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Combater a presença de plantas de milho voluntárias no campo é essencial no início da colheita para reduzir as chances de sobrevivência e multiplicação do cigarrinha. O alerta é feito por especialistas e lideranças do setor produtivo mato-grossense, uma vez que o inseto vetor de patógenos ameaça o desempenho das culturas cerealíferas.
As primeiras parcelas de soja na propriedade do agricultor Vilmar Piazza, em Santa Rita do Trivelato, centro-norte do estado, já foram semeadas. Segundo ele, apenas 170 hectares receberam chuvas nos últimos dias.
O agricultor comenta que o início da semeadura só foi possível porque a área em questão registrou um acúmulo de quase 150 milímetros de chuva.
“Mas foi com muita preocupação, porque as previsões não são muito boas para a normalização destas chuvas. Começamos e depois paramos”, comenta Vilmar Piazza, que prevê uma possível necessidade de replantio, caso a regularização demore.
Milho Tiguera preocupa
Embora a umidade do solo ainda não seja adequada para garantir o desenvolvimento esperado da cultura da soja, o que vem sendo registrado é motivo suficiente para alertar para a próxima safra do milho, cujo plantio começa em janeiro: a germinação dos grãos de soja. milho perdido na última safra, multiplicando o número de plantas de tigueras em muitas áreas.
Segundo os especialistas, se estas plantas milho tiguera ficar em campo, eles vão garantir condições para a cigarrinha sobreviver durante a entressafra dos cereais.
“Esta quantidade de plantas voluntárias que temos, conhecendo a capacidade de multiplicação da cigarrinha, levanta preocupações e dá o alarme. Recomendamos também que os nossos agricultores monitorizem bem as suas parcelas. Se você tem um grande volume de emergência de milho, estude uma forma mais assertiva para talvez antecipar esse controle das plantas voluntárias”, comenta o diretor de pesquisa da Fundação Rio VerdeFábio Pittelkow.
O diretor de pesquisa destaca ainda que tal antecipação “pode trazer um enorme benefício na quebra do ciclo da peste. Quanto mais cedo eliminarmos essas plantas voluntárias, melhor será a estratégia para quebrar seu ciclo.”
Segundo a entomologista da Fundação Rio Verde, Jéssica Gorri, o A entrada de controle no momento certo ajuda a prevenir danos futuros.
“Quando você aumenta essa prática inicial de controle, você não está pensando apenas na cigarrinha, mas em todos os complexos que essas plantas estão hospedando e também nos vírus de nanismo. E então, não estamos pensando apenas no cultivo do milho, protegendo o milho, mas em todas as culturas sucessivas. Então estamos protegendo a soja, o algodão, todo o complexo. Nós protegemos a corrente.”
Complexo de nanismo compromete a produtividade
Especialistas apontam que o encurtamento dos entrenós, que impedem a planta de ganhar a altura necessária para um bom desempenho, gera má formação de espigas e problemas no enchimento dos grãos, são alguns sintomas causados pelo complexo de raquitismo provocado por cigarrinhas contaminadas, que pode comprometer a produtividade de uma cultura em até 70%.
“Mesmo que a praga tenha esse período de dormência, aguente um período sem alimento ou com um alimento mais fraco como essas plantas tiguera, o inóculo continua presente. Esse inóculo aumenta com a planta o tempo todo e quando a cigarrinha se alimenta ela pega essa doença no seu corpo e quando visita a lavoura a fase inicial dessa doença será transmitida. Por isso é tão importante fazer essa pausa. A gente freia tanto a praga quanto a doença”, enfatiza o entomologista da Fundação Rio Verde.
O especialista da Fundação Rio Verde ressalta ainda que a sucção da cigarrinha por si só já faz mal à planta, pois a deixa enfraquecida. “À medida que a doença aumenta, esse perfil aumenta. A planta não apresenta produtividade adequada e afeta direta e indiretamente a qualidade dos grãos. Então, isso cria uma enorme queda na produtividade.”
O agricultor Vilmar Piazza vivenciou essa situação em primeira mão durante a colheita de milho deste ano. Ele revela que tem registrado perdas significativas de produtividade na plantação devido à presença de cigarrinhas contaminadas.
“Foi uma ponte verde que acabou com o nosso milho. A média esperada, onde realizamos todo o manejo cultural, era de colher 150 sacas por hectare. O ano teve chuvas muito boas, plantamos cedo, mas fechou em 90 sacas por hectare por causa da cigarrinha. No meu caso, ainda poderei equilibrar as despesas, mas para alguns de nossos vizinhos a perda foi tão grande que eles não conseguirão equilibrar as despesas.”
Ou vice-presidente de Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, lembra que o milho tiguera não é fácil de controlar, mas os agricultores precisam fazê-lo.
“Sabemos que no estado tivemos algumas chuvas precoces, então é importante, principalmente aqueles produtores que receberam essa chuva, que não deixem esse milho crescer muito e controlem. Além disso, no desenvolvimento da cultura da soja é bom alternar o princípio ativo, pois sabemos que a maior parte do milho hoje é resistente ao glifosato e ao glufosinato, o que dificulta ainda mais o controle.”
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