temos um local seguro, o melhor é armazenar fora da fazenda e comprar para uso momentâneo. Acredito que o mais importante é o nutricionista, junto com o produtor, ter uma rotina de análise de alimentos para conhecer realmente o produto que possui.” — Diego Palucci, médico veterinário e Gerente da equipe corte do Rehagro.

O botulismo é um grande desafio em propriedade de gado de corte, embora esporádica, um surto de botulismo pode causar sérios problemas e grande prejuízo ao produtor. 

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Andrea MobigliaAndrea Mobiglia

FAQ sobre Botulismo Bovino

O que é botulismo bovino?

O botulismo em bovinos é causado pela ingestão de neurotoxinas C ou D da bactéria Clostridium botulinum que são formadas no processo de decomposição da matéria orgânica vegetal ou carcaças de animais mortos.

Quais são os sintomas do botulismo bovino?

Os sintomas incluem dificuldades para levantar os membros posteriores, diminuição dos movimentos da cauda e perda do tônus da musculatura da língua.

Como diagnosticar o botulismo bovino?

O diagnóstico clínico do botulismo bovino deve ser feito por um médico veterinário, incluindo anamnese, avaliação de fontes de contaminação e necrópsia.

O que causa os surtos de botulismo?

Os surtos estão associados à ingestão da toxina, formada em carcaças decompostas, alimentos indevidamente armazenados, cama de frango (proibido seu uso por lei), ou veiculação hídrica.

Como prevenir o botulismo bovino?

Medidas de prevenção incluem conservar bem os alimentos, eliminar o uso da cama de frango, vacinar os animais e garantir a qualidade da água.

O que fazer caso a doença já esteja acometendo os animais?

Identificado o botulismo, o soro antibotulínico é uma opção e deve ser aplicado. O produtor deve também melhorar as práticas de armazenamento de alimentos e análise de alimentos.

Doenças com sintomatologia neurológica são um grande desafio nas propriedades de pecuária de corte em todo mundo. Raiva, herpesvírus bovino 5, tétano, botulismo, dentre outras doenças, apresentam quadros clínicos neurológicos graves e podem, potencialmente, causar grandes prejuízos em diferentes sistemas de produção.

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